Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 26
Isso não é um adeus


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente
Quero agradecer e dedicar esse capítulo à Alice Dixon Ludwig pela linda recomendação!!! Amei =) E também agradecer a todas às leitoras pelos comentários e atenção... Eu não colocava muita fé nessa fic, mas estou feliz que você estejam gostando, estou dando meu máximo aqui =)
Eu ia dividir esse capítulo em dois, pois está muito grande, mas resolvi postar assim por conta da recomendação!
Espero que gostem e boa leitura



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Capítulo 26 – Isso não é um adeus

Na noite passada, as coisas não saíram como eu planejei. Quando cheguei em casa durante a madrugada – culpa de um espanhol bêbado – pulei a mesma janela que usei como fuga. A casa estava quieta e silenciosa e eu esperava que os travesseiros na minha cama que estavam se passando por mim tenham funcionado. Nas pontas dos pés eu me arrastei até a sala, quase correndo para chegar ao corredor, mas então... Um abajur foi aceso e eu me assustei com a cara do meu pai, mal iluminada pela pouca luz. Eu deveria saber que enganar a minha tia era uma coisa, mas meu pai? Ele nunca era passado para trás facilmente.

Depois de uma hora de sermão, sobre irresponsabilidade, indisciplina, e blá, blá, blá, eu fui mandada para o quarto de onde eu não poderia sair até que meu pai dissesse. Droga! Ficar sem nada para fazer apenas me fazia pensar em certo russo. Por isso eu passei essa manhã toda me lembrando do nosso quase encontro na feira de São Christovan. Ele estava lindo como sempre, eu não era louca de dizer o contrário, mesmo que eu estivesse um pouco brava com ele, ou talvez nem tão pouco assim. Mas o que mais me deixou curiosa era o porquê dele estar aqui. Apenas mais um serviço? Ou ele estava aqui porque o prazo do meu pai acabava amanhã? Duplamente droga! Eu tinha quase me esquecido disso. Nathan vai aparecer amanhã e eu daria tudo para colocar uma bala na cabeça daquele bastardo lazarento.

Eu me joguei ainda mais na minha cama, olhando para o teto enquanto tudo isso passava pela minha cabeça.

Eu achava que o Dimitri ajudaria o meu pai. E independente das nossas desavenças, eu esperava que ele o fizesse. Ele era o único que conhecia o Nathan bem o suficiente. Claro, meu pai sempre poderia abrir mão da maldita mina, mas eu achava que isso não fosse o suficiente com o Nathan. Não era do feitio dele apenas apertar as mãos em um acordo de paz.

– Rose? – Meu pai bateu na minha porta.

– Entre. – Eu disse me sentando e ajeitando meu vestido torto.

Meu pai apareceu ali, vestido da mesma forma de sempre, terno completo, gravata de couro, chapéu e lenço bem passado no bolso esquerdo do paletó. Ele fechou a porta atrás dele e se sentou ao meu lado na cama.

– Você já comeu?

– Sim, seus empregados se preocupam comigo o suficiente para me manter alimentada.

– Rose. – Meu pai suspirou. – Você entende o quanto eu me preocupo com você? Você é tudo o que me resta. Eu só quero protegê-la.

– Você não precisa me manter como sua prisioneira para isso.

– Não mesmo? – Ele fez aquela cara de quem sabia de tudo. - Quando te dei um pouco de liberdade você atravessou o Texas todo com uma companhia de cowboys.

– Eu posso ter exagerado um pouco... – Encolhi os ombros.

– Eu vim aqui para dizer que você pode sair do quarto. Você sabe que meu prazo termina amanhã. - Eu me sentei mais ereta, finamente algo que valia a pena falar.

– E o que você vai fazer?

– Eu não vou dar minha mina para aquele bandido. Aquela mina é como um túnel que liga quatro grandes cidades. Nas mãos erradas essas saídas podem se tornar uma arma. E o mais importante, o nome Mazur ainda vai continuar sendo temido nessas terras. Deixe com o seu pai, querida, aquele garoto não me causa medo. – A voz do meu pai era tão sombria que eu tinha certeza de que o Nathan não duraria nem uma hora em El Passo. E agora eu entendia quando chamavam meu pai de Zmey, a serpente. Ele o tipo de homem que intimida quem quer e que tem o que quer.

