O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 39
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Posso dizer uma coisa? Sinto falta de mais comentários. Sério, os que eu ganho são muito perfeitos e se tivessem mais, eu estaria mais do que feliz. Vou continuar esperando o comentário número 200.
Bem, queria dar uma notícia boa, primeiramente. Meu notebook estar de volta e muito melhor. A notícia ruim é que eu tenho que começar a estudar para as provas e para o Prise (meu primeiro ano) e eu apenas postarei as sextas. Espero que me entendam.
GI, MINHA ESCRITORA, EU VOU VOLTAR A COMENTAR NA SUA HISTÓRIA, É SÓ UMA QUESTÃO DE ME ORGANIZAR.
Ah, sim, queria dizer que como essa história está chegando ao fim, eu já estou planejando uma nova, mas por enquanto eu não direi mais nada sobre ela.
Boa leitura, amigos.



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CAPÍTULO 38 - É MINHA RESPONSABILIDADE, CERTO?

A chuva batia contra a janela da sala de jantar da antiga e amaldiçoada família Hãnsel.

Tudo era muito bonito ali, todos os quadros, as cadeiras, as mesas, mas, ao mesmo tempo, a tristeza e a carga de dor era quase palpável. Isso me incomodava mais do que eu poderia imaginar.

Quando Ashley teve certeza – algo como um feitiço que fez, muito antigo, e que apenas era possível com o consentimento do enfeitiçado – e descobriu que Felipe falava a verdade em relação as Bruxas e a invocação de Sarah, todos corremos para fazer algo, antes mesmo da hora marcada. Tínhamos apenas três meses para sair da desvantagem e ter alguma chance. Tínhamos que pelo menos desfazer a Maldição, segundo Ashley, o que provavelmente faria as Bruxas adiarem a invocação, pois embora quisessem ser o centro de poder da cidade, manter a desgraça para os Hãnsel era mais que uma obrigação, era uma missão, era um dever. Teria que ser cumprido em primeiro lugar.

Cada um usava suas especialidades para tentar achar uma solução, enquanto Georgia e eu nos concentrávamos no Livro. Era muito complicado tentar revelar informações com ele de qualquer jeito . Eu teria que identificar para a senhora ao meu lado, em que língua estavam as palavras, depois deveria tentar escrevê-las em um papel. Georgia, por sua vez, tentava ler meus rabiscos. Claro, algumas vezes uma ou outra palavra não estavam completamente certas, mas ela tinha paciência e conseguia entender com certa dificuldade.

–Não, querida – ela me disse mais uma vez – Isso não é o que estamos procurando, vá para a outra.

Então, eu troquei mais uma vez a página e tentei escrever o que via.

William havia se trancado no quarto, depois que Ashley liberou Felipe. Ele ficou furioso e se negou á deixar que o garoto fosse solto, mas a decisão da maioria venceu. Não poderíamos arriscar prender Felipe ali, conosco, para que ele servisse de espião mais um vez e nos destruísse ainda mais. Sem falar que ele poderia estar ainda mais poderoso do que antes.

–Não, Alexis – Georgia falou – Não é essa, vá para a próxima página.

E eu fui.

A cada página que eu virava as palavras pareciam nascer do nada. Primeiro aparecia algumas letras, depois algumas palavras, logo em seguida alguns parágrafos e de repente um texto, em uma língua diferente.

Era tão estranho e ao mesmo tempo tão... Bonito, tão mágico. Se a situação fosse outra, certamente eu sorriria enquanto observava a transformação.

Com calma, eu comecei a escrever mais algumas palavras estrangeiras em um papel. A letra no livro era linda, mas ao mesmo tempo difícil de ler. O texto estava exatamente no meio do livro e eu não fazia ideia sobre o que se tratava.

Georgia depois de alguns minutos foi para a cozinha comer algo e William desceu logo em seguida. Eu já estava na metade de minha escrita e tentei me focar nisso.

–Como estamos aqui? – ele perguntou, mas eu mantive minha cabeça abaixada, copiando cada código e evitando olhá-lo. William tinha alcançado uma raiva em mim, que eu não imaginava que poderia sentir. A verdade era que eu já estava cansada de ser feita de boba.

–Estaríamos melhor, se um certo alguém estivesse ajudando – Brad respondeu.

–Oh, Céus, quem seria esse ser inútil? – William e suas ironias estavam mais uma vez ali, mesmo em momentos como aquele. Escutei a cadeira em minha frente se arrastar e tinha certeza que William estava nela. – Eu mesmo poderia pegá-lo.

–Não seja idiota, vamos, ajude – Henry disse a ele, em algum canto do cômodo.

Mesmo ainda não levantando o olhar, sabia que William havia rebatido com um dar de ombros típico.

–Não acho necessário, a Miller achará a resposta no livro – ele disse – Não achará?

Todos ficaram em silêncio e quando eu levantei meu olhar em direção ao Hãnsel, entendia o porquê. A pergunta era para mim.

–Estou tentando – disse.

–Sei que está, eu posso ver – ele retrucou frio. – Então, Brad que tal comemorarmos nosso fim com um belo taco de sorvete.

