Egoísmo escrita por KM Bárbara


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de incluir um "aviso" aqui que o Nyah não inclui em sua vasta lista estranha. A história contém: Rancor.
Desculpem-me os erros.
Boa leitura.



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Egoísmo

Meu amor,

O egoísmo é um dos sentimentos mais desumanos que existem. Ou, ironicamente, o mais humano. Você, melhor do que ninguém, deve compreender isso. Não há alguém mais apropriado.

Estou escrevendo essa carta porque eu não quero mais compartilhar disto com você. Desse sentimento. Sei que há mais chances dessa carta nunca ser lida do que poderia haver de você, sequer um dia, retribuir os sentimentos que eu lhe ofertei. E isso me dói mais do que você possa imaginar. É como se, a cada vez que você lançasse aqueles seus olhos ônix gelados em direção aos meus verdes apaixonados, sem nenhuma expressão, você congelasse um pequeno pedaço minúsculo do meu coração. E eu jurei que poderia aguentar conviver com isso. Prometi a mim mesma que, se eu me esforçasse muito, muito mesmo, eu poderia fazer com que isso funcionasse. Que um dia, quem sabe, eu faria derreter a grossa camada de gelo que cobre esses seus olhos negros. Mas isso aconteceu tantas vezes, tantas, que os minúsculos pedaços tornaram-se extenso. Contemplaram cada espaço vermelho e quente que estava destinado única e exclusivamente para amar você. Por inteiro. Por completo. Então, meu amor, é aqui que eu quebro essa promessa, Sasuke. É aqui que eu enterro meus erros e termino aqui.

Porque você é egoísta, mesmo quando não quer ser. Porque você me deixou amá-lo, quando sabia que não poderia fazê-lo de volta. Porque você me deixou destruir o meu futuro, para dedicar toda a minha vocação a alguém como você. E, acredite Sr. Uchiha, a pior parte de tudo isso não foi perceber, finalmente, que eu vivia em uma breve utopia fantasiosa. Foi perceber que eu podia ter visto isso antes. Você me dava todos os sinais, eles estavam ali.

Quando você voltou e eu fui pela primeira vez na sua casa, meses depois – finalmente te perdoando – levando uma cesta de tomates para você. Você me deixou entrar, mas não teve confiança o suficiente para que eu fosse livre em sua casa. Fez o mesmo com seu coração. Quando fomos à festa de aniversário da Ino, e o Lee-kun deu em cima de mim. Afastou-me dele – por um breve momento eu pensei que fosse ciúme, engano – e me deixou em casa. Não disse nada no caminho, me afastando do amor dele, mas não me aproximando do seu. Fez isso com tudo o mais a minha volta. Quando beijei você pela primeira vez – nunca pensei que um dia eu pudesse ter gostado da ideia que esta fosse a ultima – e você retribuiu sem sentimentos. Eu fechei os olhos, me entregando a você. Mas você não fez o mesmo. Quando tivemos nossa primeira noite de amor, e eu o chamei depois, te abraçando. Sussurrei seu nome com uma devoção digna de um amor tão puro, de um sentimento que eu ao menos consigo explicar. Mas você estava dormindo, não pôde escutar. Quando eu olhei em seus olhos, com você no altar, – naquele momento você era o cara mais lindo do mundo – e eu não vi o que eu gostaria neles.

Nos casamentos que eu já havia ido, eu chorei. De alegria, claro. Porque em todos eles o amor era tão palpável, tão presente. Eu podia senti-los, Sasuke. Quando a Ino entrou no altar, o sorriso do Shikamaru brilhava tanto, e era tão sincero, como eu nunca o vi fazer. Como eu nunca vi ninguém sorrir. Quando os pés da Hinata tocaram o chão da igreja, os olhos azuis de Naruto eram os diamantes mais lindos que qualquer mulher nunca, nunca, ousaria duvidaria dos sentimentos dele. No nosso casamento eu chorei, Sasuke. Mas não foi pelos mesmos motivos. Eu nunca te vi sorrir pra mim como o Shikamaru sorria para a Ino. Como o Naruto olhava para a Hinata. Mas eu olhava assim para você, eu sorria assim.

Eu relevei tudo. Sua frieza e falta de educação. Seu instinto agressivo, possessivo e dominador. Seu cinismo e sua ironia. Seu ciúme imaginário e sua distancia, sua falta de carinho. Seu silêncio. Eu relevei até, uma coisa que eu nunca deveria ter relevado: sua falta de amor. Você não me ama, Sasuke. Nunca amou. Mas você sabe disso melhor do que eu, não é? Os danos que o passado causou em seu coração são irreversíveis. Idiota fui eu por ousar pensar, por um milésimo de segundo sequer, que seria eu a repará-lo.

