O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi,
Ah, esse capítulo vou dedicar a primeira pessoa que comentou minha história.
Sim,Mr Simple, você me inspirou e me motivou a escrever este capítulo e ele é todo seu.
Muito obrigada de novo.
Boa leitura á todos.



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CAPÍTULO 5 - O SILÊNCIO DO MEDO

– Como foi na escola? - Olaf me perguntou assim que chegamos da mesma.

– Ah, foi legal - respondi

– Conheceu alguém?

– Algumas pessoas.

– Viu?O tio Olaf aqui, sempre sabe de tudo.

– Certo, certo - cortei - Entendi, você tinha razão.

– Não é nenhuma novidade.

Eu já me preparava para me trancar em meu quarto, quando a cena da pequena discussão entre Georgia e William me veio a cabeça, então resolvi agir por impulso.

– Olaf? - chamei, já que meu tio não se encontrava mais na sala.

– Estou aqui - ele saiu da cozinha.

– Ah, é que a professora de literatura pediu para fazermos um trabalho sobre um livro e eu não o tenho - menti - Poderia me levar na biblioteca de Georgia?

– Anjos Urbanos.

– Quê?

– É o nome da biblioteca dela.

– Anjos Urbanos?

– Anjos Urbanos - confirmou - E eu posso te levar.

– Não precisa vir comigo, só me deixe lá - saiu sem pensar

– Por quê?

– Ah, eu queria falar com a Georgia mais algumas coisas sobre o livro que estou lendo e acho que ficaria chato para você...

– Tudo bem, tudo bem - concordou - Entendi.

– Você vai me deixar na biblioteca?

– Mas é claro - ele sorriu - Mas antes você vai comer alguma coisa, é lógico.

Sorri vitoriosa e fui pegar minha bolsa.

...

– É aqui, pirralha - Olaf diz olhando para o estabelecimento ao nosso lado.Ainda estávamos dentro do carro - Anjos Urbanos. - apertei minha bolsa involuntariamente.

Então, resolvi que era hora de encarar o lugar.E foi o que fiz.

Parecia realmente antigo.

Era de um marrom desgastado e apresentava duas janelas de vidro, das quais não se podia enxergar muita coisa - graças ao vidro embaçado -, apenas que a luz estava acessa, então, provavelmente , tinha alguém - tanto que ignorei a placa onde poderia se ler; fechado.

O letreiro estava - também - gasto, mas ainda era possível se ver a palavra Anjo Urbano em destaque.

O sol não podia mais ser visto, já que, Olaf resolveu que seria melhor ir á noite.Segundo ele, ela sempre ficava até mais tarde e teria menos movimento.

– Ah, eu te ligo - abri a porta do carro - Quando eu acabar aqui.

– Meu telefone estará ao meu lado - anunciou e eu sai de dentro do veículo - Até mais. - nem preciso dizer que ele nem esperou resposta para ir, não é?Pois foi isso que aconteceu.

Até mais - murmurei para o vazio que outrora estivera o carro de Olaf.

Me virei e abri a porta da biblioteca Anjo Urbano.

Por dentro, a biblioteca não parecia tão velha.Claro, os livros cheiravam a poeira e o piso de madeira rangia quando eu pisava em alguns lugares, todavia parecia mais conservada.Havia um sininho preso no alto da porta, que não tinha soado quando entrei.Deveria estar quebrado.

Adentrei alguns corredores repletos de livros, tentando achar a senhora simpática, mas só parecia que eu não chegaria a lugar algum.

Eu não tinha pensado muito no que falar para Georgia quando chegasse na biblioteca, acho que daria a mesma desculpa que dei á Olaf.Ou sei lá.

– O que queria que eu fizesse?Ficasse parada? - escutei em algum corredor perto do meu e desacelerei meus passos. Era uma voz conhecida, tenho certeza.

– Não foi isso que eu quis dizer - agora era a voz de Georgia - Ashley, foi rápido demais.

– Fala como se tivéssemos tempo - mas é claro, a voz era de Ashley.

