Apenas um olhar escrita por Eubha


Capítulo 101
Capítulo 101:


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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– Anita, por favor, você tem certeza que vai mesmo entrar aí. - Julia argumentava medrosa, ela e Anita estavam paradas, a calçada que dava para o muro da instituição de menores onde Anita queria investigar a vida e as relações esclusas de Antônio que todos desconheciam.

– Julia se você não quiser, tudo bem, eu vou sozinha. - ponderou Anita respirando com calma. - Você tem razão, em não querer se meter, eu não quero te envolver nisso, não deveria ter deixado você vir comigo. - a menina esclareceu, entendendo a posição da amiga em temer se intrometer.

– Não, eu quero te ajudar. - Julia garantiu que a preocupação não era somente consigo. - Eu fico preocupada com você, mais com você amiga. - dialogou a morena entre olhares de sinceridade.

– Julia eu tenho que começar por algum lugar, se eu continuar parada no mesmo lugar, o Antônio vai continuar infernizando minha vida, e eu nas mãos dele. - No meu caso, a escolha não é muita Julia. - disse Anita agoniada por sua situação.

– Tá bom, se é isso que você quer fazer, vamos lá. - Julia só apoiou a amiga, já que fazê-la mudar de ideia estava complicado.

– Vamos... - convidou Anita recebendo um aceno positivo como resposta.

– Anita e Julia se encontravam sentadas a sala do psicólogo da instituição, esperando que ele viesse as atender, mas quanto mais os minutos passavam, as duas ficavam cada vez mais apreensivas principalmente Anita, que já nem conseguia disfarçar seu nervosismo.

– Olá, tudo bem! - Fui avisado que vocês queriam falar comigo. - o psicólogo entrou as cumprimentando simpático, pela porta de sua sala.

– As duas esboçaram um sorriso sereno como forma de cumprimentá-lo.

– Sim nós queríamos. - disse Anita, tentando segurar sua calma consigo, por mais que ela já nem soubesse como. - Não sei se você lembra de mim, mas eu sou conhecida daquele interno que cumpriu pena aqui, pela explosão de uma praça. - a menina explicou.

Ah sim. - o homem respondeu se recordando. - O menor Antônio, claro que eu lembro. - confirmou ele tranquilamente. - Anita, não é. - afirmou ele discordando se sua certeza era totalmente a respeito do nome da garota.

– Isso, isso. - confirmou ela.

– Não tenho uma memória muito certeira, afinal são muitos pacientes e parentes, mas com o Antônio em especial, não era difícil lembrar, ele não recebia muitas visitas. - exclamou o rapaz. - Mas me digam, o que vocês querem. - ele questionou não tendo nenhuma desconfiança do que elas poderiam querer.

– Então é bom.. - Anita se entonteceu ao não saber o que falar que fosse motivo para justificar sua presença ali, foram de puro pânico os segundos que ela pensava em um argumento. - Nada em especial, é que sei lá, o Antônio, ele não fala muito do tratamento dele, na verdade ele se sente muito envergonhado com isso tudo, muito culpado. - iniciou ela uma explicação, pensando que em uma descabida mentira Antônio estaria arrependido pelo que fez, o garoto não tinha alma e nem caráter que fossem suficientes para tal feito. - Aí eu só queria saber como estão as coisas, como ele tem respondido a esse processo de inserção a sociedade pra enfim poder retomar a vida dele normalmente. - mentiu - Anita com receio de ser descoberta, o cara era um psicólogo, será que uma mentira sem nexo, seria o suficiente para enganá-lo, por longos instantes ela se viu fazendo uma enorme besteira. Mas, também se sua esperteza era digna de seu diploma, acreditar em Antônio e em seus devaneios forçados, foi algo inusitado que se abateu sobre carreira profissional do homem, imaginou desatenta.

– Ele estava indo bem sim. - respondeu ele solicito.

– Estava, como assim não está mais. - Julia que até então só ouvia e observava tudo e todos com atenção, indagou ao não entender a colocação feita por ele.

– É sim, estava, o Antônio me pediu dispensa do tratamento, parece que o pai biológico está muito doente e ele teria que fazer uma viagem as pressas para os Estados Unidos. - revelou ele.

– Ah é. - Anita só teve tempo de constatar que tinha algo errado nas mentiras contadas por Antônio, já que ele continuava no Brasil e atormentando sua vida ainda por cima. - Mais ele podia fazer isso. - perguntou a menina.

– Sim, não é, por isso mesmo que nós preocupamos com ele. - mentiu Julia para ajudar Anita a enrolar o homem.

– Não, na verdade não, mas já que foi algo urgente, e realmente ele me provou que estava falando a verdade, eu o deixei pedir dispensa. - justificou ele. - Até porque é muito comum paciente inventarem desculpas para abandonarem o tratamento, casos de pacientes que voltaram a cumprir pena por isso são inúmeros. - disse ele.

– Claro, claro eu entendo. - Anita afirmou sorrindo cinicamente, com um nós se formando em sua garganta e a vontade de denuncia Antônio lhe dominar.

– Bom já que nós estamos aqui, a gente podia conversar um pouco com os internos, o jornal da escola costuma sempre fazer matérias, exaltando a importância desse processo de adaptação de um menor infrator, até pra que ele venha a ter uma vida normal no futuro e sem criminalidade. - Julia usou toda sua lábia para coagir o profissional.

– Claro podem sim, realmente é algo de grande importância, mas eu só posso lhe dar dez minutos, não mais. - ele consentiu, afinal não todo dia que alguém vinha até ele disposto a lutar por tal causa.

