Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 117
Capítulo 117:


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo, espero que gostem. Muito abrigada!!
Desejo um feliz Natal a todos!!!!!!



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Por Ben...

Era um dia de sol, calmo iluminado, até a brisa que soprava vindo do mar era tranquila. Eu estava feliz muito feliz, como se não existisse mais nada no planeta, mais nada que pudesse me chatear, era só eu e ela, e todo amor e felicidade que sentíamos por estarmos juntos, e nada jamais abalaria aquilo...

– Será que é verdade? – Anita indagou sessando o beijo apaixonado que trocava com o amado, no alto, sob as pedras de onde se ouvia o barulho das fortes ondas do mar batendo na maré, revoltas e quebrando silêncio e paz que os unia.

– Hãm e o que. – eu achei graça por um momento do sorriso leve que via no rosto dela.

– Que amar alguém, é um salto no abismo, sem medo e sem pensar, onde só se sente e nem se compreende. – Anita especulou alegremente retirando o braço que envolvia no pescoço dele.

– Eu não sei, mais se for eu pulei a muito tempo desse precipício, e realmente não pensei, não raciocinei mais nada desde que você entrou na minha vida. – declarei a beijando antes que ela respondesse qualquer coisa, nós éramos pura alegria ali naquele lugar, parecia que nada poderia nos abalar, éramos fortes pra tudo, nada nos destruiria.

– Eu te amo muito... – afirmou ela sem conter a alegria.

– Não, não, eu te amo mais muito mais. – a contrariei, dizendo a mim mesmo que não havia nada mais lindo no mundo do que o semblante teimoso dela quando alguém a contrariava. Nos levantamos caminhando para mais perto da grande paisagem a nossa frente e o abismo que havia lá embaixo depois dos rochedos, era só uma frase, algo dito, mais por se dizer, mas sem dúvidas eu não teria dúvida, por ela eu despencaria por aquele abismo sem pensar duas vezes, por ela eu ultrapassaria qualquer barreira que pudesse ser infinita, a amaria até o fim. – Tá duvidando é... – perguntei sorrindo descarado.

– Não. – ela negou asseando negativamente com a cabeça. – Porque eu também te amo, te amo mais que tudo... – declarou Anita ao horizonte, que levava sua voz como um grito, trazendo aos dois de volta as palavras dela.

– Eu te amo, Anita eu te amo. – repeti o gesto dela sentindo como se aquela felicidade nunca mais pudesse acabar.

– Anita, Anita. – Ben despertou um pouco descompensado a cerca de onde andavam seus pensamentos, apenas constatando que ainda estava no quarto de Omar quando olhou em volta, o silêncio era ensurdecedor, e nem mesmo o barulho da rua o quebrava. Era tudo um desejo de sua consciência, que no momento estava tão longe de si, viver em um mundo onde só pudesse existir ele e Anita, e que nada os atormentasse. Um sonho, como era o seu sonho... Ergueu-se da cama contrariado, indo apanhar m copo com água, como maneira de acalmar os pensamentos, quando sem esperar o ouviu um estalar de dedos batendo a porta, enquanto caminhava para abri-la julgou ser Omar que havia deixado as chaves em algum canto do cômodo antes de sair, para o tal falado forro com Luciana, que pelo visto havia acabado tarde a lembrar pelo horário que marava no relógio sob o bidê em sua cabeceira. Mas seus olhos somente se arregalaram confusos ao fitar a sombra do pai parado de antemão.

– Oi Ben, suponho eu que você já estivesse dormindo. – Ronaldo iniciou uma explicação nervoso e culpado por acordá-lo, mais não havia outra alternativa.

– É eu estava sim. – Ben respondeu não muito certo da afirmação, já que sua consciência vagava a procura de Anita e também de uma forma de esquecer o pesadelo que os dois viviam, em meio a toda angustia e saudade, enquanto seu corpo procurava descansar.

– Ben antes de mais nada você precisa manter a calma, por favor. – Ronaldo entrou pelo ambiente apressado não sabendo como daria aquela noticia ao rapaz.

