O Filho da Lua escrita por Murillo França


Capítulo 1
I – Conversa inadiável.


Notas iniciais do capítulo

As vezes sua vida dá reviravoltas que você nem imagina. Mas tenho que me lembrar, tudo acontece por uma razão.



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–Filho, temos que conversar! – Avisou Rafael Simon, o pai de Matheus que estava parado na porta fechada do quarto dele.

–Não dá pai, tou atrasado – respondeu Matheus saindo do quarto com a farda branca e vermelha da escola.

–Se não perdesse tanto tempo penteando o cabelo e admirando os próprios olhos! – comentou Rafael.

–Cabelos loiros e olhos azuis, tenho que cuidar bem deles! – rebateu o garoto descendo as escadas e correndo pra cozinha.

Matheus era a imagem e semelhança de seu pai, Rafael, ambos tinham pele clara num tom bronzeado, olhos extremamente azuis, e cabelos loiros espetados. Mesmo tendo apenas doze anos, Matheus já apresentava uma musculatura bem definida, o garoto acreditava que era devido a natação, mas tudo em seu corpo era devidamente programado pra funcionar da maneira certa.

–Filho sério, não posso mais adiar essa conversa – rebateu o Sr. Simon seguindo o filho até a cozinha.

–Pai, já basta eu ter que tomar café no ônibus, não me faça também ter que correr até o ponto! – respondeu Matheus pegando um sanduíche e uma garrafa de suco.

–Desde quando você liga pra chegar cedo na aula? – perguntou Sr. Simon, estranhando o modo de agir do filho.

–Desde que fui ameaçado de receber uma advertência se atrasar mais uma vez... Tenho uns vinte atrasos! – respondeu.

–Vá logo, de noite conversamos – respondeu o pai dando-se por vencido.

Até que aquela manhã foi normal. Se é que beber quase toda água do bebedouro é algo considerado normal. Isso já virava quase que rotina, todos se cansavam de esperar na fila do bebedouro, e o garoto muita água mesmo. Claro, a manhã dele não seria completa, sem uma sessão diária de “caça as bruxas”.

Luna era uma Wicca completamente assumida na escola, então o que não faltavam eram pessoas que a achavam louca, ou a chamavam de aberração. Ele admitira várias vezes para os amigos que a achava linda, mas como não achar, pele chocolate, cabelos negros, olhar quase fatal, e um corpo muito lindo, até aqueles óculos ovais ficavam bem nela. Mas ela era uma aberração. Ele e mais dois amigos se aproximaram dela. Igor o fiel parceiro de Matheus a encarou e perguntou:

–Então bruxa, como foi em Hogwarts?

–Sou uma Wicca, não a Hermione – respondeu Luna ajeitando os óculos ovais.

–Wicca não é bruxa? – perguntou Diogo o outro amigo de Matheus.

–É, mas somos diferentes! – respondeu a garota casualmente, ela não iria deixar aqueles idiotas a abalarem.

–Tipo espécies diferentes né? – perguntou Matheus.

–Assim dá mais lucro pro circo! – exclamou Igor animado – uma hora os Feiticeiros de Waverly Place, outra os Bruxos de Hogwarts, e pra finalizar, a aberração, a Wicca de Salvador!

–Morda sua língua retardado! – exclamou Luna olhando friamente pra Igor que mordeu a língua tão forte que até sangrou.

–Ai! – exclamou ele – mia linga.

–Como fez isso? – perguntou Matheus olhando pasmo pra ela.

Luna ficou surpresa com a pergunta de Matheus, ela já fez aquilo tantas vezes e ninguém tinha notado antes.

–Ela não fez nada! – zombou Diogo – Tá começando a ficar tão louco quanto ela.

–Que uma abelha te pique! – praguejou Luna o mais baixo possível.

–Ai minha mão! – exclamou Diogo – uma abelha me picou!

Luna pegou a bolsa e trocou de cadeira quando viu que Matheus tinha notado, mas o garoto foi atrás dela deixando os amigos confusos pra trás:

–Como fez isso? – perguntou.

–Poderia negar e dizer que não fiz nada, nem eles mesmo acreditariam em você – começou ela colocando as coisas numa cadeira na frente da sala perto do professor – Mas posso te dizer, que sou uma Wicca, e consigo fazer essas coisas, agora se afaste antes que eu quebre seu pescoço, e não vai ser nem preciso de magia.

–Esquisita! – exclamou ele no ouvido dela antes de sair.

Apesar dele ter tentado falar com os amigos, nenhum dos dois parecia ter ouvido as pragas de Luna. Pra não ser visto como maluco e estranho ele resolveu deixar o assunto pra lá. Foi à tarde no futebol que as coisas estranhas começaram a acontecer. Depois do jogo quando foi beber água, a água do bebedouro o atacou. Ele simplesmente apertou o botão e o jato de água saiu com tanta força que ele foi jogado longe.

–Está bem meu garoto? – perguntou um estranho vestido de preto que o ajudou a se levantar.

–Acho que o Bebedouro que está precisando de ajuda! – respondeu Matheus.

–Desculpa à pergunta, seu nome é Matheus Simon? – perguntou o estranho.

–Sim – respondeu meio atordoado – me conhece?

–Meu nome é Otavio Coral, sou um antigo amigo do lado materno de sua família – respondeu o homem estendendo a mão.

–Conheceu minha mãe? – perguntou Matheus interessado, mas sem apertar a mão do homem.

–Mais do que posso dizer agora nesse limitado tempo que tenho – respondeu o estranho recolhendo a mão – Amanhã no seu aniversário eu irei te fazer uma visita.

