– Ele está por trás disso tudo. – Anita mal sabia como havia feito tal confissão.

– Você tá querendo me dizer, que o Antônio te obrigou a terminar comigo. – Ben finalmente parecia ter acordado para o óbvio, seu descontrole foi tamanho que ele se quer raciocinou a ponto de chegar a qualquer desconfiança que envolvesse o meio-irmão e suas loucuras.

– Foi. – confirmou Anita, sucumbindo a lágrimas de alivio por dividir tamanha loucura com alguém. Antônio estava cada vez mais obsessivo e doentio, e sua loucura tinha se tornado capaz de minar quem quer que fosse que estivesse um pouco perto de si.

– Espera ai, espera calma. – Ben a envolveu em um abraço forte, quando apenas via a garota se desmanchando em lágrimas.

– Era ele que mandava aquelas malditas cartas anônimas Ben, uma atrás da outra, o anel, as flores, as fotos tudo. – Anita contou ainda abraçada a ele, naquele instante ela desejou que o tempo congelasse e que ela pudesse ficar ali com Ben, nunca mais cruzar a porta de saída daquele lugar, viver em um lugar no mundo onde aquele abraço que a confortava ao mesmo tempo em que a protegia fosse eterno.

– Eu pensei que você tivesse dito, que essa maluquice tinha parado de acontecer Anita. – ele estava confuso pelo grande número de informações amargas e pesadas que recebia, mas teve a certeza ela tinha omitido este fato dele assim como os outros.

– Eu menti, as cartas nunca pararam de chegarem. – Anita confirmou com a voz falha, mesmo tendo certeza que Ben já tinha entendido tal fato.

– Ele me disse que pretende desaparecer do mapa, só que antes ele acabava com você, se eu não fizesse o que ele queria me afastar. – contou ela, confusa com a atitude que havia tomado.

– Meu deus do céu! – Ben só conseguiu ficar perplexo. – Anita e como você foi confiar no Antônio, me diz. – indagou ele, sem se convencer que ele cumpriria acordo algum.

– Naquele momento eu não tinha escolha tá. – alegou ela alterada. – Eu precisava de tempo, pra pensar numa forma de resolver isso. – afirmou Anita em plena tensão.

– Você acha que resolveria, como? – perguntou Ben atordoado. – Anita o Antônio não vai cumprir acordo nenhum, ele não cumpriu quando gravou aquele vídeo, agora muito menos. – argumentou o garoto, com forma de fazer ela desistir de tal loucura.

– Talvez ele cumpra, se ele quiser mesmo sair de cena, ele não arriscaria chamar a atenção de ninguém. – disse ela querendo que ele se mante-se longe, era o único jeito de alguma coisa ainda ter concerto.

– Você só pode ter ficado maluca. – afirmou Ben a lançando um olhar irônico. – A gente vai contar isso, pro meu pai, para Vera, pro Hernandez, não sei, mais alguém vai ter que parar essa loucura do Antônio, já deu isso. – quase ordenou ele.

– Eu não vou contar nada. – declarou Anita, soltando sua mão que ele segurava. – E se você falar, eu vou negar. – ameaçou ela.

– Você enlouqueceu, não é. – Ben maneou a cabeça espantado com o gesto dela.

– Não Ben, eu só não quero piorar mais as coisas. – alegou ela.

– E dá pra piorar. – ele sorriu com ironia. – Você foi atrás do Antônio ontem não foi, o que você estava desconfiada. – questionou Ben.

– Nada, eu só achei que dava pra saber de algo, mas não. – omitiu ela, já tinha ido longe demais, era melhor parar por ali.

– Você tá querendo me dizer o que Anita, que você confia na palavra do Antônio. – disse ele sem acreditar, no que parecia tão óbvio.

– Não sei Ben, mais no momento eu não tenho mais o que fazer. – Anita afirmou se mantendo firme. – Eu tenho que ir embora, a essa altura a mamãe deve estar me procurando. – ela lembrou.

– E a gente, como é que fica. – Ben perguntou, a fitando sério, a garota não soube o que dizer.

– Eu já entendi. – respondeu ele, prevendo que pelo olhar de Anita, ela não lutaria para mudar tal situação. – Melhor você ir mesmo, daqui a pouco meu pai aparece pra abrir o restaurante e esbarra com você. – expos ele ressentido.

– Tchau. – Anita proferiu, numa mistura de confusão e apreensão, não sabendo ao certo o que aquela conversa significava, Ben ficou sem responder nada, enquanto ela ia embora.

