Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 24
Abandonada


Notas iniciais do capítulo

Oi genteeee
Quero agradecer e dedicar o capítulo à Dream pela incríveeel recomendação!!! Esse capítulo é todo seu linda =))
E como a regra é clara - to no clima de copa - recomendação quer dizer capítulo duplo, então amanhã postarei o outro =)
Espero que gostem e boa leitura...



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Capítulo 24 - Abandonada

– Não pai, eu não entendo. – Eu já estava gritando a esse ponto. Tentei me levantar do sofá, mas fui impedida pelas mãos da minha tia Kirova, puxando-me de volta.

– Escute alguém uma vez na sua vida, Rosemarie. – Tia Kirova tentou colocar um pouco de senso na minha cabeça, mesmo ela sabendo que era uma tarefa inútil. – Só queremos o seu bem.

– Como vocês podem ter tanta certeza do que é bom para mim? – Minhas mãos se moviam nervosamente no meu colo, expressando meus sentimentos de raiva, angústia e principalmente o aperto constante que estava no meu coração.

Meu pai estava sentado na poltrona bege de frente ao sofá grande, fundo e bordado em que eu me encontrava com a minha tia. Ele me olhou com pena por um segundo, e eu achei que ele voltaria atrás na sua decisão, mas então ele suspirou e trancou seu olhar no meu.

– Você é nova demais para entender, Rose. Isso é apenas uma paixão jovem, você não sabe...

– Eu não sei? – Gritei. Meus pulmões doíam pelo esforço que eu tinha em respirar, então me forcei a me acalmar, para o meu próprio bem. – Pai, eu não sou mais a sua garotinha. Eu sei o que é bom para mim, não preciso mais de ninguém para me mostrar as coisas. Eu amo o Dimitri. – Minha tia soltou uma respiração engasgada ao meu lado.

– Essa menina ficou tempo demais exposta ao sol, Ibrahim. – Ela disse com uma careta. – Onde já se viu? Apaixonada por um cowboy que não tem onde cair morto e que provavelmente vai quebrar o coração dela...

– Eu sei Kirova. – Meu pai suspirou cansado. Eu via no seu olhar que ele não estava satisfeito com sua decisão, mas ele achava que ele estava fazendo tudo para o meu bem e proteção. – Rose, eu sinto muito. Essa é a minha decisão final. Eu não quero que você volte a ver esse cowboy novamente.

– Você não pode fazer isso... – Eu engoli o caroço na minha garganta para me forçar a dizer e me mexia inquieta no sofá fundo.

– Eu posso, sou seu pai e estou apenas protegendo você. Mais tarde você irá me agradecer por isso. – Ele disse com muito pesar, mas se manteve firme.

– Isso Ibrahim! Agora eu estou vendo uma postura de um pai competente. Essa situação é absurda, já não basta que todos tenham visto sua chegada vergonhosa. Essa manhã a cidade só comentava sobre isso. É melhor que esse relacionamento acabe aqui.

Eu tentei ignorar a minha tia, meu pai era quem tinha minha atenção agora.

– Pai, você quer me ver infeliz, é isso? – Havia dor na minha voz, e isso fez meu pai fechar os olhos com força e coçar a testa.

– Eu quero apenas sua felicidade e é por isso que eu tomei essa decisão. Eu não quero minha única filha com um homem como o Dimitri. Ele é um homem do mundo, Rose, não tem nenhum planejamento para o futuro e está envolvido com o Nathan e outros bandidos, seria perigoso apenas estar na presença dele.

– Dimitri nunca deixaria que me machucassem. – Murmurei.

– Dimitri não vai estar ao seu lado o tempo todo, e ele sabe disso. – Meu pai achou que aquele era o fim da discussão e se levantou, ajeitando o palito cinza, então, foi se encaminhando para a porta. Eu me levantei as pressas, puxando seu braço.

– O que Dimitri te disse? – Eles tinham conversado ontem, depois que o Dimitri me deixou em casa. Eu queria espiar o que tanto eles conversavam no escritório, mas Kirova me fez ficar no quarto enquanto me tornava apresentável novamente. Eles tinham ficado ali por muito tempo e quando já estava escurecendo eu vi o Dimitri pela janela do meu quarto. Ele estava com o rosto nu de qualquer emoção, como uma máscara, ajeitando o casaco ele montou seu cavalo e seguiu rumo à cidade sem poupar um último olhar para trás.

Eu tinha olhos suplicantes em direção ao meu pai.

– Ele concordou com tudo o que eu disse e também achou que o melhor para você era se ele se mantivesse afastado. – Meu pai foi impassível.

– O quê? – Isso não estava certo. Eu não conseguia acreditar, Dimitri havia prometido que ficaria comigo.