– Pai, o aconteceu, aconteceu alguma coisa, porque você veio aqui a essa hora, que cara é essa, fala logo. – a canseira inicial e Ben, parecia lhe ter feito perceber um pouco tarde que Ronaldo estava muito aflito.

– Você não viu mesmo a Anita hoje. – o homem questionou parecendo com o olhar penalizado.

– Não, eu já te disse que, eu não fui pro colégio hoje, mais um dia procurando emprego pra nada, aliás, eu acho que eu não vou nunca mais pisar naquele colégio só pra não ter que encontrar com ela todo dia e... – Ben afirmou novamente o que havia dito mais cedo para ele. – Cadê Anita, ela está em casa não está, porque você veio aqui me perguntar isso pela milésima vez me fala, o que tá acontecendo. – ele indaga já tomando por aflição desmedida que preferia pensar que era só uma bobagem, quando a cara do pai parecia piorar de séria para cheia de medo.

– Não, na verdade eu até achava que ela estivesse na casa de algum amigo, mais ninguém a viu, e agora à noite quando eu consegui finalmente falar com a Julia, ela me disse que Anita não apareceu na aula hoje. – Ronaldo explicou atordoado, ainda tinha uma esperança que Ben estivesse mentido mais cedo só para passar um tempo com a garota sem ninguém saber.

– Como assim sumiu, ninguém some assim. – o garoto ergueu as mãos ao rosto quase não acreditando nas confissões de Ronaldo. – Pai como que vocês não ficaram de olho nela, eu não estou acreditando que vocês, meu deus do céu. – Ben ruborizou não querendo se quer cogitar que fosse verdade o que passava em sua mente.

– Ben a Anita não tem realmente ficado muito perto de nós, mais o estranho é que dessa vez ela não deu noticias. – Ronaldo falou também achando tudo muito esquisito, por mais que se isolasse não achava que enteada sumiria sem dar satisfações.

– Claro não é, como que ela vai ficar perto de uma família que só distribui patadas, que só maltrata, aliás, é isso que vocês fazem não é, quando desaprovam uma coisa, acham que é repreendendo e agindo com frieza, que vão fazer a gente mudar de ideia. – Ben não escondeu o rancor.

– Filho. – Ronaldo ainda quis ponderar, mas não sobe como.

– Se a Anita sumiu mesmo, só tem uma pessoa que sabe onde ela esta. – Ben alegou com a voz nervosa e saindo com pressa pela porta, após apanhar um casaco.

– Ben espere... – Ronaldo o viu lhe dando as costas sem nem mesmo deixa-lo argumenta-lo.

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Talvez fosse loucura, apenas uma sandice, mas precisava se certificar, e só olhando na face de Antônio ele teria certeza, que foi tudo um engano, Anita estava em algum lugar e mesmo sozinha, ainda estava segura, por isso Ben se quer cogitou pensar no horário, ou no que todos pensariam, apenas se viu tocando a campainha da casa de maura atrás do meio - irmão.

– Mais essa gentinha desse bairro, além de folgada agora são mal educados, isso é hora de bater na casa dos outros. – Maura desceu a escada vestindo um robe preto já a reclamar da ousadia da pessoa que tocava em sua porta.

– Maura, pode ser importante, ninguém incomodaria alguém a está hora por nada. – argumentava Hernandez vindo logo atrás dela, depois de convencê-la a sair da cama com sacrifício.

– Ah não, só podia ser filho do delinquente da casa ao lado mesmo, quando eu digo que esse casarão já deveria ter sido implodido pra não me dar mais trabalho, acham que eu sou maluca. – Maura fecha a cara impaciente ao ver Ben na porta.

– Desculpa Maura, realmente está bastante tarde mesmo, mas é importante. – Ben tenta ignorar as grosserias da mulher a se ater ao importava.

– Ben o que aconteceu. – Hernandez também se pronunciava sem compreender as intenções do garoto.

– É, cadê o Antônio Nacho, quero falar com ele. – perguntou o rapaz sem rodeios.

– Ué o Antônio não tinha viajado, aí o que houve Ben, que eu saiba tu não é amigo do cara há muito tempo. – Sidney ouviu a pergunta do melhor amigo quando se arrastava se seu quarto para a sala, curioso com a movimentação.

