O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 49
Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

Hey, como estão?
Então, sim, isso é realmente um capítulo mais cedo.
E eu espero que gostem dele.
Eu estou postando a esse hora, porque daqui a pouco vou ter que sair com minha família e não daria para postar mais tarde, ou seja, vocês ficariam sem capítulo hoje. Como eu sei, que vocês cobram e querem capítulos mais rápidos - ainda mais faltando dois capítulos para terminar e um epilogo - aqui estou eu.
Como disse antes, espero que gostem.



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CAPÍTULO 48 - VOCÊ CAIRÁ!

O Dia Decisivo havia chegado.

E embora aquele dia trouxesse também esperança, meu coração permanecia temeroso.

O plano de Olívia continuava fresco em minha cabeça. As palavras da ‘’boazinha’’ Lancaster, se prenderam á mim de uma forma tão segura, que, enquanto Merina – minha carcereira – me empurrava para fora da minha prisão rumo ao começo de noite em Owens, suas palavras ainda estavam pairando por ali.

Meu olhar, porém, se mantinha fixo na frente, acompanhando atentamente os passos silenciosos de uma mulher que tinha o meu sangue.

–Não posso ler seus pensamentos, Alexandra – ela disse, de repente, assuntando não só a mim, mas todos os seus soldadinhos que a seguiam de perto – Mas sei exatamente que quer apertar meu pescoço, não é mesmo?

–Olha, na verdade, eu queria algo um pouco pior, mas enforcamento me parece bom – eu rebati, um pouco rouca, pela falta de água. Calliope decidiu, de manhã, que eu havia sido muito pouco cortês para com seus convidados no outro dia e que meu castigo era ficar sem comida ou bebida o dia inteiro. Mas, todos sabíamos perfeitamente, que, na verdade, quando mais fraca eu estivesse, melhor seria.

Calliope deu uma risadinha forçada e seus seguidores, timidamente, acompanharam-na.

–Tem a língua afiada de sua mãe – ela falou – Mas a idiotice do seu pai, sem dúvida.

–Você não sabe nada sobre os Miller.

Ela então parou abruptamente. E todos assim também paramos.

A rua a nossa volta estava deserta, segundo alguns cochichos que escutei por parte dos bruxos, era uma área abandonada da cidade, onde não seriamos incomodados.

Eu sabia pouco sobre a cidade, mas eu ainda sabia algumas coisas. Sabia que o ponto mais alto em Owens era uma colina esverdeada no limite da saída da cidade e sabia também que era para lá que caminhávamos.

Calliope parecia um pouco mais jovem que no encontro anterior - com suas calças jeans pretas e sua blusa azul escura - e ainda mais raivosa.

–Eu sei muito sobre os Miller, não se engane, Alexandra – ela sibilou – Sei tanto quando poderia saber.

–Não sabe a verdade sobre quem somos.

Ela se virou e, com passos pesados, logo chegou em minha frente. Merina soltou um pouco mais a corda que prendia minhas mãos e se encolheu atrás de mim. E eu quase fiz o mesmo. Seu olhar era perigosamente assustador.

–Sei sobre quem são, sei exatamente sobre quem são – sua voz parecia contida demais, como se quisesse gritar comigo ali mesmo, mas entendesse que era um erro – Sei que são um bando de gente curiosa que se preocupada apenas com a própria família. Sei que acham que podem fazer alguma coisa, mas não podem fazer absolutamente nada. E sei também que acabaram com minha família de um jeito único. Sabe, Alexandra, você não faz ideia o quanto eu fiquei feliz quando me anunciaram que para trazer de volta Sarah, eu teria que te sacrificar. Eu fiquei, verdadeiramente, radiante.

–Deve ter sido muito satisfatório.

–Foi o dia mais feliz da minha vida, até agora.

Eu me mantive quieta, enquanto ela recomeçava a caminhar.

–Felipe – ela chamou, de costas – Acompanhe Alexandra e certifique-se que ela irá calar a boca. Faça o que for preciso.

Sem que eu tivesse tempo para protestar, as mãos de Merina me soltaram das cordas e mãos mais ossudas e firmes tomaram seu lugar. Eu mal conseguia ver seu rosto, mas notei perfeitamente sua pele clara e seus cabelos enrolados. Felipe.

–Olá, Alexandra – ele cumprimentou alegremente, ao pé do meu ouvido – Como vai?

