Eu estava em choque. As palavras de Felicity ainda pairavam no ar. Eu confiava demais nela para suspeitar de alguma mentira. Um lado meu estava incrédulo com o sombrio segredo de minha mãe, mas meu lado racional sabia que aquilo não era impossível, afinal, ela escondera tantos segredos, e este era apenas mais um: minha irmã era filha de Malcom Merlyn.

Como ela conseguira esconder esse segredo por todo esse tempo? A raiva crescia dentro de mim. Até quando as mentiras dela causariam tamanha desgraça para todos? Desta vez até Felicity sofreu com algum tipo de ameaça que a deixara atormentada.

Pude sentir o medo de Felicity através de seus olhar penetrante, ela estava desorientada pensando nas consequências de sua confissão. Apesar de aprovar sua atitude de honestidade, não tive tempo para acalmá-la com os meus nervos à flor da pele.

Foi quando ouvi Walter chamar meu nome pelo microfone. Estava na hora do discurso.

- CEO da Queen Consolidated, Mr. Oliver Queen!

Caminhei até o palco apreensivo. A sensação que havia dentro de mim era atormentadora, como se a mulher que me criara todos esses anos, não era a mesma que estava concorrendo para as eleições. E agora? O que eu diria a todas aquelas pessoas?

-Hm, Obrigada. – disse aos respeitosos aplausos. – Hm. Estou aqui hoje para dizer algumas palavras... Sobre Moira Queen... Aposto que muitos de vocês pensam que a conhecem porque vocês... Leem sobre ela na imprensa... Ou a veem na TV... Mas eu prometo a vocês... Vocês não a conhecem... Não do jeito que eu conheço... Vocês não sabem do que ela é capaz... – estava cada vez mais difícil de me concentrar, e a possibilidade de contar a verdade a todos ali me veio à mente incontáveis vezes, mas por respeito à Thea, me mantive calado. - Hm... Quando se trata de ajudar as pessoas de Starling City. Senhoras e senhores. Minha mãe, Moira Queen.

Os aplausos ficaram mais fortes e eu me aproximei de minha mãe para cumprimenta-la na frente de todos. Mantive a mesma expressão em minha face o tempo todo, o que foi realmente difícil. Mas não pude evitar sussurrar em seu ouvido “Eu sei”.

Eu queria que ela soubesse que toda a imagem dela, toda a admiração que eu sentia por ela, se desfez naquele momento. Ela não era mais minha mãe. Soltei-me rapidamente dela e abracei Thea, dando-lhe beijo a cima da cabeça, minha pobre irmãzinha...

Desci do palco e pedi que Diggle preparasse o carro, eu não conseguiria ficar ali e ouvir todas as palavras com a falsa alegria de Moira Queen.

Quando Dig disse que estava tudo pronto, eu praticamente agarrei o braço de Felicity e a levei junto comigo. Sentamos no banco de trás de veículo e permanecemos em silêncio. Uma atitude estranha que meu motorista e parceiro preferido compreendeu, ao não insistir nas conversas variadas.

Chegamos aos fundos do Verdant em pouco tempo. Diggle permitiu que eu e Felicity descêssemos primeiro para poder estacionar o carro em um lugar melhor, assim não geraríamos muitas suspeitas.

Assim que ficamos sozinhos olhei para a expressão triste nos olhos azuis de Felicity.

- Hey. – disse eu tocando em seu ombro. – Tem algum outro problema?

Ela negou com a cabeça.

- Felicity, obrigado por ser honesta comigo...

- Oliver, eu sinto muito. Eu não deveria ter continuado a acompanhar aquelas transações financeiras, isso foi uma atitude estúpida, não era da minha conta... Me desculpe.

- Felicity, você não é a mulher que me deve desculpas. – disse calmamente e tomando uma pausa para respirar. – Na verdade, eu acho que você é a única mulher que realmente nunca mentiu pra mim.

Uma rápida agitação tomou conta de mim ao ver os olhos dela ficarem menos tristes.

- Você sempre esteve aqui comigo, sempre me apoiou, e sempre me confrontou quando achava que eu estava errado. Eu te admiro muito Felicity. Admiro sua inteligência, sua honestidade... Você não me deve nenhum tipo de desculpas.

Percebi que ela desviou o olhar quando seus olhos marejaram.

Vê-la tão vulnerável novamente fez-me lembrar do estranho olhar de Moira sobre Felicity. Durante a apresentação da campanha, quando ela me contou sobre sua família, eu não pude confortá-la, o que me deixou com um peso na consciência. Às vezes me esquecia de que eu não era o único com problemas.

Puxei delicadamente uma de suas mãos, fazendo com que seus braços antes cruzados, se soltassem. Aproximei-me devagar e lhe dei um abraço. Para a minha surpresa, Felicity me apertou entre seus braços, e pude perceber sua respiração se acalmando.

Antes de soltá-la sussurrei em seu ouvido:

- Não sei que tipo de coisa minha mãe falou para você, mas eu não estava blefando: você não vai me perder.