Desde que chegara ao Acampamento Júpiter, Rachel não conseguira se relacionar com ninguém. Percy e os outros estavam ocupados com Gaia e os demais problemas. Não que ela fizesse questão de ter companhia, mas não era legal ficar dia e noite sozinha.

Soubera que no acampamento também tinha um oráculo. Bem, não exatamente um oráculo, mas sim um áugure. Rachel estava interessada em como eram os métodos do descendente de Apolo, que não deviam ser nada parecidos com os seus. Ela não sabia se poderia entrar deliberadamente no local onde se realizava as previsões.

“Você podia tentar conversar com ele” Percy havia lhe dito “Ele não é um cara legal, mas talvez você aprenda alguma coisa’’

Decidiu perguntar à Reyna, a única pessoa na qual parecia saber de cor todos os lugares do acampamento. Encontrou a pretora em sua sala, elaborando planos de ataque e com seus típicos galgos ao seu lado. Andou calmamente para mais perto dela, tentando não irritá-la.

-Com licença... –Falou quase sussurrando

-Sim?

-Aquele oráculo, qual o nome dele mesmo?

-Áugure –Reyna corrigiu-a – Você quer dizer Octavian?

-Esse mesmo. Eu poderia falar com ele?

-Acredito que você não iria querer conhecê-lo, mas se estiver muito interessada, Templo de Júpiter.

Rachel decidiu não questionar. Reyna parecia ocupada demais para se manter falando.

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Não demorou muito para encontrar o tal templo. Rachel ficou surpresa com si mesma, já que ela não tinha se perdido. Suspirou quando viu que teria que subir longas escadas.

A construção era feita de mármore, com belas colunas em cada lado. Uma típica construção romana. No centro, uma estátua do deus Júpiter se erguia, e algo que parecia ser uma pessoa estava debaixo dela.

Ficou aliviada quando chegou ao topo, mas levou um susto quando o garoto se virou rapidamente e começou a encará-la. Ele era bem magro e pálido, e parecia que não tinha dormido por dias.

-Desculpe incomodar, mas...

Rachel não sabia como continuar a frase. Achou um pouco esquisito ele estar segurando um urso de pelúcia, então deu uma pequena risada, o que não pareceu deixá-lo feliz.

-Você é o Octavian, não é? –A ruiva estendeu a mão – Prazer, sou Rachel Dare, oráculo do Acampamento Meio-Sangue.

Ele a encarava com uma cara de nojo, o que de fato ele parecia estar sentindo. Percy havia lhe avisado sobre uma pessoa com paranoia de gregos que vivia aqui. Deveria ser Octavian.

-O oráculo? –Ele perguntou – Faz o quê aqui?

-Bem... Percy pediu para eu falar com você.

-Percy Jackson? Então você é da laia dele, não podia esperar mais de gregos.

-Urgh, que belo jeito de começar uma amizade. Vejo que você não é muito bom com isso.

-Não estou interessado em fazer amizade com você, nem com mais ninguém. Se puder me fazer o favor... -Ele apontou para as escadas.

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Rachel desceu, frustrada, e voltou ao seu aposento.

Percebeu que as pessoas daquele lugar não eram amigáveis. Nenhuma delas, não apenas Octavian. Pensou que não seria tão ruim passar um tempo com seu pai. Pelo menos, teria algumas meninas chatas para conversar.

Não estava com sono, nem cansada. Não fez muita coisa naquele dia que a deixasse daquele jeito. Decidiu sair e andar pelo acampamento. Foi para fora, e percebeu que quase ninguém estava acordado. Pelo visto, os romanos tinham o costume de dormir cedo.

Os galgos de Reyna estavam em frente à seus aposentos. Não quis passar perto deles, o modo que a encaravam era assustador. Realmente, os cachorros estavam a perseguindo com o olhar.

Rachel sempre fora uma garota muito medrosa quando pequena. Não gostava de andar sozinha, muito menos em lugares desconhecidos. Parou de andar um pouco para refletir tudo que tinha feito naquele ano,e como seu pai devia estar agora. Quando voltou a si, percebeu que tinha parado bem na frente daquele lugar.

O mesmo templo, da qual ela subira as escadas e fora expulsa minutos depois, estava na frente dela. Continuava curiosa sobre o que tinha lá. Dessa vez, não se importava se Octavian estivesse lá ou não, examinaria o local.

E deveras o garoto estava. Continuava com as malditas pelúcias na mão. O que ele tanto fazia com elas? Isso Rachel não sabia, mas queria descobrir. Não podia ser vista, senão seria expulsa novamente. Pena que ela não era tão boa em ser cautelosa.

-Você de novo?

Rachel se agachou em frente à pilha de animais estufados, ignorando Octavian. O garoto continuava a fuzilando com o olhar. Pegou uma adaga e Rachel sentiu um calafrio, mas ele simplesmente começou a esfaquear o urso.

-Qual o sentido disso? – Rachel perguntou.

Dessa vez, ele que a ignorou. Pegava o estufamento do brinquedo e jogava a carcaça na pilha. Deu uma breve olhada na garota e depois voltou sua atenção à adaga.

-Essa camisola não é muito curta para você andar por aí assim? –Ele perguntou

-Você... Reparou nisso?!

Ele bufou.

-Ok, eu desisto. Quer ver o que eu faço com isso?