– É assim que se fala, velhote. – Brinquei, arrancando um sorriso orgulhoso dele.

– Dimitri disse que quer um tempo a sós com o canalha do Nathan. Mas isso aqui não vai ficar bonito de se ver quando a recusa for feita, por isso ele estará ao meu lado. Ele é um bom homem, mas não para você, Rose. – Eu soltei um longo suspiro cansado.

– Eu gostaria de dizer umas boas palavras para aquele canalha também. – Só de ouvir esse nome meu sangue fervia e eu só pensava em vingança. Eu queria que ele pagasse por tudo o que ele havia feito. Meu pai tinha a boca apertada em uma linha fina e só fazia isso quando tinha algo difícil para falar.

– O que foi? – Perguntei desconfiada.

– Eu não quero você perto do Nathan nenhuma outra vez se quer, Rose.

– Como assim? Não podemos impedir isso, ele estará aqui amanhã ao meio dia.

– Ele vai, você não.

– O que? – Eu me levantei em um salto da cama. Olhando nos olhos do meu pai.

– Isso mesmo, Rose. Eu disse que as coisas não vão ficar boas e eu não quero você aqui. Eu disse que você é a única coisa que me resta e não vou perdê-la. Você vai embora hoje com sua tia Kirova, estão voltando para a Geórgia, onde é seguro.

– Eu não vou voltar! – Gritei. – Eu só acabei de chegar.

– Sua tia já está arrumando as coisas e concordou que...

– É claro que ela concordaria, é uma medrosa e aposto que você encheu bem a carteira dela novamente.

– Ela é sensata, Rose. – Meu pai devolveu. – E isso não está em discussão. Sua segurança vem em primeiro lugar e você vai voltar nem que seja amarrada, não seja cabeça dura uma vez na sua vida, Rose.

– Eu amo o Texas, pai. Não quero voltar para aquela vida de vestidos caros, chás da tarde e velhas fúteis.

– Eu prometo que assim que a poeira baixar aqui eu vou buscá-la. Mas faça mais esse sacrifício por mim, minha filha. É a última vez que eu te peço algo assim.

– Eu não tenho escolha... – Resmunguei. Apenas duas pessoas podiam me convencer a ser responsável, meu pai e certo cowboy muito arrogante.

– Você promete que ficará segura?

– Prometo pai.

– Você está fazendo a coisa certa. – Meu pai sorriu, me dando um tapinha no ombro, assim que se levantou. – Agora, arrume suas coisas, vocês no têm pouco tempo, saem às duas da tarde.

Depois disso, eu me empenhei em preparar minhas malas – mais uma vez. Eu odiava a ideia de voltar para a Geórgia e principalmente a ideia de abandonar as pessoas que eu mais amava e o pior de tudo, aguentar minha tia Kirova 24 horas por dia.

Eu não tinha tantas coisas para arrumar. Os vestidos caros que eu tinha trazido não tinham sido usados aqui e ainda estavam embalados. Mas minha tia fez questão que eu usasse um vestido azul escuro de algodão, arrematado com um espartilho todo rendado que me fazia parecer muito mais magra. Eu tentei protestar, mas desisti quando a batalha se tornou cansativa. Adeus botas, casacos de couro e calças folgadas.

– Você está linda, Rosemarie. – Minha tia sorria orgulhosos para o penteado que ela tinha acabado de fazer no meu cabelo. Um coque alto, em que vários fios caiam sobre o meu rosto em branco. – Agora só falta prender a presilha... – ela colocou algo com pérolas no topo. – E pronto. Nem vão dizer que é a mesma garota que chegou com uma comitiva de cowboys.

– Definitivamente não é a mesma garota. – Disse me olhando no espelho.

– Sorria, querida. Estamos voltando para a civilização.

– Parece que meu pai te deu mais dinheiro do que eu pensava. – Resmunguei. Ela estava empolgada demais. Sem falar no vestido volumoso com muitas rendas e brilho que ela usava, e claro o chapéu grande combinando.

– Ele se preocupa com você, Rosemarie. – Ela terminou de fechar minha última mala. – Agora tire essa cara emburrada. Novos ares vão fazer bem para você, e você pode até mesmo encontrar um rapaz na Geórgia. Um digno dessa vez. Lembra-se dos Conta? O filho deles está procurando uma noiva e ele acabou de se formar em direito na Europa.