– Viajou pra onde, aonde o Antônio foi Hernandez. – Ben indagou diretamente ao padrasto, tenso com a explicação de Sidney mal o respondeu.

– Com o pai, no início eu achei que poderia não ser uma boa ideia, mas acabei concordando. – Hernandez explica, em parte até sorrindo, por ver que o filho não estava levando a mesma vida isolada de antes.

– E deve ter sido a pior ideia que você teve não é. – Ben não ligou se estava sendo mal educado.

– Ela está aqui. – Ronaldo chegou entrando pela porta que estava aberta impaciente.

– Não, e nem o Antônio. – disse Ben suspirando com nervosismo.

– Ela quem. – Hernandez perguntou.

– A Anita, ninguém a viu desde cedo, e ela não foi pra casa a noite, a Vera está lá em casa em pânico. – Ronaldo exclamou tentando também não entrar em pânico.

– Tentaram ligar pra ela. – Sidney se preocupou com o que Ronaldo informava.

– O celular dela só dá desligado. – Ben informou, depois das diversas tentativas enquanto andava pela rua, mesmo Ronaldo já tendo o dito que não conseguiu falar com a garota.

– Ué gente e pra que o drama todo. – Maura falou com naturalidade, intrometendo-se no assunto. - Vai ver ela está com o esquesitin... - Digo o Antônio, deve ser só um reincidente, até outro dia ela não tinha fugido com este daí, o outro irmão. – a mulher deu opinião, Ben apenas revirou os olhos não acreditando no que ouvia.

– Olha Maura, você pode ficar tranquilo que da minha família e dos meus filhos cuido eu, então eu dispenso os seus concelhos. – Ronaldo, ruborizou ofendido.

– Maura, por favor. – Hernandez ponderou. – O Tony não me falou nada a respeito da Anita ir com ele, mas se ela está mesmo com ele, então não tem motivo pra tanta preocupação. – afirmou.

– Hernandez para, será que dá pra você olhar as coisas de um ângulo com o mínimo de realidade. – Ben desiste de lidar com a situação com paciência.

– Hey calma aí garoto. - Hernandez sorri espantado em parte com todo jeito rompante do filho. - Talvez Maura, tenha razão não. - ele continuou argumentando mantendo a calma.

– Ok, Hernandez, pensa o que você quiser, estou pouco me lixando também, agora você pode ter certeza que eu não vou deixar barato, se o Antônio fizer qualquer coisa com a Anita. - avisou Ben cansado de perder seu tempo ali para nada. - Você pode continuar aí, no teu mundinho de mentiras, no qual o monstro obsessivo e ciumento sou eu pelo jeito, só que lembra depois que se ele machucar ela a culpa também vai ser tua, que dá força pra todas as loucuras dele. - o garoto acusou cheio de ira e também medo do que poderia estar acontecendo, só desejava com todas as suas forças que Anita estivesse ali e que ele pudesse curar seu medo com um abraço apertado na garota. - E eu nunca vou te perdoar por isso. - Ben alertou tomado por um misto de raiva e nervoso, tomando a saída intempestivo, sendo seguido por Sidney e o pai, enquanto Hernandez apenas paralisou não sabendo muito o que pensar ou agir.

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– Ah Ben meu filho, é você. - Vera suspirou um tanto frustrada quando foi abrir a porta, por um momento teve esperanças que fosse sua filha.

– Oi Vera. - Ben percorreu o olhar pelo cômodo de maneira tensa, avistando Sofia no sofá e Giovana e Vitor sentados ao pé da escada, todos vivendo em puro clima de ansiedade.

– Sidney. - Sofia quando viu o loirinho entrar segundos depois com Ronaldo, sem hesitação correu para abraça-lo. - Você já sabe. - ela indagou sem solta-lo.

– Infelizmente Sofia, mais vai ficar tudo bem, confia tá. - disse ele percebendo a patricinha extremamente agoniada.

– Nada Ronaldo. - Vera questionou lançando um olhar de esperança ainda ao marido.

– Não. - sem ter como agir ou disfarçar Ronaldo não soube mais o que dizer.

