Love Story escrita por AnnieJoseph


Capítulo 9
Totalmente quebrada




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Depois de meia hora, mamãe apareceu no quarto, com uma bandeja de sopa. Lindsay também estava. Elas resolveram comer aqui, já que eu ia ficar deitada, não poderia me levantar, não me esforçar. Ela quis saber como é que consegui ser pisoteada e com consegui ter crise asmática. Quando contei detalhes, e inclusive que poderia trabalhar pra Michael, elas tiveram um troço. Lindsay começou a berrar, me sacudindo e mamãe teve que segurar ela pra não terminar de me quebrar inteira.

Ficaram horas falando sobre isso, e eu tentava  ver a TV em paz mas não conseguia. Todas deitaram comigo nas almofadas, eufóricas.
Por mais que elas parecessem surpresas, eu estava muito mais que elas. Só que eu não conseguia expressar isso de tão irreal que era. Eu observava a TV, com pensamentos longe. Mas minha mãe trocou de canal em um momento.

Surpresa.

Michael estava num programa. Sendo entrevistado por uma mulher linda, jovem e loira.
Arregalei os olhos, o sangue subiu pro meu rosto.

– Olha ai seu Michael maninha. – Lindsay gargalhou.

Eu fiquei quieta, observando como a mulher se jogava pra cima dele. Ele muito educado, não ligava. As perguntas do programa foram básicas, sobre o disco BAD, sobre a carreira, e se ele estava solteiro. A resposta, foi sim. Mas apenas isso.

Não sei se isso foi bom ou ruim. Bom por que Michael não tinha ninguém. Ruim por que ele podia arrumar alguém. E esse alguém poderia ser aquela loira vulgar, apoiando a mão na coxa de Michael de leve.

Atirada !

Prestava atenção na loira pra não fazer nada com ele, e ao mesmo tempo nas perguntas, nas reações e principalmente em Michael. Ele estava lindo como sempre, Suas duas mechas de cabelo enrolado delicadamente sobre o rosto, seu sorriso lindo, sincero, me deixava ofegante.
Era incrível como ele sorria o tempo inteiro. E não era um sorriso falso, não. Era verdadeiro. Ele era tão encantado, parecia um anjo de verdade. Todas suas ações eram lindas, puras e respeitosas. Ele comentara sobre a confusão no shopping, e deu uma leve lembrada numa certa fã machucada.

Eu sorri, meu coração acelerou nos batimentos. Ele falou que se sente culpado por não conseguir atender a todos. E muitas vezes machucar alguns por isso. Nesse momento, ele olhou pra câmera, com um olhar sincero e puro.

– Meu Deus. – Eu murmurei sorrindo.

Sim, ele estava falando de mim. Fechei os olhos e escutei sua voz, angelical invadir meu cérebro. Ele começou a cantar, e logo terminaria o programa. Assim aconteceu. Eu conseguir dormir com a voz dele. Mais uma vez, imaginei ele cantando pra mim.

 

– Você quer terminar de se quebrar, não é ? – Lindsay berrava olhando pra mim. Eu estava na árvore, aquela da varanda de trás. Era sábado, chovia um pouco, chuva fina. Eu precisava subir na árvore, pra pegar a pequena manta que eu forrava pra me sentar, aqui em cima.

– Eu não quero não vou. –  Disparei convencida.

  HAHA, a árvore está escorregadia pela chuva, e você ontem mesmo foi pisoteada por fãs histéricas. Tem certeza ? – Lindsay ironizou.

– Justamente. Mas não posso deixar a manta aqui em cima, vai molhar tudo e ficar toda suja. Se bobear, vai cair no terreno do vizinho. – Disse entre suspiros, escalava com um pouco de dificuldade pelas dores que ainda permaneciam.

  Eu não quero nem ver. Vou tomar banho que é o melhor que eu faço. Se você cair, não vou te socorrer mesmo. –  A voz dela já estava mais distante, e eu sabia que ela tinha entrado pra casa por mais que não a vi.

– Que gratidão... –  Murmurei.

A larga blusa de mangas que passavam minhas mãos, me atrapalhava um pouquinho na hora de se escorar pra subir. A chuva fina também dificultava. A dor também. Agrh, tudo dificultava.
O incrível era que, meu humor não mudava de jeito nenhum.

