O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro
Notas iniciais do capítulo
Oi, voltei cedo, né?
Não tenho muito o que falar.
Então é isso, até mais, anjos.
CAPÍTULO 26 - ENTRE BRUXOS E MAIS BRUXOS
–O que disse de mim? - Sophie quebrou o silêncio da sala - Eu sou o quê?
–Uma Híbrida, metade mundana, metade bruxa - o pai de Ashley repetiu, enquanto a própria Ashley balançava a cabeça de um lado para o outro, se negando a acreditar.
–Isso é impossível - ela disse depois - Ela é apenas uma criança, não pode decidir uma coisa dessas, a bruxa não seria capaz de fazer algo assim.
–Ashley, essa bruxa lançou uma maldição sobre uma família e nossa cidade, onde destrói ambos - o homem argumentou com uma voz doce e relativamente calma - Acha que não seria capaz?Eu acho que seria.Acho até mais provável que a Milsted seja a nossa Híbrida.
–Mas eu tinha tantas pistas - Ashley não se conformou - Eu ainda acho que é Alexis.
–Você acha que ela colocaria a própria descendente na Maldição? - ele perguntou, obviamente não desejando uma resposta - Sarah não é tão idiota assim.
–Então, está me dizendo que devemos acreditar que Sophie salvará William e a cidade? - Ashley perguntou.
–Estou ferrado - William resmungou alto o suficiente.
–Não temos certeza de nada, querida - ele disse a ela - Isso é apenas o que eu acho.
–É apenas o que a Horda acha - uma mulher muito bonita, com cabelos negros e olhos verdes, disse ao lado do pai de Ashley.Deveria ser a mãe da Oliver.
–Tudo bem - ele sorriu carinhoso a mulher - Alexis Miller e Sophie Milsted, eu sinto por não ter me apresentado e nem ter apresentado meus semelhantes ainda.Isso foi uma falta de respeito de minha parte.
–Ah, tudo bem - falei meio sem jeito.
–Sou Alexander Oliver e essa é minha esposa Abigail - ele olhou para a mulher ao seu lado - E essa senhora ao seu lado pertence á família Avery, seu nome é Ella. - ela era muito parecida com Jessica e muito bonita também - O casal ao lado dela, faz parte da família Philips, Natalie e Robert - a mulher tinha cabelos extremamente vermelhos e olhos claros, o homem mesmo tendo cabelos em um tom de loiro claro era muito parecido com Henry, talvez as feições era o que os tornavam semelhantes.
–Agora deixe que eu mesmo me apresente, Alexander - um homem interrompeu.Ele era negro, tinha cabelos escuros e um rosto levemente divertido - Sou Andrew Hooper, muito prazer senhoritas. - eu sorri a ele.
–E eu me chamo Anna Cromwell - uma mulher ao lado do senhor Hooper falou.Ela tinha cabelos enrolados até o ombro e um olhar doce.Ao seu lado um homem de cabelos negros e olhos da mesma cor, sorria discretamente - E esse é meu marido, David.
– Então, ah, prazer em conhecê-los - eu disse e Sophie fez o mesmo.Eles sorriram.
– Alexis Miller, precisamos do livro imediatamente, amanhã presumo - Alexander falou - Se algo pode quebrar a Maldição, esse ''algo'' está ali.
–Mas o livro esta em várias línguas e eu só sei a minha - retruquei.
–Já disse Alexis - Ashley se pronunciou - Você escreve e nos traduzimos.
–Mas ele é muito grande - falei.
–É nossa única opção - ela me disse - Ah, pai e sobre a pista que temos do lugar onde as Bruxas podem estar escondidas?
–É uma boa pista, Ashley - Alexander parecia estar pensando sobre o assunto, enquanto falava - Temos que verificar o mais rápido possível.Amanhã mesmo
–Eu posso ir? - falei antes que perdesse a coragem.
Todos se viraram para mim.
–Alexis, é claro que... - a resposta, sem duvida negativa, de Ashley foi interrompida pela do pai.
–Que sim, querida.
–Senhor, não acho indicado - Georgia interveio e suspirei entediada - Alexis pode ser uma Híbrida, mas foi criada como mundana, não tem qualificações.
