Tudo por Nico di Angelo escrita por Mariana Pimenta


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Eu sei que demorei de novo. E dessa vez foi porque eu viajei e fui para um lugar com a internet muito limitada. Era para o capítulo ter saído dia 16, mas não deu tempo de postar de manhã.
Estou tentando ao máximo postar os capítulos o mais rápido possível. Por favor, não me xinguem.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/469973/chapter/18

– Então você realmente mentiu. – concluiu.

– Claro. Você achou mesmo que eu tinha encontrado Cupido em Roma? O que ele estaria fazendo em Roma?

– Não. Sobre isso eu já sabia. Sobre as outras coisas.

– Eu não menti sobre o que aconteceu comigo. Tudo aquilo aconteceu mesmo.

– Sério? Uau. Que vida divertida você tem.

– Pois é.

Voltei a me sentar na cama, de frente para ele.

– Então, onde você e Cupido se encontraram?

– Na Croácia, onde mais?

– O que você estava fazendo na Croácia?

– Se esqueceu de que eu estava no navio? Eu segui vocês.

– Por quê?

– Porque eu quis. Ninguém estava me impedindo.

– Como chegou às ruínas?

– Do mesmo jeito que vocês: Favônio. E para antecipar sua pergunta, eu cheguei antes de vocês.

Ele parou e franziu as sobrancelhas. Parecia estar escolhendo as palavras com muito cuidado.

– Então, você sabe do segredo do Nico.

– Isso mesmo. E eu prometi a ele e a mim mesma que não contaria para ninguém. E é bom que você também não conte.

– Relaxa. A única pessoa no mundo que tem a permissão de contar isso para alguém é o próprio Nico.

– Concordo plenamente.

Jason balançou a cabeça, como se negasse algo, e suspirou.

– Eu fico preocupado com ele às vezes.

– Ele é forte.

– Pode até ser, mas ele já passou por tanta coisa.

– Fica tranquilo. Ele supera. – respirei fundo – Ele é bem forte.

Jason me encarou, com o cenho franzido.

– Que foi? – perguntei.

– Você tem tanta fé assim nele? Quero dizer, não que eu não tenha, mas... vocês só se viram... duas ou três vezes.

– Depois que meu pai morreu, ele foi a primeira pessoa que confiou em mim totalmente. Talvez porque ele entende o que eu passei, porque ele passou por coisas parecidas. Não ter fé nele, é o mesmo de não ter fé em mim.

O filho de Júpiter assentiu e se levantou.

– Já entendi. Era só para esclarecer essa coisa do Cupido mesmo. É melhor subirmos. Tem uma reunião nos esperando.

.......

Quando eu estava conversando com o Percy, no dia em que cheguei ao navio, eu não sei se vocês entenderam quando eu disse que não gostava muito da Piper também. É simples: ela é irmã do Cupido (meia-irmã, mas isso não importa). Como eu disse, ela não tem culpa disso, e não sabe o que aconteceu entre mim e o deus do amor. Ou seja, é um péssimo motivo para não gostar de alguém.

O fato de Piper ser filha da deusa do amor, Afrodite, começou a me irritar um pouco mais naquela noite.

A reunião não começou muito bem. Leo perguntou sobre o que aconteceu no navio enquanto eles estavam fora. Annabeth explicou o ataque e o que eu fiz com os guerreiros-esqueletos. As coisas pioraram um pouco para o meu lado quando Hazel disse que isso não era possível, pois Delos era um local sagrado na Antiguidade. O que significava que nenhum mortal podia nascer ou morreu lá, então não deveria ter nenhum cadáver por perto.

Nem eu sabia como tinha feito aquilo. Eu só senti que era isso o que tinha que ser feito.

Depois, Leo contou sobre a missão. Ele conseguiu com Apolo o último ingrediente da tal “cura do médico”: uma flor, que eu não sei como pode ajudar a ressuscitar alguém, pois era para isso que a estavam preparando. Só precisavam agora de alguém para preparar. Apolo falou sobre seu filho Asclépio, o deus da medicina, e os assegurou de que seu filho o ajudaria. Ele estava nas ruínas de Epidauro.