Mais há uma coisa que eu nunca vou conseguir suportar, Sasuke. Eu simplesmente não vou conseguir superar o seu egoísmo. Porque você me prendeu em seu laço perfeito para sempre, sem pensar que o meu lado da corda era fraco demais para suportar essa vida miserável. Você me fez amá-lo – e eu enfio em minha mente todo santo dia que não foi de propósito, porque eu não posso imaginá-lo sendo tão mau assim – só para ter um lugar seguro onde atracar o seu navio. Em nenhum momento, pensou que eu quisesse, tanto quanto você, ser amada incondicionalmente. Você pensou, eu acredito, que o meu amor era grande o suficiente para segurar nós dois nesse mar tempestuoso que é a nossa vida. E ele é. Inferno, ele é maior. Mas não grande o suficiente para o seu egoísmo.

Eu nunca vou conseguir perdoar você por me deixar presa a essa rede inconstante de dor que é o meu amor por você. Porque eu o amo tanto que, por Kami, eu não consigo nem descrever. E você me tem como, eu sei, nunca teve outra coisa na vida. E eu te ofereci esse sentimento por todos os dias da minha vida. E você, como se simplesmente não se importasse, negou educadamente com um aceno de cabeça. Você não me quer, ou precisa de mim, como eu quero e preciso de você. Eu não posso ter você, como você me tem. Eu não posso sentir você, como você me sente. E, me negando tudo isso, quando tudo que eu tinha foi tudo que eu te dei, o seu egoísmo foi demais para o meu coração suportar por nós dois.

E eu sinto tanto, Sasuke, eu sinto muito, mas essa dor acaba aqui.

Porque eu sei que para você o caminho acabou, e ele nem havia começando realmente quando você declarou o “the end”. Mas para mim – ainda que a minha existência seja limitada a um vazio eterno e a uma dor que, eu sei, não vai ter fim – ainda há esperanças. E eu não vou cultivar o egoísmo que você plantou em mim fazendo com que outra pessoa sofra tanto quanto eu sofri fingindo um amor como você fingia. Porque eu sei, Sasuke, você se quer tentou. Eu penso saber de muitas coisas.

Mas só há uma certeza que, pra mim, é a única coisa nesta carta que você deveria levar consigo para sempre. Queime ela, se preferir. Será como se estivesse queimando todo o meu pesar e rancor. Imagino que isso te faria sentir melhor, se algo foi despertado aí ao ler estas palavras. Eu amo você.

E eu vou cuidar deste sentimento por nós dois. Guardado comigo, como o filho que nós não tivemos. Estou fazendo por você o que você nunca fez por mim, te tornando livre. Tente guardar com você também o pouco de empatia que você – Sou uma irritante esperançosa, o que você esperava? – cultivou por mim nesse único ano que estivemos juntos. O melhor deste sentimento estará conservado em mim – com o único fio de egoísmo que eu me permito herdar de você – cultivado em um lugar que você nunca mais vai encontrar. Por favor, torne-se alguém que um dia acredite ser merecedor desse sentimento.

Mais uma vez, e uma última vez – porque eu já repeti isso tantas vezes, agora, ao menos, ele estará gravado aqui para todas as vezes que você quiser “escutar” – Eu amo você.

Amo demais.

Haruno Sakura.


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Notas finais do capítulo

Rancor da Sakura, okay? Acho que vocês perceberam isso. ((: Sou uma pessoa de paz, sem rancor.. Ta, talvez só um pouquinho desse sentimento indigesto pelas pessoas que leem e não comentam. É meio triste, sabem. Enfim.
Obrigada por lerem, ao menos.

ESPAÇO QUE EU COMENTO A HISTÓRIA,como sempre, kk: Primeiro, quando eu estava escrevendo essa história - sem proposito algum. Percebam que, como a maioria das minhas história, ela quase não tem enredo t.t - eu pensei: Porque a Sakura e o Sasuke não tiveram filhos? Será que um deles é infértil? Não, não é nada disso. Eles só não tiveram filhos. ;-; Foi a belíssima conclusão que eu cheguei. Realmente, genial, não acham? kk Bem, a segunda e última coisa que eu gostaria de falar - mesmo sabendo que ninguém lê minhas notas finais - é sobre como a ideia surgiu. Porque, sei lá, eu achei interessante.Bem, eu estava lendo esses dias uma das muitas histórias SasuSaku que eu leio e, tipo, lá tinha uma frase que o Sasuke pensava mais ou menos assim: "Eu gosto de saber que a Sakura me ama, mesmo eu não sentindo o mesmo." E eu fiquei irritada. Porque, caramba, eu não acredito que o amor deva ser assim. E a primeira coisa que me veio à mente foi "Nossa, que egoísta". Nasceu a fic. kkk
Enfim, era só isso que eu queria que - alguém - vocês soubessem.

Todo amor que houver nessa vida para vocês.
Iriê.