Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 77
Capítulo 77:




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471808/chapter/77

Por Anita:

Eu sai pela porta, caminhei pelas ruas do Grajaú com a sensação de que a qualquer momento eu poderia ver o Antônio na minha frente, me sentia como se eu tivesse até medo de tocar meus pés ao chão, eu olhava em volta com a sensação de que tudo estava diferente, como se eu estivesse em um ambiente novo, um ambiente que se parecia em muito com o que eu mergulhei depois de todo horror que aquele maldito vídeo me trouxe, meu deus, eu não poderia viver algo semelhante à aquilo de novo, isso não podia acontecer, eu não merecia isso, o Ben não merecia, não é possível que a vida seria tão cruel com nós, a ponto de colocar o Antônio atravessado em nossos caminhos novamente, eu me perguntava, o porque de pessoas como o Antônio terem sempre o dom de vencerem e fazer o mal para pessoas que nunca, nem se quer em uma suposição quiseram fazer tanto mal a um semelhante, o Antônio era o tipo de pessoa que deveria ser proibida existir no mundo, e quando elas não estão perto da gente, chegamos a pensar que pessoas monstruosas e sem nenhum escrúpulo só existiam naqueles filmes trágicos, e que raramente tinham um final feliz, ou pelo menos um final que fosse completo, eu não queria mais perder nada em minha vida, por mais que eu não gostasse de pensar eu sabia que uma parte de mim, daquela Anita que eu era antes de tudo de ruim que aconteceu se concretizar, não existia mais, algo havia mudado, uma marca havia ficado no lugar somente, mas eu preferia acreditar que isso só me fez uma pessoa mais forte, e capaz de enfrentar seja lá o que viesse, por mais medo que tivesse, eu não iria deixar o Antônio estragar meu futuro, e nem me tirar mais nada.

Peguei meu celular dentro da bolsa no intuito de ligar para o Ben, ele havia me falado mais cedo alguma coisa de treinar com os meninos, pra final do intercolegial, essa lembrança só me fez ter mais certeza de que aquele bilhete dentro da caixa não era coisa dele, o que fez meu coração se apertar de uma maneira quase impossível de suportar.

– Ben atende, por favor. – Supliquei para mim mesma, enquanto eu só escutava o barulho do telefone dele chamando e mais nada, até que veio aquele velho recado da operadora avisando que a chamada havia caído na caixa postal, para aumentar ainda mais minha aflição, que já não era pouca.

– Anita. – Ouvi uma voz me chamar atrás de mim, e me tocar com a mão em meu ombro.

– O que ai, nossa Julia. - Minha reação foi a pior possível. – Que susto, você me assustou. – Afirmei para ela.

– Nossa me desculpa, eu tava indo no casarão mesmo, tá tendo uma ferinha de artesanato, ali na rua de baixo, aí eu iria te chamar pra ir comigo, acho que você iria gostar. – Julia me disse, aos sorrisos, que de alguma maneira fizeram eu me acalmar um pouco e voltar para uma realidade, que sem dúvidas era melhor do que a que se materializava em minha cabeça.

– Bora lá. – Perguntou Julia.

– É, Julia foi mal, mais eu tenho que falar com o Ben, e urgente. – Expliquei a ela, tentando manter minha calma.

– Mais o que houve, Anita, se tá com uma cara. – Questionou ela, com certeza, porque minha cara de pânico era evidente.

– Nada, eu to bem, eu só tenho que falar com o Ben. – Eu quis tranquilizar ela, mesmo que isso fosse praticamente impossível. – É sério, vai lá pra teu programa, depois você me fala como foi. – Acrescentei ainda.

– Tá, tá bom, eu vou, se vai ficar bem mesmo. – Julia quis saber.

– Eu vou, eu vou lá no quartinho do Omar falar com o Ben. – Afirmei, esboçando um sorriso.

– Certo mais tarde, eu te ligo pra dizer como foi. – Julia respondeu, e eu ainda fiquei vendo ela se afastar por alguns segundos, até continuar caminhando pelas ruas.

Chegando a porta do quartinho do Omar, eu respirei fundo antes de qualquer coisa, eu sabia que pelo meu estado nervoso minha cara de susto deveria estar enorme, e eu não queria preocupar o Ben, por mais que eu não conseguisse disfarçar qualquer coisa, eu precisava manter minha calma, ou caso contrário o Ben iria surtar junto comigo, e toda situação poderia sair de controle, eu fiquei pensando nas palavras daquele bilhete, e o que elas significavam, pois, se era realmente o Antônio, o que ele faria, o que ele estava tramando a ponto de me dizer, que um encontro de nós dois estava próximo, o que de tão grave aquele louco estava tramando, e porque eu estava no meio, o Antônio estava obsecrado por mim, e eu fui tola demais de achar que um dia ele me deixaria em paz, claro que ele não faria isso, sendo capaz de fazer o que ele fez comigo, é claro que ele era capaz de atrocidades muito piores, ele queria me ver longe do Ben, queria ver a desgraça dele, e pior ele já estava até mesmo com raiva de mim, devido a toda minha rejeição, isso só significava uma coisa, ele não estava nem um pouco disposto a zelar pelo meu bem- estar, o Antônio faria qualquer coisa para me ter perto dele, e caso eu me recusasse ele iria me destruir, e sinceramente acho que eu preferia essa opção ao invés de me sujeitar a qualquer pedido daquele louco. Minha cabeça rodava, e eu não conseguia sair do lugar, eu me sentia como se estivesse sendo levada pela correnteza de um rio, e eu não conseguia fazer nada, eu estava frágil demais para isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Apenas um olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.