– Como eu posso confiar em um homem que admiti não ser bom o suficiente para você? – Meu pai parecia com pena, mas mesmo assim, me encarou, colocando as mãos nos meus ombros.

– Ele é um vagabundo, que vive de favores e que não pode ver um par de peitos. – Kirova já estava me dando nos nervos, eu tive que respirar algumas vezes para não me virar e dizer algumas palavras que eram proibidas pelas regras de etiqueta dela.

– Ele disso isso? – Me forcei a dizer ao meu pai, sem acreditar.

– Ele me contou sua história. Como ele foi trazido para cá em um navio clandestino, o tempo em que ele trabalhou nas plantações do sul e me contou sobre quando Nathan o encontrou e o influenciou. Dimitri é um homem que já fez muita coisa errada, minha filha, e isso o atormenta, ele sabe que uma mulher de família como você merece algo melhor, principalmente depois de perder as únicas pessoas que foram realmente importantes para ele. Por isso ele concordou em ir embora e esquecer que um dia vocês tiveram alguma coisa. – Meu coração doía e eu sentia algo dentro de mim se quebrar. Uma lágrima solitária e teimosa rolou pela minha bochecha, manchando minha pele.

Meu pai prontamente a limpou, me puxando para seus braços, onde eu me enterrei. Talvez eu não estivesse tão crescida assim, eu dei meu coração para um homem na primeira oportunidade apenas para vê-lo ser despedaçado. Algo que só alguém estúpido faria. Eu tinha uma missão em Santa Helena e apesar de me dizer o tempo todo que o Dimitri não era esse tipo de homem, eu me deixei levar, como uma garotinha desesperada por atenção.

– Eu queria que você nunca tivesse deixado El Passo. – meu voltou a dizer com pesar. – Eu não queria ter que fazer esse papel de vilão, Rose. Mas eu espero que você entenda que estou apenas querendo seu bem.

Eu concordei com a cabeça. Meus pensamentos estavam uma bagunça, tão bagunçados que eu não conseguia pensar em algo exato. Eu queria perguntar ao meu pai se Dimitri o ajudaria com Nathan, e se não, qual era sua solução. Eu queria pedir pelas palavras exatas do Dimitri, mesmo que elas doeriam como adagas entrando no meu coração. Eu queria ir atrás dele e exigir uma explicação, e então, brigar com ele por ter feito amor comigo enquanto me jurava amor eterno. Mas eu não fiz nenhuma dessas coisas, nem mesmo fiz o que uma garota normal faria, que era ir correndo para a casa da melhor amiga, eu fiz o que Rose Hathaway faria, fui para o meu quarto chorar para que ninguém visse.

...

Uma batida na porta me acordou. Eu levantei minha cabeça pesada do travesseiro. Ainda estava com o vestido de algodão pêssego e branco que usava mais cedo, depois que eu acabei dormindo em meio às lágrimas. O dia ainda estava claro, indicando que eu tinha dormido apenas uma pequena parte do dia. Minhas botas arrastavam o chão de madeira enquanto eu me dirigia para a porta. Eu poderia apenas fingir que estava dormindo, seria uma boa ideia, eu não queria ver ninguém ainda.

Mas foi a insistência das batidas na porta que me fez abri-la com uma careta mal humorada.

– O que foi? – Resmunguei assim que a puxei aberta.

– Oi. – Lissa estava ali, com os olhos vermelhos e preocupados. – Sinto muito, Rose. – Ela sabia, não precisava ser um gênio para saber disso.

Fiz sinal com a cabeça para que ela entrasse e fechei a porta. Lissa se sentou na minha cama amassada e relutante eu me sentei ao seu lado.

– Como você soube? – Fui direta. Lissa e eu nunca tivemos meias palavras entre nós, éramos sempre diretas porque uma sabia tudo sobre a outra.

– Kirova. – Ela fungou.

– Eu deveria saber que ela iria fazer questão de espalhar pela cidade toda como eu fui irresponsável como minha mãe.

– Não fiquei arrancando cabelos por ela. – Lissa segurou minhas mãos em suas mãos suaves e cumpridas. – Eu cheguei aqui para vê-la e sua tia disse que você não estava se sentindo bem. Eu pensei que você estivesse doente e me sentia ainda mais culpada, então insisti até que ela me contasse sobre tudo.

– Você tinha razão. – Suspirei. – Eu me precipitei ao fazer essa viagem, como você disse, eu me apaixonei pelo cowboy arrogante, assim como você disse. – Eu nunca pensei que diria que me arrependi. Claro, houve momentos que eu nunca esqueceria e Sr. Nagy estava na maioria deles. Pensar no meu falecido amigo me fez segurar as lágrimas para não quebrar novamente na frente de alguém.

– Você não poderia saber, Rose. E além do mais, você disse que encontrou o Billy Black. Você conseguiu o que procurava. – Eu soltei uma risada forçada, encarando a Lissa.