– Eu sei...

– Essa praga já vai recomeçar - Ashley parecia irritada.Eu cheguei em uma parte do corredor que estava, que era o lugar onde dava para ouvir melhor.Acho que elas estavam conversando naquela direção, só que no corredor ao lado.Grudei meus ouvidos nos livros ali presentes. - E você sabe que quando recomeça, a cidade inteira estremece. Não temos tempo.

Para quê?

Elas não tem tempo para quê?

– Tudo bem, o que está feito, está feito. - Georgia se rendeu.

– Achou alguma brecha?

– Nenhuma - a senhora tinha uma voz frustrada - Eu sei que tem, mas não a acho.

– Temos que continuar tentando.

– Acha que a garota...?

Ela não terminou e eu rezei para que terminasse.

– O quê?

– Que ela pode ser a salvação?

– Acho, assim como também acho que pode ser nossa perdição. - quem era a garota que Ashley se referia?Do que diabos elas falavam? - Mas você conhece a maldição melhor que eu, temos que arriscar.

– Ás vezes eu acho que isso nunca vai acabar, senhorita Oliver - esse deveria ser o sobrenome de Ashley - Nunca conseguimos e sempre acontece de novo.

– Não podemos perder a fé, não é de nossa natureza - a loira disse - Temos que por um fim nisso.

– Quando contaremos á ela?

– Não seja tão precipitada - repreendeu Ashley - Sabe que a garota precisa de mais tempo.Nesse momento ela não serve de nada para nós.Vamos ter que prepara-la.

– Certo.

Fez-se um pequeno silêncio.

– Sua família já resolveu o que fará com o traidor? - Georgia parecia vacilante.

– Sinto muito, Georgia - desejou Ashley - Sei que gostava dele como um filho, mas você sabe o que acontecerá.Ele será torturado para que fale mais alguma coisa e morto logo depois.Ainda nesse final de semana.

Eu estava perplexa.

Elas matariam alguém e ainda o torturariam.E Ashley, oh céus, Ashley falava com tamanha facilidade que parecia algo normal.

Meu Deus!O que estava acontecendo?

Eu fiquei tão assustada com aquilo que acabei derrubando um livro.E é claro, fez um barulho maior do que eu poderia imaginar.

As duas pararam de falar e eu tive certeza que elas tinham escutado.Não tinha para onde correr.Elas me acharia e talvez até, me torturassem também, isso porque eu não queria pensar em morte.

– Tem mais alguém aqui com você?

– Não, eu até mesmo já fechei - Georgia sussurrou, assim como Ashley tinha feito - Coloquei a placa e tudo.

Droga!

Droga dupla!

Dá próxima vez que eu olhasse para uma plaquinha onde se lia ''Fechado'', eu daria meia volta e retornaria para casa.Isso é claro, se eu tivesse chance de ter uma próxima vez.

– Tem alguém aqui. - avisou a minha-amiga-não-tão-amiga-assim-agora.

– Tem certeza?

– Georgia, um barulho não se produz sozinho.Isso seria estranho.

– Essa seria a coisa mais estranha que já viu, senhorita Oliver?

– Fique quieta.

Então elas voltaram ao silêncio de novo.

Aquele silêncio era perturbador.

Mas o que conseguiu ser mais perturbador, foi os passos que eu escutava se aproximando mais e mais do meu corredor.

Sem dúvida eram elas.

E vinham de lado diferentes e com paciência.

Eu estava nervosa, quase tento um ataque, quando outro barulho interrompeu meu medo, no entanto esse vinha do outro lado da biblioteca.

Os passos cessaram, minha pequena reza cessou, as respirações cessaram e tudo ficou de novo em silêncio.

O silêncio do medo.

– Vem - chamou Ashley quebrando o silêncio, entretanto ainda sim, apenas falando numa altura audível - Veio do escritório.

– Meu escritório? - Georgia indagou na mesma altura de voz que Ashley

– Você tem outro?

– Vamos logo.

