O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

OI,
Sim, esse capítulo está grande por que o fiz em uma madrugada.
Eu queria dedicar esse capítulo á duas pessoas.
A primeira é a Fran, que deu ao ''O Garoto da última Casa'' uma recomendação linda.Obrigada Fran, saboreie seu capítulo ahahaha.
A segunda é a minha diva, Lily Collins.Ela está aniversariando hoje e escrever um capítulo para essa história é, para mim, a melhor forma de parabenizá-la.Obrigada as duas e também á todos os leitores.Sei que alguns não comentam, e ainda não entendo porquê, mas tudo bem.Aos que comentam, obrigadaaaaaa.
Boa leitura.



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CAPÍTULO 15 - POR QUE DIABOS A MILLER?

William Hãnsel

Hoje era um dia e tanto, e nem tinha acabado ainda.Que ótimo.

Acho que estava sendo dramático, de certa forma.Um Hãnsel deveria já estar acostumado com isso, porém eu não conseguia.

Um novo dia.Uma nova surpresa, geralmente não muito boa.

E agora a Miller.

Que problema aquela garota tem?

Eu dei uma adaga á ela - para proteção - ela se assustou no começo, mas aceitou a arma.Ai eu falei de tacos de sorvete e ela pirou.Tudo bem, aquilo não existia no mundo dela, foi uma invenção estranha minha e do Brad, mas não era para tanto.Porque ela ficou daquele jeito?

Eu não entendia Alexis Miller.Essa era minha única certeza, nesse mundo de incertezas.

– Já deixou o problema longe? - Miranda perguntou assim que entrei em casa.

– Não fale assim, Miranda - pedi - Ela só é uma mundana...

– Aquela garota é tudo, menos uma mundana.

– Tudo bem, ela não é uma mundana.Só que ela viveu a vida inteira como uma, o que de certa forma, a faz ser como eles.

– Não, não faz.

– Não quero discutir, mas você sabe que vou se continuar a falar isso da Miller, certo?

Ela acenou.

– Vocês acham que ela é capaz de... você sabe, acabar com o inferno?

– A Miller está longe de ser um anjo, Miranda - sorri - E não sei se ela será capaz, mas não custa tentar.

– Na verdade, custa sua vida.

– Sentido figurado.

– William, quando seus pai morreram eu tomei conta de você.Você é como um filho para mim, e eu lutaria por você até o fim - ela me disse em um tom baixo e vacilante - Eu não confio naquela garota, não confio que ela possa lhe salvar.E eu não consigo ver essa situação e não fazer nada.

Ela se sentou em um dos sofás e começou a chorar.Um choro baixo, mas eu conseguia escutar os soluços.

Seus cabelos castanhos cobriam o rosto com algumas rugas, por conta da idade, e a palidez da pele também se escondia por trás dos fios.Miranda não era a mulher mais bonita que eu conhecia, mas era linda do seu jeito para mim.

Minha governanta era uma bruxa.A bruxa que eu mais confiava e gostava.

– Miranda não fique assim - me aproximei e acariciei seus cabelos com certa dificuldade.Demonstrações de afeto não era muito fáceis para mim - Eu vou sobreviver.Ouvi uma vez, que vaso ruim não quebra.

Ela não falou nada por alguns segundos...

– Então, se assim fosse, você seria imortal - e me encarou com seus olhos vermelhos e inchados, sorrindo fraco.

– Viu? - sorri junto - Não morrerei.

– William...

– Não, eu não morrerei porque a Miller me ajudará, eu não morrerei por que eu vou me salvar.Não vou deixar aquelas bruxas nojentas encostarem um dedo em mim.Vai ver.

– Seu aniversário está chegando, a maldição vem junto.

– Sabe o que é mais engraçado? - ela negou com a cabeça - Muitas pessoas esperam ansiosas pelo aniversário de 18 anos, é como se fosse, para elas, uma carta de euforia, elas querem a liberdade.Para mim, será a prisão.

– Não fale assim, eu não gosta quando fala desse jeito.

– Tudo bem, não está mais aqui quem falou - me afastei dela - Eu vou para meu quarto.Escutar algumas músicas, desenhar algumas coisas, tentar ser normal.Ás vezes é bom ser assim.

– Tudo bem.

Subi as escadas, mas parei no 5° degrau.

– Miranda - ela se virou para mim - Seja mais legal com a Miller.Ela não tem culpa de estar metida nessa droga.

– William...

– Não faça por ela, faça por mim.

Ela me encarou por alguns segundos, e pensei que ela não acataria meu pedido.

Eu estava errado.

– Vou tentar.

– Ah - lembrei - Brad quer mais biscoitos, mas você me conhece, sou egoísta.Não vou dar nenhum.

Ela riu comigo.

– Preparo uma cesta cheia deles para você levar amanhã?

Ela me conhecia muito bem.Melhor que ninguém.

– De todos os sabores que conseguir pensar, por favor.Mas não fale que eu pedi para fazer isso.