–Isso parece nojento – Gabriel comentou, sem tirar os olhos de seu livro.

–Oh. Não, não, não, não – William reclamou – Jamais repita algo assim em sua vida.

–William tem razão, embora isso pareça loucura – Brad acompanhou – Se há algo bom nesse mundo, esse algo é tacos de sorvete.

–Acho que um dia teremos que provar isso a eles, Brad.

–William – Ashey chamou – Faça algo e cale a boca um segundo, estou tentando me concentrar nessa tradução.

–Nossa, estou quase ofendido – ele disse, com uma das mãos no coração, fingindo estar chateado – Nunca esperei isso de você, Ash.

–William, por favor, só faça algo.

–Tudo bem, eu farei – William se levantou e pegou um livro de umas das diversas pilhas espalhadas. Quando ele passou pela frente da única janela no lugar, percebi que já estava escuro do lado de fora. O lado bom daquilo era que Olaf achava que eu estava com Ashley, o que de certa forma era verdade, o ruim era que eu estava começando a não gostar do que a escuridão trazia.

William se sentou na cadeira em minha frente, mais uma vez, e olhou algumas partes do livro. Ele não parecia satisfeito com aquilo, mas fazia do mesmo jeito. Depois de revirar os olhos incontáveis vezes, avisou que iria ir em seu quarto buscar alguma coisa. Oh, sim, sem dúvida que ia.

Depois de mais alguns segundos de um silêncio absoluto, Georgia voltou e eu terminei de escrever o texto daquela folha. Ela sorriu em minha direção e disse para eu comer algo na cozinha também. Não pensei duas vezes e me dirigi para lá.

Miranda havia ficado no quarto desde o sequestro, com medo, e por isso não estava ali para me olhar estranho, quando adentrei na lindíssima cozinha de uma família triste. Tudo estava em perfeitas condições e exageradamente arrumado. Tudo em seu lugar e ponto.

Caminhei até a mesa, onde um bolo de morango estava partido em alguns pedaços. Assim que chegava mais perto da comida, minha barriga começava a se manifestar e eu não entendia como ainda não havia percebido essa fome toda.

Peguei um prato na mesa e cortei um considerável pedaço para mim. Enquanto me deliciava com o doce, me sentei em uma das cadeiras próximas e pensei se talvez realmente tínhamos alguma chance.

As Bruxas não dariam uma grande informação sobre seu plano horrível, mais cedo, se não estivessem bastante confiantes de sua vitória. O que mais me aterrorizava, porém, era o fato de que minha tia, bem, minha tia biológica estava por trás disso, por trás de algo tão desprezível.

–Vejo que o bolo está realmente bom – William disse e eu quase pulei da cadeira.

–Que susto, Hãnsel! – falei, enquanto o olhava raivosa – Poderia ter me matado.

–Ah, nossa, não se pode nem mais falar nada nessa casa – ele resmungou, dando as costas para mim. William abriu a geladeira e pegou uma jarra com um suco amarelo, provavelmente de laranja. Mesmo não querendo, eu observei cada movimento seu.

Ele tomou um grande gole de seu suco e me disse:

–Vamos, pode continuar se deliciando com seu bolo, não vou falar nada, mas não fique me olhando assim, Miller.

–Não estou olhando para você.

–Miller, sou William Hãnsel, sei exatamente quando uma garota está olhando para mim.

–Que humildade, senhor Hãnsel.

–Estou prestes a ter minha vida arruinada, quem precisa de humildade agora?

–Você realmente não acreditava que eu possa mudar alguma coisa, nessa história, não é?

–Estou dividido quanto a isso, Miller.

–Sempre parece estar. Em uma hora, você está legal e relaxado e na outra está correndo para fora do quarto e beijando outras garotas. Parece que você me odeia o suficiente para me deixar tão confusa. E parece que não confia em mim, porque não quer também. Estou certa?

–Por que acha que odeio você?

–Não acho que me odeia, mas tenho argumentos bem convincentes de que não gosta bastante de mim.

–Adoraria ouvi-los – ele disse, quando tomou o último gole de sua bebida, colocando o copo na pia.

–Você, ultimamente, tem me evitado de todas as maneiras possíveis, como se eu tivesse uma doença contagiosa ou algo assim.

–Eu tenho evitado você? Você tem me evitado. Eu sou apenas um cara da paz, sem guerras, só paz – ele interrompeu.

–Fique quieto, você pediu meus argumentos, pois então escute-os agora – disse a ele – Você então fingi ser alguém atencioso comigo, até me beija, para depois o quê? Isso mesmo, sair correndo para beijar Jessica. Ainda no mesmo dia! Não poderia ter esperado um tempo?

–Certamente poderia – ele respondeu – Mas não o fiz.

–Não o fez – repeti.

–Miller, isso não quer dizer que odeio ou não gosto de você.

–Imagine se gostasse, não é?

