Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 136
Capítulo 136:




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Hernandez viu o chão abrindo-se diante de seus pés, e um imenso arrependimento invadindo seu peito, não deveria ter insistido tanto com Anita, não era de seu feitio jogar seus problemas e aflições em cima de ninguém, preferia sempre os resolver só, mas os últimos acontecimentos, seu desespero perante a situação de seu filho tão amado, a única coisa que ele pensou quando decidiu ir até Anita, engolindo todo seu orgulho e em total suplica, indo buscar a intervenção da menina diante dos dilemas do filho, a única coisa que passa em sua cabeça era tirar Antônio da situação horripilante e catastrófica que seu filho vivia...

O hondurenho havia tomado uma atitude egoísta, ele, no fundo já sabia disto, mesmo que não quisesse convencer-se por um todo, porém agora, vivenciando a cena que acontecia naquele ambiente, era mais culpa que o atormentava e corroía sua alma, Hernandez não esqueceria tão cedo à imagem de Anita desfalecida em seus braços.

— Anita, menina, por favor, fale comigo. – o latino repetiu angustiadamente em pura suplica, já sem muitas esperanças que ela o ouvisse. – Anita, acorde... – ele insistiu com todo o nervosismo que o dominava, apoiando o corpo mole da garota sobre o sofá na sala. – Meu deus! – Hernandez repete para si mesmo, em busca de algum acalento, apoiando com cuidado  a cabeça dela contra  a guarda do sofá,  precisava tomar uma atitude, e pedir socorro a alguém, não poderia ser fraco e omisso o suficiente para não arcar com a consequência de seu ato impensado, agora já era tarde demais para arrepender-se.  Com as mãos trêmulas, Hernandez levou a mão ao bolso em busca de seu celular, intuindo que precisaria pediu ajuda a alguém.

— Oh Vera, meu pai. – Ben vinha em busca de comunicar-se com Ronaldo, já que ao perguntar pelo pai no restaurante, Omar havia lhe dito que seu pai só poderia ter voltado para casa, com a cabeça confusa e os pensamentos todas massacrados e frustrados, perante a tudo que acontecia, ele entendeu que precisava de alguém que lhe desse concelhos racionais, naquele momento, se tudo partisse dele, ele se jogaria na vida de cabeça, deixando seus problemas ainda mais complexos, já estava farto de brigas, e tudo em sua vida ultimamente parecia partir deste principio, eram a mãe, sua atual condição de desempregado, Hernandez que não lhe olhava em sua cara, com a insistência de defender Antônio de tudo, o bairro inteiro de cochichos e fofocas, Antônio, até mesmo a polícia envolvida, e como se não bastasse tudo isso, no fundo o rapaz também sentia que sua relação com Anita, era mantida por um único fio de esperança, que estava condicionada a arrebentar em qualquer movimento de explosão que podia vir de ambos os lados. O mundo havia caído com tudo em cima dos dois, e ambos estavam condicionados, somente a procurar um lugar silencioso onde pudessem se esconder de tudo, por um único segundo que fosse. Mas nada poderia ser tão pior, que não pudesse ficar ainda mais turbulento... Benjamim, teve plena certeza disso, quando ao entrar pela porta de casa, seus olhos viram a cena de Anita desfalecida no sofá, enquanto Hernandez agia suplicante tentando despertá-la, agora não era o mundo caindo, e o deixando inerte, era ele afundando no abismo do desespero de perdê-la novamente, era ele morrendo gradativamente, junto com ela.

 - Anita, o que você fez com ela Hernandez. – o rapaz bateu a porta assustado, correndo sem estribeiras até ela, absolutamente tudo parecia girar ao seu redor naquele segundo.

— Nada, eu juro, estávamos conversando e de repente ela desmaiou. – apavorado e sem rumo, Hernandez não soube se quer como explicar tudo em detalhes do que aconteceu.

— Anita, acorda, fala comigo, por favor, não faz isso de novo comigo.  – Ben pediu tomado pelo desespero, acariciando o rosto pálido da garota.

— Não é melhor, ligar pra uma emergência. – Hernandez sugeriu aturdido.

