A menina se mexeu inquieta na cama.

–Isso não é uma coisa de uma dama dizer – ela estava corada – que coisa feia.

– é verdade – a senhora concordou – Mas ela não disse, esses são os pensamentos dela, mas se acha inapropriado é melhor eu parar.

– Não – ela quase gritou –desculpe, não, pode continuar, eu aguento.

A velha senhora sorriu diante de tal ato, então baixou os olhos para o livro.

“O barco sacolejava alegre pelo enorme rio que desbocava o lago Visten, eu estava levando comigo todas as minhas três Damas de companhia, seus pais a deram de presente para mim quando completei 13 anos, para que em troca meu pai lhes desse algum tipo de cargo politico.

Estávamos jogando xadrez, quando ouvimos som de passos no convés.

– meu deus - Anna sorriu – imaginem se for o General que está andando ali em cima?

Samantha e Miika começaram a rir.

Senti uma pontada aguda no peito “Ele era meu”

– convenhamos não é Cath – Samantha provocou – seu príncipe é um gato, mas eu daria tudo para passar uma noite nos braços do General.

– Daria tudo mesmo não é Sam? – Anna brincou – não posso dizer nada, eu também daria.

E então começaram a rir, falando do meu homem como se pertencesse a elas.

– podem parar de agir como putas? – me levantei – chega, preciso de ar.

– Vamos juntas senhora – Miika se levantou.

– não – subi as escada – fiquem ai com suas fantasias.

Abri a porta que dava ao convés, estava abarrotado de soldados, de todas as patentes, hoje, dando uma de marinheiro, esse era o segundo dia em que velejávamos e eu estava torcendo para que acabasse logo, eu não queria ficar sendo sacodida por muito tempo.

Cheguei perto da borda, até que a natureza em volta era algo bonito de se ver.

– Não quero interromper sua visão majestade – me assustei.

Joshua ficou ao meu lado.

– Mas não acho que seja seguro que fique tão perto da beirada.

– sinto muito – murmurei me afastando – General.

Ele ficou me encarando por alguns segundos antes de abaixar o olhar.

– veja princesa – ele apontou – a casa.

Dava mesmo para ver, era muito bonita e eu não vinha aqui desde que era uma menina, nós descemos, e notei minhas damas secando aquele que haveria de ser meu homem.

Nos acomodamos, Meu quarto era quase que uma replica perfeita do que era meu quarto, as meninas já foram para seus lugares, trocaram minha roupa e me banharam, não era exatamente a função delas, mas nesse caso, era necessário.

– que vestido vai querer senhorita? – Miika estava escolhendo.

– o rosa claro – eu o escolhi pois sabia o jeito que ele era decoando, quase mostrava meus ombros.

Eu pus o meu colar com o pingente da minha mãe com a mesma fita negra, que combinou o vestido perfeitamente, e prendi o meu cabelo com alguns grampos de perolas, me colocaram uma pulseira com diamantes e meu chapim, eu estava pronta, essa seria a semana que conseguiria Joshua para mim.

Descemos para o jantar e me desapontei completamente ao saber que ele não estava lá, fiquei chateada e mal toquei no jantar.

Me arrastei até o quarto e estavam prestes a tirar meu espartilho quando ouvimos um barulho alto lá fora, todas as meninas se assustaram.

– calma meninas – Samantha tentou nos acalmar – deve ser apenas um dos soldados brincando de lutar.

Outro barulho.

Comecei a realmente sentir medo.

E de repente os gritos começaram e as correrias, Anna foi até o corredor e voltou correndo e trancou a porta.

– escondam ela agora.

E foi tudo rápido, Anna abriu um alçapão que eu não sabia que não sabia que existia, e elas me pagaram me colocando lá dentro.

– Meninas me soltem –falei assim que fecharam a porta - que está acontecendo.

Eu fiquei em pânico, e foi nessa hora que eles estraram, eu não gostaria de dizer que vi aquilo, foi horrível, eles entraram arrombando tudo, e procurando em todos os lugares, os soldados dinamarqueses, dava para ver pela cor dos seus uniformes, quando não me encontraram eles simplesmente se serviram do corpo das minhas amigas, ali na minha frente, eu vi quando um deles cortou a garganta de Anna enquanto ainda estuprava. Eu me encolhi no chão, eu queria tanto berrar, mas os sons não podiam sair, eu só precisava de algum tipo de salvação, mas nesse momentos eu estava no meio de um banho de sangue, que começou a escorrer para dentro do alçapão.

E foi nessa hora que eu desmaiei.

Quando acordei não tinha ninguém ali, nem um único barulho, meu peito estava doendo, o chão estava sujo com o sangue, sangue das minhas amigas.

Me levantei e bati na porta do alçapão, ninguém abra, ninguém vinha.

– está ouvindo esse barulho tenente? – ouvi alguém falar, alguém não, era ele.

–Joshua – gritei –aqui, por favor.

–Princesa – ele respondeu.

Estava bem em cima de mim.

Ele abriu a porta e me pegou no colo.

– Graças a deus – Joshua me abraçou com força – graças a deus.