Não… isso nunca deveria ter acontecido. Anna congelou para salvar a minha vida. Ela… morreu.

Não consegui escutar mais nada, minha cabeça estava fora do controle, é… tudo minha culpa… se eu soubesse controlar os poderes, nada disso teria acontecido… é tudo minha culpa, tudo…

Não consegui fazer mais nada além de correr e chorar, os guardas e o Hans corriam e cavalgavam atrás de mim.

— Fiquem longe de mim! — Gritei, soltando espinhos de gelo. Corri o máximo que pude para me esconder, fiz barreiras de gelo, tornados com a neve, até que finalmente eles estavam fora de minha vista. Dei um suspiro de alívio, e caminhei mais ainda. Mas apenas me lembrava da Anna, pobre Anna… eu evitei o máximo para essas coisas acontecessem, e… aconteceu do pior jeito, nunca vou me perdoar, nunca…

Cheguei ao castelo de gelo que tinha feito, fui para o último andar, e olhei ao horizonte… por que essas coisas tiveram que acontecer? Por que eu nunca consigo me controlar? Por que eu nasci com esse poder? Que mesmo sendo incrível e belo, traz medo e desespero. Que foi justamente o que aconteceu.

Acabei cochilando, e tive um sonho estranho. Não havia nada, apenas neve, nenhum sinal de vida. Até que eu ouvi uma voz familiar, chamando o meu nome, mas era um pouco estranha, a voz era arranhada e parece que foi dito por três pessoas de vez. Olhei para trás e me surpreendi, era a Anna.

Mas tinha algo errado com ela, ela tinha cinco anos, sua pele estava toda congelada, seus olhos eram pretos, mas a íris era azul, seu cabelo estava branco, seu vestido estava rasgado e molhado, e havia um grande sorriso macabro estampado em sua face.

— Você quer brincar na neve? — Anna perguntou, enquanto chegava uma tempestade, que atrapalhava a minha visão. E acabei acordando.

Quando eu pensei que era coisa da minha cabeça, e que estava tudo bem, o gelo estava vermelho, vermelho sangue. Me desesperei, e ouvi a mesma voz chamando meu nome.

E do nada, ouvi uma música de fundo, era macabra e perturbadora, enquanto a Anna cantava.

“Do you want to build a snowman?”

“Come on let’s go and play!”

“I never see you anymore”

“Come out the door”

“It’s like you’ve gone away”

Corri o máximo possível, assustada, frustada, confusa, e culpada. Meus poderes de gelo não à atingiam mais, várias lágrimas caíam de meu rosto, por que? Por que isso está acontecendo? O que está acontecendo? Anna… eu sinto muito Anna…

“We used to be best buddies”

“And now we’re not”

“I wish you would tell me why”

Quando eu tive uma chance de olhar para trás, fiquei chocada, estava a Anna, agora na minha idade, estava derretendo, e seus olhos estavam sangrando, mas parece que estava congelado, e ao seu lado, parecia o Olaf, só que com os olhos negros e estava derretendo, e maior.

“Do you want to build a snowman”

“It doesnt have to be a snowman”

— VÁ EMBORA ANNA! — Gritei, ainda correndo e construindo caminhos com o gelo, mas nada adiantava, ela continuava atrás de mim, com o Olaf, que ficava cada vez maior e mais assustador, e a voz da Anna, ficava mais grossa e mais macabra.

“Do you want to build a snowman?”

“Or ride your bike arround the halls?”

“I think some company is overdue”

“I started talk to the pictures on the hall“

Eu fazia mais e mais caminhos, jogava mais os meus poderes mas nada adiantava, e eu estava ficando fraca, e pensava “Não é possível, Anna morreu, Anna está morta, eu matei Anna… e ela então quer se vingar de mim…” Sempre ouvia que quando as almas não estavam satisfeitas, o ódio se prende a alma, até conseguir o que quer, mas eu não sei o que posso fazer mais! Anna vai tentar me matar se eu chegar perto!

“It gets a little lonely”

“All these empty rooms”

“Just watching the hours tick by”

À cada “nhocks” e “nhacks” que Anna fazia com a boca, minha cabeça doía, como se fosse explodir. Corri mais ainda, mas estava perdendo o fôlego, e os meus poderes também. Meu vestido se tornou o mesmo da coroação, eu estava ficando fraca, com frio, e cansada. Por que? Por que? O que eu fiz para minha vida ser assim? Por que? Por que eu tive que ser uma aberração?

Até que lembranças do passado vieram a minha mente, a época em que o acidente do gelo na cabeça de minha irmã aconteceu, quando meus pais morreram, quando descobriram meus poderes, quando eu fui presa… Lembranças ruins, ódio… isso deixava a Anna cada vez mais rápida e mais forte, ela estava controlando a minha mente.

Até que finalmente, achando que eu a despistei. Fiz um quarto de gelo, com uma porta enorme do mesmo. Me sentei, e comecei a chorar… Não acredito que isso está acontecendo comigo… Se meu poder é tão incrível, por que ele só me dá trabalho?

Infelizmente, ouvi alguém bater na porta de gelo. Me afastei dela automaticamente. Anna não iria conseguir entrar, mas não iria desistir de bater na porta.

“Elsa…?”

“Please I know you’re in there”

“People are asking where you’ve been”

“They say ‘have courage’ and I’m trying to”

“I’m right out here for you, just let me in… “

E uma coisa estranha aconteceu, neve derretida escorreu debaixo da porta, formando a Anna, morta-viva, mas coberta de sangue. Estava segurando uma faca de gelo, também coberta de gelo. Ela deu um sorriso macabro, abriu bem os olhos, que agora estavam vermelhos. E o Olaf morto-vivo veio junto.

“We only have each other”

“It’s just you and me”

“What are we gonna do?”

— Anna… Por favor… Para… E-eu não queria te machucar… — Tentei explicar, tremendo de medo e de frio, meu poder todo tava indo embora, meu cabelo começara a ficar castanho escuro, herdado do meu pai.

Até que o Olaf virou algo monstruoso, e me agarrou com neve negra. Eu estava fraca, não consegui me soltar, Anna novamente ficou com cinco anos de idade, ainda com a faca sangrenta na mão, que ficara maior, e lançou em meu peito, sem dó, nem piedade. Fiquei congelada de tanto frio. E a única coisa que eu ouvi disso foi:

“Do you want to build a snowman?”