– Oh meu deus - Cath pulou na cama – Casados, oh minha senhora isso é incrível.

– Shiiii – A senhora levou a mão nos lábios – fique quieta ou paro de contar.

– desculpe -ela se sentou – continue por favor, quero ver no que vai dar.

“ acompanhei Joshua até uma estalagem, havia muitas pessoas de aparência humilde naquele vilarejo, lama por todo lado, e crianças correndo, era como se aquele lugar tivesse vida, fiquei imaginando como seria viver assim, acordar cedo, cuidar da fazenda, ou da casinha, das crianças correndo a minha volta e fazendo bagunça, esperando meu marido chegar, era uma vida simplória e me perguntei o que aconteceria para minha vida fosse assim.

Ele pegou um quarto para nós, o quarto tinha uma cama grande, uma janela pequena que dava ao telhado olhei para Joshua e ele me encarou de volta.

–Não se preocupe princesa fique com a cama eu vou ficar perto da porta – ele me assegurou – vou protege-la.

Concordei devagar, aquela era uma situação completamente estranha, nunca pensei que algum dia iria dormir no mesmo recinto que um homem sem estar casada.

– podemos ir jantar se estiver pronta – ele falou.

– tudo bem – concordei – não posso trocar de roupa para o jantar.

– aparentemente não – Joshua abriu a porta – vamos?

Foi engraçado, comer apenas um prato e ser um prato de lentilhas com pão, ainda sim era um jantar, melhor do que passar fome.

Na hora de dormir que foi complicado, tive que deitar com aquele vestido quente e a noite estava sufocante, não podia dormir, fiquei completamente vermelha quando ele tirou a camisa, e se deitou no chão, bem em frente a porta, pelo menos ele podia se refrescar.

Fiquei me revirando na cama, era tudo duro demais, desconfortável, me sentei e fiquei observando ele dormir, estava de costas para mim e eu podia ver as cicatrizes onde ele havia sido marcado, sua pele morena tinha uma leve camada de suor por cima, e por mais desconfortável que o chão poderia parecer, Joshua dormia a vontade, como se já estivesse acostumado.

Foi quando eu ouvi, o barulho de passos no telhado, olhei a janela e meu coração deu um salto, havia pelo menos dez vindo na nossa direção.

– Joshua – chamei.

E parecia que ele já estava desperto, ele se levantou num ímpeto enorme, vestiu o camisa correndo e pegou a espada.

– venha – ele pegou minha mão – temos que sair, agora, eu vou atrasa-los, vá para os estábulos, pegue os cavalos.

Concordei e comecei a correr pelos corredores, eu podia ouvir ao longe o barulho das espadas sendo atingidas, e rezei internamente que ele ficasse bem, e ele tinha que ficar bem.

Já podia ver meu cavalo quando fui atingida pelas costas, uma coisa pesada me bateu, duas mãos brutas me viraram, eles falavam numa língua estranha, eu não as conhecia, mas pareciam está zombando de mim, os dois homens pareciam mendigos, estavam sujos e tinham aparência de bêbados, s única coisa que me fazia saber que eram dinamarqueses era o uniforme, se não os confundiria com moribundos.

– já esteve com um homem antes princesa ? - eles perguntaram com sotaque estranho – ou achou que essa roupa iria nos fazer pensar que era uma mulher comum? Você cheira a realeza.

Eles abriram minhas pernas, um segurou minhas mãos e o outro procurava entre minhas saias, eu gritei bem alto, estava desesperada, era como se aquela noite voltasse a minha realidade de forma devastadora.

E então ele parou, olhando fixo para frente e um rio de sangue começou a sair da sua barriga e então caiu para o lado, seu companheiro correu imediatamente e Joshua apareceu, ele tinha um corte no rosto que sangrava bastante, mas nem parecia notar, me pegou no colo e montou no seu corcel me levando bem a sua frente, o meu cavalo estava amarrado e vinha logo atrás.

Passei os braços em volta dele e fechei os olhos, precisava me acalmar, e ele tinha um cheiro tão bom, mesmo suado ele tinha um cheiro único, um cheiro dele, cheiro de Joshua.

– eu sinto muito – ele murmurou – foi um erro meu que quase custou sua vida e sua dignidade, peço mil desculpas minha princesa.

Não respondi, acho que não deveria, ele parecia tão bravo consigo mesmo que achei que se falasse alguma coisa só o magoaria, ele com certeza não precisava de mais raiva.

Acho que acabei adormecendo em seus braços, eu nem me lembro de pararmos numa caverna para descansar, os cavalos estavam exaustos, o dele principalmente ele cavalgara a noite toda e boa parte do dia ates de pararmos para qualquer coisa, ele montou acampamento fez uma fogueira e fez uma cama de folhas para mim, me senti uma inútil, não sabia fazer nada daquilo, fiquei parada quando ele foi caçar e enquanto assava as lebres, mesmo com a salta de sal a comida ficara deliciosa com a mistura de ervas que ele fizera, quando terminei fiquei completamente sonolenta, afinal dormir num cavalo em movimento não era uma coisa exatamente confortável.

– obrigada – agradeci – estava ótimo.

– sei que não é bem o que uma princesa come – ele deu um pequeno sorriso e olhou para mim – mas eu quero mantê-la viva.

Ele estava tão próximo de mim que podia sentir o calor do seu corpo, era tão difícil me concentrar em algo com ele tão perto.

– é só por causa do meu pai? – perguntei – que me quer bem?

– o que quer dizer?

– gosto de você general – senti meu rosto ficar extremamente vermelho - gosto mesmo.

Ele virou o rosto na minha direção.

– eu também Cath, eu gosto de você.

Foi quando me inclinei e o beijei, foi um gesto por instinto, totalmente sem pensar, era meu primeiro beijo, que não durou muito, estava inebriada com o gosto dos lábios dele, quando fui brutalmente afastada, Joshua se levantou, ele estava completamente surpreso e eu também, não acreditava que havia acabado de beijar um homem, ele me olhava de olhos arregalados, e parecia não saber o que dizer ou fazer.

– Joshua...

– não – ele levantou a mão – a senhora está cansada e está sendo uma viagem difícil, me viu como um pequeno refugio num momento de dor, agora a senhora vai dormir e esqueceremos esse erro.

Erro? Como ele podia tratar assim meu primeiro beijo?

– é tem razão –respirei fundo – vou me retirar

Nem os céus nem a terra podiam dizer o quanto eu estava arrependida, não podia ter feito isso, acabara de perder a única chance que eu tinha de conquista-lo, por agir como uma menina tola, acho que meu pai tem razão, eu não sei o que é a vida.

Observei sua silhueta andando de um lado para o outro, vigilante, ele parecia determinado a me levar de volta, para um lar onde não queria está para casar com um homem que não amo.

Mas ordens são ordens, e ele é apenas um soldado.