–Não tem qualificações nem como mundana, imagine como Híbrida - Felipe acrescentou, mas eu ignorei.
–Eu concordo com a Georgia - Henry falou - Para Alexis pode ser perigoso demais.
–Tudo que ela está vivendo é perigoso demais - Alexander lembrou e eu concordei mentalmente - Vamos resolver isso então.Horda, vocês concordam que Alexis Miller deve ir para a Missão amanhã?
–Sim, nos concordamos - todos os membros falaram o mesmo tempo e eu sorri satisfeita.
–Então está decidido, Alexis Miller irá - Alexander parecia não querer mais falar sobre isso e todos acatamos seu aparente desejo.
– Uma coisa, pai... - o celular de Ashley começou a tocar freneticamente - Me desculpe, eu achei que estivesse desligado.
–Ashley, isso não foi apropriado - a mãe dela reprovou o ato.
–Desculpe mãe - pediu a garota - Eu vou desligar... Ah, não, é Olaf
–Olaf? - meu coração acelerou numa fração de segundos.Eu corri até Ashley e constatei que ela falava a verdade.Eu tinha esquecido completamente que havia saído de casa cedo, alegando ir ver uma amiga; e naquele momento já era noite e nada de eu voltar.Olaf deveria estar preocupado com meu sumiço.Oh, droga. - Ele tem seu número?
–Tem, é claro - ela me disse, enquanto o celular ainda tocava - Eu liguei naquele dia, pedindo a permissão dele para você dormir aqui.Esqueci que deveria ligar de outro celular.
–O que eu faço? - perguntei, mas o celular parou de tocar e eu suspirei em alívio - Assim é melhor, ele vai me matar por telefone e...
O celular voltou a tocar e era Olaf novamente.
–Eu atendo, eu atendo - Ashley suspirou se preparando e atendeu o telefone - Ah, olá, senhor Miller.Sim, Alexis estava aqui.Ficamos conversando tanto que agora que nos tocamos que estava tarde.Não se preocupe, ela já está chegando.Não, ela não está sozinha.Sim, meu pai foi deixá-la.Não.Sim.Não.Não.Isso.Imagina, tudo bem.Até mais. - desligou.
–Ele vai me matar? - minha voz mostrava incerteza.
–Não faço ideia - ela confessou - Mas é melhor se apresar.
–Certo, só uma coisa - eu olhei para todos naquela mesa e todos me devolveram o mesmo olhar - Com quem Sophie vai ficar?É que Olaf provavelmente nunca irá deixar ela dormir na minha casa, depois dessa pequena confusão.
–Ela pode dormir aqui, comigo - Georgia se disponibilizou, com um sorriso nos lábios.Ela também deveria concordar comigo, sobre a semelhança de Sophie e Patrick.Deveria ver em Sophie uma pedaço do garoto que criou como um filho.
–Não - Sophie se negou e Georgia logo perdeu o sorriso - Eu nem conheço você direito.Não confio numa bruxa, não ficarei aqui.
Todos ficaram sem palavras, inclusive eu.
–Ah, eu vou me arrepender - William encontrou as palavras que pareciam perdidas - Sophie fique em minha casa.Minha governanta é uma bruxa, mas ela não lhe fará mal.O amaldiçoado aqui cuidará de você.Não sei se bem, mas tentarei.
–Obrigada, Will - ela falou á ele.Fiquei esperando que ele dissesse alguma coisa sobre ''Não diga isso'' ou ''Meu nome é William e não Will'', mas ele apenas sorriu.Só isso.Sorriu.
–Certo, preciso ir - anunciei, mesmo não precisando - Vou com você e Sophie, Will.
–Droga, Miller, é William - ele reclamou e fiquei com raiva.Eu não podia chamar também?Tudo bem, certo.
–Vamos então, Hãnsel - apenas disse.
...
–Sabe Miller - William estava abrindo a porta do carro para mim, já na frente da minha casa.Eu desci e ele se inconstou no carro - Não vou poder ir no seu enterro amanhã.Coisas para fazer, sabe?Espero que entenda.
–Eu posso adiantar o seu se quiser - e me virei.Ouvi a risada de William e depois o carro indo embora.