– William, não entendo.Porque isso? - encarei minha governanta confuso - Age como se não quisesse ser amado, age como se não quisesse ser...

– Eu não quero.

– William... - subi as escadas sem deixar Miranda acabar de falar.Eu sei, fui mal educado.Mas pelo menos agora, ela sabia que eu não falaria mais sobre isso.

Assim que cheguei em meu quarto, coloquei uma música alta e peguei meu caderno de desenhos.

O que eu desenharia?

Meu quarto? Já desenhei.

Um pôr do sol? Já.

O quê?

– Ah, vamos lá - pedi para mim mesmo - Uma coisa legal.

Então um sorriso tímido e doce, invadiu meus pensamentos.Cabelos castanhos voando em direções confusas, por causa do vento, e indo parar em seu rosto.O contorno do rosto no escuro, sem falar nas sardas pouco visíveis.O jeito como olhava para mim, e como olhava para mim quando estava curiosa.E mal percebi que a medida que as imagens apareciam em minha cabeça, eu as desenhava.

Quando acabei o desenho, quase não acreditei no que eu tinha feito.

Droga, eu desenhei Alexis Miller.

– Merda - arranquei a folha do caderno e o fitei.Era meu melhor desenho.Eu capitei muito bem como os cabelos dela eram, o jeito que sorria, e tudo mais.Menos uma coisa.O seu olhar.

Não estava estranho, só não parecia o da Miller.

Eu pensei em rasga-lo e joga-lo no lixo mais próximo, mas não o fiz.

Não sei por que diabos eu não fiz aquilo, só sei que, não fiz.

Escondi a folha desenhada embaixo do meu travesseiro e acabei olhando a hora.

21:00h

Uau, acho que eu estava meio que fora de mim.Eu tinha entrado em casa antes das 16:00 e bum, agora eram 21:00h.Como demorei tanto?Era só um desenho.

Até nisso a Miller me atrapalhava.

Abaixei a música e fiquei parado, em silêncio, por alguns minutos.

Eu gostava de fazer isso, ás vezes.Eu acreditava que poderia ficar mais próximo de meus pais e da minha irmã.

Queria me conectar com a casa.

Consegui escutar o som das folhas, de uma árvore próxima, se chocando contra minha janela, lá fora.Escutei também alguns barulhos no andar de baixo, acho que eram de panelas e colheres.Miranda, sem duvida.Ouvi meu coração batendo forte e me imaginei com meus pais e minha irmã, naquela casa.Minha Annabeth, estaria bem maior que eu, se estivesse viva.Eu a imaginei brigando comigo e mandando eu ''cair fora'' do seu quarto.Imaginei meu pai chegando do trabalho e conversando sobre a empresa da família, a qual eu mal tinha notícias, e falando como seria bom se eu assumisse seu lugar.Também imaginei minha mãe preparando o jantar na cozinha, e dançando ao som de algumas músicas terríveis.Miranda disse que ela adorava fazer isso.

Era assim que eram as famílias?Pelo menos, deveriam ser, certo?

Não sei.

O telefone vibrou em meu bolço e a conexão foi quebrada.

Número desconhecido

Pessoais normais, atenderiam sem pensar muito, só que eu não era normal , e em Owens tudo poderia acontecer.Uma chamada desconhecida, poderia ser muito perigosa.

O telefone parou e eu suspirei em alivio.Se fosse um número seguro, não seria desconhecido.

Só que voltou a vibrar.

Atendi.

– Quem fala? - tentei ser educado acima de tudo.Não é porque eu moro em uma cidade onde um telefonema daquele tipo é assustador, que eu vou deixar de ser gentil.Tudo bem, um pouco gentil.

– William, ah graças - a voz falou do outro lado - É a Alexis, Alexis Miller.

– Droga, Miller - soltei o ar, que nem tinha percebido segurar - Me assustou.

– Porquê?Eu só liguei para você.

– Números desconhecidos não são bem aceitos em Owens.

– Tudo bem, entendi, mas preciso de ajuda.

Abri minha gaveta e tirei de lá uma adaga parecida com a que tinha dado a Miller, mais cedo.

– Quem está com você? - perguntei - E os amigos da Ashley não fizeram nada?

– O QUÊ? - ela gritou no telefone.E isso doeu.

– Ai!Eu tenho tímpanos sensíveis.

– Foi mal - disse - E não, não tem ninguém aqui, além de Olaf.

– Então porque quer minha ajuda? - falei - Quer que eu vá contar histórias para você dormir?

– Fica quieto - sua voz parecia mais rouca pelo telefone - É sério, é importante.

– Achei que tivesse falado que era para eu ir para minha casa, hoje á tarde.

– E você não foi? - não respondi - Então pronto.Agora venha, eu preciso de você.

– Olha, como espera que eu vá para a sua casa, chegue...

– Olaf está dormindo como uma pedra na sala e você pode entrar pelos fundos.Só venha, por favor.

