ANNABETH FLASH BACK, SUA INFÂNCIA

Eu não tinha amigos. Eu era sozinha.

Lembro-me que aos 5 anos, quando estudava com os nobres, os pequenos não tinham noção de que deveriam respeitar a princesa, então, eles me excluíam porque enquanto eles aprendiam as letras, eu já sabia ler.

Era bem triste, porque quem brincava comigo eram as empregadas, mas eu sentia que tinha uma certa obrigação dentro daquilo.

Cresci brincando sozinha com as minhas bonecas, nós fazíamos festa do chá todo domingo. Eu sempre deixava um lugar vago pro papai e pra mamãe, mas eles nunca apareciam.

Apenas uma ou duas vezes, lembro que mamãe separou algum tempo para brincar comigo. Já meu pai, ele nem dava o ar da graça.

Salvo minha irmã mais velha, Helena. Ela estava na idade de estudar para que um dia se tornasse rainha, então começava as atividades cedo e terminava tarde da noite. Entretanto, sempre que ela conseguia tirar uma folga de tempo livre, mesmo que fosse muito pequeno, me chamava para cavalgar com ela. Infelizmente, eram raras as vezes que os instrutores liberavam Helena.

Mas foi aos meus 6 anos que meu reino afirmou acordo com o reino vizinho, e foi quando eles começaram a nos visitar toda semana, e nós a eles. O rei e a rainha de Nôra tinham um filho, seu nome era Felipe, e ele era quatro anos mais velho que eu. Dizer em palavras como fiquei feliz ao fazer um primeiro e verdadeiro amigo seria impossível. Felipe gostava de me visitar, e eu o mesmo, éramos muito próximos, muito mesmo.

A diferença de idade não influenciava em absolutamente nada, afinal, eu era madura demais para 6 anos, então parecia um menina de 8 brincando com um menino de 10, que era a idade de Felipe.

Lembro-me que nossa brincadeira favorita era duelo de espadas. E sempre depois de nossas lutas, parávamos para lanchar em frente ao lago do castelo.

Felipe era bonito já na infância. Não que na época eu ficasse notando isso, ambos éramos apenas crianças e não tínhamos malícia alguma, mas eu percebi isso anos depois quando peguei as nossas antigas fotos.

Seus cabelos eram da cor castanha, não chegavam a ser claros, mas também não eram escuros. Era um castanho mediano, por assim dizer. Na infância, eram curtos e bem aparados.

Voltando para o lanche depois da luta, era quando, depois de um ano, já éramos melhores amigos.

— Ei, Annabeth — ele disse, preparando seu chá.

— Hum? — respondi, comendo meu biscoito.

— Você gosta de brincar comigo?

— É claro, você é meu melhor amigo, Lipe-Lipe — sim, eu chamava ele de Lipe-Lipe.

— Então o que você acha de fazermos um acordo? — ele perguntou.

— Que acordo?

— Quando nós ficarmos grandes, tipo o papai e a mamãe, vamos nos casar? Então poderemos brincar assim todo dia! — a inocência das crianças é incrível.

— Sim! Então vamos ter nosso próprio castelo! — respondi, eufórica.

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O baile que seria em uma semana fora adiado para pouco mais de um mês. Disseram que era por causa ‘’dos compromissos reais’’, mas quando fiquei sabendo que Felipe chegaria naquela tarde, percebi que era para melhorar nosso relacionamento.

O que era bom, já que eu não via Felipe tinha três anos.

Mas ME CASAR COM ELE? O QUE MEUS PAIS TINHAM NA CABEÇA?!

Imagine eu me casando com Felipe... É estranho.

Contudo, uma coisa eu devo admitir, estava feliz em poder reencontrar meu antigo amigo. Eu sentia um tipo de admiração muito grande por ele. Felipe era como um exemplo pra mim: quando menor, costumava ser muito tímida e não me socializava com facilidade. Se hoje sou uma mulher extrovertida, fácil de comunicação e risonha, é tudo graças a Felipe. E apenas a ele.

Bom, no final, acho que vou passar alguns dias bem divertidos com meu amigo.

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O palácio estava uma confusão. Eram pessoas por todos os lugares correndo e dizendo que a família real do Reino de Nôra, o reino vizinho, logo chegaria. Devo admitir, estava um tanto ansiosa; como estaria Felipe? Muito diferente do menino que foi meu amigo até meus 16 anos? Estaria mais forte ou a riqueza teria subido pela sua cabeça?

Essa dúvida estava me corroendo um pouco.

Felizmente, não precisei esperar muito. Pois logo após o café, as empregadas já me chamaram para que tomasse um banho e colocasse um vestido.

O vestido escolhido fora muito bonito, Petúnia tem bom gosto. Era azul-claro e seus mais finos detalhes eram de um azul marinho. Longo, claro.

A maquiagem não era algo chamativo, era simples. Meu cabelo fora preso numa trança lateral muito bonita, e minha coroa na cabeça. Resumindo, estava uma joia.

E o almoço passou. E eu esperei... Esperei... Esperei... até que decidi sentar no banco do jardim em frente ao lago. Fiquei observando os patinhos por um bom tempo, brincando uns cm os outros numa felicidade incrível. Então... Adormeci.

Não tive sonhos, na verdade, quando acordei pensei estar sonhando. Eu estava no meu quarto, não mais no banco do jardim. A luz que entrava era bem cordial, como em meio de tarde. A grande janela, a qual tem um piano logo em frente.

O piano estava sendo tocado por um homem, e ele o tocava com tanta delicadeza que eu pensava ser um anjo refletido contra a claridade, podia ver sua aura se quisesse.

O homem era alto, parecia ter 1,80 e poucos de altura. Seus cabelos eram castanhos, o comprimento parecia bater nos ombros, mas estava preso. E os olhos... eram verdes, tão verdes que me lembravam o mar.

Lembravam-me Percy.

Contudo, não era Percy.

— Boa tarde, dorminhoca — disse Felipe, exibindo um sorriso risonho, seguido de uma de suas piadas gentis de sempre. — Senti tanto a sua falta, e você me recepciona assim? — ele deu risada e me ajudou a levantar.

Aquele homem seria meu futuro marido. Mas por que não senti meu coração bater quando o vi?