Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 6
Capítulo 6 - Mágoas e culpas.


Notas iniciais do capítulo

GEEEEEEEENTE, vocês viram o novo episódio? CARL CARLZANDO DEMAIS!



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Welcome to the new age, to the new age

Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive

Radioactive, Imagine Dragons

–Sim- Responde ele, mas mesmo assim ele não parece tão feliz com o tal lugar seguro.

–Katherine, quantos zumbis você já matou? –pergunta Rick se virando na minha direção.

–Perdi a conta depois dos 37. - Respondo.

–Quantos humanos você já matou? E por quê?

–Nenhum. Devemos matar somente os mortos, não os vivos. – Respondo, eu realmente não teria coragem de matar um ser humano.

–Certo. – Rick se vira em direção á Tonny- Quantos zumbis você já matou?

–Também já perdi a conta. – Informa.

–Quantos humanos você já matou?

–Três. Minha ex-esposa porque ela tentou matar minha filha; minha filha para acabar com o sofrimento de se transformar, e um homem que matou minha namorada Melanie – Responde ele sem demonstrar qualquer sentimento. Isso me surpreende e me assusta, eu sabia que ele havia matado aquele guarda no supermercado, mas a própria mulher?

Depois nessa informação eu não presto mais atenção nas respostas de Willian e Merle. Tonny sofreu muito mais do que eu imaginei. Se ele matou sua esposa quer dizer que ela era humana ainda, e ela queria matar sua própria filha? O que levou ela a fazer isso? Quais foram às consequências desse ato para Tonny? Milhares de perguntas vêm a minha mente, e eu não tenho nenhuma resposta.

Acredito que Rick não gostou muito das respostas de Tonny, mas se ele não for o grupo não vai, a não ser o Merle, e Tonny pode ser muito útil. No fim, todos irão, então saio do mundo dos meus pensamentos e vou arrumar minhas coisas. Encontro Willi-Will fazendo o mesmo.

–Você acha que esse local é realmente seguro? Que estas pessoas são confiáveis? – Questiona colocando (lê-se jogando) suas coisas na mochila.

–Bom, o lugar eu não sei, mas eles parecem boas pessoas. – Respondo fazendo o mesmo que ele.

Depois desta resposta ficamos em silencio arrumando nossas próprias coisas. Aproveito que Willian saiu do quarto para trocar de roupa, estou me sentindo realmente nojenta. Visto um short preto e uma blusa verde, colocando um All Star. Desço e vejo que eles já estão indo para os carros. Argh!

–Não tem como irmos á pé? – Pergunto inocentemente para eles.

–Se você quiser andar 10km a pé fique a vontade. –Zomba Daryl.

–Tudo bem – Respondo já indo pegar minha mochila. Todos me olham incrédulos- Que foi?

–Sério que você vai a pé? –Pergunta Carl me olhando descrente. O que tem demais eu ir? Bom, eu sei que é 10km, mas no meu caso é melhor que enfrentar um carro.

–Sim, o que tem de mais?- Pergunto arqueando uma sobrancelha.

–Além de baixinha é louca - Fala Willian se intrometendo. Olho com raiva para ele, que começa a rir.

–Cala boca- Resmungo. - E eu vou sim, ninguém vai me impedir.

–E como você vai saber o caminho Sra. Inteligente?- Pergunta Daryl. Agora ele me pegou.

–Eu vou com ela- Anuncia Carl pegando a arma e colocando na cintura. Como assim?

–Que?!- Guincho, minha voz subindo duas oitavas.

–Vou com você oras – Responde revirando os olhos – Não quer minha companhia?

–Não! Quer dizer, sim, não sei. Mas é 10km!- Exclamo, ele realmente quer ir? Comigo?

Eles simplesmente da de ombros e vai andando em direção à floresta. Falo um rápido tchau para os homens que nos olham incrédulos e corro atrás de Carl.

Ele realmente é rápido, é meio difícil acompanha-lo, ainda mais tropeçando em tudo. Realmente sou muito graciosa. Assim ele nunca irá gostar de mim... Repreendo-me no mesmo momento, eu não quero que ele goste de mim! Será que eu quero? Que confusão. Expulso essas reflexões femininas da minha cabeça e tento prestar atenção no que estou pisando, para evitar possíveis tombos.

–Você tem medo não é? – Pergunta Carl de repente, sem me encarar.

–Do que? – Questiono olhando para ele sem entender.

