Verdades de um passado escondido escrita por Cibaa


Capítulo 4
Luana aprende a dizer adeus


Notas iniciais do capítulo

eu: um capítulo um pouco deprê pra vcs...
le ana: é eu tbm achei um pouco deprê ms fundamental pra historia, né Ciba?
eu: exatamente le ana. Tá aí o cap, espero q gostem



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Luana estava parada no pé da escadaria que levava ao segundo andar enquanto seu pai e seu irmão desciam cuidadosamente o baú que ela herdara, cada um segurando de um lado. Sua mãe já tinha empacotado a coleção de taças de cristal e as coleções de relógios e enciclopédias já estavam no carro.

Felizmente tinham trazido poucas malas e o carro era grande, então poderiam levar o baú no porta-malas. O baú era da altura da cama e menor do que ela em comprimento. Já os quadros de Igor teriam que esperar. Eram onze no total e não havia espaço para eles.

Pegaram o carro e foram para o hotel em que tinham ficado noite passada. Luana foi a primeira a ficar pronta. O velório de sua avó seria as três horas da tarde e o enterro as cinco.

Ela não parava de andar de um lado para outro dentro do pequeno apartamento que estava dividindo com Flávio. Estava nervosa e anciosa com tudo que iria acontecer a - consultou o relógio na parede- daqui duas horas.

– Eu não aguento mas ficar aqui- ela gritou para Flávio que estava no chuveiro- Vou dar uma volta.

– Ok Lana, só não vá muito longe- Flávio gritou de volta.

Enquanto ela descia as escadas se lembrou de quando ela e o irmão eram pequenos. Ele, por alguma razão desconhecida, não conseguia falar a letra "u" e chamava a irmã de Lana. Todo mundo implicava com ele por causa disso, até que um dia a avó deles começou a chamar a menina de Lana também e o apelido acabou pegando.

"Sempre tinha a solução para tudo..." Luana pensou já passando pelo portão do hotel. Andou até a pequena praça da cidade. Uma ou outra pessoa andava de bicicleta aqui e ali. Flores das mais variadas cores coloriam o caminho em meio das árvores. Ela colheu algumas e fez um buquê.

Sentou em um banco no meio da praça, o buquê do seu lado. Sentia que devia pensar no que sua avó escrevera na carta. Ela e o irmão teriam que terminar algo para a avó. Justamente para ela, que sempre dava um jeitinho para tudo. Mas não conseguia pensar em mais nada. Não agora. Ainda não era a hora certa para resolver esse caso.

Ficou um tempo sentada, olhando para o nada. Então Felipe apareceu. Luana já esperava por ele. Felipe estava com um jeans e uma polo preta, de all star também preto. Nada de especial. Os cabelos loiros estavam bem penteados, o que de certa forma destacava seus olhos negros.

Felipe sentou no seu lado e apontou para o que era o buquê. As flores tinham sido espalhadas pelo vento.

– Acho melhor você amará-las- ele disse tirando um cordão do bolso. Antes que Luana pedisse explicações, Felipe explicou: eu já estava pensando em colher algumas flores, já que não faço a mínima ideia de aonde posso comprar.

Luana arrumou as flores e Felipe amarou o cordão.

– Bem melhor, não acha?- Ele falou.

Luana apenas balançou a cabeça positivamente em resposta. Ela não queria muito papo. Claro, estava triste. Felipe sabia que nada que ele dissesse animaria a irmã. E ele nem sabia o que dizer. Ela era um ano mais nova do que Felipe. Deveria estar esperando algum tipo de consolo enquanto encarava as pedras no chão.

Mas tudo o que ele fez foi se encostar no banco. Devagar ela encostou a cabeça no seu ombro. Talvez não precisasse dizer nada para consolá-la. Ele abraço os ombros da menina. Alguns gestos valem mais do que palavras.

Perto das três horas eles levantaram e voltaram para o hotel. Junto com os pais foram de carro até o local do velório. Se alguém pedisse para Luana refazer o caminho até o hotel ela se perderia facilmente. Não que o local fosse longe, veja bem, mas ela estava meio atordoada.

Poucas pessoas apareceram no velório. Felipe percebeu que Priscila tinha alguns amigos na cidade, como o advogado, o padre e o açougueiro, que foram os únicos que apareceram além dos filhos e netos dela. Sua avó era muito discreta. Parecia que vivia se escondendo naquele casarão no meio do nada.

Felipe se perguntou qual seria a verdade que a avó mencionara na carta e o que ela não conseguiu terminar. E será que tudo isso teria alguma ligação com o fato de sua avó viver tão isolada?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo choro de Luana. Pobre menina. Seus cabelos compridos cor de mel que ela herdara da avó estavam despenteados e os olhos verdes cobertos de água.

Ela até podia ser apenas um ano mais nova que Felipe e, muitas vezes, mais esperta do que ele, mas agora diante da perca repentina de seu avô logo seguida pela perca da avó, ela parecia uma criança. Inocente, pequena, ainda aprendendo as simples lições da vida. Sofrendo por algo tão trivial.

O enterro foi lá pelas cinco horas. Foi rápido. Luana estava mais calma e bem menos lágrimas foram derrubadas. Ela deixou as flores em frente do túmulo recém fechado. Logo todos foram embora e a família colocou o pé na estrada.

A viagem de volta para o Rio foi silenciosa. Até mesmo Daiana parecia um pouco abalada. Talvez, pensou Felipe, ela tivesse coração.


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Notas finais do capítulo

e ae?
mereço comentários???



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