A Última Lágrima. escrita por Pedro C


Capítulo 4
Escola.




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''Não fuja da verdade só porque ela o assusta.''

Caso 39

§§

Minha mãe me olhou assustada. — Filha! Aonde você estava?

Ela suspirou, como se tivesse tirado um peso de suas costas. Sua face estava cansada, suas rugas de expressão mais visíveis e sua olheira funda e escura. Seu cabelo anelado estava úmido e baixo.

— Ah, hum, eu... — Gaguejei. — Fui ver a cidade. — Sorri forçadamente e joguei a madeira para o gramado tentando ser discreta.

— Podia ter escolhido um dia melhor.— Ela sorriu e se aproximou de mim me olhado da cabeça aos pés, vendo que eu estava molhada.

— Como se aqui fosse ter um lugar melhor... — murmurei, pegando um copo com água e tomando um gole.

— Então, viu seu presente? Gostou?! — Ela sorriu esperançosa.

— Qual presente? — Indaguei olhando pela sala.

— O car...

— Não brinca?! O carro, lá fora, é para mim? — Eu estava realmente assustada, impressionada.

Abri a porta e me deparei com o “jardim”, que não era cercado. O carro estava lá, lindo, com uma cor intensa e brilhosa. Minha mãe me olhava da porta, com um olhar brilhante e cansado, seu sorriso era orgulhoso.

— Achei que você iria gostar. — Ela sorriu e jogou a chave para mim.

O carro não era novo, mas estava realmente conservado, seu piso estava limpo e o banco com um aroma agradável, sem cheiro de pó e umidade, algo como lavanda. Coloquei a chave sem nenhuma dificuldade e virei, o motor reagiu rapidamente com um ronco baixo e calmo.

— Wow. – Desliguei e sai do carro batendo a porta calmamente, tranquei-a. — Mãe eu adorei, é incrível! De mais! — Afirmei com um sorriso bobo.

— Não é novo, mas está bem conservado. Achei que você iria gostar de ter um carro.— Ela passou o braço pela minha cintura e entramos para dentro de casa.

Me senti um pouco mal, ela não tinha dinheiro para desembolsar para mais um carro.

— Mãe, eu adorei, mas não precisava... Poxa.— Eu queria ficar com o carro, mas minha mãe era mais importante para mim. — Não, eu não posso aceitar....

— Você já aceitou. — Ela sorriu. — Nós duas tínhamos o dinheiro e a casa está boa, não precisa de reformas. - Então eu assenti.

[...]

Acordei com o sol aquecendo minha pele descoberta. Olhei no relógio que ficava em cima da mesa de cabeceira, marcava a hora de se levantar. Fui até a janela para ver como estava o clima e para a minha surpresa estava com raios de sol, sorri surpresa. Ainda estava confusa com o que tinha acontecido. O medo havia me dominado totalmente e eu ia enfrentar um ladrão, essa cidade meche com agente.

Tomei um banho quente e coloquei uma blusa fina e leve branca, que estava amassada, peguei meu casaco preto com alguns detalhes prateado e coloquei uma calça jeans escura justa, deixando minhas curvas visíveis. Me olhei no espelho e me maquiei sem pensar na hora, lentamente e olhando cada detalhe. Eu seria a garota nova na escola, pensei em quem sabe tentar passar uma boa impressão.

Passei uma maquiagem leve e clara, destaquei meus olhos castanho claro, minha sobrancelha com suas curvas e minha boca pequena com um gloss. Penteei meu cabelo claro como mel o deixando solto, ele caia como cascatas sobre meu ombro e chegava até o meio das costas, arrumei minha franja que já estava do tamanho do meu rosto, a deixando de lado. Me encolhi e desci as escadas procurado minha mãe com os olhos.

— Bom dia! — Ela sorriu simultaneamente, fiz o mesmo. — Como foi a noite? – Indaguei enquanto olhava o relógio.

— Ótima, estou muito animada com o novo emprego. E o dia? Viu como está lindo?! — Eu assenti. — Tenho que ir mais cedo, queria estar aqui na hora que você fosse sair... — Ela sorriu, desapontada.

