A luz que estava me cegando parecia cada vez mais forte enquanto as pessoas se reuniam eufóricas em volta da floresta. E eu, como uma desinformada, fiquei de longe olhando, ainda com o corpo virado para a direção da cozinha, o caminho que eu estava percorrendo.

— Eles chegaram! — gritou Thalia, me puxando com ela para perto daquela luz insuportável aos meus olhos.

— Quem chegou!? — perguntei.

— Você vai ver! — Thalia estava tão sorridente que aquela luz nem chegava aos seus pés.

Percy estava na frente de todos, esperando a chegada dos visitantes depois quea luz já sumira.

Eis que da floresta surgem as tão esperadas figuras. Eram um homem e uma mulher de aparência em torno dos 20 anos.

O homem era esbelto e muito alto, os músculos do seu corpo pareciam bem formados, era possível ter essa noção por causa de seu peitoral bem-definido que aparecia pela sua blusa semi-aberta. Seus cabelos loiros pareciam ouro, e os olhos eram de um azul tão claro que pareciam vidro.

A mulher tinha um corpo escultural e uma postura de liderança, mas sem deixar de passar um ar sutil, sendo amável com todos que falavam com ela. Seus cabelos eram da cor castanho-escuro, e o comprimento era longo, muito longo, tendo as pontas enroladas. A roupa era uma calça de couro e uma blusa de decote pequeno, como se quisesse esconder seu corpo, por cima usava uma capa prateada. Os olhos eram idênticos aos do homem, me fazendo chegar a conclusão de que eram irmãos. Na sua mão direita estava um arco prateado e grande, em suas costas uma bolsa com flechas da mesma cor.

— SRTA. ÁRTEMIS! — Thalia gritou e correu para abraçá-la.

— Thalia, quanto tempo eu não te vejo! — a mulher gritou e abraçou a menina de volta.

Eu observei bem os dois cumprimentando todos do acampamento com sorrisos e brincadeiras, a mulher parecia a lua com sua capa prateada, o cabelo do homem me lembrava o sol, o brilho vindo da floresta era extremamente intenso e seus olhos me faziam lembrar de gêmeos por serem tão iguais.

Sim, aqueles dois eram os gêmeos filhos de Zeus, Ártemis — a deusa da caça e da lua; e Apolo — deus do sol, das artes, e da medicina.

— O acampamento está muito bem organizado, priminho. Parabéns — disse Ártemis, batendo nas costas de Percy.

— Vamos ver se temos uma belezinha nova aqui — falou Apolo, olhando para todas as garotas com um sorriso no rosto, piscando para algumas e pegando na mão de outras. Até chegar em mim, quando ele se aproximou e deu um sorriso sedutor — Olha só, uma garota nova... que delicadeza de pessoa.

Apolo pegou na minha mão com um gesto carinhoso e ficou me observando, fazendo algumas garotas darem risada e falarem ´´Foi constrangedor quando eu passei por isso´´. Ele fez uma cara de duvida enquanto segurava meu queixo e virou para a irmã.

— Ei Art, venha aqui, parece que eu conheço ela de algum lugar, mas eu não me lembro de onde.

— Eu já disse pra não me chamar de Art! — ela saiu do lugar em que estava e seguiu até Apolo, tirando-o da minha frente. Contudo, no momento em que Ártemis me viu, o sorriso de seu rosto desapareceu e se transformou num olhar de surpresa, me encarando profundamente.

— Algum problema, Art?

Ártemis ficou quieta por mais alguns segundos, e de repente começou a dar uma risada que eu percebi ser um pouco forçada, mas fingi não notar.

— Você está confundindo ela com a Anne, Apolo — ela continuou dando risada em seguida parou e me olhou, sorrindo — Qual é o seu nome?

— Annabeth — eu respondi, sorrindo de volta.

— Ah sim, é a princesa desaparecida — disse Apolo, piscando. — Por isso é tão bonita.

— Obrigada — eu falei, constrangida.

— Pare de envergonhar a princesa, Apolo — Percy apareceu em cena, encostando a mão no ombro do primo.

— O que foi, primo? Está com ciúmes? — perguntou Apolo, rindo.

Ártemis, por algum motivo, fuzilou o irmão com o olhar. E Percy, suspirou e se voltou aos dois com mais seriedade.

— Mas enfim, o que trás vocês aqui? — perguntou.

— Assuntos da guerra... — falou Ártemis, com o olhar já sério.

— MAS, isso pode ficar pra depois, eu quero comer agora — Apolo disse e ergueu os braços, indo até o refeitório.

# # #

Já era noite quando, depois de comer, reunimo-nos eu, Ártemis e Apolo na barraca de Percy para tratar de assuntos que eles diziam ser muito importantes, e deveríamos comentar sobre eles quando todos já estivessem dormindo.

— Percy... — disse Apolo — Desde quando vocês estão namorando?

— Nós não estamos namorando! — falamos juntos, quase que num grito.

— Ei, calma! Até parece que é uma ofensa pra vocês.

— Porque é! — dissemos.

— Então por que todos falam que vocês estão juntos?

— Táticas, primo. As pessoas não podem saber que Annabeth é filha de Atena — falou Percy.

Ártemis bufou e cruzou os braços.

— Algum problema, prima?

— Nada Percy, nada — ela suspirou — Vamos falar do que viemos falar. A guerra. Já contou para Annabeth?

— Ainda não, vocês podem introduzir. Preste muita atenção princesa, muita atenção.

— Annabeth — disse Ártemis. — O fato de terem poucos de seus irmãos é porque de uma guerra que está ocorrendo entre o Reino de Nôra e os semideuses. Tudo começou há quarenta e oito anos. O território desse reino era dividido em duas regiões principais, o sul e o norte. O sul continha um povo mais ´´revolucionário´´, que buscava a independência. Já o norte era quase totalmente formado por semideuses que eram leais ao rei, um filho de Hefesto, e a rainha, uma filha de Deméter. A quantidade grande de semideuses era devido aos sátiros, que percorriam todo o país atrás dessa raça para levá-los até o norte do Reino de Nôra. Contudo, um dia o sul organizou um golpe a realeza, e por meio de traições dentro do castelo, conseguiu matar o rei e a rainha, possuindo total controle militar o que possibilitou a vitória do sul quando criada uma lei contra semideuses. Os militares invadiram o norte, e sem poder contra os próprios soldados, os poucos semideuses que sobreviveram criaram acampamentos espalhados pelo país. Assim, em tentativa de retomada do reino, começou a guerra.

— Quantos semideuses tinham? — perguntei.

— Em torno de trinta mil — respondeu Ártemis.

— E quantos sobraram?

— Contando quantos existem nos dez acampamentos, são quatro mil.

— O quê!? Mas nesse acampamento existem só uns cento e pouco.

— Duzentos e um, para ser exato — disse Percy. — Esse é o menor acampamento de semideuses.

— Mas o mais forte — completou Apolo. — Você tem que começar a treinar logo, Annabeth, uma guerra está correndo e você está nela agora.

— Eu começarei a treiná-la com rigor amanhã.

— Não — disse Ártemis, se levantando e indo até a porta da barraca — Eu treino Annabeth.