– Ela não estava comigo Vera, na verdade eu não vi ou se quer falei com a Anita hoje, justo hoje. - Ben sentiu-se também portador de uma péssima notícia.

– Gente, o que tá rolando, eu não to entendendo, porque que a Anita foi sumir, ela não é disso ih... - Giovana quis entender se pronunciando com a fala rouca. - Porque você pai, achava que ela estava com o Ben, se eles estão separados, porque eles estariam juntos, não era mais fácil cogitar que ela estava com o Antônio, ele não está noivo dela então, gente cadê a Anita afinal, eu não estou gostando disso. - a ruivinha começou a argumentar bastante aflita.

– Gio, lembra que outro dia eu te falei que nem tudo é o que parece, pois é, não é mesmo. - mesmo sem achar como, Ben tentou explicar. - Eu não sei te dizer com exatidão se eu e a Anita estamos ainda juntos mais... - A gente também nunca se separou de verdade. - ele procurou palavras perdido no medo que lhe cercava.

– Ela tava com os dois então, hãm. - Vitor retrucou tenso e confusamente.

– Ela não queria se separar de mim, e nem eu dela, todo esse tempo a Anita só fez proteger a mim e a vocês, o Antônio está chantageado ela. - revelou o garoto deixando a madrasta e os dois irmãos perplexos.

– Ai meu deus, então cadê minha filha. - Vera exasperou com a voz aflita, completamente perdida ainda mais depois do que foi contado pelo enteado. - Onde ela está, eu quero minha filha aqui, aqui comigo e agora Ronaldo. - suplicou a mulher olhando para o marido que apenas esfrega a o rosto atordoado, enquanto tentava procurar alguma solução.

– Vera, calma, por favor, se acalme. - ele lhe sugeriu caminhando até a esposa, despertando de seu transe. - Não vamos nos desesperar. - Ronaldo pediu no fundo tentando esconder que já estava totalmente desesperado com o paradeiro incerto da enteada.

– Gente o Antônio é então, será que ele sequestrou a Anita. - Giovana que escutava até então com atenção os lamentos da madrasta só agora parecia entender tudo que o irmão havia explicado.

– E a culpa disso é de vocês, vocês que ficaram tratando a Anita mal, e nem cogitaram que era estranho esse noivado dele com o Antônio. - Sofia ergueu o rosto que estava apoiado no ombro de Sidney que tentava a consolar e caminhou até o centro da sala encarando resto da família com ira em meio ao olhar vermelho devido a algumas lágrimas que caíram de forma disfarçada. - Vocês são culpados, até parece que a Anita toda certinha iria largar um cara e ficar com outro assim do nada, sendo que ela sempre disse que amava o Ben. - a loirinha dizia apontando o dedo para todos de forma agitada.

– Sofia, já está todo mundo nervoso, olha tua mãe. - o garoto tentou acalma-la, ao vê-la agindo com descontrole como maneira de sanar o medo que também sentia.

– Me deixa Sidney, é verdade tá bom. - Sofia debateu-se com fúria querendo se esquivar da mão dele sobre seu ombro para lhe levar para outro lugar.

– Até a Sofia sabia da verdade. - Vitor ficou surpreso, em meio a tensão de todos.

– Vamo lá pra fora um pouco vem. - Sidney proferiu insistentemente, pedindo com o olhar que ela lhe atendesse.

– Tá, tá bom. - cansada e nervosa Sofia cedeu. - Mais não adianta chorar mãe, nem você e nem ninguém, agora é tarde vocês podem nunca mais ver a Anita. - a loira repetiu severa não os poupando.

– Pai melhor você ligar lá pra aquele teu amigo lá da polícia, antes que... - Eu, eu, pai é liga, liga logo... - Ben implora, não tendo coragem de terminar o que falava. - Não conseguia jamais pensar no pior, só a hipótese já lhe mataria.

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– Antônio, Antônio, abre essa porta Antônio, eu não vou ficar aqui Antônio, você não pode me prender aqui. - Anita escorava-se a parede já sem nenhuma esperança que ele lhe ouvisse, ou que pudesse ser suficiente para pensar que nada estaria acabado.

