Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 4
Capítulo 4 - A sorte não está ao meu favor.


Notas iniciais do capítulo

Oi amiguinhos. Estou tão feliz! Uhul uma pessoa favoritou minha fic (Edoarda, obrigada sua linda), e agradeço muito as pessoas que comentaram. Espero que gostem.



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A sorte definitivamente não esta ao meu favor.

Desespero. É o que estou sentindo agora.

Acabo descobrindo que a pessoa que está me segurando é um homem, devido ao seu tamanho. Ele começa a subir sua mão que estava em volta do meu corpo até meu seio esquerdo, soltando uma risada maliciosa. Eu prefiro morrer a ser estuprada! Prometi que nunca deixaria ninguém me tocar, não depois do meu tio. Contorço-me inutilmente tentando escapar, o que apenas resultou com ele forçando sua faca com força contra minha cintura. A dor me atinge quando percebo que ele me cortou, mas ignoro.

Várias coisas passam na minha cabeça agora: Será que Willian está vivo? Melanie, Tonny? Percebo que eu nunca terei chances de me despedir de verdade deles, igual aconteceu com meus pais, tios, Ash, e meu primo. Ah... Meu primo, obviamente eu nunca mais verei ele. Arrependo-me de não ter pedido desculpas por aquela vez que coloquei corante no shampoo dele, fazendo com que ficasse uma semana com lindos cabelos cor-de-rosa.

Caio na real com esse simples pensamento, e coloco na minha mente como um mantra: “Eu não vou morrer, não hoje”. Em um momento quando esse ser nojento esta ocupado demais acariciando meu corpo, chuto com todas as forças o meio de suas pernas, o que traz uma fisgada dolorida na minha cintura. Ele me joga no chão com força, fazendo com que eu bata minha cabeça no asfalto, murmurando coisas como “vadia”. Levanto-me com dificuldade e olho pra baixo: minha regata antes branca esta totalmente manchada de sangue, igual ao lado direito do meu short, meus joelhos e mãos estão ralados e o lado esquerdo da minha cabeça dói como a morte.

Quando volto minha atenção para o homem, ele está aparentemente recuperado do meu golpe e esta avançando na minha direção com puro ódio estampado nos seus olhos pretos como a noite. Mas antes que eu possa esboçar qualquer reação escuto um barulho e o homem cai morto aos meus pés.

Com os olhos arregalados procuro quem foi o autor do tiro e encontro um homem alto, cabelos que antes eram loiros agora estavam um pouco grisalhos, e o que mais me assusta: no lugar da mão ele tem uma espécie de gancho de pirata, e apoiado nele está ninguém menos que: um Willian ferido.

Meio hesitante, meio desesperada, corro o mais rápido que meus ferimentos permitem na direção deles. O homem está com uma expressão que mistura cautela e desinteresse, já Willian está com uma mascara de raiva e dor.

– O que aconteceu? Você esta bem? Quem é ele? – Pergunto abraçando Willian, que agora está olhando para mim com preocupação, quando quem devia estar preocupada era eu, já que aparentemente ele foi baleado.

–Merle Dixon. Deixem esse momento maricas para outra hora, porque esse barulho todo com certeza atraiu todos zumbis da região. – Diz o homem impaciente seguindo em direção ao nosso carro.

–Onde estão Melanie e Tonny? – Questiono olhando pros lados procurando-os, mas vejo somente alguns zumbis se aproximando.

–Tonny esta no carro, mas Melanie... – Diz Willian com os olhos molhados.

– Oh! Não pode ser- Digo com lagrimas já escorrendo pelas minhas bochechas, minha visão começando a ficar turva. Mas antes de me entregar totalmente a escuridão, me dou conta de um fato:

Eu nunca poderei me despedir de Melanie. Nunca mais vou ouvir as histórias dela. Porque ela está morta. Minha irmã mais velha está morta.

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A primeira coisa que percebo é que minha cintura direita dói como o inferno e minha cabeça está latejando. À segunda é que estou deitada em algo duro, e a terceira é que tem pessoas conversando a minha volta. Concentro-me tentando escutar o que estão falando.

– Os mantimentos estão acabando, e como o moleque e a bela adormecida ali são uns inválidos sobra tudo pra mim- Reclama uma voz, que reconheço sendo a de Merle.

–Calma, eu já estou bem, amanhã já poderei ir- Responde a outra voz. Tonny.

