Coisas de Lorna escrita por Sra Kentwell


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

(...) Faço o máximo possível para não cometer erros.



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Acho que não ouvi bem. Ou é o doce aroma da verdade pura e real?

Acho que é a última opção. Mas tento pensar somente na primeira. Agora percebo que meu corpo se encobre por um arrepio de dar tremedeira, gelado. Meu coração dispara. Levanto- me num salto e minhas pernas ficam bambas.

Com muita força de vontade; praticamente subo 3 em 3 degraus, entro em meu quarto e bato a porta. Deitar-me na cama é a melhor opção até recapitular o que acabara de acontecer.

–''Da região Sul: Lorna Glow''. - Aquela voz de autoridade penetra em minha mente vazia.

Ouço passos vindo na direção de meu quarto. Abre-se a porta, e vejo a figura dos três homens em pé em minha porta.

–Não! - Eu grito com a voz rouca, o choro preso na garganta.

Só de pensar nisso sinto uma facada penetrar em meu peito.

–Calma. Está tudo bem. - A voz de meu pai soa baixa e suave, tentando me acalmar. Se isso funcionar, não irá durar muito tempo.

–Está sim. Estou vendo. - Grito com o rosto no travesseiro.

– Não é tão ruim assim. - Diz Mauricio. - Vamos conversar melhor. -Continua ele baixinho.

–Deixe-nos conversar a sós. - Ele diz vindo a meu encontro, de costas para Fred e meu pai.

Os dois automaticamente se viram, e dá para ouvir eles descendo as escadas, um conversando com o outro.

Mauricio se ajoelha ao lado da cama. Eu viro a cabeça a seu lado. Ele demostra uma expressão de amargura e tristeza.

Meus olhos já estão vermelhos e o travesseiro molhado.

–Olha, não fique triste, você sabe se virar sozinha.

–Eu vou estar num campo enorme com mais sete pessoas. Você acha que eu tenho chance de ser vencedora entre mais sete? - Minha voz rouca quebra o curto silêncio. Meu tom é irônico.

–Mas olhe pelo lado bom... - Ele respira.

Eu o interrompo:

–Não tem lado bom. -Minha afirmação termina a frase que ele iria usar para criar esperança.

–Não fique triste, por favor, você não tem culpa. - Ele tenta me reconfortar, passando o dedo em uma de minhas lágrimas.

–Me deixe, por favor. - Peço com súplica.

– Ah, e não esqueça por favor, amanhã as nove e meia virão te pegar. - Os olhos dele estão quase transbordando, a voz muito rouca.

Ele sai devagar e quieto do cômodo.

Um grito de frustração quase escapa de minha garganta. Havia infinitas possibilidades de nunca mais ver minha família. Nunca mais ver Clato. Nunca mais ver Sula. Nunca mais voltar a ver meu mundinho pequeno de ir a feira uma vez por semana, observar o rodeio na arquibancada, de vez em quando ir cuidar dos porcos do S. Antônio, ajudar minha vizinha a descascar batatas para a pequena ceia de natal, auxiliar as cozinheiras a fazer a comida de dia de são Pedro.

Nos próximos dias eu estarei morta. Talvez morte natural. Como desidratação, fome, ou uma infecção muito grave. Desejo morrer sem dor, não falecer a míngua como minha falecida avó paterna.

Uma boa forma de morrer é dormindo. É isso que desejo. Não quero parecer uma adolescente que diz que não teme a morte, mas na verdade tem medo de baratas que voam.

Eu nunca amei. Acho que nunca vou amar. Quando estudava, ninguém parecia interessado por mim, nem eu por alguém. Penso isso porque eu quero morrer aproveitando a vida. Quero me divertir como ir a festa. Minha mente diz para fugir, mas meu coração não. Eu tenho grandes possibilidades de me dar bem na fuga, é só subir até a campina, selar Clato, pegar todas as cordas escondidas e partir por meio á floresta. Não demoraria muito tempo para mim ser encontrada. Uma hora destas todas as regiões já devem estar sendo monitoradas por satélites.

Batidas na porta distraem minha atenção.

–É Mauricio, posso entrar?...De novo?

–Entre. -Suspiro.

– Eu tenho que te dizer uma coisa. - Ele parece pensar com cuidado que palavras dizer.

Eu já estava sentada sobre a cama.

–Diga. -Meu tom não é nem um pouco amigável.

–Eu sempre gostei de uma pessoa, que você não iria aceitar quem é. Na verdade foi somente uma queda. Quero que saiba disso. - Ele praticamente cospe as palavras, e sai correndo, em direção a seu quarto. Dá para saber pois ouço a porta bater.

O que acabou de acontecer aqui? Ele está em outras de suas crises de sonambulo-falante, eu tenho absoluta certeza.

Bom. Meu pai tem agora dois filhos trancados no quarto em praticamente uma depressão.

O mundo não tem dono. Tem sete bilhões de donos. Divididos em 5 regiões. E quatro delas tem que dispor uma garota e um garoto. Esse não é o 'X' da questão. O 'X' da questão é que eu sou uma das que ficará marcada na história. Sim, eu fui a escolhida do ano. E de sete Bilhões de donos, sete irão morrer.

Essa é uma de minhas lógicas que eu gosto de pensar. Que eu vou morrer. ''Aproveite enquanto ainda está viva, pois então será apenas uma alma perdida no universo.'' Minha mente cria frases sobre-humanas para me fazer sentir pior. Eu odeio meu organismo.

A exaustão cobre meu corpo, não tenho tanta certeza se vou estar viva semana que vem. Espero que sim.


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Notas finais do capítulo

(...) Por favor, colaborem!



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