Lovely, dark and deep escrita por SchubertSerenade


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hummm
Quero dizer... HUMMMM
Está mais ou menos
Mesmo assim, espero que aproveitem ;)



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Meu corpo se recusava a relaxar, e minha mente fervilhava em pensamentos nenhum pouco bons. Eu sentia cada músculo do meu corpo tenso, sentia o sangue correndo, sentia meus pulmões se enchendo e esvaziando vagarosamente e sentia meu coração batendo em seu tom monótono. Deitado na cama, eu só podia ouvir o respirar suave de Mary ao meu lado, tirando aquilo, tudo era tomado pelo ensurdecedor e poderoso silencio. Na escuridão eu me sentia mal, me sentia errado, completamente virado do avesso e torto. Como se minhas mãos tivessem torcidas para a direção errada. Mergulhado no meu mar interior eu era consumido pelo sentimento de falta, como se alguém tivesse arrancado um enorme pedaço de mim.

Nos dias que se seguiram depois do diagnóstico de Mary eu me afastei. Eu não conseguia tocá-la ou olhá-la por muito tempo. Talvez fosse porque tudo parecia que iria acabar em um piscar de olhos ou talvez pelo meu simples medo de lidar com a dolorosa realidade. Eu odiava pensar em uma vida sem Mary agora que estávamos Juntos. Mesmo ela tendo mentido, me usado e quase matado meu melhor amigo eu estava acostumado a presença dela, e além do mais éramos casados e ela estava grávida. Eu tentava pensar positivo, mas era impossível. Tudo o que eu queria era que tudo aquilo fosse um sonho e que eu acordaria na manhã seguinte com tudo de volta ao normal... Sem Mary, sem casamento, sem uma filha, sem nada... Só eu e Sherlock em Baker Street resolvendo crimes e mistérios e correndo por toda Londres procurando um criminoso... Ah, os bons e velhos tempos.

Mas aquele era o dia, logo pela manhã eu e Mary iríamos ao hospital. Aquilo iria definir o resto de nossas vidas, e por isso mesmo eu não conseguia pregar os olhos, não conseguia nem um simples minuto de paz. Tudo era desesperador.

Permaneci acordado até o nascer do sol, e o dia amanheceu feio e frio. Nuvens negras enchiam o céu e Londres inteira parecia monocromática, de qualquer maneira Londres era assim, triste, chuvosa e poética de uma maneira obscura e misteriosa. Mas aquele não era um dia para se admirar a grande Londres, mesmo que eu quisesse esquecer de tudo aquilo e apenas andar sem rumo por ai.

“Você não quer chamar Sherlock pra te fazer companhia?” Mary perguntou enquanto entravamos no carro.

“Por que eu faria isso?” Retruquei com outra pergunta.

“Ele é seu amigo, certo? Ou você prefere ficar sozinho?”

“É claro que ele é meu amigo, mas eu dei um soco nele da última vez que nos vimos, e ele não iria querer vir de qualquer jeito.” Suspirei “Sherlock não é muito de hospitais, a não ser que seja para ver algum corpo de um assassinato ou coisa parecida.”

“Eu conversei com ele ontem...”

“Você o que?” Comecei a dirigir impressionado “Você conversou com ele?”

“Eu precisava conversar com alguém, não acha?” Ela falou sarcástica pela nossa falta de comunicação nos últimos dias. “Mas de qualquer maneira, ele me disse que se você precisasse de alguma coisa ele estaria lá, então eu acho que se você chamar ele vem.”

“Ele realmente disse isso?”

“Sim. Ele disse isso com todas as palavras.” Então ela tentou imitar a voz de Sherlock“‘Se John precisar de alguma coisa eu vou estar aqui, como eu sempre estive.’”

E por um simples momento eu me esqueci de tudo a minha volta e minha mente se focou apenas naquelas palavras, era estranho Sherlock falar algo tão sentimental, mas eu até pude ouvir a voz de Sherlock em minha cabeça dizendo aquilo, com aquela voz de trovão que conseguia estremecer até as mais fortes estruturas. E naquele instante de puro esquecimento e paz eu senti um sorriso se formando em meus rosto, afinal ele se importava comigo, certo? Era estranho imaginar que apenas algumas palavras de Sherlock podiam me trazer uma felicidade tão simples e tão boa, Mas aquilo era fruto de uma semana e meia de desespero em minha vida, então coisas como aquela, palavras como aquelas, me deixavam feliz.