— Tá tudo bem. — Eu sorri. — Vai dar tudo certo. — Afirmei confiante. —Até mais tarde, beijos. — Ela sorriu e beijou meu rosto, saindo toda feliz.

Não demorou muito tempo para eu ir para a escola, o dia estava bonito e quente. Não tão quente como eu gostaria, mas eu conseguia ficar sem uma blusa muito pesada. Meu carro estava mais limpo por dentro, tudo estava conservado e o cheiro de novo ainda estava lá, bem longe misturado com cheiro de tabaco disfarçado e aromatizante de ar.

Não foi difícil achar a escola. Como tudo de importância na pequena cidade chuvosa, tudo ficava no centro. Perto da rodovia ocupando um quarteirão todo com seus prédios com a pintura descascada estava a escola, a reconheci pela placa ‘’ Forks High school. ‘’ Era um prédio muito grande, com uma forma retangular como alguns castelos antigos, mas sem as torres. Com janelas do último corredor até a porta de entrada que estava enfeitada com faixas que diziam “Formatura do 3 ano”.

Estacionei com facilidade. Na frente do grande prédio tinha uma pequena calçada com algumas mesas e cadeiras como as de praças, um gramado com muitas árvores. As pessoas estavam sentadas de baixo das árvores, aproveitando os raios de sol, conversando e rindo. Encolhi-me envergonhada, todos do colégio estavam perfeitamente enturmados — isso iria ser pior para mim se enturmar — e desci do carro, atraindo olhares curiosos e alguns murmúrios.

Senti olhares me analisar da cabeça aos pés, ergui a cabeça e comecei a andar em direção á uma grande porta de madeira com a faixa. Entrei e tinha mais alunos, as paredes amareladas dava um ar mais acolhedor e velho, nas paredes tinha vários quadros com os formandos do terceiro de cada ano. Cada um querendo ser melhor que o outro com enfeites, roupas e molduras diferentes.

Segui um longo corredor de piso branco e me deparei com duas viradas que davam entrada a diversos outros lugares, segui a direita fingindo olhar as molduras e tentar não ser notada.

— Oi, qual é seu nome? É nova aqui, né? — Um menino de cabelo cor castanho me chamou e se aproximou de mim. — Sim, porque se não fosse novata eu saberia seu nome e saberia quem é você, então...

— Sou Bella Swan. É, sim, eu sou nova aqui.

— Sou John. — Ele sorriu tímido. — John Lindenberg.

— Hum, pode me dizer aonde é a secretaria? Eu preciso pegar alguns papéis, eu acho. — Sorri e enruguei o lábio.

— É claro, eu te levo lá... As aulas só começam mais tarde mesmo. —Ele deu os ombros. Sorri tímida e analisei sua face e seu físico mais detalhadamente.

Seu cabelo cor castanho estava penteado como um moicano seco, mas com brilho. Seus olhos escuros e sua boca era pequena e rosada, com um pircing no nariz. Seu corpo não era magro, nem gordo, era um normal bonito e saudável. Seu braço era grosso e sua barriga seca, parecia de tanquinho, ele era um pouco mais alto que eu. Sua pele lisa sem manchas fortes.

— Então, é de onde? — Indagou sorrindo, mostrando seus dentes serrados.

— Phoenix— Afirmei, fingindo não prestar muita atenção na conversa, olhando as pessoas passar por mim com sorrisos forçados nos murais de formatura. Ele sorriu impressionado.

— Nossa. Lá não chove muito, né?

— Às vezes. — Sorri.

— Está gostando da escola? — Indagou novamente.

—Sim. É tudo muito diferente, mas eu gosto.

Um garoto alto, cabelo escuro, um pouco mais musculoso que John, se aproximava sorrindo como se me conhecesse.

— E ai, John! — Eles deram um toque comum deles, John respondeu o toque meio envergonhado.

— Bom, esse é o Erick. — John o apresentou, olhei fundo nos seus olhos escuros e sorri ,sentindo que estava ficando com as bochechas vermelhas. — E ela é a Bella.

— Satisfação, amor. — Erick sorriu enquanto me abraçava, me senti um pouco desconfortável sendo abraçada por alguém tão forte e mais alto que eu, ele pegou minha cintura com sua mão pesada e suspirou no meu ouvido. — Porque prazer é só entre quatro paredes.