– Essa menina vai nos causar problemas, se alguém ouve ela. - Palhares argumentava já impaciente com os gritos de Anita.

– Aqui é afastado, você acha que eu não chequei antes. - Antônio afirmou com toda calma.

– Melhor ser mesmo. - o homem assentiu. - Abrimos o cofre e damos o fora, mais filho eu vou repetir essa garota pode ser a tua ruína, ainda mais se aquele moleque o namoradinho dela descobre tudo. - Palhares jamais deixaria Anita atrapalhar seus planos nem que pra isso também tivesse que atropelar Antônio.

– Ele não é namorado dela. - Antônio interviu rapidamente com descontrole, e o olhar obsessivo ficou evidente para o homem. - Ela é minha noiva agora, e nós vamos ser felizes longe daqui, de tudo, assim a Anita vai me amar pra sempre, eu sei que vai. - Antônio garantiu olhando para o suposto pai com ira.

– Ok, filho. - por momento o outro achou melhor se render.

– Antônio, Antônio... - Anita já estava se vendo perdida e quase sem forças para apelar, ao mísero bom senso que Antônio tivesse. - Ai meu deus, o que vai ser de mim agora. - mesmo que chorar não evitasse absolutamente nada, ela se viu com olhos em lágrimas, era querer demais que alguém lhe procurasse, Anita não rezaria por milagre, pois sabia que era impossível, pior se todos achassem normal seu sumiço e se conformassem. Ela não tinha ideia do que pensar...

– Fica tranquila quando amanhecer nós vamos embora daqui. - Antônio abriu a porta devagar, e fitou Anita escorada na parede ao lado, que de tão apavorada e inerte em seus pensamentos nem o notou.

– Tranquila, como que eu vou ficar tranquila Antônio, você me dopou, me trouxe pra cá contra minha vontade. - Anita o encarou com a face de choro, mas sua voz continha uma ira sem igual, talvez até conhece-lo não sabia mesmo o que era odiar alguém.

– Poderia ser pior você sabe. - o garoto rebateu em tom de ameaça.

Anita só soube lembrar de Ben e ter ainda mais motivos para querer morrer do que saber do desfecho daquilo, talvez recebesse do amado, uma mágoa e ressentimento maior que destinava a Antônio, afinal deveria ter confiado em Ben, e tê-lo escutado quando ele afirmava que Antônio não cumpriria sua parte do acordo, mas seu medo e covardia diante das ameaças de Antônio, contra a pessoa que mais amava lhe paralisaram. Era sua culpa, sua máxima culpa, se culparia para sempre, não importando onde estivesse. - Onde que a gente tá Antônio, que lugar é esse me diz por favor. - Anita lhe questionou em suplica enxugando as poucas lágrimas que ainda estavam em seu rosto.

– É um depósito abandonado, no centro, bem longe do Grajaú, quando amanhecer nós vamos embora. - ele respondeu com um olhar astuto depois de fitar em volta. - Mais claro que eu não vou te dizer onde é. - Antônio garantiu sorrindo cinicamente.

– Pra que se você já tomou meu celular, minhas coisas todas. - ela disse sentindo raiva.

– Foi melhor. - ele ignora cruzando os braços.

– Eu to com fome, to desde ontem sem comer, você vai me deixar definhar além de me manter presa aqui. - Anita opina, mas no fundo só querendo sair dali.

– Tem uma cozinha aqui vamos até lá. - ele a convidou com um leve sorriso.

Quando cruzaram pelo corredor Anita pode notar Palhares os observando, por um segundo cogitou estar numa pior mesmo, talvez pior do que lidar com Antônio, seria pensar no que o homem faria para que ninguém se intrometesse em seus planos.

– Está tudo na geladeira, vou deixar a porta recostada espero que você reconheça meu esforço, e não tente nada. - ele informou.