–Essa situação – ele ignorou meu comentário -, está me deixando sufocado. Você pode até ser a Híbrida, mas não entende como é ter sua vida traçada de uma forma trágica antes mesmo de nascer. Pode parecer tolerável, mas não é. Desde meus 9 anos, sei que vou morrer e isso é horrível. Você olha para a janela e pensa ‘’Nossa, que dia bonito, queria ter mais tempo para aproveitar mais dias como esse’’. É como se você quisesse fazer muito mais coisas que os seus dias limitados aguentam. E então você chegou, junto com a promessa de dias diferentes do que eu já estava acostumado. E até agora, Miller, meus dias continuam contados e minhas esperanças morrendo. Acho que talvez seja por isso que sou do jeito que sou.

–Olhe ao seu redor, veja essas pessoas. Elas não se preocupam apenas com a cidade, se preocupam com você também. Isso deveria deixa-lo melhor.

–Há algo bonito na lealdade, mas dificilmente ela se mantém quando fica frente a frente com a morte.

–Por quê você não apenas tenta ser agradável? Como Henry, por exemplo. Por que sempre tenta fazer tudo errado de propósito? Por que não tenta sempre acertar invés disso?

Acho que eu não deveria ter falado aquilo. Oh, Céus, por que eu não fiquei comendo meu delicioso bolo?

William me olhou sério, como se não acreditasse no que eu havia acabado de falar. Ele trincou os dentes e com os olhos fixos em mim, abriu, depois de alguns segundos de raiva contida, a boca.

– Por quê, Alexis Miller? Porque as pessoas sempre esperam algo de você e sempre vão esperar, faz parte do que elas são. Se você é sempre certo, um erro e pronto, será o bastante para o julgamento. Agora, se for como eu, errado todo tempo e o tempo todo, quando fizer algo certo será até recompensado. Nunca serei o que elas esperam que eu seja.

–Não consigo acreditar nisso.

–Ás vezes a verdade é assim. Uma história louca, inaceitável e real. Apenas aceite a sua realidade, Miller.

Eu estava prestes a retrucar mais alguma coisa, quando o grito de Ashley soou pela casa.

–Alexis, venha rápido, encontramos, oh, nossa, Georgia acha que o encontramos! – foi a frase que ficou no ar.

William e eu nos entreolhamos e corremos para a sala.

Quando chegamos no cômodo, todos estavam inquietos, animados e esperançosos, enquanto olhavam para uma Georgia ansiosa.

–Tem certeza que é esse? – Ashley perguntou, ao seu lado – Não quero pressioná-la, mas é importante que esteja certa sobre isso.

–Estou certa - Georgia respondeu – Tenho certeza.

–Quem escreveu o texto?

–A sua ancestral, Ashley – Georgia respondeu e eu abri minha boca, surpresa. Se esse era mesmo o texto que poderia quebrar a Maldição, porque a velhota Oliver não me disse nada antes?

–Vamos, conte – pediu Jessica – Não aguento esperar, é muito para mim.

–Tudo bem – Georgia confirmou – No começo fala sobre uma Maldição obscura e terrível, de diferentes tipos, incluindo o nosso tipo de Maldição. Fala que só Bruxas podem fazer Maldições desse nível e que se humanos tentarem, morreriam provavelmente. E aqui... Deixe-me traduzir... Oh, não, não, não, isso não pode ser verdade.

Georgia empalideceu e Ashley a acompanhou. Os outros na sala se mantiveram quietos.

–O quê? – Ashley perguntou finalmente, o que todos queriam saber.

–Aqui fala como podemos quebrar a Maldição – Georgia respondeu.

Alguns soltaram o ar, eu relaxei meu corpo e William deu um pequeno sorriso. Agora tudo estava como deveria ser, tudo estava dando certo.

–Isso e ótimo, isso é perfeito – Ashley riu e eu gostei disso. Ashley parecia tão feliz que eu quase senti uma certa obrigação de sorrir como ela.

–Não é não – Georgia retrucou.

–Não estou entendendo, Georgia, era isso que esperamos por muito tempo – Ashley falou – Qual o problema?

–O problema está em como temos que quebrar ela.

–E por quê?

–Temos que matar alguém.

–Georgia, isso é muito triste, mas temos que fazer. Essa Maldição é muito forte e vai destruir a cidade inteira. – Jessica argumentou – O que é uma pessoa comparada a várias?

–Quem temos que matar?– William não aprecia nada satisfeito em fazer aquela pergunta. O sorriso já não estava mais em seus lábios.

–A última palavra eu não consegui traduzir, mas acho que não é importante – ela disse – Aqui diz que para a Maldição finalmente cessar, só o sangue da descende mais jovem da Bruxa que lançou essa praga pode resolver.

–Você está dizendo que...

–Só a morte de Alexis Miller acabará com a Maldição dos Hãnsel – ela respondeu e eu gelei.

Havia várias perguntas que eu sempre quis responder em relação a vida após morte e coisas do tipo, mas eu não tinha certeza se as queria descobrir agora.

Provavelmente não.

Porém, eu tinha outra opção?


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Notas finais do capítulo

Eu, com o perto fim dessa história e começo de uma nova, gostaria de criar uma página no facebook, para postar minhas histórias. Essa ideia foi sugerida por uma leitora e eu achei maravilhosa. O que acham? Que nome eu poderia dar?



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