Eu fiquei sem saber o que falar e eles riram, John um pouco sem graça.

— Poh, depois agente se vê! Beleza? — John sorriu e pegou em minha cintura avantajada, me guiando até uma sala.

No final do corredor iluminado estava escrito legivelmente “Secretária”. Lá estava uma mulher alta de óculos redondo e cabelo amarrado em um rabo de cavalo lambido, suas expressões da idade estavam visíveis e sua face cansada, porém firme para dar uma bronca. Assim que ela virou-se para nos olhar John tirou a mão da minha cintura rapidamente, enquanto ela me olhava da cabeça aos pés. Ela usava saia cor de goiaba e uma blusa casual colorida.

— Em que posso ajudar? — Indagou, se sentando e ajeitando sua postura ereta.

— Ela é nova aqui. — John iniciou, mas ela o interrompeu com uma tosse forçada.

— Meu nome é Isabella Swan. — Comecei e estendi minha mão com um sorriso forçado, com um certo receio de não ser correspondida.

— Muito prazer. — Ela respondeu, mas não estendeu á mão para mim, me fazendo assentir e recolher meu braço pausadamente, desfazendo meu sorriso. — Sabia da sua chegada. Seja bem vinda. Vai ter que estudar muito já que chegou no final do primeiro semestre, esse é seu horário e um mapa da escola para não me dar o trabalho de ficar perdida. — Me entregou um papel pequeno com os horários. — Nas aulas de Ed. Física usar o uniforme, por favor, não me dê o trabalho de lhe deixar depois da aula. Só isso. Obrigada.

Assenti tentando colher todo aquele balde de informação. Que mulher grossa!

— Até mais tarde, professora Juliet. — John a cumprimentava com um pesar na voz e ele me tirou de lá.

— Eu queria ter te alertado antes, me desculpa. — Afirmou com a cabeça baixa. — Por favor.

— Não, tudo bem.

— Bom, vamos ver seu horário. — Ele pegou o papel da minha mão gentilmente e me ajudou a pegar alguns livros grossos para que eu pudesse colocar os outros na bolsa. — Você vai ter Espanhol comigo agora e matemática amanhã. Pelo visto estaremos juntos em algumas aulas. — ele sorriu tímido, me entregando o papel.

Seu sorriso falava algo, algo desconfortante. Andamos até o lado de fora e ele me explicou algumas regras dos professores mais chatos da escola. Depois, me acompanhou até a aula de Espanhol. A sala era toda enfeitada com a bandeira de países dos alunos intercambistas e com alguns verbos sérios da língua. Ele se sentou atrás de mim, não sei se era seu lugar de costume ou não, mas isso me deixou mais segura. Era um de muitos que eu iria conhecer, era só pensar positivo.

As meninas da minha turma de espanhol tentaram ser bem recepcionistas, puxavam assunto meio tímidas e perguntavam como era a cidade que quase nunca chovia, como eu estava me acostumando e se estava gostando. Por causa dos três primeiros horários de Espanhol consegui saber mais o menos o tipo de cada um que veio falar comigo.

“Poxa! Ela é gata demais”, li meio que sem querer no celular do John. Ele logo em seguida voltou a se sentar na mesa e pegou seu celular sem olhar a mensagem do amigo, colocando-o no bolso sem jeito. Victor o gritou de longe e John voltou para comprar o refrigerante, não aceitei que ele comprasse um para mim e por conta disso comprei o meu quando eu e as meninas estávamos saindo primeiro, graças a algumas piadas o professor de espanhol deixou os meninos um tempo em sala de aula, quietos sem falar ou olhar para o outro.

— Ai que lindo! — Afirmou Caroline, sorrindo passando a mão nos seu cabelo loiro volumoso. Assim que John estava longe o bastante.

— O que? — Indaguei meio sem entender. Jessica só sorriu, meio que feliz com a desconfiança da amiga.

— Você e o John, será que... Rola? — Indagou, piscando com seus cilios volumosos.

— O que? Eu? John? Não. Quer dizer, não percebi.. — Me atrapalhei toda na hora de falar.

— Vai dizer que não percebeu que ele esta doidinho em você?!