– Muito obrigada. - agradeceu Julia.

– Obrigada por receber a gente. - também agradeceu Anita.

– Não tem de que, eu é que agradeço. - disse ele solicito.

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– Então quer dizer que a Anita foi lá mesmo. - Julia conversava com Serguei no intervalo de recreio, depois que ela e Anita tinham voltado da instituição.

– Foi, aí eu fui com ela. - revelou Julia.

– Mais e o que ela descobriu. - Serguei se interessou pelo assunto.

– Ah é, pouca coisa, na verdade a Anita não me disse muito o que ela achou do assunto. - disse a morena, constatando que ainda teria que pressionar a amiga.

– Sei não Julia, sei não. - Serguei sentiu receio pela amiga.

– Eu também achei um pouco de loucura a Anita ir na instituição saber do Antônio, mas na situação que ela está também não dava pra começar por outro lugar. - ela compreendeu a amiga.

– Como é que é Julia? - A Anita fez o que. - Benn dobrava o corredor quando escutou parte do que a amiga de Anita dizia a Serguei.

– Não é a gente. - Serguei na soube o que dizer para desmentir a amiga.

– Isso que eu entendi, ela foi atrás da vida do Antônio, lá no abrigo de menores. - repetiu ele só para ver se acreditava. - Meu deus a Anita pirou. - o garoto temeu por ela.

– Ben, olha não foi exatamente tão leviano assim, eu fui com ela. - Julia ainda quis defender a garota.

– Onde ela está, veio pra aula. - indagou o rapaz exasperado, não se recordando de ver a menina pelas dependências e pátio da escola.

– Veio sim. - Julia não soube mentir.

– Eu vou falar com ela. - disse Ben saindo as pressas.

– Ferrou Serguei, o que eu fiz. - Julia afirmou, percebendo que Anita iria desaprovar sua confidencia a Ben.

– Ben seguiu pelo colégio impaciente, enquanto procurava Anita com o olhar, já ficando aflito em não achá-la nunca. Até que avistou a garota ao longe vindo em sua direção, numa forma de evitar que ela desviasse sua rota para não encontrar com ele, Ben a esperou parado a entrada de uma das salas que estavam vazia.

– A gente precisa ter uma conversa. – garantiu ele a puxando para dentro.

– O que? – Anita respirou assustada, quando sentiu o garoto a puxar pelo braço, já que ela vinha extremamente distraída à procura de Julia e Serguei.

– O que eu te disse, temos que conversar. – repetiu ele insistente.

– Não, quer dizer... – ela atrapalhou-se. – Como você me aborda assim hein. – argumentou ela nervosa, fechando a porta e escorando-se nela.

– É conviver com o Antônio deve ser motivo de susto mesmo. – Ben foi irônica com a resposta.

– Não começa Ben, eu não tenho estomago pra falar disso. – disse Anita se quer aguentando conviver com aquele fardo em sua vida.

– Ah é. – ele balançou a cabeça irritado. – Anita, o que você pensa que está fazendo, onde você quer realizando uma burrada dessas. – ralhou ele.

– Como assim? – ela continuou não entendendo.

– O que você foi fazer na instituição, me explica. – disparou ele.

– Ah, a Julia não podia ter te dito isso. – lamentou Anita.

– Ah não, então você pode me explicar o que você pensava que iria fazer. – cobrou Ben uma explicação.

– Sei lá Ben, uma forma de mandar o Antônio de volta pra aquele lugar pra nunca mais sair, não sei. – Anita alegou desanimada, sentando-se ao chão.

– Pelo menos você descobriu alguma coisa. – indagou ele, se abaixando e sentando de frente para ela.

– Você acredita que o Antônio, mentiu que iria viajar com o pai pra não se apresentar mais para o tratamento. – revelou ela com raiva.

– Mais porque, ele faria isso, tem que ter um motivo. – afirmou Ben confuso.

– Não sei, não dá pra saber muita coisa do Antônio. – falou a garota, pressentindo que ela circulava por um labirinto sem fim.

– É, mais alguma ele pretende com isso. – concordou ele repousando as mãos no rosto, cansado do pesadelo que os rondava. – E mal tenho conseguido dormir pesando nisso tudo. – desabafou Ben, sentindo que a falta que a garota lhe fazia era maior do que qualquer outra coisa, sua esperança de estar com ela, um minuto que fosse era a única coisa que ainda o fazia ter esperanças.

– Eu também. – concordou ela com pesar, os dois se entreolharam confusos, onde seus pensamentos eram só ocupados pela enorme saudade que os acompanhava.

– Bom é, eu acho. – Ben lançou um sorriso confuso a ela, sendo interrompido pelo barulho da se abrindo, o que ocasionou que os dois levantassem rapidamente.

– Vocês não deviam estarem em suas salas. – Uma das freiras alegou, quando entrava pela sala e encontrava dois alunos fora de sala como ela julgou.

– Nós já estamos indo, com licença. – Anita deu um sorriso discreto como resposta saindo logo atrás de Ben.

– Onde você tava, fiquei preocupada. – disse Julia com a voz tensa, quando viu Anita entrar a sala e sentar na mesa atrás de si.

– Resolvendo a bronca que você me sentenciou a tomar. – sussurrou Anita para não atrapalhar a explicação de João Luiz, que dava aula para a turma.

– Amiga desculpa, foi sem querer. – alegou Julia.

– Deixa, depois a gente conversa. – Anita parou de acusá-la preferindo prestar atenção na aula.


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