Também, que garota ficaria estressada quando é contratada pra trabalhar ao lado de Michael Jackson ? Eu poderia cair dessa árvore que riria lá em baixo, com dentes quebrados.
Hum.. Pensando melhor, não poderia me quebrar desse jeito. Teria que estar perfeita pro futuro trabalho que poderia conseguir.

Talvez Lindsay estivesse certa. O que eu estou fazendo nessa árvore escorregadia pela chuva, com mangas enoormes que quase me fazem cair ?
No exato instante, minha mão se apoiou num galho pequeno, com musgos. Minha mão escorregou, meu coração palpitou forte.

Arregalei os olhos pensando que iria cair. Segurei com a outra mão num outro galho, me livrando da queda certeira.

– Ai meu Deus. – Suspirei.

Agradeci a Deus pela não-queda e continuei escalar com mais cuidado. Logo já avistava a manta, suja de folhas e completamente encharcada de chuva. Não tinha jeito, se eu tentasse levar ela comigo, poderia cair e me molhar toda, com folhas agarradas na roupa. O jeito  foi jogar-la lá embaixo, com a face arrependida.

O resto do dia foi bem ansioso. Eu não parava de pensar no que havia acontecido comigo. Parecia um sonho. Mesmo que fosse, não quero acordar. Nunca, jamais.
Eu só soube rir, mesmo com minha mãe me dando uma bronca por subir naquela árvore com o corpo dolorido, e com aquela blusa e com esse tempo. Mesmo assim eu só sorria. Ela parecia ter ficado com raiva por eu só rir quando estava recebendo bronca. Mas depois ela entendeu o motivo, nunca queria ironizar-la.

Lindsay passou um creme horroroso no rosto enquanto víamos TV. Era verde, e tinha um cheiro estranho. Ainda chovia, e minha mãe me informou que teria uma festa pra nós irmos, mas eu não poderia ir obviamente. Minha mãe – e eu – achava que era melhor descansar, pra  estar melhor na segunda. Já basta meu estado mental, e o físico tinha que me ajudar, caso eu desmaiasse.

Seria bom refletir no domingo, sozinha em casa. Apesar do tempo estar chuvoso, eu não poderia sair mesmo. Lindsay e minha mãe iriam pra clube, e lá teria a festa em um local fechado. Só que a festa não era aqui perto, por isso iriam cedo e chegariam tarde. Ótimo.
Tinha a casa inteira pra mim. Apesar das dores, poderia me virar e me esforçaria um pouco pra não pular e terminar de quebrar meus ossos.

A tarde se foi, e eu me senti sem as pernas. Minha mãe não me deixava levantar do sofá pra nada. Nem pra pegar um copo D’água. Ela parecia querer me proteger de cada dor que poderia sentir, queria que eu estivesse recuperada pra ver Michael. De uma certa forma, ela estava me ajudando de verdade.

Comida na mão, debaixo de cobertas e meias. Assim eu ficaria gorda. Lindsay as vezes gritava com ciuminhos, e eu ria junto a minha mãe. A essa altura, já era 8:00 da noite, e Lindsay já tirara o horrível creme verde da face. Só de alguma forma, o cheiro permanecia de leve. Ela se levantava de 2 em 2 minutos pra esfregar o rosto com sabonete, e nada de melhorar o cheiro.

Serena me ligou, ficamos 1 hora e meia conversando no telefone. Ela me perguntou sobre como foi meu dia, oficialmente quebrada, e é claro que riamos disso. Lindsay reclamava sobre eu rir alto e falar quando ela via TV, mas cortava seu barato falando pra ela tratar de tirar o cheiro horroroso do rosto. Serena não entendeu, mas logo ria de tirar o fôlego quando eu contei sobre o creme verde mal-cheiroso.

Michael também foi nosso assunto. Por mais que o telefone residencial não pudesse ser carregado pela casa pra falar a vontade com ela, eu consegui falar alguma coisa que quis. Minha mãe prestou atenção, ela observava o jeito que eu falava, e tentava ouvir sem sucesso, Serena falar sobre Mike.

– Droga, eu tenho que te dar um celular. – Serena resmungou.

– Por que ? – Eu falei surpresa.

Minha mãe estreitou os olhos, e me observou.

– Por que é horrível falar com você assim. Sem privacidade. Aposto que ta todo mundo ai escutando o que você fala, não é ? Você parece se segurar pra não dizer algo.

