Love Story escrita por AnnieJoseph


Capítulo 7
Acidente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/47088/chapter/7

Eu observei e continuei andar, sendo mais empurrada ainda. Meu pés não conseguiam achar o chão, várias pessoas ocupavam um espaço pequeno, que era a entrada do shopping. Era impossível entrar, o shopping estava barrado pra entradas !
Observei alguns seguranças bloquearem a entrada, e vi algumas pessoas entrando. Poucas pessoas.

– Só entra quem trabalha, por favor ! – Um homem mulato disse, era um segurança, que vestia um terno preto, óculos escuro. Eu olhei pra ele e levantei a mão. Em vão. Ele não me viu.

– Eu, Eu ! – Levantei os braços pro ar, mas o segurança não me via. Suspirei e comecei a empurrar tudo e todos. Muitos gritavam, me olhando furiosamente mas eu precisava entrar.

Muitas vezes a própria multidão me empurrava pra trás, e eu teria que começar a batalha de novo, tentando ao máximo me manter lá na frente. 5 minutos depois, eu fiquei a um metro dos seguranças e  berrei.

– Eu estudo e trabalho aqui merda ! Heeeeey !– Era difícil me manter ali na frente, as pessoas me empurravam de um jeito que te faria cair no chão, ir para a primeira entrada do shopping.

– Aé ?Sabe que todas essas pessoas dizem o mesmo ? – Um segurança disse alto, mas pelo barulho dos gritos, parecia um murmuro.

Eu gemi num suspiro apavorado. Era verdade. Todos queriam entrar... Mas por que ? Mais um famoso no shopping causando isso ?

– Annie ! Annie ! – Alguém gritava meu nome. A voz vinha ao norte, eu demorei um tempo pra levantar a cabeça e procurar pela voz. – Annie aqui ! Dentro do shopping ! – Eu reconhecia essa voz. Era a voz de Gabriela.

Gabriela se aproximava dos guardas, e parecia apavorada. Impaciente, ela apertou os olhos em mim.

– Gabriela ! Eu não consig... – Eu não terminei de dizer, uma garota me dera um soco na boca do estomago, que me fez cair.

– Ai meu Deus ! – Escutei Gabriela falar, mas era tarde de mais. A dor alcançou minha barriga, meu corpo estava inclinado para o chão. A asma começou aparecer, o ar me faltava cada vez mais e então, vários pés alcançaram o meu corpo, as pessoas pisavam em mim.

 –  Annie ? Annie você me escuta ? – A voz, que eu identificava como a de Serena, murmurava próximo ao meu ouvido.

Abri meus olhos lentamente. A paredes brancas, a coisa macia em que estava deitada me chamou atenção.
Olhei pra Serena por uns segundos, tentando entender o que tinha acontecido. Ela me encarava preocupada, segurando minha mãos direita, sentada na beira da... cama. Cama ?
Olhei em volta e vi o cômodo que me encontrava.

  Enfermaria ? HÃM ? SERENA ? –  Levantei, me sentando rapidamente e senti uma vertigem muito forte, minha vosão ficou preta, senti um enjôo enorme,meu corpo doía por inteiro. Voltei a deitar.

  Calma, Annie. Você está na enfermaria da Music Center. Está tudo bem agora. –  Ela praticamente soletrava, e sua mão parecia tremer, fazendo a minha tremer também.

Procurei no fundo de minha mente, me lembrei do ônibus. Dos rockeiros... A confusão... Gabriela...

– Oh. – Murmurei. Agora sabia o motivo do meu corpo dolorido.

– Calma, amiga. Está tudo bem. Você se machucou, caiu no chão e algumas pessoas pisaram em você mas... O guarda te tirou e te trouxeram pra cá. Não aconteceu nada grave, pode ficar tranqüila tá ? – Ela acariciou minha mão, senti que a conversa parecia de mãe pra filha e vice versa.

