Acordei com um barulho alto de metal, era o portão de minha casa...? Pisquei meus olhos, ainda sonolento tentando despertar totalmente. Olhei para Jack, que dormia tranquilamente com a mão ao redor de minha cintura. Ele fica tão meigo dormindo... Me mexi afastando-me um pouco de Jack, o quanto o pequeno sofá permitia, é claro. Argh, sentia meu corpo todo dolorido, principalmente... Err... É mesmo, eu e Jack... Senti minhas bochechas corarem.

Eu não sou mais virgem.

Eu oficialmente não sou mais virgem graças a um ser contos de fadas e cabelos prateados. Isso é bom...?

– Ah querido é tão bom voltar para casa!

Ouvi a voz de minha mãe no jardim... No jardim...? Céus! É mesmo! Meus pais viajaram há dois dias! Deviam voltar hoje à noite, não hoje de manhã! Comecei a me vestir desesperadamente, é claro que não dormi sem roupas com este frio, mas não queria que me vissem bocejando de pijama na sala, ia ficar obvio que dormi no sofá e isso levaria a um questionário sobre o motivo disto o que seria algo difícil de responder. Se o fato de eu me tornar bissexual ou homossexual, sei lá, nem tive tempo de pensar nisto, já seria algo bem difícil de se aceitar para meus pais, imagina que além disto ainda perdi a virgindade com um cara, um cara eles apenas veriam se acreditassem em histórias fantásticas. Resumindo, qual quer esforço para evitar isto é válido.

Assim que abotoei meu casaco puxei o cobertor de Jack que apenas virou para o outro lado murmurando algo sobre arvores de natal. Corri até meu quarto atirando o cobertor em minha cama. Peguei um pente descendo as escadas enquanto tentava desembaraçar meu cabelo. Ouvi minha mãe girar a chave na fechadura enquanto meu pai reclamava sobre alguma empregada.

Corri até a sala e liguei a TV sentando no sofá, em um pequeno canto já que Jack estava atirado sobre a maior parte dele dormindo como uma pedra.

– Jack! – falei baixo sacudindo seu ombro – Acorde! Meus pais chegaram!

Ele abriu os olhos fazendo algum ruído, fechando-os logo depois.

– Jack!

Ele piscou os olhos outra vez virando-se para mim.

– Hiccup, relaxa, eles não podem me ver, lembra?

É mesmo... Eles não vão ver Jack, ainda assim, era tão estranho tê-lo ali. Acho que sou meio egoísta sobre Jack, na outra vez que meu pai entrou no quarto em que o loiro estava, eu também queria esconde-lo.

– Hiccup! Bom dia querido!

– Bom dia filho!

Falaram meus pais enquanto colocavam suas malas no chão. Sorri para eles levantando-me para cumprimenta-los. Abracei meu pai, então abracei minha mãe que sorria para mim, até sua expressão fechar-se colocando sua mão em meu queixo.

– Hiccup... Sua pele esta feia.

Ela acabou de chegar e mesmo assim já esta listando os meus problemas de falta de vaidade. Oras, é claro que minha pele não esta a melhor, eu acabei de acordar, devo até estar com marcas do blusão de Jack em meu rosto. Só espero que minhas bochechas não estejam mais coradas.

– É que eu acordei há pouco tempo mãe... Ai!

Guinchei quando ela pressionou seu dedo contra minha bochecha

– Hiccup, seu rosto esta queimado, o que você fez?

– Q-queimado? Eu não fiz nada...

– Queimaduras não surgem do nada. – falou ela pegando um pequeno espelhinho de sua bolça, o abriu mostrando para mim, para que eu visse meu reflexo – Vê?

Nossa, minha bochechas estão vermelhadas, meus lábios estão terrivelmente feios e meu pescoço também esta vermelho. Mas o sol nem estava forte e eu nem cheguei perto de um fogão!

– Diga-me, o que você fez? Esperava ver a casa destruída por uma festa quando chegássemos, não queimaduras em seu rosto.

– Eu não sei...

Falei encostando a ponta de meus dedos em minha bochecha, ardeu bastante e rapidamente afastei minha mão. Minha mãe fez uma careta e meu pai aproximou-se.

– Andou muito na neve?

– Hm?

– Na neve, sabe, podemos nos queimar com o gelo também.

Minha mãe riu.

– Só se tiver enterrado a cabeça na neve.

Neve. Jack. Não pode ser... Mas eu vesti todas aquelas roupas para não me aproximar da sua pele e... Lembrei de algumas imagens de ontem a noite, é mesmo, eu não estava usando roupas para isto...

– Hiccup, no nosso banheiro tem um remédio para queimaduras, normalmente usamos na praia, mas, de qual quer modo...

– Ok.

Comecei a subir as escadas, tentando resistir à ideia de olhar para a sala, para Jack. Andei lentamente até o banheiro de meus pais. Meu corpo estava dolorido e ainda haviam as malditas queimaduras, provavelmente devo tê-las em outras partes do corpo também. Passei pelo quarto de meus pais entrando no banheiro. Abri meu casaco erguendo um pouco a blusa de baixo olhando-me no espelho, haviam outras queimaduras, pareciam mais feias...

– Desculpe.

Vi o reflexo de Jack aparecer pela porta do banheiro, virei-me para ele soltando minha blusa. Olhava para o chão, parcialmente escondido pela sombra do quarto escuro.

– Não, esta tudo bem, é só eu passar um remédio e...

– É culpa minha. Eu sabia que isto ia acontecer.

Andei até ele preocupado. Odeio quando Jack se culpa, se diminui, por que tem sempre de achar que ele é o problema quando na verdade ele sempre foi minha salvação?

– Não, não é Jack, isto...

– O pior de tudo é que eles tinham razão!

Interrompeu-me passando por mim, virando-se batendo seu punho com força contra a parede. Encolhi-me um pouco, odeio vê-lo bravo.

– Quem... Quem tinha razão...?

Ele não me respondeu, nem se quer olhou para mim e nem sei se estava realmente me ouvindo.

– Jack...

Ele continuou sem se mover por alguns instantes, até que lentamente virou-se para mim, seus olhos estavam lacrimejados e pareceu ter de fazer muito esforço para falar, como se as palavras engasgassem em sua garganta, como se o torturassem.

– É por isto que não podemos ficar juntos, Hiccup. É por isto que eu tenho que ir embora.

– O q-que?

Senti minhas pernas ficarem fracas e meu coração bater mais rápido.