The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene


Capítulo 9
Capítulo Nove - Ruas do Centro


Notas iniciais do capítulo

Este cap ficou um pouco ruim! Fiz ele com pressa!



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O centro da cidade do Rio de Janeiro passa por nós em câmera lenta, uma interminável fila de prédios comerciais se espalhando pelas avenidas. Pontes e passarelas fazendo ziguezague acima de nossas cabeças. Outdoors e placas de neon poluindo a imagem dos escritórios locais.

Havíamos passado por concessionárias tão escuras quanto à noite, o mar sem fim de carros destruídos brilhando sob a luz da Lua. Também passamos por restaurantes quebrados, shoppings saqueados, igrejas pichadas e prédios incendiados com alguns focos ainda acesos. Os antigos carros da alta sociedade agora estavam espalhados pela avenida, alguns queimados e carbonizados. A prefeitura da cidade – um reluzente prédio espelhado – jazia silenciosa com quase todas as suas janelas estilhaçadas. Lojas de diversos tipos descansavam sobre as ruínas do que fora uma poderosa cidade.

Em menos de um mês, a praga aparentemente destruiu os subúrbios da periferia do Rio. Ali, nos condomínios de luxo e nos prédios históricos, para onde as famílias de classe média emigraram ao longo dos anos a fim de evitar as árduas viagens até o local de trabalho, as hipotecas muito caras e o estresse da vida cotidiana, a epidemia pôs fim à ordem social em questão de dias. E, por alguma razão, isso é um dos motivos que mais me perturba.

O jipe de Victor deslizava silenciosamente em uma das pistas da Avenida Presidente Vargas. Ele só desviava seu curso quando havia algum carro ou obstáculo em seu caminho. Dentro dele iam Victor, Beto, Gabriel, Júnior e eu. Meus amigos não confiavam nos militares e nem eu, mas era a nossa única chance. Beto ia no banco do carona e apertava sua panturrilha com força, tentando estancar o sangramento. Gabriel lançava um olhar maligno cada vez que o sangue pingava no carpete.

– Foi mordido? – perguntou ele com raiva.

Beto olhou para trás.

– Não! – respondeu ele – Me atirei da janela para fugir dos andadores. Cortei a perna com um caco de vidro!

Júnior dividia um pacote de biscoito comigo.

– Andadores?! – disse ele de boca cheia – Nós os chamamos de mordedores!

Victor revirou os olhos.

– Não interessa o nome que você dá para eles – resmungou – Isso aqui é sobrevivência, não um teste!

Gabriel me fuzilou com olhar. Ele não confiava em Victor.

– A vida é um teste! – retruquei com certa raiva.

Houve um silêncio prolongado seguido pela escuridão total da cidade. O começo da noite desceu sobre o labirinto de arranha-céus cobrindo toda a avenida. Era neste momento do dia que os mordedores saiam das ruínas e andavam sem rumo nas ruas. Júnior apresentava uma teoria que o escuro deixava os mordedores agitados e irritados.

– Merda! – berrou Victor.

As pistas da avenida foram tomadas pelos mortos. Eram pequenos e grandes, magros e gordos, crianças e adultos. Todos eles sentiram o cheiro da carne e avançaram para o jipe. Felizmente, Victor era um excelente motorista e desviou com cuidado da multidão. Alguns mordedores pularam na frente e foram esmagados pelo carro, fazendo o sangue espirrar nas janelas.

– Merda, Merda! – murmurava Victor – Vamos carrinho, só mais um pouco!

O carro deu uma guinada para a esquerda e entrou voando por uma das ruas laterais. Fomos atirados para o lado e o pacote de biscoitos se espalhou pelo chão. O barulho da multidão foi sessando até se transformar em um sussurro oco abafado pelo som das rodas.

– Precisamos revezar o plano! – informou Victor.

Gabriel cruzou os braços.

– Não a nada a ser discutido – respondi – Vamos dar a vocês nossas armas e em troca, você nos tira da cidade!

Victor virou mais uma vez o volante. A escuridão se intensificou na viela.

– Não sabemos se nosso comandante vai aceitar a proposta! – disse Beto – Ele é meio misterioso.

– Isso não interessa! – disse Gabriel – Trato é trato!

Os dois homens trocaram olhares significativos.

– Quem é o seu comandante? – perguntei – Aquele babaca que derrubou a ponte?!

Beto se virou mais uma vez.

– Ele mesmo! – respondeu.

– O que aconteceu com o antigo governador?! – perguntou Gabriel, abandonando a raiva na voz.

Victor acelerou um pouco.

– Foi morto no meio desta crise – respondeu Beto – Ele estava de férias na Europa e...

Sobressaltei-me. Gabriel também.

– Não é só o Rio que foi atingido?! – perguntei aflito.

Victor deu uma risada.

– O mundo todo garoto! – disse ele – Parece que apenas a Inglaterra e o Japão estão livres desta praga!

O carro parou deslizando. A rua que levava ao Centro Cultural estava completamente obstruída por uma multidão de carros parados. Entre eles, centenas de mordedores vagavam rosnando. Eles escutaram o barulho dos freios e se dirigiram para o jipe, todos de uma só vez. A rua parecia estar acordando de um longo sono.

– Estamos ferrados! – observou Júnior.

Abri a porta de trás.

– Corram! – gritou Gabriel.

Disparamos pela noite. Os mordedores nos cercaram e tivemos que subir em um carro estacionado para escapar da multidão. Gabriel pulou para calçada enquanto eu e Júnior descíamos para o asfalto. O baque surdo foi suficiente para os mordedores nos avistarem. Saquei minha arma do cinto e disparei vários tiros que ecoaram nas paredes. Júnior seguiu meu ritmo e acabou com dois pentes carregados. Nossa munição havia acabado e estávamos sem saída, encurralados contra um caminhão de mudanças. Júnior olhou para os lados e indicou.

– O prédio fica a uns vinte metros – disse – Não vamos conseguir!

Olhei para os lados. Havia um corredor de carros com poucos mortos. Indiquei para ele o local e ele concordou.

– Não gaste munição – falei.

Ele não precisou de aviso, puxou seu facão e cravou a lâmina entre os olhos do defunto. O corpo murchou e caiu com um leve baque no chão. Júnior retirou a faca do crânio e partiu para o segundo, abrindo uma fissura ligada diretamente com o cérebro. Sangue respingou do mordedor e atingiu nós dois, encharcando nossas camisas.

– Ah cara – reclamou Júnior – A Clara vai me matar!

Os portões do Centro Cultural estavam abertos e amassados. Victor, Gabriel e Beto já haviam chegado e respiravam com dificuldade. Nenhum dos três falou nada até que um barulho ensurdecedor ecoou em uma rua próxima.

– Mas quê...?! – exclamou Gabriel.

Um carro inteiramente lambuzado de entranhas surgiu na esquina próxima e parou cantando pneus junto a nós. Houve um grito de alegria e Clara saltou do carona, puxando Júnior para um abraço. Parecia que Silas ouvira a mensagem deixada no rádio.

– O que está acontecendo? – perguntei para Silas.

Foi Clara que respondeu:

– Ah, foi horrível! – e caiu no choro.


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