As 3 na Cidade Maravilhosa escrita por Thayna Pereira


Capítulo 1
Bom dia!




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Acordei com meu celular novo tocando histericamente. No dia da viagem, mamãe me deu um Iphone.
“Aline Vieira: Bom dia, querida! Dormiu bem?”
Apareceu na tela do celular. Mamãe tinha aprendido a usar o WhatsApp para falar todo dia comigo.
“Aline Vieira enviou uma mensagem de áudio”
Sempre assim. Enquanto eu tenho preguiça de digitar, minha mãe é lenta e sem paciência. Nós sempre usaremos gravação de voz.
— Como foi o primeiro dia? Tem muitos gatinhos aí? E a temperatura é a mesma que a nossa? As meninas são legais? Te trataram bem? Pam e Nia querem falar com você. Espera aí!
O bombardeio de perguntas me encheu de saudades. Mas ainda bem que foi um sentimento passageiro.
Fui fruto duma paixão. Meu pai se chama Eduardo, é carioca e não sabe da minha existência. E isso nunca me importou. Mas hoje senti uma teimosa expectativa de esbarrar com ele. Mamãe disse que sua aparência é de um homem branquinho, com sardas, loiro e dos olhos verdes.
Os dois se conheceram na época em que minha mãe trabalhava de garçonete na cidade. Ele estava conhecendo São Paulo. Aline sempre foi linda e, segundo ela, seus olhos azuis seduziram meu pai. Ela disse que depois que papai a conheceu, ele passou todas as horas restantes com ela. Uma paixão que nunca entenderei.
Por um bom tempo ela o aguardou. Ela diz que os dois tiveram algo muito especial e momentos como esses sempre tornarão a acontecer novamente.Ele é um homem brilhante e encantador, cheio de ideais para um mundo melhor.Repetia com os olhos brilhando, maravilhada. Eles viveram coisas lindas, mas a vida não é um conto de fadas. E, por isso mamãe assentiu, transformando-se num monstro viciado em trabalho.
E é exatamente por isso que estou aqui.
— Bom dia, baby! Você tá bem? Como foi sua primeira viagem de avião? Você levou o casaco e o protetor solar, certo?
Minha vó, como sempre, cuidadosa. Pela sua voz ela estava bastante animada.
— Bia, não esqueça de postar as fotos no Face, viu? Quero muitas fotos!
Ouvi a voz da minha avó de fundo perguntando o que era face. Eu ri.
— Booom dia! Foi perfeito mamãe! Eu e as meninas fomos a um barzinho perto do apê pra comemorar. Elas são muito simpáticas!
— Você ficou bêbada? – minha tia perguntou, rindo.
— Tentei. – respondi aos risos – Levei sim, vó! Não se preocupa. Vou tomar banho. A cidade maravilhosa me aguarda. Beijo, amo vocês e já estou com saudades! – acrescentei.
Mamãe respondeu que me amava e que era pra eu curtir bastante. Titia disse para eu comprar roupas pra ela e vovó disse para eu tomar cuidado.
Sorri feito boba.Esse será o dia, pensei, esperançosa.
Estava arrumando a cama quando Isabella invadiu meu quarto contagiando.
— Bom dia!!! Preparada pra conhecer a cidade maravilhosa?!
Ela tinha o sorriso mais brilhante e sincero. Com certeza, nos daríamos bem.
— Animadíssima! – respondi, tentando devolver toda sua empolgação.
Mariana passou pelo corredor com a escova de dentes na boca. Ela olhou brevemente para o quarto.Acho que não gostarei dela, pensei, intrigada.
— Então anda, vá tomar banho! Temos muito o que fazer.
Afirmei com a cabeça. Não havia desfeito as malas ainda. O quarto é simples, porém bonito. Tem um beliche, um guarda-roupa, um espelho enorme, uma escrivaninha e um cabide. Todos móveis são branquinhos, igual meu ultrabook, outro presente de minha mãe.
— Vou preparar o café, Beatriz. – informou.
— Tá bem. Pode me chamar de Bia.
— Ok, Bia.
Ela me deu uma piscada e saiu do quarto.
Mariana estava no banheiro e só Deus sabe quando iria sair. Decidi ajudar Isabella.
— Quer ajuda, Isabella?
— Opa, mas é claro! – sorriu, aliviada. – Pode me chamar de Liz.
Não havia nada no armário. Nadinha. Encarei Liz espantada.
Cheguei às 17 horas no Aeroporto, esperei uma hora por Isabella e Mariana. Nos conhecemos, pegamos o táxi e fomos quase assaltadas por ele, Fábio. Ele cobrou R$60,00 a viagem. Mas Isabella com seu sotaque carioca e seus olhos azuis conseguiu diminuir para R$30,00. Cada uma pagou R$10,00 e Bella teve a ousadia de aceitar o cartão do taxista que ofereceu mais para paquerar com ela que para trabalho. Na entrada, preenchemos a ficha de inscrição, reservamos o apartamento 51 e fomos em direção ao elevador. O condomínio é exclusivamente para forasteiros que ficam por mais tempo que o normal de uma viagem, ou seja, mais de um mês. Não havia tanta gente na entrada, mas quando estávamos indo pegar o elevador, nos deparamos com três carinhas maravilhosos. Todos usavam óculos escuros e sorriam de uma forma empolgante e atraente. Me apaixonei momentaneamente pelo garoto de cabelo escuro curto e espetado, ele era o único com tatuagens, pálido, baixinho e musculoso.
Eu estava prestes a abrir minha boca para fofocar sobre ele quando Mariana e Isabella foram mais rápidas. Isabella acenou e ele respondeu:
— Gatinhas! – Não sei se foi loucura da minha parte pensar isso, mas jurei que ele tinha dado uma piscada pra mim. Corei instantaneamente.
Quando a porta do elevador fechou, abri minha boca em formato de “o” espantada. Tapei com a mão.
— Ele é tão lindo, né? O conheci numa festa na ilha. – Mariana disse a mim, com um sorriso estampado em seu rosto.
Sorri em resposta, afirmando timidamente. Mariana virou de costas para mim e sussurrou algo pra Isabella que deu uma risadinha. Não gostei muito, mas fingi que não me importei em ser excluída da conversa.
— Vamos fazer compras? – Liz perguntou, me tirando do flash back.
— Precisamos.
Eu não faço ideia onde é o supermercado, mas considerando que Liz é carioca e já morou aqui, estarei em boas mãos.
Ela pegou seu celular, entrou no Foursquare e procurou por um supermercado.
— Você não sabe onde fica? – perguntei, tentando não transparecer minha preocupação. Em meus planos, Liz seria nossa guia turística. Mas, pelo jeito, meus planos estão errados.
Liz riu.
— Tá louca? Eu sou carioca, mas não conheço nada do Rio, Bia.
— E como que você tem esse sotaque?
— Eu nasci aqui, passei um ano e nos mudamos. Quer dizer, eu e minha família... Enfim, vem! Nós desenrolamos.
— Mas eu nem tomei banho!
— Coloca esse casaco aqui. Ninguém vai notar que você tá de pijama! O supermercado é pertinho. Vem logo!
Ela me puxou pelo braço, mas antes deixou um bloco de notas na cômoda. EscreveuFomos ao mercado, Mari!com uma caligrafia impecável e saímos.
Nos deparamos com os 3 meninos. Meu coração quase pulou quando meu olhar se cruzou com o dele.


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