Leo disse que chegaríamos lá no dia seguinte.

Naquela noite, logo depois do jantar, eu estava na cabine lendo um livro que Annabeth tinha me emprestado. Provavelmente era do Leo, pois era de mecânica, mas leitura e conhecimento me acalmam. E calma era algo que eu não podia perder.

Mas fui interrompida por uma batida na porta. Annabeth a abriu.

– Está muito ocupada?

– Não. – fechei o livro e me sentei – O que aconteceu?

Annie abriu a porta e pude ver a silhueta de mais duas pessoas, que logo colocaram a cabeça para dentro da cabine: Hazel e Piper.

– Podemos conversar? – perguntou Piper.

– Claro. Entrem.

Elas entraram e se sentaram no chão, formando um círculo. Eu também sentei chão e olhei para cada uma delas.

– O que é isso? – perguntei – Festa do pijama? Noite das meninas?

– Mais ou menos. – disse Hazel – É que... como o mundo pode acabar depois de amanhã, decidimos esclarecer algumas coisas com você.

– Como assim?

– Queremos perguntar sobre você e Nico. – traduziu Piper.

Congelei. Encarei cada uma novamente.

– O que vocês querem saber?

– Ah, nada de mais. – respondeu Hazel – Tipo... vocês... são amigos?

Ergui uma sobrancelha.

– Que tipo de pergunta é essa? É claro que somos!

– Mas... assim... vocês são muito amigos? – perguntou Piper.

Levei alguns segundos para responder. Precisava escolher bem as palavras.

– Onde vocês estão querendo chegar com isso?

– É só que... – começou Annabeth – pareceu meio estranho você ter conhecido ele e no mesmo dia ele cair no Tártaro e você cruzar um bom pedaço da Califórnia só pra avisar a irmã dele sobre isso.

– Eu estava preocupada.

– Tanto a ponto de arriscar a sua vida para se assegurar de que fariam o possível para ele ficar bem? – indagou Piper – Você nem sabia quem era a Hazel.

– Os romanos poderiam ter te matado se viesse com uma história dessas. Octavian, o áugure, teria feito com você o mesmo que ele faz com seus ursos de pelúcia. – disse Hazel.

Não me deram muitos detalhes de quem era Octavian quando cheguei. Ele era o áugure do Acampamento Júpiter, o que equivale a oráculo, vamos dizer assim. Mas eu não entendi muito bem a referência. O que um cara poderia fazer de tão ruim a ursos de pelúcia? Achei melhor deixar essa história para outro dia.

Isto é, se houvesse outro dia.

– Ele tentou me ajudar. Realmente tentou. Tinha que fazer alguma coisa por ele.

– Tem certeza de que era só por isso? – perguntou Piper.

Suspirei. Elas não podem arrancar a verdade de mim. Não podem. Pensei.

– Nico di Angelo foi a melhor coisa que já me aconteceu. Eu não podia deixá-lo assim. Ele confiou em mim, tentou me ajudar com a benção, e de bom grado.

Piper bateu palmas uma vez e declarou:

– Eu falei.

– O que? – perguntei.

– Você gosta dele, não é?

– É claro que eu gosto dele. Se não, não seríamos amigos.

– Você me entendeu. Você está apaixonada pelo irmão da Hazel! - ela falou alto, animada, apontando para mim.

– O que? Não. Como assim? Não, não estou apaixonada pelo Nico!

– Está sim! Falem pra ela! Está na cara!

– Eu não vou me meter nisso não – disse Hazel - É do meu irmão que vocês estão falando.

– E da minha irmã. – completou Annie.

– Mariana, eu sou filha da deusa do amor. Eu sei do que estou falando.