– Tá. - Anita concordou, julgando que bater de frente com o garoto naquele instante também não fosse à solução, Antônio poderia ser muito pior quando era contrariado. Fitando em volta da pequena sala onde haviam apenas uma pia e uma geladeira antiga, ela pode perceber que Antônio não estava arriscando, não era um simples plano mirabolante, havia sido tudo minuciosamente planejado, por um instante temeu ainda mais por si. Abriu a geladeira pensativa, sentindo suas mãos trêmulas devido ao medo que percorria seu corpo sem que ela controlasse, apanhou uma barra com suco e queijo e presunto e pão, os pôs em cima da pia, fingindo estar enchendo um copo com suco, Anita tentava ouvir os sussurros de Palhares e Antônio no outro cômodo apesar de estar confuso, pois Antônio espertamente fechou a porta. O que a garota queria na verdade não era comer, quem teria fome estando em sua situação, queria mesmo era pensar em uma forma de sumir dali, além do mais, Antônio já tinha lhe dopado antes, quem garantiria que o rapaz inescrupuloso, não pretendia o mesmo com a comida que lhe oferecia, enrolou compenetrada escutando muito pouco o que suposto pai e filho diziam.

– Pra mim essa menina é roubada. - insistentemente dizia Palhares.

– E eu já disse que dela cuido eu. - Antônio não se dobrou.

– Ok, então está tudo pronto. - o homem se convenceu ou ao menos fingiu satisfação, mesmo que para assegurar seus planos tivesse que se livrar de Antônio junto com Anita.

– Sim, bairro calmo, e a joalheria é aqui em frente, ninguém desconfia de nada, eu passei dias observando tudo desta casa. - Antônio exclamou totalmente seguro do que faria. - Até o dia clarear estaremos longe. - ele garantiu.

– Meu deus. - Anita ouviu de maneira confusa e até distorcida o que os dois diziam.

– Vamos está demorando tanto por que. - Antônio surgiu na porta e a olhou sisudo, fazendo a menina dar um pulo medroso.

– Terminei. - Anita apontou para o sanduíche e proferiu com dificuldade.

– Vem, até que eu possa confiar em você, você fica onde estava. - ele fala, Anita controlou a cara irônica que sentia vontade de esboçar, como alguém que fazia o que ele lhe destinava exigiria confiança, Antônio era mesmo louco.

– Tá. - ela fingiu aceitar, pegando o pão e o copo.

– O copo você deixa, eu não quero arriscar. - Antônio levantou o olhar com cinismo.

– Vou tomar uma água antes. - Anita fingiu acatar jogando no ralo da pia o pouco de suco que fingiu ter tomado, ao menos a água da torneira que vinha da rua deveria estar imune a Antônio.

– Eu vou sair, mais meu pai vai ficar aqui. - ele justifica para que ela nem tentasse uma fuga.

– Ahan. - respondeu ela como se tentasse entender até onde iria a maluquice dele. - Você vai trancar a porta Antônio você me condenou e eu não sei se te perdoo por isso. - ela disse com mágoa.

– Um dia, você vai entender, eu sei que vai. - Antônio sorri e para surpresa de Anita ele deixa a porta apenas fechada, sem trancar a fechadura, só que ainda havia Palhares e ela não soube se teria coragem de tentar sair dali, Anita apenas escorou-se ao chão desolada.

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– Príncipe. - Anita do banheiro procurando chamar atenção do namorado.

– Que. - Ben sem olhar para ela.

– Cadê minha blusa, tava aqui poxa, pro banheiro não levei que eu já olhei. - ela indagou pondo às mãos na cintura após revisar a bolsa sob o criado mudo novamente, olhando ao redor com atenção.

– E eu é que sei, a blusa é tua e eu é que tenho que dar conta. - Ben sorriu de leve meio debochado com o questionamento, continuando a mexer no celular.

– Ben para de risinho, to falando sério, como que eu vou embora daqui? - Anita suspirou impaciente com a pouca importância dele se aproximando da cama. - Assim. - ela supõe nem querendo pensar no fato, passaria o dia ali, ouviria horrores da mãe, por não ter cumprido o horário para voltar para casa no dia seguinte, mais não sairia na rua apenas com a calça jeans preta e sutiã azul marinho.

– Não seja por isso você tá linda. - ele ri travesso levantando o olhar para encará-la.