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– Sofia o que você tem dentro da cabeça hein, você não pensa. – Anita entrou em seu quarto irritada com a loira e agradeceu quando olhou para a cama de Giovana e a viu fazia.

– Hãm, ai Anita, me deixa dormir. – Sofia pediu sonolenta, nem ligando para a garota.

– Sofia porque você foi falar com o Ben ontem, eu te pedi pra não falar nada. – Anita alegou impaciente.

– Pedi, pediu, ai o que você veio fazer em casa tão cedo, achei que tinha cansado de mentir pro Ben e estivesse tudo resolvido, afinal você não apareceu né. – a patricinha disse puxando a coberta.

– Ah perfeito, tudo lindo, o que eu faço com o Antônio, Sofia me fala. – rebateu Anita, se estressando com toda calmaria da irmã.

– Sei lá, enfia numa camisa de forças talvez. – esbravejou ela. – Anita para de drama né, pelo visto quem falou e fez coisa demais aqui foi você, agora não vem há essa hora falar no meu ouvido. – reclamou a garota. – Ih Anita, eu não falei por mal, dessa vez eu to falando a verdade, eu fiquei mesmo preocupada com você, você some, e pior me diz que vai atrás do Antônio, achei que tinha acontecido alguma coisa, não é Anita, e eu iria pedir ajuda pra quem, pra mamãe, pro Ronaldo, pro coelhinho da Páscoa talvez. – gesticulou ela se irritando.

– Desculpa Sofia, eu to estressada, cansada, dessa realidade que mais parece um filme de terror. – lamentou Anita exausta.

– Mais e agora, o que você vai fazer, com o Ben sabendo de tudo. – a loira indagou receosa.

– Eu não sei como ficou pra ser realista, acho que o Ben ficou com raiva de mim, ele queria falar com alguém, sei lá. – Anita disse desapontada consigo mesma.

– Também né Anita, o que você queria. – Sofia falou sem pensar. – Desculpa, falei sem pensar. – contornou ela.

– Você tem razão. – concordou Anita. – Eu preciso dar um jeito de parar o Antônio. – declarou Anita taxativa.

– E como Anita? - Sofia se viu assustada. – Pra mim você tinha que seguir o conselho do Ben, e falar com alguém que saiba o que fazer. – a loira opinou.

– O que não vai resolver Sofia, isso se alguém acreditar não é, nossa mãe e o Ronaldo vão achar isso tudo muito absurdo. – Anita argumentou.

–É por esse lado você tem razão. – confirmou Sofia, não escondendo.

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– Filha. – Vera surgiu na porta do quarto com o intuito de chamar a filha para almoçar.

– Oi mão, que foi. – Anita tirou os olhos do livro, onde tentava há minutos fazer a leitura, mas não conseguia concentrar-se.

– Você não vai almoçar, a comida já está na mesa, melhor se apressar, você conhece seus irmãos. – a mulher sorriu, sabendo que precisava animar a filha, mesmo com Anita não confessando percebia que ela não estava bem.

– Ah mãe eu, to sem fome, to meia enjoada, acho que comi alguma coisa no café que não me fez muito bem. – inventou Anita, para fugir de ter que se juntar a todos, seu baixo astral estava deixando até ela irritada, não podia passar isso aos demais moradores da casa também.

– Então eu vou deixar um prato pra você, mais tarde você esquenta, não dá ficar sem comer né. – argumentou Vera.

– É eu sei. – Anita deu um sorriso forçado como resposta.

– Filha, eu já te perguntei isso, mas vou perguntar de novo, o que você tem Anita. – Vera encurralou a menina em busca de uma explicação objetiva, sobre o que se passava.

– Não tá acontecendo nada mãe, eu só estou meio cansada, preocupada, com vestibular, faculdade, essas coisas todas que eu vou ter que pensar daqui em diante, não é. – Anita procurou disfarçar ao máximo.

– Mais não precisa filha, esse nervosismo todo só vai atrapalhar né, procure estudar, é o resto se ajeita. – aconselhou Vera.

– É você tem razão. – disse Anita querendo abrandar o rumo da conversa.

– Bom eu vou ver com está a bagunça lá em baixo. – Vera anunciou deixando a menina a sós novamente.

– Que droga. – Anita se chateou, fechando o livro de forma brusca, jogando-se na cama novamente, em total desanimo.