Seus braços quentes estavam ao meu redor e eu me sentia tão culpada. Seu modo de enrolar as pontas do meu cabelo eram tão inocentes, mas os arrepios que eu sentia não eram.

Isso é errado, monstruoso, e eu tenho, por mais que não queira, que colocar um ponto final.

Albus é meu irmão mais velho e somente isso. Não há possibilidade de um futuro entre nós dois.

Ainda assim seus braços são tão reconfortantes ao meu redor, que eu não tenho a ousadia de abandoná-los. Não pode ser tão errado assim querer ser abraçada por meu irmão.

Ao menos não seria se minhas intenções fossem puras.

Eu tento negar o que sinto, mas é tão difícil, tão difícil. Não posso deixar de pensar em seus profundos olhos azuis, seus dentes brilhantes, seu riso contagiante, sua voz melodiosa, seus fortes braços ao redor de minha cintura, sua alma bondosa.

O que meus pais diriam se descobrissem? Há alguma possibilidade de eu ter sido amaldiçoada?

Como posso sentir esse amor tão natural, se estou amando meu irmão? Afastei seus braços de mim e levantei.

Eu me recuso a ser condenada a viver por um amor doentio.

Estávamos na Sala Comunal da Sonserina, no sofá perto da lareira. Estava nevando, e fora dos braços de Albus o mundo parecia muito mais frio.

— Qual é o problema? — ele perguntou franzindo o cenho.

— Eu... Eu só preciso caminhar um pouco. Estou com um pouco de dor de cabeça — não era mentira.

— Quer que eu vá...

— Não! Eu volto num instante, prometo.

— Você tem estado estranha ultimamente — ele murmurou.

— O que quer dizer com isso?

— Você parece estar sempre tão vaga. Também parece estar sempre andando com outras pessoas, como se estivesse me evitando.

— Bom, não acha que eu te segui por tempo demais? Meio que desde que eu aprendi a andar? — perguntei sarcástica.

Essa discussão era totalmente sem lógica, mas era minha única oportunidade. Talvez se eu fizer Albus se afastar de mim ao invés de tentar me afastar dele eu possa esquecê-lo mais facilmente.

— Achei que gostasse de passar seu tempo comigo — ele respondeu ofendido, já aumentando o tom de sua voz.

— Talvez eu só precise de um tempo longe de você Albus...

Um bom tempo, para poder voltar a pensar com clareza. Sempre que estou perto dele uma névoa me envolve e eu me esqueço de quem ele é.

— E um pouco de tempo a mais com o James, tudo bem.

Sempre houvera uma rixa entre o James e o Albus, talvez essa fosse a hora perfeita para me aproveitar dela.

— Exato. Você não é meu único irmão.

Mas é meu único amor. Afastei-me dele antes que a discussão fosse prolongada, e minhas lágrimas fossem visíveis e meus soluços estridentes.

Por que eu tenho de estar apaixonada justamente por meu irmão?

Sim, um tempo longe dele é tudo de que preciso.