Só foi parar para pensar e eu vi que ela estava certa. Na hora que ele pegou em minha cintura, seu jeito todo fofo, educado e cavalheiro, sua recepção.

— Para de encher ela. — Afirmou Jessica como uma mãe. — Talvez ela esteja gostando de outro. — Jessica de encolheu, seus cabelos castanhos caiam no ombro perfeitamente liso e sem volume, fitou o celular seriamente.

— O Erick conseguiu hein?! — Exclamou Caroline.

— Conseguiu o quê?, para de ser boba! — Respondeu Jessica se mordendo de ciúmes. Mordeu o lábio inferios retirando o gloss, que destacava sua boca rosada e pequena.

— Te passar ciúmes. — Entrei na brincadeira sorrindo. — Olha, eu não sabia quem era ele. Ele que chegou me abraçando, mas agora que sei com toda certeza ele estava te passando ciúmes. Vi sua postura relaxar assim que disse.

— Tá, mas o assunto aqui não sou eu. É você e o John! — Afirmou Caroline com seu jeito delicado de ser. — Imagina que fofo! Eu e o Emeet, Jessica e o Erick, você e o John. — Vi estrelas nos seus olhos quando ela imaginava e afirmava com uma felicidade além do limite.—Poderíamos fazer passeios, ir á festas, cinema, shopping. Ah! Que tudo!

— Não tem eu e o John. — Me encolhi.

— Então tem você e o Victor. — Ela sorriu.

— Em que lado você está Caroline? — Indagou Jessica sorrindo ironicamente, também soltei alguns risos e me encolhi vedo os meninos se aproximar.

O restante do dia foi tranquilo. Em algumas aulas nenhum dos meus amigos estavam presentes, mas eu consegui me virar sozinha. Os professores passavam uma matéria que eu estudei no início do semestre, ou seja, eu não estava sofrendo para aprender algo sozinha. Na hora de ir embora o sinal fino e angustiante tocou, o tempo estava mudando, as nuvens ficando cinza e eu já estava me despedindo do sol.

Por sorte ou destino o carro da Caroline estava estacionado ao lado do meu, era um carro cinza escuro, fechado e sofisticado, se despedimos e eu fui embora sem nenhuma dificuldade. As casas não eram iguais, nem com a mesma cor, cada rua tinha sua característica, então foi fácil voltar. Mas antes de ir para casa, peguei a rodovia ao leste e cheguei no cemitério.

Vazio, silencioso e calmo.

Peguei as Tulipas amarelas que havia comprado no caminho e fui para o interior do cemitério, passando pelos túmulos com um excesso de cuidado. Me sentei no gramado que estava podado, de baixo de uma grande árvore escura e cheia de musgo.

— Oi pai, como você está? — Minha voz começou falhar. — Bom, eu estou bem. Bom, é isso que eu falo para todos que fazem questão de perguntar, sorrio e digo que estou bem, que gosto daqui e que nada aconteceu. Minha mãe está ficando bem, mas não sei se é verdade aquele sorriso. Hoje o dia foi bom.

E as lágrimas começaram a percorrer minha bochecha e e eu tentava limpa-las com as costas da mão.

— Ás vezes sinto vontade de gritar, para me sentir aliviada. Tudo é tão diferente!

A chuva começou a cair fina e leve. Me levantei e coloquei as flores naquele lugar e comecei a andar mais rápido, tentando cessar as lágrimas. Enquanto andava me deparei com alguém.

— Olha por onde anda! — As palavras saíram da minha boca instantaneamente.

— Me desculpe. — A pessoa me respondeu sério.

Ele era novo e estava com uma roupa escura, algo que o cobria do pescoço aos pés. Tinha uma boca delicada e muito bonita, seu rosto era branco com pele lisa e sem manchas. Seus olhos eu não conseguir ver e em sua cabeça encontrava-se uma touca, mas a única coisa que podia se ver era a franja castanha se sobressaindo.

Então, ele me olhou e soltou um rosno. Seu lábio ficou vermelho, tom de sangue, e a chuva gélida começou a cair mais forte.

Então, eu tremi.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas...
Espero que estejam gostando... logo postarei, é claro, se tiver comentários.
Até.
Uma pergunta, gostam de One Shot para +18 ou +16?