–De carros – Ele responde. Gelo no mesma hora, como ele sabe?

–Na-não, claro que não – Respondo rapidamente. Eu e minha arte de mentir. Ele me olha deixando claro que não acredita.

–Está tão óbvio assim? –Questiono suspirando.

–Não. É que eu realmente presto atenção, toda aquela coisa de andar 10 km, e quando você chega perto de um carro você age estranho - Responde ele. Espera, ele prestou atenção em mim? –Por quê?

–Meus pais morreram e um acidente de carro -Confesso olhando para baixo.

–Sinto muito- Ele murmura. Olho pra ele e sorrio.

–Tudo bem- Ele me encara por alguns segundos e depois volta a se concentrar no caminho.

–Ah, e obrigada por vir comigo- Agradeço. Ele somente assente com a cabeça.

Depois desse momento ficamos em silêncio até que do nada ele me puxa para o chão, fazendo com que eu fique por cima dele, engulo em seco. Ele faz sinal de silêncio e então ouço os típicos passos arrastados bem próximos a nós, parece que são muitos, talvez uns trinta. Essa proximidade toda é realmente interessante. Reparo mais nele, suas bochechas e nariz possuem minúsculas sardas, e ele tem cílios enormes, o que me causa inveja.

Percebo que ele está me encarando de volta e me sinto corar. Que vergonha! Noto que não há mais os passos arrastados e me levanto rapidamente, tirando as folhas e terra das minhas roupas. Voltamos a andar em silencio e ficamos assim por um longo tempo, até eu avistar uma construção enorme, parecia uma espécie de prisão, com grades altas e alguns zumbis em volta, e um pátio onde havia algumas plantações.

–Uau! –Exclamo boquiaberta.

Carl recomeça a caminhar em direção á um portão, corro atrás dele. Os zumbis já nos perceberam então pego meu machado. Um zumbi se aproxima de mim e acerto a cabeça dele. Uma mulher de cabelos castanhos curtos abre o portão e entramos correndo, antes que a situação com os amiguinhos ali piore.

–Oi, eu sou Maggie – Diz ela sorrindo e oferecendo sua mão, que aperto também sorrindo. – O seu é...?

–Katherine.

Vejo os carros que eles usaram para vir, o significa que eles já estão aqui. Entro em um bloco e Carl vai para o outro lado, me deixando sozinha, constrangedor. É realmente legal aqui dentro, mesmo que seja todo cinza. Entro em uma das celas, há pessoas aqui, fazendo coisas normais como sentar em uma mesa e conversar, cuidar de um bebe. Espera, um bebe?

–Ai meu Deus, é um bebe? –Pergunto chegando perto de uma garota loira que estava segurando um embrulho nos braços.

–Sim –Ela responde sorrindo –quer pega-la?

–Oh, sim! –Respondo animada. Ela coloca delicadamente o pequeno embrulho em meus braços. É uma menina com lindos olhos azuis.

–Ela é linda- Falo com um sorriso, nunca fui muito próxima a crianças, mas ela é tão fofa. –Como ela chama?

–Judith- Fala a garota também sorrindo.

–Você é a mãe? –Pergunto olhando-a, ela parece jovem demais para isso, mas nunca se sabe. Ela nega com a cabeça tristemente. – Onde está a mãe dessa garotona?

–Ela morreu - Murmura ela. Comprimo os lábios, isso é realmente triste.

Fico mais uns minutos com Judith e a garota, descobri que se chama Beth e é irmã de Maggie. Deixo a pequena Judith com ela novamente, e saio atrás de meus companheiros. Já que eu não conheço nada aqui fico vagando sem rumo, até que encontro Daryl.

–Ei, você viu o Willian? Ou o Tonny? – Pergunto.

–Ah, oi, a ultima vez que eu os vi estavam com o Rick perto das cercas- Responde saindo. Oras, eu passei por lá agora mesmo, mas resolvo ir checar.

Volto pelo mesmo caminho que fiz a outra vez e saio lá fora, e eles estão realmente aqui. Willian e Tonny estavam conversando com Rick perto das cercas, caminho até lá rapidamente.

–Oi.

–Olha a princesinha. Não perdeu seus pés na vinda até aqui? –Zombou Willian.

–Não, eles estão bem aqui, prontos pra chutar suas bolas. – Comento sorrindo docemente. O que resulta em uma risada de Rick e um sorriso de Tonny.