– Não que você esteja planejando isso, não é? – Bufei e me afastei do espelho.

– Claro que não, querida. Mas eu não seria uma boa tia se não a ajudasse com um partido. Seu pai é sempre tão ocupado e sua mãe... Não vale a pena falar dela.

– Desculpa, tia kirova, mas minha mãe ao menos arranjou um marido para ela mesma. – Levantei as sobrancelhas e cruzei os braços. Eu não gostava que falassem mal da minha mãe, apenas eu podia falar dela assim.

– Eu... Eu....Bem, eu precisava cuidar de você e não tinha tempo para me preocupar com isso.

– Claro... – Ironizei.

– Você está sendo abusada, Rosemarie. E...

– Tudo bem aqui? – Meu pai estava na porta do meu quarto.

– Tudo bem. – Eu estava rindo e meu pai não engoliu a história. Ele sabia que eu estava importunando minha tia.

– Ibrahim, sua filha... – Abe levantou a mão.

– Agora não, Kirova, Rose tem visita.

Eu nem esperei por uma resposta e desci correndo as escadas, o máximo que meus sapatos de salto permitiam.

– Rose! – Lissa estava ali com Christian. Eu coloquei minha decepção bem no fundo, não sei por que eu esperava por outra pessoa. É claro que ele não se importava. Mas eu estava feliz de ver minha amiga antes de partir.

– Ei! – Eu sorri.

– Uau, Rose. Você parece diferente. Nem achei que fosse você descendo essas escadas.

– Muito engraçado. – Sorri falsamente para o Chris.

– Ai, Rose. – Lissa veio me abraçar, optando por ignorar o namorado. – Eu não acredito que você já tenha que voltar.

– Eu sei. Mas eu prometi ao meu pai que ficaria em segurança. Assim como ele prometeu que irá me buscar quando as coisas ficarem mais calmas por aqui.

– Eu entendo por que ele está preocupado, Nathan pode feri-la para atingi-lo. – Ela disse preocupada.

– Eu vou estar bem longe daqui amanhã, não vai acontecer nada. – A tranquilizei.

– Eu vou sentir sua falta, Rose. – Ela me deu um sorriso triste. – E o Chris também. – Acrescentou.

– Eu estou aqui porque fui forçado. – Ele respondeu.

– Vem cá, Ozera. – Eu corri para abraça-lo. Mas ele não se afastou, pelo contrário, me abraçou apertado.

– Cuide-se. – Eu sorri de forma presunçosa. – Lissa ficaria muito triste se algo acontecesse a você. – ele disse limpando a garganta.

– Pode admitir que me ama, você só está se fazendo de bobo. – Eu ri.

– Espere sentada, Rosie.

Lissa e Christian almoçaram comigo. Alguns dos cowboys da comitiva estavam na cidade, segundo o Christian, mas meu pai pediu sigilo sobre minha localização e por isso eu não teria chance de me despedir deles. Adrian e Mason ficariam chateados quando descobrissem.

Às duas horas foi se aproximando depressa. Eu vi todas as minhas malas sendo carregadas na diligência e minha tia preparando alguns alimentos para a viagem com os empregados. Eu não sabia o motivo, mas eu estava nervosa. Ele realmente não veio nem para dizer adeus. Meu pai deveria ter falado com ele que eu estava deixando, afinal, eles tinham um negócio agora.

Frustrada, eu andei até o estábulo. O único lugar da casa que não tinha ninguém. Minha tia ia gritar até estourar meus tímpanos quando visse que eu sujei meu sapato novo com a poeira branca. Como se eu me preocupasse.

Eu ia sentir falta do ar aqui, do cheiro de comida caseira, meu pai, Lissa, e inferno, até mesmo do Christian. Eram tantas pessoas que eram importantes para mim e que agora ficariam para trás, mais uma vez.

Quando eu fui embora à primeira vez eu estava aliviada, estava revoltada porque minha mãe tinha nos abandonado e tudo na casa me fazia lembrar-se dela, eu me lembro de que na época eu estava feliz em ir para a cidade grande. Mas meses depois eu vi que meu lugar era nas pradarias do Texas. E quando pedi para voltar, eu tinha minha tia para me controlar e me proibir de ser quem eu realmente era.