O homem sumiu tão rápido como quando chegou, antes que Matheus pudesse impedir ou perguntar mais alguma coisa. Alguém conhecia sua mãe. Ele já tinha acabado a partida e correu direto pra casa, seu pai ainda não tinha chegado então almoçou e tomou banho. Ficou deitado na banheira pensando no que aquilo significava pai não respondia as mensagens no Whatsapp, e não dava sinal de vida, mas devia conhecer esse tal de “Otavio Coral”.

Assim que saiu da água, se secou e se vestiu, tentou ligar para o pai, já que não recebia resposta das mensagens, essa era a única outra opção.

–Filho? – perguntou ele.

–Pai, aconteceu algo muito estranho hoje... – começou.

–Hoje? – perguntou interrompendo o filho – Isso só devia acontecer amanhã... Escuta filho vou pra casa agora, não se preocupe, tudo vai ficar bem.

–Pai espera! – gritou, mas ele já tinha desligado.

Não tinha mais nada que Matheus pudesse fazer a não ser esperar o pai chegar em casa, ele ficou na sala assistindo televisão. Desde pequeno sempre perguntava sobre a mãe, o pai respondia sempre a mesma coisa: “Ela te ama muito meu rapaz, nunca duvide disso”. “Ama” no presente, então ela está viva? Se ela o ama porque o abandonou? A resposta do pai dele, abria portas pra várias outras perguntas que nunca eram respondidas.

Matheus ouviu a porta abrir e se virou pra ver o pai entrando, tinha um garoto com ele, era alto, forte, parecia ter dezesseis ou dezessete anos, pele negra com cabelos curtos e negros, e olhos num tom escuro.

–Guilherme vá pra onde eu indiquei, depois ele fala com você – pediu Sr. Simon mantendo a voz baixa.

–Pai quem é...

O garoto já tinha corrido pras escadas antes que Matheus terminasse a pergunta. Rafael Simon correu até o sofá onde o filho estava e desligou a televisão.

–Pai, você tá estranho! – exclamou.

–O que aconteceu com você? – perguntou Sr. Simon – Escamas no braço? Nas pernas?

–Escamas? Do que está falando.

–Não aconteceu? – perguntou confuso – Ok, mesmo assim tenho que te contar! Filho, sua mãe, e eu, nos apaixonamos perdidamente. Começou depois de muitas brigas,e eu até entendo ela, eu não era nada fácil. Como você, então, ela me contou o segredo dela. – Matheus parou e simplesmente ouviu com muita atenção, seu pai nunca falara tanto sobre sua mãe antes. – Eu não acreditei até ela me mostrar. Ela tinha uma cauda. Uma cauda laranja e linda, ela era uma sereia.

–Cê tá de sacanagem com minha cara né? – perguntou Matheus.

–Filho – recomeçou Sr. Simon segurando o braço do filho – escute, as sereias só podem ficar uma ou duas semanas na terra, e mesmo assim elas têm que dormir sempre na água porque se elas ficarem um mês inteiro em terra, as caudas nunca crescem. Você é fruto da união de um humano e uma sereia, e como tal, nasceu com pernas, mas amanhã, no seu aniversário, as mudanças vão começar a acontecer,e você terá que ir pra água.

–O que? – perguntou Matheus se levantando sem acreditar no que ouvia. Era impossível.

–Não se preocupe, você poderá voltar, e como é meio humano não vai perder os poderes se ficar em terra por um mês! – argumentou Sr. Simon.

Matheus não conseguia acreditar no que ouvia. Era impossível, sereias não existem, e ele não podia ser...

–Você é um tritão! – exclamou o Sr. Simon.

–Você só pode está brincando, pai, eu não posso ser um tritão, eu sou... – Matheus tentou argumentar, mas seu pai não parecia tá mentindo – pelo menos uma vez, eu gostaria que você me dissesse algo concreto sobre minha mãe, ao invés disso você inventa essa historia absurda.

O garoto saiu correndo subindo as escadas apressado. Ele precisava pensar, tinha que ir pra banheira, sempre pensava melhor lá. Entrou no quarto tirou a roupa e abriu a porta do banheiro do seu quarto.

–Veste uma roupa! – exclamou o garoto de pele escura que ele vira entrar com seu pai.

Matheus se cobriu com a toalha e ia perguntar o que o garoto estava fazendo na banheira dele, quando viu a cauda. O garoto estava com uma cauda de peixe vermelha com algumas escamas azuis no lugar das pernas. Podia ser uma fantasia, mas Matheus olhou bem, viu que as escamas pareciam brotar da cintura dele, e irem num desenho perfeito ao redor do rabo de peixe. Pra completar, tinha a barbatana, algo nela parecia real.

–Oi, sou Guilherme, seu primo! – apresentou-se o tritão.

–Isso só pode ser uma fantasia! – exclamou Matheus em resposta.

Guilherme fez um movimento com a cauda, ele a suspendeu e depois bateu. O modo como ele suspendeu... Se tivessem pernas embaixo de uma cauda falsa seria impossível fazer aquilo.

–Meu Deus! – exclamou.

–Bem, ai está a prova! – disse Rafael Simon entrando no banheiro do filho.


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Notas finais do capítulo

No capítulo seguinte:-Os de Harry Potter! interrompeu Sr. Simon Ele vai saber mesmo agora que faz parte desse mundo.-Harry Potter é real? perguntou Matheus que já estava ficando verde como se fosse vomitar.-Você não faz ideia de quanta coisa é real, e tá na hora de descobrir!Então gente, o que acharam? não deixem de comentar!



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