Dura realidade escrita por Carol Bandeira


Capítulo 1
Decepções




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-Bom, se você não sabe muito bem o que fazer sobre “isso”, eu é que não vou ficar aqui esperando você descobrir!

-Sara...

-Já chega Grissom! Uma coisa é você falar o que falou para mim agora a pouco no seu escritório. Outra completamente diferente é falar isso na minha cara quando pego você saindo de fininho , depois de ter me seguido até em casa e me seduzido até a minha cama!

Gil parou de frente a porta da casa de Sara. A mulher a sua frente era uma imagem altamente sedutora. Os cabelos desgrenhados, os lábios inchados, a vermelhidão em lugares estratégicos, o lençol que cobria o corpo que ele adorara descobrir na calada da noite. Tudo cortesia de um senhor Gilbert Grissom. Tudo isso ela o oferecia de bom grado, e ele era covarde demais para aceitar.

O único motivo de ele estar ali fora a linha enigmática que Sara lançara sobre Grissom. Quando você descobrir pode ser tarde demais. Aquele ultimato teve um efeito instantâneo em Grissom. Ele não podia ir para a sala de cirurgia com aquelas palavras como as últimas que ele se lembraria saindo da boca da mulher da sua vida! Gil fora até a casa de Sara dizendo que precisava ver se ela estava bem, mas na verdade ele fora porque ele mesmo não estava. Ele precisava sentir-se vivo, como há muito tempo não sentia. Ele precisava dela, estava inebriado por seu desejo. E Sara não estava muito diferente, embora os dois soubessem que ela se entregaria a ele a hora que ele quisesse. E ele a quis.

-Eu... não posso, nós não podemos.

-Não me coloque no meio das suas inseguranças! Sabe Grissom, eu sei que eu não valho o estrago que posso fazer a sua carreira, mas acreditei que você era homem o suficiente para admitir isso na minha cara ou se entregar ao que nós poderíamos ter. E você me provou que estou errada. Eu sempre estou errada. Bem que minha mãe avisou que homens não valem a pena...deveria ter acreditado nela. Eu me sinto usada...

-Não era a minha intenção, querida...

-Não, nunca é. Você é que nem o meu pai, nunca quis me machucar não é? Mas vive fazendo isso, não consegue evitar! E quer saber, eu não vou ser que nem ela, eu quebro esse ciclo agora! Pode esperar a minha carta de demissão ainda essa semana. Agora, se me der licença...

Gil, um poço de emoções, não conseguia se mover. Ela não poderia ir embora, não desse jeito... com raiva dele... ele a amava tanto... mas aquele amor não era capaz de superar seus medos. Sara entendera tudo errado, não era ela, mas sim ele que não valia a pena como amante, muitas mulheres haviam jogado isso na cara dele. Sempre quando ele tentava se embrenhar em um relacionamento a única coisa que conseguia era afastar aquela que roubara seu coração... era por isso que não podia ter Sara... ela era importante demais para seu bem estar para que ele a perdesse por conta de suas inadequações... por que ela não podia entender isso! Por que ela o fazia sofrer assim?

-Merda!- ele socou a porta na qual estava encostado, logo depois saiu , a porta fechando com força as suas costas, e Sara desabando no chão, sem mais forças para se segurar em pé. Ela conseguiu, quebrou o ciclo; não mais seria uma escrava dos desejos de Grissom. Nunca mais.

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-Aqui está Dr Grissom- Sara entrou em seu escritório sem bater- O senhor só precisa assinar.

-E quem disse que eu quero deixar você ir?- ele perguntou ao pegar o documento.

-Eu sei que o senhor não pode ser tão cruel a ponto de me manter aqui quando isso só vai me fazer sofrer.

-Eu não tenho sentimentos não é? Não devo me preocupar com o que está sentindo.

-Verdade, e eu não quero ficar assim. E para continuar trabalhando ao seu lado é o que terei que fazer.

-Sara...- ela pode ver como isso era difícil para ele. Abaixou a cabeça, não querendo ver o sofrimento do homem a sua frente- Eu não sou essa pessoa sem coração que você vive dizendo. Eu sinto... sinto muito em relação a você... o que nós fizemos...foi a maior expressão disso... mas é a única coisa que posso lhe dar... e eu entendo que não posso pedir mais para você lidar com isso... Embora me mate deixar você ir...- Gil pegou sua caneta, assinou o documento e prometeu entregar ainda naquele dia ao RH.

-Você precisa trabalhar ainda por um mês, é a política... aproveite para nos colocar a par de seus casos em aberto... eu prometo que não vou dificultar as coisas para você.

-Obrigada, Grissom. Depois de me chamar para trabalhar aqui essa foi a melhor coisa que você fez por mim.

Gil assentiu e voltou seu olhar para os documentos que estava analisando antes. Se olhasse de novo para Sara sabia que se jogaria a seus pés e imploraria para ela ficar. Mas sabia que não era a melhor coisa para ela.

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2 meses depois

San Francisco

-Quando você vai admitir, Sara?- perguntou Laura a sua filha.

Laura Sidle ficara extasiada quando Sara contou que voltaria para SF. Quando recebeu a notícia, prometeu a si mesma que seria a melhor amiga de sua filha no mundo. Sara não precisava mais de uma mãe, sabia se virar sozinha, mas uma amiga todos no mundo precisam. E ao receber a filha no aeroporto e perceber o quão machucada ela estava, prometeu a Deus e o mundo protege-la do jeito que não pode quando ela era pequena.

-Admitir o que, mãe?

-Que você está grávida?- ela perguntou enquanto segurava os cabelos da filha, que estava agarrada ao vaso sanitário.

-Acho que se não admitir não é verdade... e isso não pode ser verdade!

Laura puxou sua filha para um abraço apertado. Sara chorava de soluçar, e Laura não pode deixar de derramar uma lágrima ou duas. A pior sensação na vida é ver quem você ama aos prantos e não poder fazer nada para ajudar.


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