Abri a boca pra responder, e perguntar o motivo da confusão, e qual queria o famoso que me atrapalhara dessa vez, mas Gabriela entrou no quarto.

– Annie ! – Seus olhos me alcançaram. Ela praticamente correu até o pé da minha cama e seus olhos brilharam, parecia ter chorado antes.

– Gabriela, eu... – Hesitei, a dor começara aumentar. Ela vinha do meu peito.

Olhei pra ele. Estava com uma camisola, aquelas azuis que se usam no médico. Apertei o peito, fazendo uma careta de dor.

EPA .

  MEU CORDÃO ! CADE ELE, MEU CORDÃO AHHHH, MEU CORDÃO ! GABRIELA, SERENA, O MEU CORDÃO ! –  Eu apertava meu peito, e o meu cordão não estava alí.

O meu amuleto, não estava ali. O pânico tomou conta de mim, que lágrimas desciam pela face, o coração disparava.
A dor era insuportável, meu corpo doía fisicamente, e mentalmente. O meu amuleto, não estava comigo. O meu amuleto foi perdido entre a multidão quando fui pisoteada ? Não, não não não !! Eu não queria acreditar, a única coisa que sabia era gritar.

  Annie ! –  Gabriela e Serena gritavam ao mesmo tempo, tentando me acalmar.

Eu me debatia na cama, as lágrimas escorriam numa velocidade incrível.
Segundos passando e finalmente o ar me faltava. Eu respirava fundo, chegava a gemer de dor misturada com todos os sentimentos ruins que eu podia sentir de uma vez só. Era muito pra mim.

  Gabriela ela está tendo uma crise de asma ! Cadê o remédio dela ?! – Serena gritou ao meu lado, me vendo contorcer. Seu rosto estava horrorizado, com se tivessem me matando mentalmente ali. Como se sentisse dor, como uma ilusão. Na verdade eu sentia dor.

Gabriela arregalou os olhos, parecia sem ação.

– Ah, meu Deus... Se... Gab... – Eu estava completamente sem ar, a asma estava forte, eu respirava tão fundo que poderia machucar minhas narinas, mas não conseguia sentir o ar invadir meus pulmões.

– Calma Annie ! Calma querida ! Seu cordão está a salvo, está com ele ! Espere querida, acalme-se que Serena vai pegar seu remédio ! Por favor, queria copere, por favor quanto menos nervosa, melhor pra crise ! Por favor !  – Gabriela gritava, me segurando. Eu estava agitada na cama, meus olhos estavam embaçados pelo choro, mas eu via ela a minha frente, horrorizada.

Eu queria fechar os olhos, mas lutava contra isso. Eu sabia que a crise de asma passaria mais rápido se não ficasse nervosa.
Tentei colocar na cabeça que meu amuleto estava a salvo, mas a crise já estava alta, precisava do meu remédio imediatamente.

A voz de Gabriela sumia aos poucos, cada vez ficava mais baixa. Eu só via sua boca se movimentar ao meu lado, seus olhos molhados pelo choro me passavam mais medo. Ela segurava meus braços, mas eu não a escutava mais.

Meus olhos a enxergavam, eu sabia que ela falava comigo, e sabia que eu lutava pra respirar. Mas nada escutava.
Passeei o olhar pela sala branca, e somente agora percebi que havia pessoas ali. Pessoas desconhecidas. Num total de 7 pessoas. Todas bem arrumadas, me encaravam com temor.

Algumas delas pareciam falar, eu via a boca se mexer sem nenhum som. Meu corpo já estava paralisado, não tinha forças pra me mexer. Apenas observava.
Gabriela me sacudia de leve agora, mas eu não olhei pra ela. Continuei olhar pras pessoas desconhecidas.

Eu queria falar, mas a voz não saia. Eu não escutava nada.
Foi então que fechei os olhos.

– Respire Annie ! Respire querida ! você está me ouvindo ? Por favor ! – A voz começou a aparecer. Serena falava , parecia um pouco distante, mas eu a ouvia.