Respirei fundo e deixei minha cabeça cair nas mãos. Não tem jeito. É melhor elas saberem do que o Jason, ou o Percy, ou até o Leo. Pensei. Ergui a cabeça.

– Está tão na cara assim? – sussurrei.

Hazel e Annabeth arregalaram os olhos.

– Você gosta mesmo dele? – perguntou Annabeth.

Assenti.

– Mas... como assim você gosta dele? – Hazel franziu a testa – Quero dizer... o Nico... é o Nico! Como foi que você...

– Ah, eu não sei. Simplesmente... aconteceu. Eu não tenho o controle disso, apesar de que eu queria ter.

– Oh. O Nico não vai mais ficar sozinho. Agora ele pode ter uma namorada! – disse Piper animada. Neguei na mesma hora.

– Não. Não pode não. – isso pegou meio mal – Quero dizer, eu não. Quero dizer... Nós somos só amigos, e vai ficar por aí.

– Mas você gosta dele. – disse Piper, como se isso explicasse tudo.

– E o que o impede de gostar de outra garota? Ou de outra garota gostar dele?

– Mariana, como a Hazel disse, o Nico é o Nico. Você acha que outra garota iria gostar dele, ou que ele iria gostar de outra garota? – perguntou Annabeth.

– Quem disse que ele gosta de mim?

– Você são amigos. Já é um começo.

– Vocês estão querendo ser o nosso Cupido?

– Mais ou menos. – respondeu Piper – Aliás, eu queria te perguntar: como foi o seu encontro com Cupido? Como ele é meu meio-irmão, eu fiquei curiosa.

Eu a encarei por três segundos. Será que eu deveria ser delicada, ou jogar a verdade na cara dela? Pensei.

– Piper, eu odeio o seu irmão. – ser delicada não é o meu forte.

Ela pareceu ficar muda por um momento.

– Ah, por quê?

– Primeiro: ele também queria me juntar com o Nico; Segundo: foi ele que me falou que eu estava apaixonada por Nico, porque eu nunca teria percebido sozinha, e não foi gentil quando falou; Terceiro: ele é culpado de coisas como: os cortes nos meus antebraços, o fato de eu ter querido ficar no navio depois que saímos de acampamento e... – quase. Mas “quase” nunca é o suficiente.

– E... – as três falaram juntas. Olhei para todos os lados da cabine, evitando olhar para elas. Nenhuma mentira vinha na minha cabeça. Cocei a nuca, como se não lembrasse.

– E de o Nico ter feito uma certa coisa.

– Que coisa? – perguntou Hazel.

– Ah, nada de mais.

– Nada de mais para você ou para ele? – perguntou Annabeth.

Antes de responder, percebi que Piper me encarava desconfiada.

– Espere aí... – ela abriu um sorriso, e eu não estava entendendo o que se passava naquela cabeça até ela se inclinar para mim e perguntar: - Ele beijou você?

Como é que ela sabe?! Ela lê mentes agora?! Pensei. Fiquei incapacitada de falar qualquer coisa, então elas souberam a resposta só de olhar para a minha cara.

– Não! – disseram Annie e Hazel.

– Eu não acredito! O Nico beijou a Mariana! – Piper começou a gritar – O Nico... huummmm!!!

Eu voei em cima da filha de Afrodite e tapei a boca dela com as mãos.

– Cala... a... boca. – falei pausadamente pra me certificar de que ela havia entendido, e a soltei.

– Mas ele te beijou mesmo? – sussurrou Annabeth. Assenti – Mas por que você está assim? Devia estar feliz. Afinal, você gosta dele.

– Mas eu não quero gostar dele!

– Vocês estavam conversando e ele simplesmente te agarrou? – indagou Hazel.

– Não foi exatamente isso.

Expliquei para elas o que foi que aconteceu e acrescentei o fato de que o beijo não foi de verdade. Piper ficou indignada e disse que eu estava errada. Também contei do dia em que conversei com ele pela mensagem de íris, e que ele se desculpou pelo ocorrido. Com Annabeth e Piper na missão em Esparta e Hazel no convés inferior, elas não sabiam o que havia acontecido.

