“Faz um mês desde eu sofri o acidente. Já estou arrumando as malas para voltar à minha antiga cidade. Por mais que eu queira muito ficar, minha mãe tem toda a autoridade sobre mim. Não posso reclamar, foi a primeira vez que ela se mostrou preocupada comigo. Estou feliz e triste ao mesmo tempo. Odeio despedidas, então vou direto ao aeroporto. Já deixei uma carta para a tia Shee entregar para o pessoal. Nunca vou esquecer de nada que fiz aqui. Adeus cidade, adeus escola, adeus amigos. Eu amo muito vocês.”

Rey estava pronta, seu cabelo estava penteado, sua roupa estava perfeita, sua mala arrumada. Agora só precisavam sair. Shee preparou um suco de maracujá da fruta para ela nunca mais esquecer do gosto e da alimentação saudável e gostosa que tinha. Rey chorou ao pensar que sua tia ficaria sozinha de novo, sem nenhum filho ou um neto para cuidar dela. Isso resultou numa mancha enorme da maquiagem borrada.

– Já está chorando – disse rindo da sobrinha. Rey adorava o sorriso da tia, era parecido com o da sua mãe. Mas Shee era mias bonita por algum motivo e fofa por ser baixinha – Vamos?

– Só depois de arrumar a maquiagem. Já desço! – disse correndo pela escada para o andar de cima.

– Como se não fosse borrar de novo – Shee pegou a mala da garota e saiu da casa.

Na direção ao aeroporto, Rey olhava pela janela do carro relembrando tudo que passara na pequena cidade. Quando chegou foi surpreendida ao pensarem que ela fosse a Jill e por não ser acabaram ficando chateados. Mas pouco a pouco consegui me tornar amigo deles. Primeiro Azura e Hincham, logo depois Claire, no fim foram Kate e Benjamim. Ela não se arrependia de nada. Não se arrependia de cada minuto que usou para juntá-los novamente. Ela nunca se apegou tanto, nunca sentiu tanto carinho, nunca amou tanto seus amigos como os amava. Ela queria com todas as forças ficar naquela cidade para sempre, mas não podia. Ela segurava-se para não chorar novamente.

– Chegamos – disse Shee estacionando o carro perto do aeroporto.

– Nossa que rápido!

– O tempo sempre brinca com a gente. Quando queremos que os momentos durem, ele passa correndo – disse Shee sorrindo. Ela tirou a chave da ignição e saiu do carro. Rey também deixou o automóvel com sua mochila nas costas. A mais velha pegou a mala da sobrinha e as duas adentraram no local.

Após toda a parte formal de passaportes e a espera pela hora do voo. Ela não sabia se a demora era boa ou ruim. Seu coração estava acelerado, queria sair correndo dali e se esconder, ficar, não voltar para sua vida antiga.

– Fica calma minha filha – disse Shee segurando a mão de Rey – Vai tudo se resolver. O que tiver que ser será.

– O voo 342 da tarde já está preparado, senhores passageiros, movam-se até a área externa para a entrada no avião.

– É o seu voo. Vamos? Te acompanho até o avião – disse Shee levantando-se. Assim que Rey virou-se para ir embora ouviu uma voz lhe chamando, uma voz que acelerou ainda mais seu coração.

– Rey, sua vagaba, vai sem se despedir? – perguntou Kate se aproximando, ela estava acompanhada de Azura e Claire.

– Queríamos te ver antes de ir. Te dar um abraço, um beijo… - Claire foi interrompida por Kate.

– Apertar sua bunda gostosa – ela fez com que todas rissem da piada.

– Vou sentir saudades – disse Azura abraçando Rey com toda força que ficou com medo de quebrar um osso – Por mim ia com você, mas não tenho grana.

– Não é preciso – Azura deu espaço para Claire lhe abraçar.

– Vê se liga para nós. Temos reunião toda sexta – disse com um tom de autoridade.

– Ok, ligarei sempre – Ela então recebeu um abraço de Kate, firme mas cheio de sentimentos.

– Vou fazer uma música em sua homenagem um dia.

– Eu vou adorar, suas músicas são lindas – Rey olhou em volta e ficou meio decepcionada – O Ben não vem?

– Não sei, depois de tudo que ele passou. Ele mudou pra caramba – disse Azura.

– Sim, nunca estive tão feliz – Benjamim surgiu na entrada do aeroporto abraçado ao Hincham que sorria ao ver a amiga.

– Vocês vieram! – disse Rey abraçando-os ao mesmo tempo.

– Não deixaria que fosse sem falar conosco – disse Benjamim retribuindo o abraço.

– Como está o coração Hinchan?

– Está melhorando, ainda dói as vezes, mas tenho um enfermeiro muito gato cuidando de mim agora – Hincham olhou para Benjamim que ficou vermelho, foi a primeira vez que Rey viu ele assim então só riu.

– Não fale isso na frente dos outros – disse Benjamim colocando a touca na cabeça.

– Agora preciso ir, se perder o avião minha mãe come meu fígado – disse Rey correndo até Shee que segurava para não chorar como os seus amigos – Tchau pessoal! Eu volto!

– Volte mesmo – disse Claire.

– Nós te amamos Rey – disse Azura.

– Não se esqueça de nós – disse Benjamim.

– Nunca me esquecerei – sussurrou deixando uma lágrima descer pelo rosto.

“As despedidas foram misturadas com meu coração mole me fez chorar e borrar a maquiagem, mas valeu a pena. Eu vou arrumar um jeito de voltar, vou arrumar um jeito de ficar com eles, de ficarmos juntos. Esse será em novo objetivo na vida.

Uma pequena cidade, cinco pessoas, um anjo, isso foi necessário para mudar minha vida pra melhor. Essas lembranças que tocam meu coração nunca serão esquecidas. Obrigada pessoal, por tudo que me proporcionaram. Obrigada por me amarem, obrigada por me darem um motivo para viver. Vocês se tornaram minha nova vida, meu sangue, meu ar. Não posso viver sem vocês. Me esperem que assim como a Jill voltou, eu também voltarei.”