- Segura ela firme, vou precisar costurar esse ferimento.
Eu estava afobada, falei como se me faltasse ar, até porque nunca na minha vida tive de fazer algo como isso.

- Não sei se consigo, ela está se contorcendo muito.
Link estava com a voz tremendo e pálido como um papel.

- Link, não é questão de conseguir, você precisa segura-la e eu preciso costurar, senão vamos perde-la também.

Peguei um arame afiado e fino que havia em minha mochila surrada e improvisei uma "agulha", peguei a linha de pescar que havia roubado de uma loja de conveniências mais cedo e comecei a costurar a perna de Anelize.

Estávamos escondidos em uma cabana de madeira podre que encontramos no meio do caminho, pouquíssima luz entrava por uma parte quebrada da porta de madeira e haviam caixas por todos os lados com sabe-se lá o que dentro. Ratos passavam as vezes e aquele definitivamente um péssimo lugar.

- Eles estão vindo Julya, da pra ouvir.

Link tremia enquanto Anelize gritava e se contorcia em seu colo, ela devia estar com muita dor, mas se não fosse tão desastrada a ponto de se enroscar em uma cerca enquanto fugíamos deles, ela não teria machucado algum.

- Não tem problema, me passe o isqueiro. Estou quase acabando.

Link fuçou em sua mochila e me passou o isqueiro amarelo que pegara em um corpo na Avenida Principal semana passada.

- Seria mais fácil se ela parasse de gritar. - Link respirou fundo e ao mesmo tempo ouvimos um estrondo e depois um alarme de carro disparando - Nem a cerca segurou eles Julya, o que vamos fazer agora?

- TERMINEI!
Ergui a agulha improvisada e Anelize ainda gritava.

- Ja acabou ok? Chega de gritar, vai atrair mais deles e você sabe disso.

Ela tapou a boca com as duas mãos, as lagrimas escorriam pelo rosto. Algo trombou com a porta de madeira.

- Acho que a maioria vai em direção ao carro que disparou, quase sempre é assim, mas agora tem um aqui na porta.

Link olhava para a porta, com certeza estava pensando em algo.

- Já sei, vamos quebrar uma das paredes do lado oposto, assim "escapamos pelos fundos".

Ele disse e fez "aspas" com os dedos no ar.

-Podemos tentar, mas acho que não vai funcionar muito... Ane, consegue andar?

- Mais ou menos.

- Então vai apoiada em mim ok?

Levantei ela e coloquei apoiada no meu ombro.

- Link, você quebra ai e eu atraio pra essa porta.

Ele concordou com a cabeça, dei um tapa na porta e algo do lado de fora bateu contra ela ao mesmo tempo. Uma mão com unhas compridas e sujas e a pele tão pálida que dava para ver as veias, passou pelo vão quebrado a porta e quase agarrou meu cabelo preto.

- Vamos, quebrei aqui, agora corre!

- Não esquece que estou carregando a Ane ok?

Saimos pelo vão e a luz me cegou por alguns segundos, e mesmo vendo poucas coisas, continuamos correndo como estávamos fazendo a uns 4 meses já.

- Precisamos encontrar o resto do grupo.