– Dimitri é o Billy Black.

– Quem é Dimitri? – Ela me olhou confusa. Claro, poucas pessoas o conheciam por esse nome e Lissa não era uma delas.

– Dimitri é Tiro Certeiro, Kaluanã, Enoma e Billy Black. – Esses eram os nomes que eu já tinha ouvido e não me surpreenderia vê-lo ser chamado de qualquer outra coisa mais. Lissa abriu e fechou a boca umas cinco vezes.

– Tiro Certeiro era quem você procurava o tempo todo? – Ela se exaltou e sua voz saiu mais alta do que eu poderia esperar.

– Fale baixo Lissa. – Pedi.

– Desculpe-me. – Ela se controlou envergonhada. – Isso é uma loucura. Quando você descobriu?

– Apenas quando estava em Santa Helena, na verdade, eu marquei de encontrar o Billy Black sem o Dimitri saber e no final tudo não passou de um mal entendido, ou melhor, falta de comunicação.

– Você viajou esse tempo todo sem saber? Eu não posso acreditar na sua falta de sorte.

– Eu sei.

– Sinto muito pelo que aconteceu. Mas você deveria saber que o Dimitri te beijaria e depois sumiria para sempre, ele sempre... – Era isso que minha tia tinha tido a ela?

– Não Lissa, você não entendeu. – Ela parou de falar, olhando-me com a testa franzida. – Dimitri me beijou mais de uma vez, muitas vezes mais do que eu poderia até mesmo contar.

– Mas ele nunca beija ninguém uma segunda vez, a não ser... – Algo se iluminou. – Ele também se apaixonou por você.

– Isso não importa mais.

– Como não, Rose? Você tem noção do que está dizendo? Tiro Certeiro nunca deu seu coração para ninguém, você é uma sortuda. – Ela me olhava com pena e admiração.

– Ele foi embora Liss, ele preferiu fugir. Ele nunca gostou de mim o suficiente para ficar. – Eu não correria atrás dele, meu orgulho nunca permitiria isso. Se ele não queria mais nada comigo, tudo bem, eu entendia e estava aceitando isso, mesmo que doesse como o inferno.

– Por que ele iria embora?

– Porque é como você disse, Dimitri é um espírito livre e não pode ser domado. – Suspirei cansada. Essa conversa estava trazendo sentimentos que eu queria deixar no fundo da minha mente.

– Vai ficar tudo bem. – Liss me deu um sorriso gentil, pegando minha mão na sua.

– Eu estou bem. – Me forcei a me manter forte, mas ela nãp acredito, e com razão.

– Ele é um idiota de deixar você para trás, e se ele foi capaz disso, então ele não te merece. Ele pode ser bonito, sedutor e ter os olhos mais lindos que...

– Liss, você não está ajudando. – Dei um sorriso forçado.

– Desculpe. É força do hábito. – Ela corou e abaixou a cabeça. – Uma coisa não sai da minha cabeça. Que fim levou seu disfarce? – Um sorriu inconsciente brotou nos meus lábios ao me lembrar da cena da gruta, naquele tempo eu não sabia que estava apaixonada por Dimitri Belikov, e agora eu me perguntava quando isso aconteceu. Contei tudo para Lissa, desde o momento que saímos de El Passo até quando cruzamos as fronteiras novamente. Lissa ficou eufórica quando contei sobre nossa cena de amor. Ela não achava que meu relacionamento com o Dimitri tinha ido tão longe e tentou me conversar a correr atrás dele.

– Lissa, eu não vou correr atrás dele. Ele nem mesmo se deu ao trabalho de se despedir. Talvez ele só quisesse uma aventura com uma menina rica para poder contar vantagem com os amigos. – Você sabe que isso é mentira Rose, meu subconsciente dizia.

– Você nunca vai saber se não falar com ele.

– Ele já deve estar bem longe daqui à uma hora dessas.

– Você ainda é teimosa como uma mula. – Ela suspirou.

– Podemos mudar de assunto agora? – Pedi.

– É uma boa ideia. – Ela ponderou, não querendo me aborrecer e sabendo que perderia a discussão. – A mesa lá em baixo está repleta de brownies de chocolate, isso vai animá-la.

– Deve vez você está dizendo a verdade ou só quer me distrair?

– Eu juro, estou dizendo a verdade. – Lissa riu.

– Então, o que estamos fazendo aqui ainda? Eu não como brownies há semanas. – Ligamos nossos braços e descemos juntas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem!
Eu sei que essa capítulo foi meio chato, parado e só com bate papo, mas era necessário para dar andamento....Mas para não deixar vocês sem algo booom de verdade, vou adiantar uma coisa, no próximo teremos um personagem novo, é um supeeer quente espanhol =)
Beijosss