A morte é como o vasto mar, você nunca sabe o que vai acontecer ou como vai acontecer.

Eu ainda me lembro do dia em que morri.Sim, eu já fui humana um dia...Um dia que já está muito distante do "presente" que conhecem.Não me lembro exatamente de quando, como ou onde morri, apenas aconteceu.Minha existência até então não contava como um todo, "eu realmente existo?" é o que eu cheguei a me perguntar naquela época.

Enquanto o tempo corria, eu descobria pouco a pouco que você apenas existe se houver algum motivo para viver...Amor, ódio, rancor, tristeza e outros sentimentos.Os humanos existem para proteger esses sentimentos, que são seu bem mais precioso.Que eu me recorde, nunca houve uma época qual eu senti..."Dor", ou até mesmo "amor", mas isso não importa pois meu objetivo é diferente dos humanos, pois o que eu tenho de manter vivo são os sentimentos que sentimos ao encararmos a morte, incerteza, hesitação, medo, arrependimentos e dor.

Existem pessoas que ficam felizes ao encarar algo como a morte pois estavam cansadas de viver....Algo estava errado na vida dessa pessoa, e o que eu faço é apenas dar um gosto de "quero viver mais" antes dessa pessoa morrer, fazendo-as encarar o que é morrer de verdade.

Quando alcancei minha morte, eu não me lembrava de nada então fui apenas levada ao limbo, aonde almas com sentimentos de culpa vagam pela eternidade sem alcançar o céu ou o inferno.Mas eu não sentia nenhuma culpa, pois eu não reconhecia minha existência porquê o que restou do período em que vivi, foi apenas minha alma.

Meu caso foi encaminhado para Ocelot, o manda-chuva do limbo.Eu sorrio levemente ao lembrar desse nome.

Flash-Back On.

– Olá...

– Eai, qual seu nome e por quê está aqui?

– Não sei...

– Como assim, cara?Você morreu...E não sabe?Fez o que na sua vida inteira? - Ele me encarava com uma expressão de incerteza.

– Não sei...

– Perai. - Ele faz um sinal pro lado e aparecem coisas voando - Anjos de scam, por favor, façam seu trabalho.

Quando ele disse aquilo, aquelas coisinhas felpudas que voavam começaram a voar ao meu redor.

– Nada. Nada. Nada. Nada. - As coisas felpudas diziam isso repetidamente e então voaram para longe.

– Estranho... - Ele me encarava - Você vai complicar meu trabalho...Uma alma a menos no céu ou no inferno não faz diferença.Vou apagar sua existência. - Ele deu alguns passos e colocou sua mão sobre minha cabeça - Desapareça, alma sem rumo.

Alguns minutos após aquilo ele ficou piscando, sem expressão em seu rosto, como se algo estivesse errado.

– O que... Seria proposto pra estar acontecendo? - Pergunto.

– Por que você não desaparece?Por quê!?!?Eu acho que sua alma bugou...

– Bu...O que?

– Nada nada.Ow Fate, desce ai cara, temos problemas. - Ele passa a mão sobre seu cabelo com uma expressão confusa.

Repentinamente eu sinto alguém tocando meu ombro.

– Olá!! - Um cara segurando um livro preto atrás de mim, se afasta e acena.

– Olá...

– Então, temos problemas com ela.

– Temos?Não vejo nada de errado com ela...

– Tem algo de errado com ela.

– O que?

– Não consigo apagar a existência dela, TALVEZ. - Ele grita.

– Isso indica que ela é especial.Ah, já que é especial...Tem um cargo vago aqui...O que era mesmo?Antes de continuarmos, sou Fate.E esse é Ocelot. - Eu balanço vagamente minha cabeça confirmando.

– Cargo vago...Não me diga que você vai.... - Ocelot parecia surpreso.

– É perfeito, a única garota a trabalhar aqui será...

– Garota!?Aonde?– Ocelot grita olhando pros lados.

– Ela é uma garota.

– É!?–Ele arregala seus olhos.

– Mas continuando...A única garota aqui...Será....A morte.

Flash-Back Off.