Algo pressionava meu rosto. Eu respirei muito forte, fazendo barulho. Era como mergulhar, e quando estivesse quase desmaiando, você encontrasse o ar e respirasse com toda sua força.

– Ela está bem ? – Uma voz aflita parecia longe, mas eu conhecia essa voz de algum lugar. Eu não conseguia lembrar, minha mente atordoada queria somente ar.

Eu respirava fundo, gemidos de dor saiam de minha boca rapidamente.

– Annie ! Continue respirando querida, é o se remédio. – A voz tremula de Serena parecia mais alta. E eu fiz como ela pediu.

Uma mão, estava entrelaçada com a minha, mas eu não sabia quem a segurava. Meus olhos ainda estavam fechados fortemente.
A outra mão, estava livre, eu apertava o colchão com força. Sentindo dor.

Mas uma mão segurou a minha outra mão, tirando-a do colchão.
Uma mão quente, suave. Eu podia sentir o calor que o sangue me proporcionava.

– Ahnn... O meu amuleto... Do meu... Do Michael... – Eu gemia. – Dor, meu... corpo... dói... – A crise parecia passar aos poucos, meu coração estava se inquietando.

Segurei mais firme a mão que segurou a minha a pouco e sorri.

– Serena... Gabriela, o que queria... – Não conseguia falar, minha mente me confundia por inteira. Eu queria perguntar se esse alvoroço era culpa da pessoa que eu poderia tocar.

– O cordão estava comigo, Annie. – A mão que eu segurava, apertou a minha levemente, e eu percebi que a voz vinha daquela direção. Só podia ser um homem que falava e segurava a minha mão.

Mas a voz era muito familiar.

Abri os olhos lentamente. De começo, tudo era negro. Não via ninguém... Mas tudo foi clareando aos poucos, comecei a ver como uma imagem rabiscada.
Olhei atentamente pro lado esquerdo. Serena segurava minha mão, do lado, Gabriela me encarava chorosa.

– Annie querida... Você nos deu um susto enorme. – A voz tremula de Gabriela fez uma lágrima descer por meu rosto. Uma mão a minha direita, a enxugou. Mas eu não virei pra ver quem era. Muitas pessoas me rodeavam. Corei com esse pensamento.

– Gabriela ? Serena ? Cadê o meu amuleto ? Por favor... Eu preciso dele comigo. Preciso saber se nenhuma pessoa tirou a foto dele de lá. – Meu cordão era um formato de coração, prateado. Ele se abria e dentro dele, a foto de Michael se protegia pelo pequeno espelho frágil.

– A foto do Michael, Annie ? – Estranho. Serena sorriu em meio a lágrimas. Eu senti que estava perdendo uma piada.

– Antes que tenha outra crise e quase nos mate, já te digo de novo que Michael está a salvo. E ele está aqui na sala. –  Gabriela também sorriu.

Eu gemi, com raiva. A visão embaçada me deixava ver que eles sorriam, alguns até riam de leve. O que era isso ?!

  O que foi ? Por que vocês estão rindo ? Eu quero meu amuleto, please. –  Rodei a cabeça, olhando pra cada rosto .

  Sim, aqui está. –  A voz de um homem que eu conhecia, soou de novo, me tranqüilizando.

  Meus olhos... Estão embaçados. – Resmunguei.

  Calma, moça. Você acabou de desmaiar . –  Um homem disse. Uma voz desconhecida. O cara a minha frente, de roupa branca que disse. Creio que seria o médico.

Continuei observando as pessoas. Algumas nunca vistas antes por mim. Se não me engano, alguma delas pareciam ser aquelas pessoas bem arrumadas que me encaravam na porta antes.

  Eu desmaiei ? – Falei surpresa, ainda observando as pessoas.

  Sim. –  Uma pessoa disse.

  Ela vai desmaiar de novo, eu avisei. –  Uma voz fria disse. Por que eu desmaiaria ?

Oh meu Deus. Oh meu Deus ! O que seria essa... visão...