Na varanda de casa, contei de 1 á 10, antes de bater na porta.
Quando finalmente eu bati, Olaf atendeu rapidamente.
–Alexandra Miller, por que demorou tanto? - ele perguntou furioso.Jade estava sentada o sofá, vendo a cena.
–Não gosto que me chamem assim, Olaf - entrei na casa, passando por ele.Olaf bateu forte a porta atrás de mim - Que estresse, Miller.
–Olha, Alexandra - revirei os olhos com a pronunciação do meu nome, novamente. - Você é apenas uma criança e não pode ficar saindo por ai sem me avisar.E onde está seu celular?
– Meu celular?Digamos que aconteceu um pequeno imprevisto e eu não o tenho mais - me lembrei do que Jessica fez a ele e senti uma dor no peito.Eu adorava aquele celular - E eu avisei a você onde ia, avisei sim.
–Mas isso foi de manhã e já é noite - ele quase gritou - Alexandra Miller, eu fiquei preocupado.Achei que algo tinha acontecido.Houve dois assassinatos ontem e de repente minha sobrinha some.O que eu devo achar?Que você se perdeu no caminho para o País das Maravilhas?
–Se você quiser - aumentei minha voz também.Acho que o estresse do momento me invadiu, assim como a ele - Se você quiser também pode até me deixar na droga de um orfanato, não ligo.
–Alexandra, olha como fala - ele repreendeu.
–Pare de me chamar de Alexadra, Olaf - mandei - O único que me chamava de Alexandra era o meu pai, o meu pai.O único que eu tenho.Edward Miller.Não me chame de Alexandra.
–Eu chamo como eu quiser - ele ficou ainda mais bravo. - E agora você está de castigo, não sairá de casa por um bom tempo, Alexandra - ele repetiu com toda a calma do mundo meu nome mais uma vez e eu fiquei ainda mais furiosa.Só que me foquei em outra coisa.
–Eu preciso sair amanhã - falei ainda alto - Tenho coisas para fazer.
–Pois não tem mais - ele me disse e Jade abaixou a cabeça, num ato de descrença obvio - Está de castigo.E eu não vou deixar você em um orfanato, eu sou seu responsável agora e mando em você.Alexis vai sair amanhã, Jade? - Jade nada falou, apenas encarou Olaf - Não, Jade, ela não vai.Está de castigo.Por isso, Alexandra Miller, ah adoro esse nome, Alexandra.Onde estava?Ah, sim, está de castigo e por nada nesse mundo vai sair a semana toda ou o mês todo, ainda não decidi.
–Você não pode mandar em mim, não é meu pai.
–Como disse, sou seu responsável, então mando sim.
–Você pode achar que manda, mas não manda de verdade - meu objetivo era ferir e eu esperava alcança-lo.Isso foi um erro. - Você é um tio que eu nem sabia que existia e sabe o que mais?Nunca me fez falta também.
Corri para o meu quarto e me tranquei lá.
Eu sabia que tinha errado, mas quando a raiva me invadiu a única coisa que eu conseguia fazer era falar tudo o que poderia magoá-lo.O assunto ''Olaf é meu pai'', mesmo eu jogando de lado da minha vida, tentando esquecer, ainda estava presente.E acho que descontei na pessoa errada.
Chequei se o livro ainda estava no lugar e me joguei na cama.Fiquei olhando para o teto, esperando a raiva passar.
Eu não deveria ter falado aquilo á Olaf, ele estava apenas se preocupando com minha segurança e não foi culpa dele a briga, foi minha.Eu deveria ter ligado.
Com a tristeza e o arrependimento tomando o lugar da raiva, eu adormeci gradativamente.
''-Não deveria tratar seu tio dessa maneira, menina - uma mulher em algum lugar falou.Eu estava em uma sala.Essa sala estava escura e havia apenas uma janela, por onde entrava um fleche de luz. - Se bem que você é uma Lancaster, o ódio sempre domina você.
–Quem está ai? - minha voz saiu mais rouca do que imaginava.
–Não me reconhece? - ela riu sozinha - Ah, é claro, você nunca me viu.Eu sou Sarah Lancaster, ou como alguns gostam de me chamar, A Bruxa da Maldição.''
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E ai?