– Nunca na minha vida eu iria imaginar que ele faria algo assim. – comentou Hazel – Eu sempre achei que o faria mais feliz se ficasse sempre sozinho.

– Eu também achava isso de mim. – eu disse.

– Está vendo? Vocês se completam. – disse Piper. Acho que isso fez sentido na cabeça dela – Mariana, o Nico te ama. E se não ama, vai passar a amar. É só uma questão de tempo.

– Quantos milênios você acha que terão que passar para ele gostar de mim desse jeito?

Ela me deu um tapa na cabeça.

– Pare de ser tão pessimista!

– Para você é fácil dizer. Nico é meu melhor amigo e eu me apaixonei por ele no mesmo dia em que o conheci. Isso não é racional!

– O amor não é racional. É apenas emocional.

– Eu não sou do tipo emocional.

– Está parecendo uma certa pessoa. – ela encarou Annabeth.

– O que? – perguntou ela.

Piper revirou os olhos.

– Olha, quando estávamos em Esparta, e você conversava com o amor da sua vida, – a fuzilei com os olhos, mas ela me ignorou – nós tivemos que seguir nossos instintos para sobreviver, e não estratégias. Annabeth quase pirou por causa disso.

– Dá pra imaginar.

– O que eu quero dizer é que você tem que seguir seu coração. Não pode ficar planejando sua vida.

– O coração é um órgão que tem como função bombear sangue. Quando você se apaixona, as coisas acontecem no seu cérebro, mas as pessoas usam o coração só para ficar mais bonitinho.

– Sério que você quer começar com aula de biologia agora?

– Agora sim eu vi algo digno de uma filha de Atena. – Annabeth ergueu a mão em um “toca aqui”. Bati minha mão na dela.

Piper revirou os olhos novamente.

– Continuando: você tem que aceitar o inesperado. A vida de semideuses é assim. Essa paixão que você tem pelo Nico foi algo inesperado, não foi?

– Não gosto do inesperado. Muitas vezes ele é mortal para mim. Como agora.

– Mas é bom você começar a se acostumar. – disse Hazel – E estamos fugindo do assunto. Vamos voltar para você e Nico.

– Não há nada para falar sobre nós. Somos só amigos.

Ainda. – corrigiu Piper.

– Não! Não tem essa de “ainda”. Nós nunca vamos ficar juntos. Ele não me ama desse jeito e nunca vai amar.

– Por que não?

Respirei fundo. Já falei isso milhões de vezes, e vou repetir quantas vezes forem necessárias para as pessoas entenderem. Pensei.

– Eu sou a cara da Bianca. Tentem imaginar vocês ficarem com um garoto que é a cara de um irmão de vocês. No caso da Hazel, é o próprio Nico. É mais estranho do que isso, porque Bianca está morta. E ela era tudo para ele.

– Você pode ser tudo pro Nico.

Neguei com a cabeça.

– Não era para eu gostar dele. Foi... um acidente, vamos dizer assim.

– Uma menina se apaixonar não é um acidente. Acontece.

– Você fala como se fosse errado gostar dele. – comentou Hazel.

– Não é? – perguntei.

– Escute aqui, senhorita... seja lá qual for o seu sobrenome: não há problema nenhum em você gostar do Nico, e existe sim chances de vocês ficarem juntos. Não importa que você seja parecida com a Bianca, ou que ele não goste de você desse jeito ainda, vocês podem ficar juntos.

Eu queria retrucar, falar alguma coisa, ou simplesmente dizer novamente que ela estava errada. Mas como eu sabia que não adiantaria nada, seria um gasto em vão de saliva, eu apenas disse:

– Eu não tenho sobrenome, para a sua informação.

– Como assim, você não tem sobrenome? É claro que tem. – disse Hazel.

– Você falou isso lá no acampamento. – recordou Annabeth – Mas não falou por que.