— Ah agora você sabe o que é melhor pra ela. – respondeu ele rispidamente, o homem estava ali, só podia ter um motivo, e Ben pressentiu que não gostaria nem um pouco dele. O garoto procurou poupar suas forças e não gastá-las com discussões, Anita precisava mais dele naquele momento, ele fitou a amada em desespero, fazendo um carinho em seu rosto que estava apoiado em suas pernas.

— Ela tá gelada, a pressão dela deve ter caído, já aconteceu isso outras vezes. – Ben alegou, ainda mais tenso ao constatar que Anita estava tão gélida quanto uma pedra de mármore.  Hernandez nada disse, consternado ele não sabia como agir, apenas ficou imóvel, observando o enteado puxando o celular do bolso,  na certa Ben poderia saber melhor do que ele que decisão tomar.

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— Olha é... – Eduardo desceu a escada do casarão com toda calma do mundo, pelo visto a conversa que o esperava seria bastante tensa. Poderia estar certo de que Anita poderia estar prestes a ter uma recaída de sua saúde.

— Como ela tá, o que aconteceu afinal. – Ben havia deixado a garota sozinha com o médico, depois que ela havia acordado, constatando que era ele que estava prestes a ter uma concussão de tão nervoso que estava, então preferiu esperar fora do quarto.

— Ela teve uma queda de pressão, e ela tava com taquicardia também. – Eduardo afirmou, parecendo querer transmitir certa tranquilidade.

— Taquicardia, mas isso é grave, porque a Anita é muito nova, pra ter algum problema cardíaco, não. – ele quis entender demonstrando extrema preocupação.

— De fato sim, mais tem certos problemas nesse quesito, que realmente não tem idade, mas calma, como você disso ela é muito jovem, isso é um fator bom, aparentemente foi só uma taquicardia sinusal mesmo,  quando o ritmo dos batimentos do coração estão apenas elevados, não relacionados a nenhum problemas em si. – o rapaz explicou seu pensamento. – Eu estava de plantão naquele dia que a Anita deu entrada lá no hospital, por isso a atendi, minha especialidade é cardiologia,  assim só por um exame físico eu não acho que tenha nada de errado com ela, mais é melhor ela fazer um eletrocardiograma, só por desencargo mesmo. – Ben esfregou a mão nos cabelos, tendo a nítida sensação de que ele e Anita haviam entrado num caminho de dissabores que parecia que não teria fim. – Pode estar ligado a um estresse emocional, o que houve quando ela desmaiou. – Eduardo quis entender, assim poderia ter uma base melhor para seu diagnostico.

— Eu não sei, quando eu cheguei ela já estava assim, ela estava conversando com meu padrasto o Hernandez e enfim. – Ben alegou exausto, se lamentando também por ter deixado Anita sozinha com Vera, que agora aliás, ele nem sabia por onde a madrasta andava, que não fez companhia para a garota.

— Bom eu vou receitar um remédio pra ela, é um calmante leve, não posso dar outro tipo, porque não sabemos ao certo o que ela tem, e também não é minha área, olha qualquer coisa, me procura, tenta saber dela o que aconteceu de fato, se ela sentia mais alguma coisa além disso, que de repente eu indico algum especialista que seja da minha confiança pra vocês, qualquer coisa é só me ligar. – o rapaz exclamou prestativo, entregando o papel com as indicações do que havia prescrito a Ben.

— Obrigado por ter vindo, e me desculpa todo esse incomodo. – Ben agradeceu o outro rapaz com educação.

— Imagina, afinal foi à profissão que eu escolhi não é, tchau, deixo meus votos de melhoras pra Anita. – Eduardo sorriu simpático, se despedindo de Ben com um aperto amigável de mãos.

— Te levo até a porta. – se prontificou Ben amigavelmente.

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— Oi doentinha. – Julia surgiu na porta com um largo sorriso, havia ligado para saber de Anita, e Ben que havia atendido ao telefonema, havia lhe dito que a moça tinha tido uma indisposição mais cedo.

— Julia. – Anita ajeitou-se para sentar-se na cama, percebendo que estava toda dolorida, havia dormido demais, pois pela pouca claridade que vinha da janela, já estava ficando quase noite.