Abro lentamente meus olhos que estão sensíveis à luz, por sorte esta escuro aqui. Percebo que o lugar duro que estou deitada é um sofá. Toco minha cintura à procura do ponto de dor, soltando um gemido abafado quando o encontro, me arrependendo na hora. Então todas as lembranças me alcançam: Supermercado. Tiros. Quase ser estrupada. Merle me salvando. Melanie. Morta. Chego ao fim dessa constatação soltando um soluço estrangulado que chama atenção dos dois que até então estavam conversando/discutindo do outro lado do que parecer ser a sala de uma cabana de madeira.

– Kath? Kath, você esta bem?- Pergunta Tonny se sentado ao meu lado, seus olhos castanhos estão com um brilho triste.

–Hum...Tirando o fato que essa merda de machucado ta doendo igual ao inferno, e que uma das pessoas que eu mais amava esta morta, estou bem sim- ironizo fazendo uma careta, arrancando uma risada de Merle que agora estava limpando seu gancho de pirata.

– A velha kath esta de volta - Anuncia Willian entrando na sala, seu braço esquerdo está enfaixado.

– Toma, beba isso- Ordena Tonny me dando um copo de água enquanto tento alcançar a posição sentada. Bebo tudo com vontade, repetindo as doses pelo menos umas três vezes.

–Consegue ficar de pé?- pergunta ele. Quando me levando tudo roda ao meu redor, e no mesmo instante Willi-Will está ao me lado me apoiando.

–Sim, agora me conte o que aconteceu – peço quando me estabilizo, com Willi-Will ainda ao meu lado.

– Certo, eu estava vigiando quando ouço um barulho de algo se quebrando e vou olhar, encontrando apenas uma garrafa quebrada. Quando ouço um tiro percebo que foi somente uma armadilha e volto correndo, encontrando três homens entrando no supermercado, enquanto outro ia pra onde você estava.

Então ouço o grito de Melanie e outro tiro, o que me desespera. Acabo atirando em um homem que estava de costas, chamando atenção do outro, que atira na minha direção, porém eu me jogo no chão a tempo, e foi aí que Merle apareceu matando os outros homens. Fui atrás de Melanie enquanto Merle e Willian iam atrás de você, mas já era tarde- Termina de contar a versão resumida com lágrimas nos olhos.

–Oh meu Deus!- Exclamo dando um abraço desajeitado nele- Ela te amava muito, você sabe não é?

–Sim, eu sei- Afirma ainda chorando. Deve ser duro perder seu amor, eu não entendo, mas prefiro não entender.

–Certo, que horas são? - Pergunto depois de alguns minutos, deixando o calor aconchegante do abraço de Tonny.

–Umas 19hrs. - Responde ele

–E esse Merle? É seguro ficar com ele?- Pergunto ignorando totalmente e presença dele no recinto.

–Ei lindinha, eu estou aqui. – Fala Merle- Eu salvei sua vida e você fica falando isso? Que ingratidão, até magoa meus sentimentos assim.

–Ótimo, mais um idiota pra coleção- Resmungo.

–Cuidado com a boca garota, salvei sua vida uma vez, mas posso tira-la quando eu bem entender- ameaça Merle. Olho assustada pra ele, o que parece fazê-lo se sentir culpado já que acrescenta- Eu sei que vocês perderam uma pessoa importante, mas a vida continua, e ficar chorando não vai adiantar porra nenhuma. Ajudei vocês em um momento de loucura. Não sei aonde tava com a cabeça quando fiz isso.

– Certo, eu vou dormir, esse dia foi cansativo, qualquer coisa gritem- avisa Willian subindo as escadas que provavelmente levavam para os quartos, com Tonny indo atrás.

Encaro Merle por alguns segundos e ele me encara de volta, como se estivéssemos em uma briga via pensamentos. Percebo o quão idiota estamos sendo e começo a rir, que logo é substituído por um soluço e começo a chorar desesperadamente. Como posso rir em um momento desses? Logo mãos grandes e calejadas estão desjeitosamente nos ombros, e Merle resmunga coisas como “não chore garota” ou “vai ficar tudo bem” o que não vai acontecer, mas mesmo assim me acalmo.

Não sei como começou, mas quando percebo estamos em uma conversa amigável como se nos conhecêssemos há anos. Ele me contou que está procurando seu irmão: Daryl Dixon, e estava andando pela cidade quando ouviu os tiros, estava entediado e por isso revolveu ajudar. Ele é um homem bem legal até, se você souber entende-lo, tirando o fato que ele tem a terrível mania de me chamar de “garota”.

–Ah, eu estou procurando meu primo. Piter Smith- Falo.

–Como ele é? – Pergunta Merle.

–Alto, cabelos castanhos, olhos verdes, meio idiota..

