Poison escrita por Solaris


Capítulo 1
Familiar Taste of Poison.


Notas iniciais do capítulo

Relevem qualquer erro, eu não revisei.



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Uma tempestade caia com violência naquela noite. Os relâmpagos chicoteavam no céu, mostrando a força de sua ira. Sentado em uma poltrona no seu quarto privado de monitor, estava Tom, totalmente absorto a isso. Degustava de seu firewhisky com lentidão, imerso em pensamentos, enquanto esperava por ela.

Se perguntava quando chegou a esse ponto. Estava ansioso por ela. Seus dias se tornavam dolorosos só por poder ficar perto dela sem tocá-la. Sentar atrás dela durante as aulas, fingindo não se embriagar com seu perfume. Vê-la se divertir com seus amigos imbecis, enquanto ele era obrigado a observar e reprimir sua vontade de torturar um por um, seguido por uma morte humilhante, como julgava que mereciam. Sentia nojo de si mesmo por isso, por tudo ela era capaz de fazê-lo sentir. Aquela urgência estava enlouquecendo-o aos poucos.

Assim que ela adentrou o quarto, foi como se o fogo da lareira invadisse o cômodo. Podia sentir seu corpo sendo envolvido pelas chamas que eram mantidas pelo olhar dela, que queimavam em sua pele como gasolina.

Tomou mais um gole de seu firewhisky para disfarçar a garganta seca. Ela se aproximou dele em passos lentos, em uma forma de torturá-lo. Sabia do quanto ele a desejava, conseguia ver a ansiedade em seus olhos e ouvir sua respiração descompassada, enquanto ele tentava em vão normalizá-la, isso a divertia em níveis que jamais havia chegado antes. Ela sentia a mesma coisa, mas precisava se segurar perto dele. Podia sentir algo incontrolável, mas não confiava nele. Reprimia tudo antes mesmo de se permitir sentir por completo e tentava disfarçar até para si mesma. Não podia deixá-lo ter o comando da situação. Ela precisava ser racional. Um passo em vão e ele a monopolizaria.

– Você vai ficar... – Perguntou lentamente, enquanto se desfazia de seu robe sem quebrar o contato visual. – ou vai embora?

Ele permaneceu imóvel, sem conseguir tirar o olhar dela, que desceu descaradamente por todo o seu corpo e voltou para os olhos, fixando-os.

– O que acontece se eu for embora? – Perguntou em voz baixa e arrastada, levantando-se e aproximando-se lentamente, tal como ela havia feito há pouco.

– Nunca mais me verá. - Responde com um sorriso lascivo nos lábios, que só serviu para atiçá-lo mais.

Ele se aproximou um pouco mais, até suas respirações fundirem-se.

– E se eu ficar?

Depois de alguns segundos em silêncio, que mais pareceram séculos, ela respondeu.

– Sou sua.

Aquilo não era uma resposta, não soava como uma. Era mais um desafio, que vindo dos lábios dela parecia uma brincadeira de criança.

O silêncio reinou novamente, e agora parecia gritar. Um trovão soou na tempestade e clareou o quarto por inteiro, que agora estava escuro devido lareira ter apagado com a ventania que descia pela chaminé. Os dois se encaravam, seus olhos gritando um pelo outro, refletindo os relâmpagos da tempestade que concretizavam o que se passava dentro deles.

Tom se aproximou de Minerva e, antes que ela pudesse sequer pensar e relutar, a beijou. Outro trovão soou, mas eles não escutaram, não estavam mais cientes de nada ao redor deles. Estavam concentrados demais um no outro, no turbilhão de sensações que se passavam e que sabiam em seu intimo que seriam as últimas, dessa vez definitivamente. Cada momento juntos eram como os últimos, mas o fim jamais parecia chegar. O conflito entre eles era pouco comparado ao conflito que passavam internamente. Lutavam mais contra si mesmos, contra o que sentiam, do que um contra o outro, portanto nunca sabiam quando seria a última vez, mas sabiam o tempo inteiro que estava próximo. Afinal, o que os mantinha não era amor, pelo menos não que eles tivessem cientes disso. Na mente deles, o que os mantinha era o ódio. Um ódio que os consumia, que os viciava, que os fazia implorar por mais, mesmo sendo contra tudo o que eles tanto prezavam. Um verdadeiro veneno que os mantinha e os matava.

– Adeus, Minerva. – Murmurou Tom indiferente, colocando o sobretudo e saindo do quarto sem olhar para trás.

Reprimiu tudo o que sentiu quando fechou a porta. Deixaria tudo para trás. Estava começando sua jornada a caminho do que sempre almejou. Estava a caminho de se tornar Lord Voldemort. E para isso teria que deixar tudo o que sobrava de Tom Riddle para trás, ela era parte essencial disso.

Ela era o que ainda o prendia em Tom Riddle.

Minerva ficou estática. Não sabia se estava triste ou feliz, ou se sentia de fato alguma coisa. Era como se a tempestade tivesse invadido seu interior, devastando-a. Como se a chuva tivesse lavado-a por dentro, levando tudo, deixando-a completamente vazia. E o pior de tudo era que não conseguia entender o porquê.

Ainda sentia o perfume dele invadindo suas narinas, que agora começavam a arder. O sorriso em seu rosto não condizia com a lágrima solitária que teimou em cair. Não saber o que sentir era bem pior do que sentir algo que não queria. E a presença dele que ainda era forte naquele quarto só agravava a situação. Lembranças e mais lembranças impregnadas em sua mente, o toque dele em sua pele, eram como rastros das cicatrizes que levaria em sua alma. Se sentia suja por isso.

Não soube exatamente quanto tempo ficou parada no mesmo lugar, mas só acordou do transe quando ouviu a porta fechando atrás de si. Era ele. Reconheceu seus passos, o ritmo de sua respiração. Sentia que estava enlouquecendo.

– Por que voltou? – Se pegou perguntando.

Ouviu o som de seu sobretudo caindo pesadamente no chão, o que indicava que estava molhado, portanto ele devia ter mudado de ideia quando já estava indo embora no meio da tempestade, mas o que o tinha feito mudar de ideia, se questionava. Sua mente estava a mil e quanto mais ele se aproximava dela, mais lentamente ela trabalhava. Era como se a presença dele a retardasse, mas não conseguia evitar. Podia sentir o calor que emanava de seu corpo, sua respiração quente em seu pescoço. Aquilo era mais do que suficiente para tirá-la de sua sanidade.

– Não importa porque voltei. – Disse ele, passando os dedos compridos e gélidos lentamente em seus ombros, deslizando o robe em seu corpo. – O que importa é que estou aqui e que essa será a última vez.

– Definitivamente. - Ela concordou, soltando um discreto riso, mostrando que o jogo ainda estava intacto e precisando de um final. O único que não sabiam era se teria um vencedor.

– Não me faça me arrepender. - Sussurraram ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

Escrevi essa fanfic há quase dois anos, e agora só consigo pensar: Minerva é uma trouxa mesmo ou ela, mesmo amando o Tom, só fazia isso pra se divertir?
Vou ficar com a segunda opção.