— O Ben me disse o que houve, fiquei preocupada. – Julia foi  entrando já abraçando a amiga.

— Ele ainda está aí. – Anita quis saber, havia trocado poucas palavras com ele, depois de seu mal estar, o sono havia lhe perseguido, então provavelmente ele tinha ido embora, cogitou Anita.

— Tá lá em baixo, e você dona Anita, por favor. o que houve agora. – Julia sorriu simpática, apesar de ter deixado em seu tom de voz um pouco de repreensão.

— Não sei Ju, me deu um teto preto, eu fui ficando fraca, quando vi não lembro de mais nada. – Anita explicou com certo humor até, tentando prender os cabelos em um coque.

— Ai, a senhora não se cuida não é dona Anita. – Julia fez cara feia para a amiga. – Amiga é, nada não. – a morena agiu cheia de temores.

— O que foi. – quis saber Anita estranhando  o comportamento de Julia, enquanto um bocejo lhe atormentava.

— Nada, esquece, foi bobagem minha, só isso. – Julia pediu, com um meio sorriso tímido.

 - Fala Julia, eu te conheço, o que foi, fala logo. – Anita usou de pura persistência para convencer a amiga.

— Então tá, mais promete que não fica brava comigo por isso, é que assim. -  Julia ficou totalmente sem jeito para continuar. – É que assim você e o Ben terminaram o namoro, daquele jeito esquisito não é, mais aí depois ele acabou descobrindo tudo, vocês continuaram se vendo de vez em quando, ih... – Amiga... – Lá no hospital, teve um dia, que você disse que tava super enjoada, agora você desmaiou, será que você não tá é grávida. – Julia soltou por fim, temendo a reação de Anita.

— Eu grávida. – Anita repetiu tentando processar todo o assunto. – Ai Julia, só você pra me fazer rir, numa hora dessas. – disse ela ficando as gargalhadas.

— Ai Anita, é sério tá, to preocupada de verdade com você. – Julia ficou ainda mais constrangida, perante todo riso de Anita com a pergunta.

— Já imaginou, seria mais uma doidice no meio disso tudo, mais acho que não fundo eu iria curtir. – Anita se pegou cogitando a hipótese, com um sorriso no rosto. – Mais eu não to grávida não, já estava pensando em se candidatar pra ser madrinha, né espeta. – ela provocou a morena entre risadas.

— Ah Anita, me perdoa tá, eu sei que você já esta cansada de todo mundo de intrometendo no teu namoro com o Ben, só fiquei receosa de... – Julia ponderou.

— Eu sei, deixa pra lá,  só tem vento dentro dessa barriga aqui, e mesmo que a possibilidade não fosse tão remota, melhor não perder tempo com isso. – fala Anita, no fundo não conseguindo para de pensar na conversa que havia tido com Hernandez, foi a primeira coisa que acabou lembrando logo depois de despertar.

— Tá vamos falar de alguma coisa diferente. – Julia se resignou, a distrair a amiga, pois percebeu sua desatenção.

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— Oi. – perdida ainda nas palavras que foram ditas por Hernandez, Anita se quer notou que não estava mais sozinha naquele cômodo.

— Tudo bem. – ela respondeu, vendo o dono da voz vir em sua direção.

— Eu que pergunto moça, tudo bem, você está realmente virando uma especialista em me dar sustos, sabia disso. – Ben argumentou com ela, sentando a ponta da cama.

Anita respondeu primeiramente com um longo suspiro, sabendo que era verdade. – É, eu tenho dividas a pagar nesse quesito, e principalmente com você. – admitiu ela. – Mais eu to bem agora tá, sem mais preocupação, por favor. – ela suplicou, não queria agoniar ainda mais Ben.

— Não dá, não tem como você não se preocupar com a pessoa mais importante da tua vida. – soltou Ben, indo de encontro ao olhar dela, e como consequência se perdendo lá dentro, às vezes o rapaz só desejava ser capaz de congelar instantes como aquele, onde o fundo daqueles olhos cor de mel, seriam a superação para qualquer tormento.