É, talvez fosse isso mesmo.

Havíamos chegado ao hospital mas rápido do que eu imaginei e a cada passo que dávamos eu me sentia cada vez mais tenso. O lugar tinha um ar frio e desesperador, e mesmo sendo médico, estar do outro lado, do lado do paciente, era muito diferente e difícil, aquele ambiente tão familiar parecia estranho e incrivelmente doloroso me dando aquela conhecida sensação de que algo daria errado.

Mary foi colocada em uma cadeira de rodas por uma das enfermeiras e a mesma nos fez esperar em um corredor vazio. A falta de assunto e o medo se instalou entre nós então eu resolvi ligar para Sherlock, quem sabe que se por algum milagre ele resolve aparecer.

Disquei o numero de Sherlock já decorado há tanto tempo sem pensar que teria sido melhor mandar uma mensagem.

John.” Ele falou em seu tom monótono de sempre. Pelo menos ele não parecia muito bravo.

“Hun, Oi... Han... Eu, bem, você não quer me fazer companhia aqui no hospital?” Eu realmente deveria ter mandado uma mensagem. “Ora, é claro que você não quer, mas faria um esforço? Se eu ficar muito tempo sozinho nesse hospital eu posso enlouquecer.” Tentei rir para descontrair um pouco, mas minha risada saiu muito mais falsa do que se era aceitável e todo o meu nervosismo transpareceu.

Claro.” Ele disse sem floreios. “E por que eu não iria querer te fazer companhia?

“Bem, considerando que eu te dei um soco da última vez que nos vimos, eu achei que estaria bravo ou coisa assim”

Oh, aquilo? Eu não te culpo. Pela situação em que estávamos, foi completamente compreensível seu ataque de raiva” Eu pude ouvi-lo sorrir pelo telefone. “De qualquer maneira eu chego ai em dez minutos. Tchau.

“Até mais.”

Voltei e me sentei ao lado de Mary que me olhava com um olhar neutro. Ela sempre me olhava daquele jeito quando o assunto era Sherlock.

“Ele vem?” Ela perguntou.

“Sim, ele vem sim.” Me senti um pouco constrangido por alguma razão. “Pelo menos eu não fico aqui sozinho.”

“Claro.”

E a tensão se instalou novamente. O silencio em que estávamos mergulhados era como o oceano, imenso e profundo, um silencio que só era quebrado pelas enfermeiras e pacientes que passavam distraidamente nos ignorando, um silencio que durou até a chegada de Sherlock acompanhado do cirurgião que faria a cesariana em Mary e duas enfermeiras. Eu nem pude prestar atenção em Sherlock, eu só conseguia ver o médico. Eu senti meu estomago revirar em antecipação e aquela sensação de estar errado voltou; novamente eu me sentia virado do avesso.

“Bem, vamos lá?” O médico direcionou a fala para Mary. “Estamos todos prontos.”

Eu me levantei e me posicionei ao lado de Sherlock, de frente para Mary.

“Sherlock...” Ela chamou o detetive que se aproximou. Mary cochichou rapidamente algo para e ele que sorriu e a abraçou de leve. Ela me chamou logo em seguida.

“Tudo vai ficar bem, okay?” Falei enquanto eu a abraçava.

“Eu sei, John. Mas me escute agora... Se algo der errado, e eu disse ‘se’, eu sei que você consegue continuar, certo? Apenas me esqueça e viva, você me promete isso?”

“Você não vai morrer.”

“Eu sei, mas há uma possibilidade, não? Agora me prometa.”

“Okay, eu prometo.” Eu beije-a no topo da cabeça e olhei enquanto uma das enfermeiras a empurrava para longe deixando apenas eu e Sherlock para trás.

Aquela cena pareceu de desenrolar em câmera lenta; Mary se afastava vagarosamente pelo corredor, escapando me mim e da minha vida como areia entre os dedos. Eu queria que Sherlock, que continuava ali do meu lado, falasse que tudo ficaria bem, mas assim com eu ele sabia que algo daria errado, nós dois sabíamos e sentíamos o que iria acontecer.


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Notas finais do capítulo

eU TO DE OLHO NESSES LEITORES FANTASMAS OK?
Favor, gente, não se acanhem. Falem se esta bom, se esta ruim, se quer que eu mude algo ou não, essas coisa assim, sabe? Ou só um oi mesmo ^^ É muito importante pra mim