–Certo, em que eu poderei ajudar aqui? – Pergunto á Rick.

–Vocês mal chegaram ainda, mais tarde decidimos.

Depois ficamos falando sobre como aqui é um bom lugar, e o que eles já enfrentaram para conseguir limpar tudo. Então eu e Willian nos despedimos deles e resolvemos caminhar, nem parece que estamos em um apocalipse perto de todo esse verde e pessoas, tirando os zumbis na grade, claro.

–Então, eu vi os olhares que você lançou em direção a aquele moleque –Comenta Willian.

–O nome dele é Carl, e não eu nem olho pra ele. –Respondo ríspida.

–Vou fingir que acredito. –Diz ele- Você conheceu a Beth?

–Sim, ela é realmente legal- Respondo, reparo nele e ele está com um olhar sonhador?

–Willi-Will! –Grito, ele me olha assustado- Vocês podem namorar! Apesar de que eu acho que ela não iria querer você se te conhecesse melhor, o que tem de bonito tem de idiota, irritante... Enfim lista enorme.

–Que? -Ele pergunta confuso.

–Vai dizer que não achou ela bonita?

–Bem, ela é realmente bonita e gentil, mas eu nem conheço ela!- Exclama indignado- E eu não sou tudo isso, eu sou maravilhoso!- Começo a rir histericamente, ele me olha irritado. Ai como é bom irrita-lo!

Irrito-o mais um pouco, e ele decide ir para dentro, aposto que quer ver a Beth, hum. Opto por dar uma volta pela prisão já que não quero entrar. Estou andando calmamente pelas laterais quando vejo uma escada que leva ao teto, parece realmente legal ver o por do sol lá. Subo as escadas e adivinha quem está lá? Isso mesmo, o Carl. Pigarreio anunciando que estou aqui e ele me olha.

–Ah, é você- Murmura ele. Sento-me ao lado dele, ele está tão lindo, mas parece triste.

–Tão lindo- Susurro. E quando ele me olha interrogativo percebo que ele ouviu, burra, burra, burra, burra! – O Sol - disfarço. Pelo jeito funciona, já que ele olha em direção ao Sol que está se pondo.

– Sim, aqui é um ótimo lugar para observa-lo. – Confirma. Ficamos em silencio somente contemplando a vista. Até que tomo coragem e resolvo perguntar.

–Você parece triste, aconteceu alguma coisa?

–Só estava pensando na minha mãe, e minha irmã Judith- Responde ele. Judith?

–Ela é sua irmã?- Pergunto espantada. Agora faz sentido, os mesmos olhos azuis. Então quer dizer que a mãe dele está morta.

–Sim –Confirma ele.

–Ela é linda- Comento sorrindo- Vocês são parecidos.

–É impressão ou você indiretamente disse que eu sou lindo? –Comenta sorrindo. Sinto-me corar.

–Bem, não. Quer dizer, não que você seja feio, porque você não é, mas não foi uma indireta...

–Ok, ok, eu entendi. – Me interrompe rindo mais ainda. Sinto meu rosto queimar, eu devo está parecendo um tomate agora.

–Eu tive que mata-la– Fala Carl depois de um tempo. Encaro-o, deve ter sido realmente horrível ter que matar a própria mãe.

–E eu me sinto culpada- Confesso, embarcando no momento desabafos. Ele me olha interrogativo- Pela morte dos meus pais, se eu não tivesse insistido tanto, meu pai não teria se distraído.

–Como foi? – Pergunta olhando nos meus olhos.

–Era meu aniversario de sete anos. Meus pais estavam me levando para um lugar surpresa, e eu fiquei insistindo para eles contarem aonde era. Então meu pai virou para trás para responder, mas ai aconteceu- Falo. Sinto as lagrimas em meus olhos- eu acho que era o zoológico, mas eu nunca descobri.

–Sinto muito- Ele fala.

–E a sua?- Pergunto.

–Foi em um ataque na prisão, estava tomado pelos zumbis. Estávamos fugindo, ai ela entrou em trabalho de parto, mas não ia dar para salvar minha mãe e Judith, então ela deu sua vida para deixar minha irmã viver- Responde ele.

–Ela era uma heroína- Afirmo, tem que ter muita coragem para fazer isto.

Terminamos de ver o por do sol em silêncio. Cada um perdido em suas próprias mágoas e culpas.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Sugestões? Criticas? Elogios? Chocolate? rç