Hobgoblins - O Esquadrão Doze e 1/4. escrita por Maxine Evelin


Capítulo 1
Tomo Um - I




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A Grande Planície, a terra que ninguém sabe onde começa e onde termina. Passei minha vida inteira caminhando por suas montanhas, escarpas, desertos. Naveguei pelos mares multicoloridos e voei em navios-inflados por ilhas suspensas. Escrevi inúmeras histórias, dentro destas fico feliz de estar vivo ainda de ve-las tornar-se lendas. Mas se você pede para eu contar uma história, eu sempre penso na história mais complexa que já presenciei. Qual você pergunta?

Ah, é lógico que é a do Esquadrão Doze e um quarto. Você nunca deve ter pensado porque se chamava assim, não é?

Não, não é por causa do infame Madeira Amadeirada e sua baixíssima estatura.

*Madeira Amadeirada é um infame Goblinóide, cujas especialidades ladinas resumiam a um extenso currículo de pequeno furtos à estoques de fruta pão e sequestros de animais de estimação. Até o dia que fez o erro de sequestrar um familiar de um aspirante a mago, que lhe rendeu a perda de uma das pernas. Quando indagado pela prótese mal feita, vivia respondendo: É, mal feita, mas pelo menos é Madeira Amadeirada de qualidade. Seja lá o que isso significasse.

Bem, vejo que chegou a hora de contar-lhe sobre essa brigada única e como eles salvaram o Dia das Festividades Aleatórias. Ah, ou será que foi o Dia do Sagrado Segredo*?

* No início de tudo, o Grande Criador, desceu a Grande Planície e contou a Primeira Matriarca uma revelação que foi mantida em segredo. Muitos dizem que foi o motivo de ter criado o maior (e mais caótico) reino de Riven-Dall e juntado as nações sempre em guerra, mas depois de tanto tempo sendo mantido em segredo, ninguém mais sabia do que se tratava.

Bem, de qualquer forma, sente-se, vou te contar como três Goblins conseguiram apaziguar o que poderia ser uma das maiores catástrofes que já existiu, depois da Epidemia do Chocolate*.

*Durante o Reinado de Glutamina, a 10a Matriarca, foi proposto por um mago que fosse feito um canal que transformasse a água de um rio em chocolate. A ideia foi bem aclamada e bem aceita pelos pobres de Dell, até que o chocolate evaporou e condensou e resultou em uma tempestade que alagou quase todo o lado Dell em chocolate meio amargo. Lógico que o Mago foi punido com serviços comunitários, que assim como mais da metade da população, sofreu com cáries e doenças da barriga de tanto comer chocolate.

Ca-hem! Desculpe, minha garganta anda um tanto seca. Onde estava? Ah! Sim! Obrigado.

Poderia começar pela ação, inventar um dragão cuspindo fogo pelas suas ventanas. Um dragão fictício, cujas escamas eram peroladas multicores e suas patas gigantescas como pés de pato (O que lhe rendia muito bullying vindo da sociedade Draconiana por se tratar de um dragão bufão), mas antes de tudo, deveria contar-lhe sobre a noite que Chá-Verde acordou de um pesadelo premonitório*.

* É tipo um sonho, mas tão ruim, que você acorda depressivo o bastante para agarrar a primeira coisa fofa que tiver pela sua frente. Exceto se ela for o motivo do pesadelo, aí você senta e chora.

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1-

Chá-Verde acordou aquela noite coberta em uma camada de suor frio, olhou para os lados procurando algo fofo e suas mãos logo encontraram a pelagem do Sr. Cenourinha, um coelho gordinho e caolho de pelúcia e ficou aí respirando fundo até sua mente desanuviar, observando o telhado malfeito e prestando atenção no padrão desengonçado das placas de madeira empilhadas umas as outras aleatóriamente, como se tivessem preguiça de pregar em um só sentido, tacaram tudo de uma vez, olharam e falaram, certo, pode pregar. Sua cabana era um trabalho de porco*, porém era resistente e confortável o suficiente para chamar de sua.

*Literalmente foi construída pelo Sr. Toucinho Fresco, um porco carpinteiro do norte, conhecido pelas suas rústicas construções cubistas e quadrangulares, por não saber fazer o acabamento delas.

Levantou-se sentindo entorpecida, as mãos esguias formigando, calçou suas pantufas de carneiro e caminhou até o fogão que ficava do outro lado do aposento. Despejou um pouco de água fresca em um bule, e apontando o dedo para o bocal do fogão de barro, fez um amontoado de cogumelos mal-cheirosos incendiar em uma chama azulada fosfórica.

Sentou-se em frente a mesinha anexa a parede e calmamente deu três batidas com a ponta dos dedos na madeira, não demorou para um livro de capas grossas e diversas folhas, vir voando como uma ave, batendo suas páginas como asas de um pássaro e pousar aberto em sua frente.

– O que teremos hoje? - Perguntou Chá-Verde ao livro, enquanto folheava suas páginas repletas de encantamentos. Mata mosquitos. Pinheiros de Gelo. Sulcos de Terra Movediça. Animar Vasos. - Todos ruins, hoje não está um dia bom para um chá gelado, ou um chá seco. Quero algo quente Grimório. Me dê algo quente! -

Chá-Verde deixou seu sorriso amplo e branco, rarissimo entre goblins, brotar em sua face verde claro. O Grimório havia mostrado uma página interessante. Hálito Flamejante. Parecia-lhe uma ótima ocasião para experimentar.

Arrancou a página, sentindo o jorro de magia escapulir das bordas da página e mergulhou-a na água quase fervente do bule. Com uma colher de pau, pôs-se a mexer. A água lentamente ia tomando uma tonalidade avermelhada. E faíscas alaranjadas as vezes escapavam. Conforme a página dissolvia dentro do bule.

Em poucos segundos estava pronto seu chá de Grimório. Sua receita fantástica e somente sua*.

*Nenhum mago arriscaria dissolver seu grimório, pois era sua fonte de conhecimento, seus anos de estudo, tomando algo que eles mesmo duvidavam de suas procedências.

Despejou o chá de Hálito Flamejante numa xícara de porcelana magica. E fogos de artifício subiram rodopiando e desaparecendo em pequenos estalidos como água gaseificada. Sentiu o cheiro do chá, e deu dois pequenos goles, sentindo o líquido efervescente esquentar seu estômago e irradiar para seus membros quase de imediato. Sorriu novamente, seus olhos tomando um aspecto brilhante, como uma chama livida tivesse acendido-se atrás de suas pupilas.

Levantou e foi até a janela e ponderou sobre seu pesadelo. Sobre a catástrofe que iria acontecer em breve, apoiou-se ao batente da janela e tomou mais um gole de seu elixir especial, e dali onde estava pode ver logo no horizonte as nuvens negras pairando sobre o céu de Riven-Dell. E Chá-Verde estremeceu.

Ia chover pra caramba essa noite e sua roupa estava estendida no varal.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do começo dessa história, mais capítulos virão por ai. :)~~~Arth



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