Capítulo 12

Ela ainda é uma criança.

—Eu não vou vestir isso! -Joguei o pedaço de pano brilhoso na cara da albina. Lisanna bufou e se atirou em sua cama.

A albina já estava devidamente vestida, usando um vestido rodadinho com alguns brilhos e salto bastante altos para o meu gosto. Estava bem bonita.

—Vamos, Lu! -Jogou novamente o mini-vestido em mim. -Você vai ficar bem nele.  -Fez uma carinha de pidona que eu quase não resisti. Quase.

Havia ligado para mamãe pedindo se poderia sair com meus amigos, depois de muito implorar ela finalmente havia deixado se eu prometesse que iria voltar cedo para casa dos Strauss, não me atrasasse para aula no dia seguinte e me comportasse. Neste momento estava no quarto de Lisanna tentando decidir que roupa colocar para curtir “minha primeira noitada”, como Natsu havia chamado.

—Lis, minha bunda vai ficar toda de fora com esse negócio. -Bufei e fui até o roupeiro, pegando um shorts curto e com alguns brilhos. -E se eu usar esse?

—Minha intenção é ver sua bunda. -Acho que ela notou minha cara de indignação pois caiu na gargalhada. -Estou brincando, calma. Talvez esse short fique bonito com um salto e essa blusa. -Apontou para uma blusa simples e coladinha na cor vermelho vinho.

Peguei todos as peças de roupa e me dirigi até o banheiro. Depois de pronta peguei algumas maquiagens da albina e passei, soltei os cabelos e pronto. Sai do banheiro fingindo que estava na passarela e recebi assovios da albina.

—Não acha que esses curativos de bichinhos combinaram perfeitamente com o look? -Apontei para meus joelhos que estavam cobertos de curativos infantis da Wendy.

—Coloca esse salto e tenta não cair de cara no chão, por favor! -Lhe mostrei a língua e calcei os saltos. -Ótimo, agora estamos lindas. -Fitou o relógio que havia em sua cômoda. -Lindas e atrasadas! O Natsu vai nos matar.

Corremos (comigo quase tropeçando pelas calçadas) até o barzinho em que havíamos marcado de encontrar o rosado. Como ficava perto da casa dos Strauss foi rápido de chegar até lá.

—Por que será que eu imaginei que vocês chegariam na hora né? -Natsu já havia tomado dois copos de alguma bebida colorida e estava sorrindo. -Estão bonitas. -Não pude evitar de ficar corada pelo elogio repentino. Foi o primeiro elogio que ganhei dele.

Aguenta coração!

—Nós somos bonitas. -Ri e me sentei em um dos banquinhos do balcão ao lado de Lisanna. -Que bebida é essa? -Apontei para seu copo, Natsu me estendeu o copo, me incentivando a dar uma golada.

—Algo doce, pode pegar se quiser. Vou pedir uma cerveja. -Chamou a moça que seria os drinks no balcão. -Quer uma, Lis?

—Sim, odeio bebidas doces. -Vez uma careta. Eu ri pela expressão de nojo no rosto da albina. Havia bebido poucas vezes em minha vida, então não sabia diferenciar nenhum tipo de bebida, só sabia que elas me faziam ficar extremamente feliz.

Ficamos um pouco no balcão, bebendo e jogando conversa fora. Parecia até que éramos amigos de longa data, por um instante me esqueci que era apaixonada por aquele garoto ruivo e apenas o curti como um amigo brincalhão. Por ter bebido mais de três copos, já estava animadinha demais, então puxei a albina até onde outras pessoas estavam dançando e comecei a me a sacudir no ritmo da música e logo fizemos amizade com outras pessoas que estavam dançando. Olhei de relance para o balcão e vi Natsu conversando animadamente com a balconista. Não nego, fiquei com ciúmes da cena.

Balconista atirada! 

—Oi, tudo bem? -Um rapaz alto e moreno estava sorrindo animado para mim, retribui. -Você é linda, sabia? -Falou um pouco mais alto que a música. 

—Obrigada. -Sorri timidamente para ele. -Sou Lucy, e você?

—Rogue. Nunca te vi por essas bandas. -Começamos a dançar juntos. Notei que Lisanna estava mais afastada, dançando com um grupo de meninas. Que safadinha!

—Essa é a primeira vez que venho aqui. -Sorri. Ele parecia ser uma cara legal, talvez até rolasse algo.

—LUCY! -Vire-me e vi o rosado vindo na minha direção. -Vamos dar uma volta? Tá ficando meio chato por aqui.

—Ah, logo agora? -Fiz uma careta de decepção. -Não podemos ficar mais um pouquinho?

—A Lis encontrou uma ex e tals, o clima vai ficar meio chato. -Concordei com a cabeça e virei-me para Rogue. -Desculpe, preciso ir!

—Posso pegar teu número? -Natsu começou a prestar atenção na nossa conversa, me senti meio incomodada com a atenção desnecessária dele. -A gente podia combinar de sair ou algo do tipo. -Sorri animada.

—Claro! -Lhe passei meu número e depois lhe dei um beijo na bochecha. -Até.

Natsu revirou os olhos e o fitei sem entender. O rosado apenas me puxou pelo pulso e nos guiou até a saída do bar, onde Lisanna estava conversando (ou discutindo) com uma menina de longos cabelos ruivos tingidos.

—Fala sério, Flare. Você não pode ficar com essas merdas de terminar e voltar toda hora, não viaja. -Assim que nos viu ela suspirou, parecia aliviada. -Vamos pro centro, onde não tenha nenhuma ex namorada minha.