– É, e muito. Você precisa saber de uma coisa muuuuuito bizarra. Mas Serena, você não tem que me dar isso... Trabalhando eu compro. – Eu olhei pra minha mãe, ela sorriu.

– Eu sei amiga, mas hoje em dia pra pagar a conta de um celular é muito cara. Minha mãe tem tanto dinheiro pra nada, eu posso pegar um dos celulares de conta aqui, te dou e eu pago a conta. – Ela falou como se fosse uma coisa tão normal, que cheguei a rir.

– Menos Serena ! UM dos celulares ? – Destaquei.

– É, aqui tem tantos, que até perdi a conta. Se bobear, ela paga uma coisa que nem usa. – Disparou normalmente.

Eu pigarreei.

– Nossa.

– Nem adianta não aceitar. Se o Michael não te carregar pra algum canto na segunda, eu te dou lá mesmo. Tem preferência de marca, cor ou funcionalidade ?

Mordi o lábio inferior.

– Ah, até parece que Michael faria isso. E pare com essa coisa, eu não quero nada ! – Disparei, pensando na possibilidade tão irreal de que Michael realmente fizesse isso comigo.

– Você é difícil, hein ? – Ela suspirou – Eu vou te levar do mesmo do meu. Rosinha claro, com um teclado qwerty. – Lixou-se.

– Q o que ? – Eu falei mais alto – Ah meu Deus, só você mesmo. – Eu balancei a cabeça.

– Depois nos falamos Annie. Preciso desligar. Eu levo seu celular na segunda, e aproveito pra dá um beijo no Michael. – Ela riu.

– Ahá ! Até parece – Eu hesitei. – Que ele... vai... ér...

O que eu estou falando ?! Oh meu Deus.

– Uau ! Já está com ciúmes amiga ?! – Ela deu uma risada novamente.

– Oh que isso. – Eu murmurei – Falei sem querer. Vai me ver sim, Michael talvez nem apareça.

– Até parece ! – Ela suspirou – Não vamos discutir de novo  sobre isso. Depois nos vemos amiga. Beijo. Amo você.

– Beijo, também te amo.

Desliguei o telefone sorrindo, e me virei pra TV. Percebi que minha mãe também ria pra mim.

– O Michael ... Hein filha ? – Ela me cutucou de leve.

– Ai mãe. – eu resmunguei pela cutucada – Claro que não ! Não invente bobagens.

Eu esfreguei meu braço, qualquer cutucada me deixaria pior a essa altura.

– Oh, desculpa querida. – Ela esfregou meu braço – Eu ouvi tá ? Você falando com Serena...

– Que falta de educação mãe ! Cadê minha privacidade ? – Eu resmunguei.

– Ah, Desculpa ! Tudo bem, eu sei. Você não quer me contar, mas cedo ou mais tarde ele aparece aqui pra pedir sua mão.

Eu arregalei os olhos, e dei uma risada que doeu todo o meu tórax de tanta força que fiz.
Depois disso, não tive nem coragem de tentar responder, não conseguiria falar sem gemer de dor, e não ia responder uma coisa completamente sem palavras dessas.
Passou uma hora, e caminhei até a escada com uma certa dificuldade.

– Vai dormir Annie ? – Lindsay encarava a TV, mostrando nenhum pingo de interesse em saber o que eu iria fazer.

– Sim. Não deixa minha mãe dormir no sofá. Acorda ela quando for dormir. – Eu estiquei a perna, e comecei a subir a escada ignorando a dor que isso causava.

Lindsay não respondeu. De vagar, eu cheguei ao fim da escada com suspiros saindo de minha boca. Estava preocupada sobre meu estado físico. Não queria ficar assim até segunda.
Após abrir a porta do quarto, me joguei com cuidado na cama, me cobrindo com uma manta quente.

Era estranho saber que tinha visto Michael pessoalmente. Tudo bem que eu sempre soube que ele não é anormal, é uma pessoa como eu, mas é especial. Mesmo assim, eu sei que ele tem sentimentos. Foi surreal. Além de  ver meu ídolo na minha frente, eu vi o amor da minha vida.
Saber que eu posso trabalhar com ele, e todos os dias ver a perfeição em pessoa é demais pra mim.

Uma lágrima de felicidade misturada com dor, rolou pelo meu rosto virado de lado, de modo que pudesse ver a janela. Fechei os olhos e me desliguei do mundo.

Comecei a sonhar.


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