Mas dessa vez era totalmente diferente. Eu não queria ir embora. Eu tinha vindo para cá e voltaria outra pessoa. Como eu poderia ser a mesma garota encrenqueira que fugia para beber na marina depois de ter conhecido o Sr. Nagy e até mesmo o Dimitri.

Meu coração sempre parava uma batida ao me lembrar do meu falecido amigo e uma enorme vontade de vingança tomava conta. Eu esperava que o meu pai e o Dimitri colocassem o Nathan onde ele merecia. Eu tinha certeza de que se dependesse do Dimitri ele ia se vingar, Sr. Nagy era como um pai para ele. E o homem cruel havia tirado tudo o que ele já amou nessa terra.

Eu parei de frente a uma das baias, respirando fundo, e tentando acalmar meus pensamentos conturbados.

– Rose? – Eu me assustei. E só uma pessoa era capaz de se aproximar tão silenciosamente assim de mim, mesmo que eu achasse impossível.

– O que você está fazendo aqui? – Disse sem me virar, mas no fundo eu sentia um enorme alívio.

Ele demorou um pouco para responder.

– Eu não poderia deixa-la ir sem me despedir. – Sua voz era rouca e baixa.

Eu ri sem humor, então, me virei. Olhar para ele sempre me pegava se surpresa. Dimitri parecia o mesmo. O mesmo casaco de couro longo por cima da camisa de linho e colete, a mesma calça escura e as mesmas botas pesadas. Faltava apenas uma coisa, seu chapéu, que na verdade estava dentro de alguma das minhas malas nesse momento. Seu cabelo estava solto hoje, roçando seu maxilar tenso e seus olhos mais escuros do que normalmente são, olhando-me intensamente. Eu quase me esqueci do por que dele estar aqui agora, e se eu não fosse firme o bastante poderia cair de joelhos e perdoa-lo por qualquer coisa. Mas comigo não era tão fácil assim.

– Você não parecia preocupado em se despedir da última vez. – O encarei me encostando a um pilar de madeira e cruzando os braços. Ele estava a apenas uns cinco passos longe de mim, mas eu podia sentir seu cheiro de pós-barba, misturado com seu cheiro natural e masculino.

– Por que não era uma despedida. – Ele me olhava intensamente e eu sabia que minha aparência diferente podia ser um dos motivos. Se isso era uma coisa boa ou não eu não sabia dizer.

– Não? – Minha voz era confusa, mas confiante. – Então o que era, Dimitri? Você sumiu por dias depois de ter dormido comigo, sem ao menos me dar uma explicação. Um “tchau, Rose, estou saindo da sua vida por que eu sou um cowboy e você uma moça boba que dormiu comigo” seria melhor. – Minha respiração estava rápida quando eu terminei.

– Não é assim, Rose. Você sabe que eu nunca usaria você desse jeito. – Ele deu um passo à frente, fechando nossa distancia, e quando sua mão forte agarrou meu braço eu me surpreendi por bater no seu rosto com um tapa forte.

Tenho certeza de que meu rosto parecia tão chocado quanto o seu. Eu ia começar a pedir desculpas, mas então me lembrei do que ele tinha feito novamente. Ele me usou. Ele mexeu com meus sentimentos para em seguida ir embora sem olhar para trás. Eu estava tão confusa que eu virei às costas e comecei a voltar para a diligência, desejando deixar essa cidade o mais rápido possível.

– Rose! Será que eu posso falar com você por um segundo?

Eu fiz uma parada brusca e o encarei. Era difícil decidir o que fazer. Uma parte de mim queria pedir para que ele nunca mais me abandonasse, mas a outra parte queria machuca-lo tanto quanto ele me machucou.

– O que?!

Ele estava esfregando o rosto, onde uma marca exata dos meus dedos estava se formando.

– Por que você fez isso?

Eu cruzei os braços.

– Não banque o inocente comigo, seu idiota! Como eu me apaixonei pelos seus truques eu nunca vou saber. – Como eu me odiava por ser fraca.

– Isso de novo não. – Ele disse exasperado, revirando os olhos.