Percebi de imediato que elas queriam que eu explicasse essa história.

E eu sei que você também quer.

– Legalmente, eu ainda tenho sobrenome. Mas não o uso.

– Por que não? – perguntaram as três juntas.

– Tem uma burocracia estranha na minha cidade em relação a nomes. Meu pai era filho único, e os pais dele morreram há um bom tempo. Como meu pai já era maior de idade quando isso ocorreu, ele pôde ficar com o nome sem problemas. Quando eu nasci, eu herdei esse nome. Mas meu pai morreu e eu ainda sou menor de idade. Então, o juiz me deu duas opções: ou eu era a única pessoa no planeta com esse sobrenome, o que seria igual à não ter, pois não me liga a nenhum parente vivo; ou eu mudava meu sobrenome para o de minha madrasta. E eu nunca, nunca, vou confirmar que aquela mulher é da minha família.

– Mas por que você não diz seu sobrenome? – indagou Annabeth.

– Porque assim ninguém me acha. Eu sou apenas Mariana. Já que não faz diferença.

– Então, tecnicamente, você não tem sobrenome desde que seu pai morreu. – concluiu Hazel.

– Exatamente.

– O Nico sabe seu sobrenome? – perguntou Piper.

– Não. Até onde eu sei, as únicas pessoas que sabem meu sobrenome são as que me conheciam antes de meu pai morrer. Ou seja, professores, colegas de classe, minha madrasta, ou filhos irritantes dela e... Atena.

– Você não tem primos ou tios? Nenhum outro parente pelo lado mortal? – perguntou Hazel.

– Não. Meu pai também não tinha família. Nunca fiz questão de conhecer a família de Madrasta, e ela nunca me apresentou ninguém. Não que eu fosse considerá-los minha família, mas alguém consideraria.

– Você não tem ninguém no mundo para chamar de família? – perguntou Piper.

– Só Annabeth e minha mãe. E meus outros irmãos do chalé de Atena, se eles pararam de me odiar.

– E o Nico?

Pensei por um momento. Não sabia como responder aquilo. Eu nunca soube de verdade o que Nico era para mim.

– Não sei. Talvez. Quero dizer, ele é como um irmão para mim. Um irmão legal que eu nunca tive.

– Mas você queria que ele fosse mais, não é?

Assenti.

– Infelizmente, eu queria.

– Você queria que ele gostasse de você do mesmo jeito que você gosta dele, não é? – assenti – O que você não quer é querer isso.

Assenti novamente e acrescentei:

– Eu queria esquecer que estou apaixonada por ele. Eu queria não estar apaixonada por ele. Eu não sei se ele sabe, mas se sabe, queria que não soubesse. Mas se tudo isso não for possível, eu queria que no mínimo ele gostasse de mim. Só que... – era difícil explicar. Era como um jogo de palavras – eu não... eu não gosto da ideia... Isso. Eu não gosto da ideia de estar apaixonada por ele, ou de querer ele assim, ou... ou de ter na minha cabeça... que eu faria tudo... eu faria tudo por Nico di Angelo. Eu faria tudo para que ele gostasse de mim. E é uma coisa tão idiota. Eu sempre fui contra estar apaixonada por alguém sem motivo algum, porque não teria motivo para o sofrimento. Mas parece... parece que amar é isso: é você gostar de alguém e não saber por que. Mesmo que você ame essa pessoa somente lá no fundo do seu subconsciente. E não há nada que eu possa fazer senão torcer para que ele não saiba e esperar esquecer isso ou, mais improvável, que ele se apaixone por mim.

.......

Pouco tempo depois, as meninas foram dormir e eu fiquei novamente sozinha na cabine. Li mais um pouco antes de me deitar também.

Na manhã seguinte, nós estávamos chegando em Epidauro. Leo, Jason e Piper foram na missão. Como o programado eles voltaram com a tal cura do médico. Era um líquido vermelho dentro de um frasco. Assim que eles chegaram, se reuniram com os outros no refeitório para contar tudo. Eles disseram que alguém tinha que ficar com o frasco, e escolheram Piper.