– Não teve graça tá, e para. - Anita retrucou desviando o olhar envergonhado.

– Eu já te disse uma coisa. - o rapaz levanta caminhando até ela.

– Não, mais eu não quero nem saber o que é. - Anita desafia séria, cruzando os braços fingindo não nota-lo.

– Eu falo assim mesmo. - Ben revida puxando uma mão de Anita que ainda relutou. - Que é muito fácil te deixar sem graça. - ele esclarece dando certa risada enquanto beija a mão dela.

– Ah é e você adora, fazer isso só pra ficar rindo da minha cara depois aposto. - Anita contraria contornando o sorriso em seu rosto com ironia quando o fitou.

– Não, mais é que eu acho bonitinha a carinha encabulada que você faz. - justifica ele sorridente a abraçando.

– É, você não cansa de ser palhaço não garoto. - Anita implica entre risadas não evitando se render.

– Acho que não mesmo. - Ben rebateu, mais atento em beijar seu ombro. - Você sabe que eu amo você, amo, amo muito, muito e muito e pra sempre...

– Besta. - Anita não conseguiu não rir. - Eu não só sei, como é recíproco. - Anita admitiu recebendo um beijo carinhoso como resposta.

– Até que enfim um elogio, achei que iria só me xingar. - Ben zomba a apanhando no colo.

– Ben para agora. - Anita gargalhou o vendo a conduzir até a cama.

– Ah não é possível. - o garoto rebateu se ajeitando ao lado dela.

– E sabe o que é possível também. - Anita apesar de contrariada não consegue ficar séria diante da despreocupação dele que insistia em beija-la.

– A gente vai pagar isso tudo que fizemos pra mamãe e pro Ronaldo o dia que a gente ter um filho. - Anita justifica calculando que o castigo ainda poderia vir. - ela ria ainda mais ao imaginar sua suposição, enquanto ele ia distribuindo beijos por sua barriga.

– Não seja por isso, o que, aliás, me lembra que nós vamos ter filhos lindos. - Ben nem liga levando o olhar para ela.

– Ah e você tem mesmo certeza que vai querer ter um filho comigo. - ela questionou com a face alegre. - Afinal no meu estado normal, eu sou completamente nervosa, pra não dizer histérica, já pensou eu grávida, gorda, e completamente descompensada, eu iria de enlouquecer muito antes dos nove meses. - Anita afirmou, fazendo o namorado rir.

– Mais tem uma coisa que compensaria sabia. - ele supõe debruçando-se sob ela.

– Que. - Anita perguntou lançando um olhar sério. - Oh alguém lá de casa quer apostar. - ela o interrompeu ao ouvir o celular vibrar em cima do bidê.

– Não, não, é o despertador. - Ben rebateu teimando. - Sem dúvida, uma menininha com esse teu sorriso, seria a criança mais linda do mundo, eu iria me derreter mais do que babo por você até. - confidencia ele, os segundos que passaram foi de silêncio, onde só suas almas pareciam conversar, através da forma apaixonada que um olhava pro outro.

– Eu te amo. - Anita pronuncia com um beijo que era totalmente guiado pela felicidade que sentia.

– Ben. – Serguei chamou por Ben escorado em frente ao muro do casarão parecendo inerte em olhar para o nada quando chegava de sua casa, após um telefone do rapaz.

– Obrigada por ter vindo, e desculpa te atazanar há essa hora da noite. – pediu Ben, saindo fora de suas lembranças, antes que elas a consumisse por completo, e ele não aguentasse mais remoer o pesadelo sem fim que se abatia sobre si e sem nenhuma trégua.

– Que isso, eu viria sempre, você sabe. – o ruivo desculpou. – A Anita é minha amiga, mais que isso, ela é e sempre foi uma irmã pra mim. – o rapaz disse também preocupado com a garota e seu sumiço.

– Então você entende que eu não posso ficar parado, esperando uma coisa muito pior acontecer. – Ben afirmou, já não conseguindo mais controlar o desespero que teimava tomar conta de si. – Vai ser meu fim também se alguma coisa acontecer com ela. – taxou ele, não tendo dúvidas de que estava certo.


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