–Eu queria poder dizer uma coisa agora, mas permanecerei quieta – respondi, raivosa – Calliope mandou.

–E desde quando você obedece alguém?

–Desde quando eu lhe devo explicações, traidor?

Felipe chutou minha perna fortemente e eu segurei um gemido. Parei de andar, com dor, por alguns minutos, mas ele me empurrou para que eu prosseguisse.

–Mais uma próxima gracinha e eu vou fazer você desejar ser muda – ameaçou.

Fiquei em silêncio.

–E então – continuou Felipe – Como vai nosso grande William?

–Tomara que o veja em breve.

–Ah, sem dúvida o verei. Quem você acha que dará o golpe final no Hãnsel?

–Você? – ri sem humor – Melhor sonhar menos.

–Sim, exatamente eu.

–Vou lhe dizer o que acontecerá – falei, ríspida – Você chegará perto de William Hãnsel e ele cortará sua cabeça tão rápido que seus pensamentos serão perdidos antes mesmo de se formarem.

–Eu...

–Você, pode até achar que terá alguma chance, mas, certamente não terá. William, escute bem, vai acabar com cada pedacinho seu. E ele, vale lembrar, é apenas um mundano...

Antes que eu pudesse colocar mais veneno nas seguintes palavras, uma dor forte atingiu minhas costelas e meu joelho cedeu. Quando eu finalmente cai no chão, as pedrinhas na rua arranharam meu rosto, me fazendo choramingar.

–Eu disse quieta, Miller! – Felipe gritou para que todos, os que tinham virado em minha direção ou não, ouvissem. Com rapidez, ele me colocou de pé e sussurrou para apenas para que meus ouvidos escutarem dessa vez – Minhas palavras são como contratos e eu os cumpro. Isso vale tanto para você quanto para William.

[...]

A colina era realmente alta. Íngreme, escorregadia e alta.

Ao meu redor havia poucas árvores e o barranco de terra úmida era muito perigoso e desafiador, me fazendo tremer de medo.

Pense no plano. Pense no plano. Pense no plano.

A cidade não se tornava tão pequena observando lá de cima, mas ainda sim, era alto demais para uma garota que nunca viajou de avião ou qualquer outra coisa que fizesse ela sair do seu estado de conforto. O chão.

–Tragam a minha garotinha aqui – Calliope pediu, falsamente – Vamos.

Felipe, sem hesitar, me guiou por entre as pessoas, que começavam a ceder caminho, e fez eu ajoelhar-me entre os pés de minha tia má.

–Você, provavelmente, não sabe como tratar uma dama, babaca – ralhei com Felipe, que já havia se afastado de mim – Alguém deveria ter te ensinado.

–Sem gracinhas, Alexandra, sem gracinhas – Calliope disse, com uma voz que transbordava calmaria, fechando os olhos com vagareza – Você realmente quer terminar seus dias com essas palavras?

–Você não conseguirá absolutamente nada do que pretende.

Calliope, rapidamente, acariciou meus cabelos com doçura. Eu paralisei. Sabia perfeitamente que com uma palavra, meu coro cabeludo sofreria uma dor intensa.

–Boa menina – sussurrou – Sua mãe era assim mesmo.

–Sabe, eu tenho uma pergunta para fazer a você.

–Fale rápido, menina curiosa – ela disse, ainda de olhos fechados – Eu sinto que a Lua, em seu ponto ideal para nosso compromisso, se aproxima.

–Se você sabia desde o começo que eu era a Hibrida, por que não me matou assim que eu nasci?

–Não haveria graça – ela riu e abriu os olhos – Sem falar que, eu não sabia de fato se era quem pensávamos ser.

–Você realmente não sente nenhum remorso por ter feito o que fez com sua própria irmã?

–Há coisas que superam a relação familiar – ela respondeu – Olivia foi uma grande e dolorosa traidora e merecia pagar.

–Você a matou! – acusei.

–Ela, sem dúvida, deve estar em um lugar melhor agora.

–É isso que você fala para você mesma antes de dormir?

–Fique quieta! – mandou, irritada – A Lua já está em seu ponto magnifico agora. Podemos começar, amigos, podemos começar. – ela empurrou minha cabeça para baixo e fez eu olhar apenas a grama perto de meus joelhos doloridos, me tirando o direito de até mesmo admirar a Lua – Assim, fique exatamente assim.

‘’Acho que estou com medo’’ pensei.