– Oh meu Deus... –  Uma lágrima pesada rolou pelo meu rosto.

O anjo a minha frente sorriu.

  Annie. Pensei que ficaria sem minha tecladista. – A mão que segurava a minha era do anjo, do sonho que ali estava. Ele apertou de leve minha mão.

Meus olhos se embaçaram mais pelo choro, minha boca se abriu levemente.

– Que remédio me deram ? – Eu falei com um sorriso no rosto, encarando o anjo ali. Os olhos embaçados brilhavam pela água acumulada. O anjo sorria em resposta também. – Eu estou tento alucinação. Por favor, aplique mais desse remédio?

Todos na sala riram demais. O anjo também riu. Angelicalmente.

– Ei, ei ? Por que estão rindo ? Me dê mais do remédio, eu falo sério. – Eu ainda sorria, as lágrimas corriam por meu rosto sem esforço pra piscar. Me sentei na cama, sentindo uma leve vertigem. Eles perceberam, mas eu não tirava os olhos dele.

– É melhor deitar. – Uma mão a minha esquerda me forçava pra trás. Eu fiz a força que consegui pra continuar sentada e desistiram de tentar me deitar.

Com uma forçinha, tirei a mão que segurava a minha, a esquerda. Serena entendeu, e largou a minha mão. Com ela, eu estiquei o braço e toquei o rosto do anjo.

– É tão real... – Eu murmurei, tremula.

– Ah, a menina enlouqueceu. – Alguém disse, mas eu ignorei. O anjo olhou pra alguém, sério, e logo voltou seu olhar pra mim, sorrindo.

– Annie, é o Michael. – Gabriela disse, com calma. Mas eu não prestei atenção o suficiente.

– É ele amiga, é ele ! – Serena falou.

Eu tocava o rosto do anjo de leve, era tão real. Parecia ser o Michael, parecia que o remédio era o mais perfeito, que fazia alucinações mais perfeitas. Eu iria toma-lo, como uma droga se fosse possível, pra ver o meu anjo. O Michael.

– Não sou uma miragem, Annie. Sou eu. Eu que vim te contratar pra tocar teclado... Lembra ? – O anjo se aproximou mais, escorando seu corpo perfeito na cama. Eu podia sentir o calor que ele transmitia.

Lindo. Perfeito. A camisa vermelha, com a calça preta, listras brancas brilhantes do lado. Angelical.

– Annie, acorda ! É o Michael ! Ele está aqui.

Oh. Oh. Oh.

– Michael ? Michael ? –  Minha voz saiu como um murmuro. As lágrimas desciam desesperadamente.

  Acalme-se Annie. Eu estou aqui, acalme-se. –  Michael disse pra mim, agora com o rosto preocupado.

  Oh meu Deus ! – Meus olhos se fecharam por um instante, o coração acelerou.

Michael estava a minha frente. Era ele que queria me contratar pra ser sua tecladista.

  Ela vai... –  Alguém disse um pouco alto.

O sala girou. Medo, amor, ansiedade, calor, felicidade, desespero, tristeza, dor. Todos os sentimentos se passavam pela minha mente naquele momento.
As vozes começaram a sumir de novo. Eu abri os olhos suplicando pra ficar. Pra não sumir do mundo novamente.

Michael me olhava assustado, segurava forte a minha mão e pela sua boca perfeita, eu pude ver ele soletrar meu nome. Annie Annie ! Era o que eu via.
Mas, era tarde mais. Eu estava sumindo do mundo de novo.

Como poderia abandonar Michael aqui ? Eu tinha esperado anos por isso e agora a carne fraca me deixaria inconciente e me tiraria do mundo ? Eu era tão fraca pra não agüentar ?

Essa era a realidade. A ultima coisa que ví foi o rosto do anjo se aproximar do meu, soletrando meu nome. Ele estava aflito, segurava a minha mão, e eu segurava seu rosto ainda.

E então, me aprofundei na escuridão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love Story" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.