– Não revire os olhos para mim. – Eu estava com tanta raiva. – Como você pode dizer que me ama em um minuto e no próximo ir embora para sempre?

– Eu não ia para sempre. – Ele se defendeu.

– Mais alguma desculpa?

– Você sabe por que eu fiz isso, Rose. – Ele também estava exasperado, ao ponto de levar as mãos à cabeça. – Eu já te disse uma vez. Não sou bom o suficiente para você. Nathan já me tirou tudo o que eu já amei, eu não posso o deixar tirar você também, você viu o que aconteceu da última vez, se o Sr. Nagy não estivesse lá... – Ele abaixou a cabeça, triste pelas lembranças. - Eu achei que em breve você se esqueceria de mim, por isso saí sem dizer nada, achei que seria mais fácil.

Eu o olhei por um longo tempo antes de responder.

– Você tem noção do que eu passei desde que você se foi? Como eu me sentia? Você sabe que eu não me importo com nada disso, eu só quero ficar com você, Dimitri. – Minha voz estava carregada de emoções, assim como os olhos do cowboy na minha frente.

– Perdoe-me, Rose. – Ele deu um longo passo, me pagando de surpresa quando me puxou para a segurança do seu abraço. Eu passei os braços ao redor da sua cintura, aproveitando a proximidade dele. – Eu nunca quis machuca-la. Isso era tudo o que eu queria evitar. – Eu me afundei ainda mais nele. Mas não respondi, eu não estava pronta para perdoa-lo assim tão fácil.

– Por que você mudou de ideia? Você me disse outra coisa quando estávamos viajando, você prometeu ficar comigo. – Eu o lembrei, minha voz abafada pelo seu casaco.

– Seu pai me lembrou de que estávamos lidando com o Nathan. Ele usaria você contra mim se soubesse que eu a amo, assim como ele pode usar você contra o seu ai. Temos a vantagem, pois ele não sabe que você é a filha do Mazur, mas ele a reconheceria daquele dia do ataque. Ele saberia que você é importante para mim, ele me conhece bem, infelizmente. E por isso você deveria se esquecer de mim... – Ele disse com tristeza.

Eu me afastei dele, para olhar para seus olhos tristes.

– Você e meu pai são uns idiotas por combinar coisas nas minhas costas, sabe que eu nunca concordaria com isso.

– Eu sei que não. – Um pequeno sorriso tocou a curva dos seus lábios. – Você é teimosa, Rose. E foi por isso que eu saí sem dizer nada. Eu sabia que você iria ficar com raiva de mim e tudo seria mais fácil, para você pelo menos.

– Você está certo quanto a eu estar com raiva, camarada. – Seu apelido saiu sem querer, o que o fiz sorrir novamente e apertar minha mão apertada na sua.

– Te deixar foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Essa foi a pior semana da minha vida, Rose. E quando eu a vi naquela feira, eu vi seu olhar de ódio para mim e naquele dia eu paguei todos os meus pecados. Mas eu não podia fazer nada, não posso arriscar sua vida por mero egoísmo meu. – Ele suspirou.

– Eu odeio que você seja tão super protetor. – Bufei. – O que o fez mudar de ideia então? Por que você está aqui?

– Seu pai veio que dizer que você estava voltando para a Geórgia, onde estaria mais segura. Eu não podia deixar você ir embora me odiando. Eu não sei quando a verei novamente, Rose, ou se a verei. Não sei o que vai acontecer amanhã...

– Não seja imbecil, Dimitri. Eu vou embora, mas não vou ficar por lá muito tempo. Eu vou voltar, prometo. – Apertei sua mão, para provar que aquele não era nosso adeus definitivo.

– Eu acredito em você. – Ele sorriu. – Mas se a gente não se vir novamente, eu quero que saiba que eu te amo, Rose. Mais do que eu já imaginei amar alguém um dia. Você me pegou de jeito, minha vaqueira. – Ele me puxou para seus braços novamente. Onde eu me enterrei feliz.

– Cuide do meu pai para mim?– Pedi.

– Eu irei. Prometo.

– E não se esqueça de cuidar de você também, eu não posso perdê-lo. – Ele não respondeu de imediato, o que me preocupou.