‘’Eu queria ter cuidado de você quando era pequena, para poder cantar uma canção de ninar agora’’ Olívia respondeu, apenas para mim ‘’Para te acalmar’’.

Eu sorri.

Ah, como eu queria ter conhecido Olívia antes de tudo aquilo.

–A faca já foi molhada com ervas verdes de uma floresta densa? – Calliope perguntou para alguém atrás de mim – Oh, ótimo. Acho que chegou a hora. – ela suspirou alto – Seja quem for, ainda é uma Lancaster e eu terei que matar mais uma essa noite. Você sabe, Liz, não é fácil matar um membro da família.

Eu escutei os passos de Calliope se aproximarem e depois vi seus pés perto de mim. Depois disso, não demorou muito para eu sentir a gélida lâmina da faca em meu pescoço quente.

–Uma vida por uma vida! – Calliope gritou para alguém ou algo ao meu redor – Não estou pedindo as benções dos Céus, da Terra, do Ar, do Fogo ou das Águas. Apenas estou fazendo minha solicitação, porque embora eu saiba que é proibido, ainda acho que é o certo a se fazer. Eu defenderei meus ideais e Sarah voltará!

O chacoalhar das árvores começou a se manifestar, mas não era apenas isso. O ambiente ao meu redor parecia desconfortável com aquela situação, como se tentasse falar que aquilo não deveria acontecer.

Eu senti a umidade da lâmina se afastar e eu percebi que o momento de minha morte havia chegado.

–Uma vida – ela repetiu –, por uma vida!

Eu fiquei esperando, mas nada aconteceu.

Quando ouvi o baque de um corpo no chão, percebi que o plano havia começado.

Olhei para cima, desconfiada.

Olívia agora tinha assumido o lugar de sua irmã, com uma postura poderosa e firme, como uma verdadeira Rainha. Enquanto, me levantava e me colocava ao lado de minha mãe, pude notar sombras enegrecidas, ainda mais, pelo escuro, atrás dela. Meus guerreiros? Oh, yeah!

–Olívia – Calliope ainda se mantinha no chão, completamente surpresa – O que faz aqui? Como você...

–Deveria ter seguido seus instintos, irmã – Olívia interrompeu – Você sabia que Alexis era diferente, mas preferiu acreditar que você era superior. Agora, eu queria lhe dizer, você cairá.

–Você cairá – uma voz conhecida repetiu atrás de mim e eu a reconheci imediatamente. William Hãnsel sorria, saindo das sombras, como se a batalha já estivesse ganha. Nossos olhares se encontraram e eu quase sorri em sua direção também.

–Você cairá – Oláf também disse, atrás do Hãnsel. Seus olhos focaram, por breves segundos, na imagem de Olívia ao meu lado, mas se viraram para mim logo depois.

–Você cairá! – uma sombra gritou.

–Você cairá! – uma outra, repetiu.

–Você cairá!

–Você cairá!

Todos os meus amigos, incluindo Jade e Jessica, se aproximaram, colocando-se atrás mim, muito bem armados. Seus rostos demonstravam raiva, mas, acima de tudo, demonstravam firmeza.

–Você cairá!

–Você cairá!

Olaf, com um sorriso torto, me passou uma adaga muito bem afiada. A minha adaga, a adaga que o Hãnsel havia me dado. A minha arma preferida.

Assim que terminei minha percepção, William me lançou uma piscadela como se tivesse lido meus pensamentos.

Me virei para Calliope, que já estava de pé, junto com os seus.

–Você cairá!

–O que você é, Alexandra? – Calliope perguntou, nervosa.

–Você cairá!

–O que você é?! – minha tia gritou, agora também assustada com as vozes que ecoavam atrás de mim. – Quem é você, de verdade?!

–Eu, querida – disse, olhando-a fixamente – Sou seu pior pesadelo.

–Não importa o que faça. Você pode ter seus amiguinhos contra mim e esses... E esses... esses monstros, mas eu ainda tenho Bruxos poderosos ao meu lado – ela rebateu.

–Você pode lutar, mas o Destino nos trouxe aqui – falei a ela, agarrando minha adaga com força – Eu sou a Híbrida da Maldição e você, ah, você cairá!

Os gritos, de ambos os lados, ecoaram pela colina e eu me lancei em direção a Calliope, com toda a coragem que eu não sabia ter.


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Notas finais do capítulo

VOCÊ CAIRÁ!



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