Mais tarde, procurei Leo. Ele dissera que iria trabalhar no motor. Mas eu precisava acertar uma coisa com ele antes do dia seguinte.

Ele estava ajustando uma alavanca com uma chave inglesa. Pelo menos, era isso o que parecia. Encostei na porta e pigarreei. Ele se virou.

– Está muito ocupado?

– Um pouco. Estou tentando evitar a sobrecarga do motor e não explodir o navio.

– Só vai levar um minuto. – olhei o que ele estava fazendo – Ah... você esqueceu de verificar o sistema de lubrificação de óleo.

Ele olhou e viu que eu estava certa. Ele resolveu o problema em segundos. Ele se virou novamente.

– Desde quando você sabe alguma coisa sobre mecânica?

Mostrei o livro que estava na minha mão. Era o livro que Annabeth havia me emprestado.

– Esse livro é meu. Onde conseguiu?

– Annabeth. Mas não foi por isso que eu vim.

Me apoiei em um dos painéis. Leo fechou a porta que dava acesso ao motor.

– Bom, acho que todos perceberam que você não gosta muito de mim. – comecei. – E acho que eu descobri por que.

Leo se levantou e ficou de frente para mim.

– Certo. Então me conte a sua brilhante teoria.

Ele cruzou os braços.

– Acho que você não gostou muito do fato de eu ter invadido o seu precioso navio sem que ninguém notasse, convencido Annabeth a não ter contado que eu estava aqui e permanecido semanas nos estábulos. Você projetou e construiu esse navio com suor e lágrimas por meses, e eu, uma semideusa que descobriu esse mundo novo há apenas alguns meses, consegui entrar aqui. E eu ainda tive a sorte de me deixarem ficar aqui, sendo que deixei bem claro que poderiam me expulsar.

Ele pensou por um momento.

– Precisamente. Sabe, aquela história toda que você contou sobre você e sua madrasta, as marcas, e tal, não era muito... convincente. Parecia fantasiosa.

– Está me chamando de mentirosa?

– Quase. Eu comecei a não gostar de você assim que chegou aqui, e as coisas só foram piorando.

– Não. Você não gosta de mim desde que eu cheguei no acampamento.

– Nós nem nos conhecemos, só fomos apresentados.

– Você estava terminando o navio e estava ansioso. E então, você supostamente é chamado para uma rápida reunião com uma semideusa que não parece ser grande coisa. Você queria sair logo daquela sala. Não gostou do fato de eu ter chegado lá antes de vocês saírem, de eu ser considerado um problema e de Quíron ter metido vocês nisso. Mas na verdade, só Annabeth havia sido chamada. E você voltou para o seu precioso bunker.

– E por isso você deduz que eu comecei a te odiar naquele dia?

– O ódio nasceu ali, isso eu garanto.

Ele assentiu, como se concordasse. Não sei se estava realmente concordando ou se só estava fingindo para eu calar a boca e ir embora. Acho que era a segunda opção.

Suspirei e joguei o livro para ele. Ele agarrou e ficou me encarando.

– Devia dar uma relida. – eu disse – Vai que você se lembra de alguma coisa.

Então, virei as costas, e fui caminhando de volta para a minha cabine.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Comentem!
Não sei se vocês perceberam, mas eu esqueci de explicar no capítulo anterior porque a Mariana não tem sobrenome, e eu tive que encaixar aí no meio desse capítulo. A leitora L G Rezende me lembrou. Muito obrigada!
Eu preciso da opinião de vocês. Eu estou começando a achar que a fanfic está meio parada, meio sem graça. Vocês também acham isso? Podem falar sua opiniões nos comentário, sem medo. Eu leio tudo!
Por favor comentem. Criticas construtivas, por favor!
Um beijo e até o próximo!