-Finalmente- A garota sorriu e observou-o mexer nos materiais

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Os métodos de Octavian eram interessantes, pelo menos no ponto de vista de Rachel. Não entendeu bem o porquê, mas gostou da companhia do garoto. Sim, haviam pessoas piores que ele no acampamento.

No café da manhã, Rachel o procurou nas mesas. Não era difícil encontrar quando ele era daquele jeito, mas ele aparentemente não comia junto dos outros. Reyna confirmou isso.

-Ele prefere ficar sozinho? – A ruiva perguntou

-Não é isso. Nós simplesmente não fazemos questão dele se sentar conosco

-Vi que a maioria das pessoas daqui não gosta dele.

-Não é só a maioria- Reyna disse, parecendo estar segurando o riso- É todo mundo.

Rachel não entendia o porquê de todos excluírem Octavian das conversas e dos ambientes. Dava para perceber que nem a própria Reyna suportava-o.

-Ele não é tão ruim quanto vocês pensam.

-Isso é porque você não o conhece direito! –Alguém de uma mesa gritou

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Rachel se acostumou á ir todo dia para o templo. Ela percebeu que Octavian não era uma pessoa tão legal para passar o tempo, mas que escolha ela tinha? Ele era seu único amigo. Amigo? Essa não era a palavra certa. A garota só conversava com ele pra não morrer de tédio.

-Você é muito irritante, sabia? –Ele perguntou

-Yep

Não era legal ficar o dia todo assistindo o loiro massacrar bichinhos de pelúcia. Rachel retirou o seu estojo de pintura e uma tela de sua bolsa. Não estava inspirada, mas tentou pensar em algo para desenhar.

- O que está pensando em fazer? – Octavian perguntou novamente

-Pintar. A única coisa útil que eu faço de bom.

-E... Vai desenhar o quê?

-Não sei. Uma paisagem, talvez.

Os dois voltaram à suas respectivas atividades. A inspiração veio, e sem perceber, Rachel já tinha pintado uma floresta inteira. Octavian finalmente tinha parado o que ele estava fazendo, e decidiu tirar um cochilo.

-Bem, acho que vou indo – Rachel falou – Até amanhã.

O garoto abriu os olhos e a encarou por um tempo, depois tornou a fechá-los. Rachel começou a recolher seus materiais, e no mesmo instante, pingos de chuva começaram a cair.

Em pouco tempo, já havia uma tempestade. Todos do Acampamento correram para seus quartos. Octavian não pareceu se importar com o fato de sua companheira ter que correr debaixo da chuva.

-Você não tem nada que eu possa usar para me proteger...? –A ruiva perguntou, apertando os braços para mostrar que estava com frio.

-Tente correr sozinha. Boa sorte.

-Pensando bem... Vou ficar aqui mesmo.

-Por mim tanto faz.

Rachel se deitou ao lado dele, o que pareceu deixá-lo desconfortável. Virou-se e encarou o céu. Lembrava-se do Acampamento Meio-Sangue quando olhava para o céu. E sentia muitas, muitas saudades.

-Sinto falta do acampamento... –Ela murmurou para si mesma

-O que lá tem que aqui não? –Octavian pareceu estar com raiva

-Hum, deixe-me ver... Felicidade, bom-humor,amizade...Essas coisas. Aqui todo mundo é muito sério.

-Se você entendesse o que está acontecendo, veria porque todo mundo está sério.

-Eu sei o que está acontecendo. Se não soubesse, eu não estaria aqui.

Ele deu de ombros, depois se virou e voltou a dormir. Rachel teve uma vontade repentina de dormir também. De qualquer modo, ela não tinha mais nada para fazer naquele lugar.

Logo depois de cair no sono, Rachel teve um sonho um tanto quanto esquisito. E não era do seu costume sonhar muito.

A garota estava em sua casa, e seu pai aparentemente havia saído para trabalhar, o que quer dizer que ela estava sozinha. Ligou a Tv e relaxou um pouco, mas logo depois uma luz ofuscante saiu de sua janela. O sol estava realmente muito brilhante.

Ao que foi se olhar no espelho, estava com os olhos completamente verdes, que acontecia quando ela estava prevendo alguma coisa. Voltou correndo para a sala e Apolo estava assistindo o campeonato de MMA.

-Há quanto tempo, Rachel – O deus sorriu.

-O que o senhor está fazendo aqui?

-Só vim te lembrar da maldição, da promessa que você fez. Lembre-se de que, se quebrada, sua pena será a morte.

Do nada, tudo virou um branco total.

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Quando acordou, Rachel não estava em uma posição muito agradável.

Octavian ainda estava ao seu lado, mas os dois não estavam na mesma posição de quando foram tirar um cochilo.

Ambos estavam extremamente perto um do outro. Rachel estava apoiando a cabeça em uma das mãos, e a outra estava embaixo da camiseta do garoto. Este, por sua vez, estava cobrindo os olhos com a esquerda e outra sobre a coxa da garota.

-Octavian

-Hm?

O loiro se virou rapidamente e assustou-se quando viu a posição em que se encontrava. Tratou de levantar-se rapidamente.

-Hã...não era minha intenção... –Ele estava vermelho

-Eu sei. –A ruiva levantou e espreguiçou-se – Agora sim, até amanhã.