Não perguntei nada para albina e o rosado, apenas os segui até entrarmos na rua do metro. Lisanna me avisou que iriamos até o centro, onde encontraríamos uma grande quantidade de pessoas, izakayas, game centers, night clubes, karaokês e restaurantes. Mal chegamos em nosso destino e fui arrastada até o Karaokeblue, que era quase uma tradição nas noites dos jovens da nossa cidade.

—Eu amo cantar, vai ser incrível! -Lisanna deu pulinhos de alegria enquanto comprávamos nossos ingressos e quase saiu correndo na hora de entrarmos na sala escolhida.

Pedimos uma rodada de bebidas ( o que me fez ficar ainda mais soltinha e feliz) e começamos nossa segunda parte da noite cantando algumas músicas, na maioria das vezes ficávamos fazendo gracinhas e rindo. Foi muito divertido, e quando nossa sala apitou avisando que nosso tempo havia acabado eu e Lis nos lamentamos.

—Vocês estão meio bêbadas, querem ir pra casa? -Olhamos indignadamente para Natsu. -Não me matem, calma!

—Vamos ir em algum game center, por favooooor! -Talvez a bebida tivesse me dado coragem demais, pois joguem meus braços em voltado do rosado e o empurrei para rua. Lisanna gargalhou e nos puxou até um enorme game center.

Acho que ficamos uma hora jogando variados jogos e competindo para ver quem conseguia mais entradas para os jogos. Natsu e eu apostamos para ver quem era melhor nos jogos e faria mais pontos, o perdedor teria que pagar alguma refeição nos izakayas para o ganhador. Para minha alegria, acabei vencendo ( para alegria da minha carteira também) e comemorei jogando um spray de água de um dos jogos em Natsu.

—Hey, sua pestinha! -Apertou minhas bochechas de uma maneira carinhosa. Corei e ele acabou ficando sem jeito. Que fofo!—Eu to com fome, vamos pra terceira e última etapa da noite. – Senti que ele só falou aquilo para acabar com o clima estranho.

—Nãoooo! – Bufei, recebendo um tapinha na cabeça.

—Sim! Daqui a pouco o metrô vai fechar e teremos que ficar presos aqui. -Gargalhei. -Não vejo motivos para rir, loirinha encrenqueira! - Natsu ralhou. 

—Credo, Lucy. Você bebeu tão pouco e já está desse jeito. -Lis me segurou pela cintura. Ela estava cheirosa. -Vem rosinha, temos uma bebê para cuidar.

—Eu não sou bebê! -Lhes mostrei a língua.

[Lisanna Strauss On]

—ESSA É A MELHOR NOITE DA MINHA VIDA! -Lucy gritou enquanto adentrávamos algum izakaya qualquer. Natsu estava com um sorriso idiota estampado nos lábios enquanto guiava a loirinha pelas mesas até chegar em alguma que estivesse liberada. Eu sabia exatamente o que aquele sorriso significava e sinceramente não era nada bom para mim.

Achamos uma mesa mais afastada do pessoal e nos aconchegamos ali. Eu gostava bastante de izakayas, era aconchegante tomar uns drinks e comer alguns petiscos na companhia dos amigos naqueles barzinhos típicos.

—Queremos algumas iscas de peixe e alguns frutos do mar. -Sorri para atendente, ela era bem bonita. Imagino que ela fique ainda mais bonita na minha cama.

—Para de secar a moça, Liis! -Gargalhei para Lucy. Ela estava tão fofinha, animada e podre de bêbada.

—O que vamos fazer com essa mocinha, Natsu? -O rosado me olhou e revirou os olhos, levou as mãos até os cabelos da loirinha e os acariciou. Quanta intimidade desses dois. Nem parece que ele estava ignorando ela a alguns meses atrás.

Depois de alguns minutos uma garçonete chegou nos entregando os pedidos, Lucy implorou por mais algumas garrafas de bebidas e como ela já estava mais pra lá do que pra cá resolvemos deixar que ela se divertisse pelo menos hoje.

Já passava das quatro na manhã quando chegamos em minha casa. Eu estava meio tonta por causa da bebida, mas Lucy estava doida demais. Fiquei até impressionada com tanta alegria.

—Natsu, seus cabelos parecem aquelas pelúcias infantis. -Natsu estava me ajudando a levar a loirinha para o quarto, mas ela estava fazendo manha demais para subir. -E-eu não queroo! Não podemos voltar para os karaokê?

—Credo, você é pesada loirinha. -De uma hora pra outra os olhos dela se encheram de lagrimas. Que vacilo, Natsu.

—Foi por isso que você me rejeitou? -Fungou. -P-por que sou g-gorda? -Natsu ficou tenso. Opa! Alerta vermelho! 

Soltei uma risada quando finalmente conseguimos deixar a loira na cama, o rosado parecia sem jeito e eu notei que ele queria tentar falar com ela.

—Vou tomar banho, tá bem? Cuida dela e por favor, não faça ela chorar! -Dei uma puxadinha nos cabelos rosáceos dele e fui para o banheiro. Seria melhor deixa-los sozinhos, eu só esperava que eles não fizessem nenhuma besteira.

Tomei um banho demorado e me senti melhor depois disso. Vesti um pijama qualquer, terminei minha higiene e sai.

—Pesso- Parei assim que vi a cena.

Eu não acredito.

Natsu e Lucy estavam dormindo abraçados. A loira estava com a cabeça apoiada no peitoral dele, enquanto seus braços estavam abraçando-a de forma protetora. Senti uma pontada no peito.

—É, parece que eu perdi sem nem mesmo ter entrado no jogo. -Peguei algumas cobertas e fui para o quarto de hóspedes.