Esperei alguns segundos e tive certeza que elas tinham ido embora.

Soltei o ar que prendia e quando me preparei para correr dali, tropecei - não tão forte ao ponto de cair - no livro que eu havia derrubado.

Alguns chamariam de destino, outros de sorte e outros ainda, de mentira, entretanto eu tinha tropeçado no livro ''vendido''.

Eu tinha tropeçado em ''Horda Dos Sete''

Não pensei duas vezes, o peguei e sai daquele lugar.

Assim que o ar puro atingiu meus pulmões, me senti aliviada.

Eu tinha escapado.Eu tinha escapado sem ser pega.

Isso foi tão bom que tive que sorrir.

Tudo bem, chega de sorrisos.

Eu tinha que ir embora dali, antes que minha sorte mudasse.

Sai correndo, correndo, correndo...

Só que tinha me esquecido de um detalhe.

Para onde era minha casa?

– Ah Meu Deus, eu fugi de duas loucas para ficar perdida em Owens e á noite?

Fazia frio.Muito frio.

E eu apertei o casaco ainda mais em meu corpo, enquanto agradecia mentalmente por Olaf ter me obrigado a vir com ele.

Não preciso nem dizer que as ruas estavam desertas, preciso?Se for preciso, então afirmo, as ruas estavam desertas.

– Eu sou uma idiota! - falei

– Não sabia que gostava de se xingar - não precisei olhar para trás para saber quem estava falando aquilo - Poderia ter me chamado, eu adoraria ajudá-la.

– O que quer, William? - não me virei e escondi o livro dentro da minha bolsa, que estava presa em meus ombros.

– Eu deveria querer alguma coisa?Não poderia apenas estar passando e resolver falar com você? - ouvi seus passos se aproximando.

– Você nem me conhece.

– Conheço mais sobre você do que imagina.

– Como me conhece tanto assim? - ainda permanecia de costas para ele.Eu sei que tremia, mas fiz de tudo para me manter firme.

Por um breve segundo percebi que ele hesitou.

– Fofocas, é claro - disse por fim.

– O que quer comigo?

– Dois amigos não podem conversar? - ele deu mais alguns passos

– Não somos amigos.

– Tudo bem, tudo bem - ele se rendeu - Só queria perguntar uma coisa.

– O quê?

– O que faz aqui a essa hora da noite e, ainda por cima, sozinha?

– Não te interessa.

– Se não responder vou ficar aqui com você para sempre, se for preciso.

– Para que quer saber?Não gosta de mim e nem eu de você.

– Primeiro: Para que quero saber?Porque sou curioso e preciso matar minha curiosidade - sua voz mudou de tom - Segundo: não é que não goste de você, até por que, apenas tivemos uma conversa, mas é claro que não é minha pessoa favorita no mundo também.E terceiro: tem certeza que não gosta de mim? - a terceira parte foi sussurrada no meu ouvido.Eu conseguia sentir sua respiração e meu coração acelerou descontroladamente.

– Te-tenho - Droga, eu gaguejei.

– Não parece muito certa disso

– Eu estou - dessa vez não gaguejei e isso foi um alívio.

– Tudo bem - percebi que ele se afastou. Não sei se fiquei feliz ou com raiva daquilo, no entanto agradeci mentalmente - Então, ainda não me disse o que faz aqui.

Pensei por alguns segundos e me virei.

Ele estava ainda mais bonito que na escola.

Seus cabelos negros quase desapareciam com a noite, enquanto seus olhos azuis ganhavam um destaque maior.Ele sorria de um jeito contagiante e quase me fez sorrir junto.

– Eu me perdi - falei por fim

– Isso é notável.

– Então o que quer saber?

– Quando vi você, parecia assustada.

– Eu me perdi numa cidade que não conheço, isso é mais que um motivo para estar assustada, para mim.

– Certo - soltou um suspiro - Venha, vou te acompanhar até sua casa, entretanto saiba de uma coisa.

– O quê?

– Você mente mal.


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Notas finais do capítulo

Até mais



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