– Irritante?- Questina. Concordo coma cabeça- Acho que o conheci.

–Sério? Quando? Onde?- Bombardeio ele de perguntas. Meu primo está vivo!

–Deixa de ser histérica garota. Sim, faz uns meses já, ele seguiu na direção contraria a minha- Responde.- Mas não crie esperanças, quando passei por lá no começo disso tudo, estava totalmente tomado. Obviamente ele morreu lindinha, sinto muito.

E com esse comentário ele praticamente extingue todas minhas esperanças.

Depois de mais ou menos uma hora e meia conversando, me ajeito no sofá tentando dormir. Recordo do meu quase estupro, o que me faz lembrar do meu tio. Eu já perdoei ele, raramente ele fazia isso, só quando bebia e nunca passou de algumas caricias. Graças a Deus eu não fiquei traumatizada igual algumas pessoas que não aceitam nenhum contato físico, mas mesmo assim era horrível. Depois de alguns minutos o sono me dominou.

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Já se passou uma semana desde a morte de Melanie. Eu e Willian estamos bem melhores, já Tonny se fechou pro mundo, o que me deixa preocupada. Ainda estamos morando na mesma cabana de madeira, que é no meio da floresta próxima a cidade, é realmente lindo e poucos zumbis chegam aqui. Mas os suprimentos estão acabando. No dia seguinte daquele Merle e Tonny foram pegar suprimentos, mas a área do supermercado estava totalmente tomada pelos zumbis, então hoje eu vou. Sozinha. Não há exatamente um motivo especial para isso, mas eu estou precisando de um momento sozinha, e com muito custo consegui convencê-los.

E aqui estou eu me arrumando para partir. Visto uma calça jeans que valoriza minhas curvas sutis e uma camiseta branca, calço minhas fieis botas e amarro meu cabelo em um rabo-de-cavalo desajeitado. Pego meu machado e coloco na minha cintura já curada, e coloco minha arma na bota. Pego minha mochila que contém minhas coisas pessoas e dois enlatados, caso eu precise passar a noite na cidade. Dessa vez vou para o lado norte da cidade, que é mais longe da cabana e com menos zumbis. Desço a pequena escada em direção à cozinha onde estão os três homens da minha vida.

– Olá queridos- Anuncio minha chegada fazendo uma pose- A diva chegou.

–Está parecendo uma patricinha assim garota, cuidado pra não quebrar as suas preciosas unhas- Zomba Merle, que está sentando em uma cadeira ao redor da mesa.

–Isso é tudo é inveja por não ter esse corpinho- Provoco passando a mão das laterais do meu corpo. O que arranca uma risada de Willian que está sentado em frente a Merle me olhando e um sorriso de Tonny, que está observando a floresta pela janela. - E pare de me comer com os olhos Willi-Will, eu sei que sou gostosa. - Acrescento dando uma piscade-la na direção dele, o que o faz gargalhar mais ainda.

–Ai meu estomago- Engasgou rindo mais. Idiota- Você é incrivelmente engraçada pirralha.

–Certo, estou indo- Ele para de rir na hora, me encarando sério. - Que foi? Já resolvemos está questão, eu vou e ponto.

–Ainda acho que você não vai voltar viva- Declara ele com raiva.

–Calma Willian, Kath sabe se defender, e você sabe disso –Fala Tonny me defendendo. Aleluia alguém sensato.

–Não foi o que pareceu naquele dia quando ela estava quase sendo estuprada- Ralha Willian. Olho com raiva pra ele.

–Ele me pegou de surpresa! Eu não tive culpa- Grito saindo da cozinha, pegando minhas coisas e partindo em direção da porta. Moleque idiota do caralho.

–Kath! Kath me desculpa... - Desculpa-se Willian me alcançando- Eu não tive a intenção de falar que você não sabe se defender, é só que... Eu me preocupo e não quero que nada de mal aconteça com minha irmãzinha. - Declara. Olho surpresa em sua direção, ele parece estar sendo sincero.

–Tudo bem, me desculpe também- Peço abraçando-o- Eu vou voltar hoje mesmo, não se preocupe.

–Ok, se cuide baixinha- Murmura- E não se esqueça: Sobreviver em primeiro lugar.

Concordo com a cabeça e saio da cabana, partindo em direção a cidade. Espero que eu volte viva.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? O que será que a Kath vai encontrar lá na cidade ein? Comentem!
(Eu ia matar o Tonny também, mas como minha querida Edoarda pediu para não faze-lo decidi deixar ele vivo, por enquanto.)