Alguns dias se passaram, Anita manteve-se o máximo de distância de Antônio que ela havia conseguido, por mais que isso fosse difícil já que o garoto morava na casa ao lado da sua, e isso em certas situações fazia a garota se desesperar ainda mais, a ponto de as vezes ela não saber o que fazer para resolver tudo aquilo, que estava soando em sua cabeça como um pesadelo sem fim, o que era suficiente para tirar sua paz, por mais que ele tentasse de todas as maneiras controlar sua apreensividade com toda situação. Ela vivia receosa a respeito das consequências que a obsessão que Antônio nutria em acabar com tudo a volta dela e de Ben, levaria os dois, o que isso poderia causar no futuro de ambos.

– Você almoçou tão calada hoje, o que houve. – Perguntou Ben para Anita, quando enxugava a louça, enquanto ela lavava.

– Nada, eu só estou meio pensativa esses dias. – Confessou ela. – Coisa atoa. – Justificou a garota, esboçando um sorriso para ele.

– Entendi. – Respondeu Ben, indo até o armário colocar os pratos. – Anita, ainda é a história das cartas. – Ele questionou preocupado com os devaneios da amada.

– Não, e sim, tem muita coisa acontecendo não é, as provas do vestibular por exemplo estão aí, daqui pra frente o tempo vai conspirar contra a gente. – Anita afirmou.

– É vão mesmo, mais não se preocupa, a gente estudou bastante, e ainda vamos ter que estudar. – Disse ele caminhando até ela. – Vai dar pra passar. – Ben quis tranquiliza-la. - Você vai ver. – Falou ele a abraçando por trás.

– Isso porque a gente tem muitas opções, tipo, a primeira implica em passar, a segunda também, e poxa pra variar a terceira não é muito diferente. – Brincou Anita rindo, virando-se para ele.

– Tá era só o que nos faltava, pra a Vera e meu pai, terminarem o sermão com chave de ouro. – Teve que concordar ele.

– É, tipo uma retrospectiva dos melhores momentos contendo todas as nossas mancadas até aqui. – Acrescentou Anita, sabendo que aquela era a reação mais esperada se caso os dois fossem mal no vestibular.

– Tudo bem que ninguém pode concordar com nada que eu fiz até aqui, porque se a gente for parar pra pensar realmente, enfrentar meu pai pela gente, talvez não fosse uma coisa que ele sonhasse quando ele decidiu me convidar pra morar com ele, mais eu não me arrependo, eu faria tudo de novo, talvez faria melhor. – Afirmou ele.

– Eu também não. – Respondeu Anita, contente. – Aconteceu tanta coisa, parece que, a gente não é mais somente, aquelas duas pessoas que viram o mundo vir pra cima da gente, quando você entrou naquela sala no dia do casamento da mamãe e do Ronaldo, e nós damos de cara um com o outro. – Disse ela, lembrando-se, com certa melancolia.

– Talvez a gente parou de acreditar tanto nas pessoas, principalmente no Antônio, eu não sei como o Hernandez pode acreditar em um milagre Anita. – Ben desabafou.

– Ben o Hernandez é pai do Antônio, por mais estranho que isso seja, é assim que ele vê o Antônio. – Argumentou Anita, justificando a Ben que Hernandez não veria a história de outra forma.

– É só que eu fico com receio de onde isso pode levar o próprio Hernandez. – Se explicou Ben, preocupado com a situação do padrasto. – Aliás, falando em coisas esquisitas, foi impressão minha ou você e a Sofia andaram trocando umas farpas ali na sala, antes do almoço. – Perguntou ele intrigado, com o que havia presenciado.

– Ai nem me fala na Sofia. – Anita reclamou. – Eu to por aqui com ela. – Anita disse impaciente com as atitudes da irmã.

– Como assim o que ela fez, quer dizer agora não é. – Indagou Ben sem entender.

– Eu acho que ela andou escutando alguma conversa minha por aí, com você não sei, só sei que ela descobriu que eu menti pra mamãe que dormi na casa da Bernadete, e tá ameaçando contar pra ela, é só o que me falta. – Anita explicou toda a situação.

– Se tá brincando, tua irmã é louca, ou o que, o que ela ganha com isso. – Pronunciou ele espantado.

– Eu não sei, mais você tem que concordar comigo que a mamãe vai ficar louca com a gente. – Anita previu, no fundo querendo evitar mais essa.

– Na boa Anita a Sofia não tem jeito. – Ben disse, cansado das armações da garota.

– Eu juro que eu tento entender a Sofia mais, cada dia que passa, fica pior fazer isso. – Anita confessou, exausta da relação conturbada que tinha com a loira.

– A Sofia só vai aprender quando ela quebrar a cara sozinha, isso sim. – Esbravejou Ben.

– Mais como, só se eu. – Disse ela pensativa.

– Você o que Anita. – Perguntou o garoto sem entender o que ela pensava.

– Eu já sei como eu vou fazer a Sofia, parar com essa mania de querer me complicar o tempo todo. – Afirmou Anita, com intenções.

– Mais como. – Ben se viu confuso. – Anita cuidado, você vai acabar se metendo numa encrenca sem tamanho por causa das pirações da tua irmã, tem certeza que vale a pena. – Ben quis que ela repensasse.

– Sinceramente, eu não sei, mas agora eu vou até o fim, to cansada dos julgamentos da Sofia. – Falou Anita taxativa.

– Ai meu deus, isso não vai acabar numa boa, já vi. – Ben disse nervoso.

– Fica tranquilo eu não vou fazer nada de tão absurdo também. – Prometeu Anita. – Mais não vamos mais falar disso. – Pediu Anita com um sorriso.

– Não. – Respondeu Ben, ambos sorriram e uniram-se em um beijo com paixão.