—  Tá. – Anita meio que ria, ao ver-se sem palavras, em sua mente, se perguntando se um dia Ben deixaria de ter aquele efeito sobre ela.

— Então é, quando eu estava lá baixo, esperando Eduardo descer pra falar o que você tinha, eu fiquei viajando em pensamentos, e eu me dei conta de uma coisa, que agora depois desse teu desmaio pode fazer muito sentido. – afirmou ele com total tensão. – Em uma das noites que você e eu ficamos juntos, no meio dessa confusão toda, nós não nos protegemos, ih... – O rapaz a encarou com certo nervosismo evidente.

— Ah não, o que está acontecendo com o mundo hoje. – Anita baixou a cabeça com um sorriso irônico no rosto.

— Anita poder ser sério, eu sei que é uma idiotice eu te perguntar isso, sendo que agora não há  muito pra se fazer, na verdade o idiota sou eu mesmo,  afinal eu sempre me senti muito mais responsável por isso, e nesse caso eu não deveria, ter deixado acontecer o que houve entre nós. -  proferiu ele, atormentando pela hipótese.

— Só que também, para né, você não fez nada sozinho... – Anita não deixou que ele se responsabilizasse sozinho por tudo.

— Mais acontece que eu... – o garoto quis argumentar afoito.

— Ben, para, para respira, você não tá falando nada com nada. – Anita orienta, colando as duas mãos no ombro dele, em busca de que ele lhe encarasse. – Eu já sabia disso né, a gente já tinha conversado, e mesmo em meio a todo o caos, nós dois não podíamos sermos tão levianos, nós dois ok. – ela frisou decidida. – Eu não estou grávida tá, minha menstruação não tá atrasada, e naquele mesmo dia eu fui na médica e ela me receitou uma pílula do dia seguinte. – ela esclareceu logo de uma vez. – Vem cá, o que andou dando em você e na Julia hein, agora só falta minha mãe... – Anita agiu com graça.

— Não sei, tá bom viajei, ou não... – Ben não poderia negar que estava mais aliviado. – É que eu conversei com o Hernandez, e ele me disse que não entendeu o que aconteceu com você, que do nada, você desmaiou. – ele esclareceu a conversa com o padrasto, o que fez com que seus devaneios fossem mais aguçados.

— Nada. – Anita quase não acreditou. – Eu não sei se o Hernandez é de fato um inocente, ou sei lá. – a menina acaba revoltada. – Ben ele veio me pedir pra contar outra versão no meu depoimento, uma que inocentasse o Antônio, ou mesmo que eu retirasse  queixa que foi feita. – ela confidenciou tudo de uma vez, de fato não se preocupando nem um pouco com o que Ben pensaria, ou quanto isso poderia o fazer mal.

— Não to acreditando, você não pode fazer isso, eu não vou deixar mesmo. – Benjamim não conseguiu crer na proposta de Hernandez.

— Tá difícil, levar isso tudo a adiante, não nego, mas eu sei que deixar o Antônio sair mais uma vez impune, não é a solução também. – Anita discursou com o olhar visivelmente derrotado, por tantas coisas lhe atormentando ao mesmo tempo.

— Não pensa nisso, cada coisa há seu tempo, vai dar tudo certo, você vai ver. – ele também já se via sem tantas palavras de conforto que fizessem sentido, apenas um abraço forte aplacaria todos os seus medos naquele instante.

— Que dizer que você e a Julia andaram sonhando, com um garotinho ou garotinha, de olhos verdes e cabelinho castanho. – Anita se soltou dele, fazendo sua imaginação brincar com a cena.

— Eu amo você, e amaria qualquer coisa que viesse de você, e uma mistura perfeita de nós dois então, mesmo que nada na nossa vida esteja no lugar, depois do susto, seria a ideia mais maravilhosa do mundo. – declarou ele, fazendo Anita sorrir ainda mais largamente diante do devaneio.

— Sou eu que te amo. – retribuiu ela.  Se os dois haviam iniciado uma discussão mais cedo, isso agora parecia longe de seus pensamentos, havia um amor tão vivo e imenso, que era insanamente sentido pelos dois em meio ao beijo saudoso que  trocavam.


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