– Eu farei o possível. – Ele disse beijando minha testa e me afastando. – Eu vingar o Sr. Nagy, Rose, vou vingar nosso amigo. Nathan não vai sair impune novamente se depender de mim. E quando tudo se acalmar, eu irei com seu pai para buscá-la.

– Só não faça nada estúpido, tem alguém que te ama esperando por você. – Acaricie sua barba rala. – Essa conversa não acabou ainda. – Eu subi nas pontas dos pés para deixar um beijo na sua bochecha, então me virei para ir embora, mas fui impedida por um par de mãos me puxando pela cintura.

– Aonde você pensa que vai? – Seus olhos ainda estavam tristes, mas seu sorriso era presunçoso. O cowboy arrogante que eu conhecia e amava sempre seria uma parte dele.

– Eu não tenho mais nada para falar com você agora, preciso pensar em tudo isso e ver se eu vou perdoá-lo. – No fundo ele já estava perdoado e tinha meu coração, ele sempre teve. E ele sabia disso, estava escrito na minha cara o quanto eu o amava.

– Então não fala nada. – Na batida de coração seguinte, Dimitri colou seus lábios nos meus, fortes e possessivos. Eu o puxei pelo pescoço, enquanto senti minhas costas batendo contra a porta de madeira da baia. Nossas línguas brigavam juntas, em uma dança sensual e muito gostosa. Dimitri me empurrava na madeira, enquanto colava seu corpo cada vez mais ao meu. Havia tanta saudade, e paixão desesperada nesse beijo. Além é claro de muitas promessas. Buscando mais dele, o empurrei até que ele batesse na porta paralela a que eu estava antes. O baque surdo fez um par de cabrestos caírem no chão, tintilando no chão. Isso nos fez rir, mas sem desgrudar nossos lábios.

Quando Dimitri me pegou pela coxa, erguendo-me do chão e me apertando contra uma nova parede, ele decidiu que era hora de parar. Infelizmente.

– Acho que estou satisfeito com a despedida... – Sua voz era ofegante e seus lábios estavam inchados. Eu não deveria estar diferente, fora que eu sentia que meu coque não estava tão perfeito como era antes.

– Eu ainda não terminei. – Minha voz era abafada por que eu estava concentrada em beijar se pescoço.

– Rose, seu pai pode aparecer e eu não gostaria de explicar por que eu estou prensando sua filha enquanto ela está agarrada a minha cintura. – Ele disse sério, mas havia diversão na sua voz e olhar.

– Eu adoraria que minha tia nos pegasse agora. – Ele riu novamente, mas me colocou no chão em seguida.

– Por mais que eu queria manter você aqui eu acho que seu pai deve estar se perguntando por que de tanta demora.

– O que você falou para que ele deixasse você me ver?

– Ele veio me contar que você estava indo embora essa manhã e acho que ele viu algo no meu rosto por que antes de sair ele disse que você sairia às duas horas e que eu não deveria me atrasar, pois sua tia era pontual.

– Acho que eu preciso agradecê-lo antes de partir.

– Não, eu quem devo agradecer, Roza. – Eu sorri, com saudades do meu nome sendo pronunciado na sua língua nativa.

– Rose! – A voz do meu pai estava próxima, talvez na entrada do estábulo. Provavelmente meu pai sabia o que estava acontecendo, pois ele não tinha o costume de se anunciar. Eu sorri para isso, Abe sempre sabia de tudo.

– Estamos aqui, Sr. Mazur. – Dimitri respondeu.

– Espero que já tenham tido tempo o suficiente para se despedirem, pois Kirova já está dando chiliques de dentro da diligência.

Antes que meu pai dissesse mais alguma coisa eu corri para abraça-lo e disse obrigada no seu ouvido. Ele sabia o porquê do obrigada.

Dei adeus ao meu pai e ele e Dimitri me acompanharam até a diligência que esperava por mim.

– Anda, Rose. Não temos o dia todo. – Minha tia estava concentrada em um espelho e no seu batom vermelho e não tinha visto Dimitri ali ainda.

Ele aproveitou e me deu um último abraço apertado.

– Tenha cuidado e espere por mim. – Então ele ficou sério enquanto segurava meu rosto com suas mãos. – E não confie em ninguém, Roza. – Ele disse com preocupação.

Eu acenei e com um último adeus para o meu pai, subi na diligência.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Comentem!
Beijos e até o próximo



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