Alguma coisa em sua voz, me fez aceitar aquela loucura.

– Estou á caminho - e desliguei.

Foi duro convencer Miranda que eu precisava sair á noite, horário preferido de bruxas malucas andarem por ai, mas foi mais duro me esconder dos seguranças da Miller.Era melhor eles não ficarem sabendo que fui vê-la á noite, por que provavelmente contariam a Ashley e ela me encheria de perguntas.

Meu plano era pular de quintal em quintal, e me manter escondido do olhar dos seguranças.

Não foi difícil, talvez por que eles estivessem esperando bruxas ou Aberrações, e não um garoto com o cabelo da cor da noite pulando entre arbustos como um idiota.

Alexis Miller me esperava em frente á porta dos fundo de sua casa.

– Porque está aqui fora? - perguntei assim que ela me notou - É perigoso.

– Eu tenho uma adaga, tá legal?

– Ah, super protegida - ironizei

– Foi você quem me deu ela...

– Para ganhar tempo, não matar.

– Tanto faz - disse - Você demorou e está com o cabelo cheio de folhas.

– Ah, me desculpe - tentei parecer arrependido, enquanto tirava as folhas do meu cabelo - Da próxima vez eu me arrumo mais, para pular em arbustos, porque uma maluca me ligou dizendo que precisava da minha ajuda.

– Entre de uma vez.

– Foi o que pensei.

Eu entrei.

A cozinha dos Miller era relativamente grande - pequena perto da minha no entanto.Tinha uma caixa de pizza aberta na mesa, com alguns pedaços.

– Vem - chamou - Vamos lá para cima

– Quê?Não pode falar aqui?

– Olaf pode acordar - ela se virou e me encarou - E eu não quero explicar poque você está aqui, Hãnsel.

– Certo - disse raivoso.

Passar por Olaf foi um teste para meus nervos.Se já não bastasse o fato de andarmos com calma e cuidado pela sala, para não acordá-lo, a Miller tropeçou em alguma coisa e fez um barulho capaz de acordar qualquer um.Mas, pelo visto, Olaf não era qualquer um.Ele se remexeu, mas continuou á dormir.

Assim que a garota de cabelos castanhos fechou a porta do seu quarto atrás de mim, eu falei.

– Você está maluca?Isso foi um erro.

– Tropeçar?Me...

– Me chamar aqui. - eu a encarei - O que foi que houve?E espero que seja importante mesmo.

– Eu ligaria para Henry, mas ele não atendeu.

– Ele não ia ligar para você sei lá quando?

– Não ligou - ela respondeu - Então liguei para Brad, com o celular de Olaf, e pedi seu número.Dei a desculpa de que se algo acontecesse comigo, você deveria ser o primeiro a quem eu deveria pedir ajuda, por que mora perto.

– Ele caiu?

– Não, mas me deu o número.

– Imaginei. - Brad faria milhões de perguntas amanhã.Eu já até podia imaginar - Fala o que é tão importante.

– Não é falar, é mostrar - e foi para perto da cama - Quer dizer, devolver.

– O quê...? - minha pergunta morreu, assim que eu vi o que ela estava segurando.O livro.

– Olha, eu ia devolver...

– Porquê você o pegou?

– Eu não sabia ainda nada desse mundo, ok?Sei que deve ser importante para vocês, só que não sabia disso antes - ela dizia como se não tivesse culpa alguma, entretanto tinha - Georgia não me deixou vê-lo e quando fui na biblioteca...

– Você já tinha ido lá antes?

– Eu vi ele - ela ignorou minha pergunta - Então, o peguei e corri.

– Foi por isso que estava perdida naquele noite, certo? - ela não fez nenhum movimento - Quando Ashley contou que ouviu barulhos na biblioteca, pensou que fosse Jessica; que tinha entrado pelos fundos; mas era você.

– Sem julgamentos, tá legal? - ela segurou o livro com mais força.

– Alexis Miller, você não faz ideia do poder e da importância desse livro...

– Me desculpe, Hãnsel - ela interrompeu - Eu nem li, certo?Por mais que eu quisesse, eu olhei as palavras ali, e não li.

– Olha Miller, você... o que disse?

– Eu não li.

– Antes disso.

– Hein?Antes?Me esqueci - ela fez uma careta - Você me deixou confusa agora.O que quer dizer?

– Você consegue ver as palavras no livro?

– Garoto, eu não sou cega - ela informou o obvio - Eu sei, foi estranho como as palavras apareceram do nada, mas eu consigo ver cada uma.

– Como...?

– Com meus olhos, dã.

– Miller...

– O quê, William Hãnsel?

– Ninguém consegue, nem mesmo as bruxas, ler esse livro, á anos.

Ela paralisou e eu a fitei.

Por que a Miller conseguia?


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Notas finais do capítulo

Também estou curiosa,Will ( eu posso, certo? kk )
Porque a Miller consegue ler esse livro?
Talvez...esquece!Assunto pro próximo capítulo.



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