Slaves of Dreams escrita por dookie


Capítulo 3
NOAH | A Fuga


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, esse é o terceiro capítulo, e ele é narrado pelo POV Noah, o irmão mais velho. Espero que gostem e continuem acompanhando!



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Quando acordei, sentia dores fortes no meu corpo. Só consigo me lembrar do Dyllan sendo atacado enquanto uns caras me agarraram com a mão em minha nuca, como se estivessem queimando minha pele, fazendo com que as brasas penetrassem no meu crânio. Tentei abrir meus olhos, mas ainda havia escuridão onde quer que seja onde eu estava. Será que eu fiquei cego quando mergulhei na escuridão? Meus pensamentos foram interrompidos por um ruído alto atrás de mim. Uma porta se abria, rangendo seu metal que se arrastava pelo chão. A luz de fora me pegou desprevenido, e com muita dor na minha vista eu percebi que não estava cego afinal.

Fui arrastado por meus sequestradores mascarados da minha cela escura pelos corredores clareados por luzes brancas ofuscantes até uma nova sala. Levo um pouco até poder focar minha visão na sala, e pude ver nos cantos uma pia grande, armários e outros móveis, e no centro, uma poltrona reclinável com amarras esperando por mim, como em um consultório médico, só que bem mais hostil com tantos instrumentos mortais em uma mesa ao lado da cadeira. Os dois guardas me agarraram e me prenderam à cadeira pelo pulso, passando uma corrente pelos meus pés. Um outro ser entrou pela porta, mas não usava roupas pretas como a noite ou uma máscara abominável. Ele usava um terno completo branco, com sua barba grisalha por fazer e o cabelo cortado ao meio que todo o mundo já gravou de tantos videos, hologramas e conferências da UNM para os sobreviventes. O próprio presidente da UNM, Bruce Maiden.

Depois que a UNM se formou, uma das novas leis criadas foi que, à partir dos 18 anos, o cidadão deve comparecer pelo menos uma vez á cada semana na cidade principal, localizada onde antes chamavam de Ohio, para obtermos comida e outras necessidades, além de itens como gasolina para os carros e entre diversas outras coisas. Nessas visitas, éramos obrigados à agradecer pessoalmente ao presidente Bruce pela sua bondade para com o povo. Embora tamanha fosse sua egocentricidade, jamais imaginaria que Maiden estaria envolvido nesse caso, seja lá o que for. Decidi enfrentá-lo

– Vejam só, parece que a nossa cobaia está acordada - ele disse, e pude sentir um sorriso por trás das máscaras dos guardas. - Você felizmente teve a sorte de testar nosso invento mais recente. Já deve ter ouvido falar dos domadores de sonhos, certo? - Sacudi a cabeça em sentido de negação, mas sei que é o que eles mais temem - Provavelmente, toda a nossa atual civilização possui esses dons, então, estamos nos certificando de que, esse descuido - ele diz a palavra "descuido" com precaução, mas estou certo de que ele pensou em uma palavra muito pior para a situação da UNM - não atrase a nossa evolução.

– Ora, fale a verdade, vocês dizem isso por que não querem que derrubem a sua ditadura - acuso e logo me arrependo, pois estou preso e eles podem fazer o que quiserem comigo, mas tudo o que Maiden faz é sorrir.

– Você é esperto, garoto. Me diga, você teria envolvimento com as bases rebeldes? - não o respondi nada, e sua face sorridente se tornava um rosto tenso e sério - Entendo, não vai falar, não é? Bom, você sabe por que está aqui pelo menos?

– Porque vocês querem entrar na minha cabeça, eu suponho - debocho, tentando livrar minhas pernas da corrente - por que mais me trariam aqui?

– Queremos aprimorar nossa técnica, para manter os jovens domadores de sonhos sob controle - diz ele - e não sei se você se lembra da visitinha dos meus guardas até a casa de vocês. Seu irmão, a quem você chamou de Dyllan, não reagiu muito bem ao nosso método. - Eu congelei ao ouvir o nome de Dyllan. Me debatia na cadeira, tentando me soltar de uma vez, fugir e proteger meus irmãos. Estava nervoso e preocupado - Acalme-se, garoto. Ele ainda está vivo. Só não sei por quanto tempo - Maiden gargalhava, enquanto mexia nos instrumentos ao lado da cadeira. Eu acompanhava sua mão com os olhos enquanto ele analisava as melhores maneiras de entrar na minha cabeça sem sujar muito seu incrivelmente branco consultório médico, ou seja lá o que essa sala for. - Eu só quero que você entenda, que eu só quero o bem da humanidade. Eu vou testar em você agora para que outras pessoas consigam ter uma boa noite de sono, permanecendo estáveis. Seu irmão obteve um efeito colateral que estamos tentando resolver à partir de você e se der errado, bem... ainda tem outro irmão, certo? - Ele voltava a gargalhar, e mais nervoso eu ficava.

Minhas mãos apertavam o apoio dos braços na poltrona, enquanto ele se aproximava da minha nuca com um objeto pontiagudo. Me imaginei quebrando a corrente e as algemas da poltrona, e quanto mais o objeto se aproximava, mais eu sonhava em sair correndo e encontrar meus irmãos. Ouvi um estalo e abri os olhos. As algemas tinham aberto! Demorei para ter uma reação, mas me levantei quando ouvi Maiden pedindo para os seus guardas mascarados e saí em desparada, agora que as pernas também estavam soltas. Quando cheguei ao corredor, meu instinto foi ir para o lado oposto do qual minha cela ficava, então corri para a esquerda. Olhava para trás pra acompanhar o movimento dos guardas, passando por outros guardas, mas menores, que provavelmente seriam soldados ou funcionários de Maiden, mas todos de máscaras. Á cada corredor que eu virava, pensava que não acharia uma saída, então me lembrei de como me livrei das algemas. Imaginei uma porta na parede a minha frente, com toda a adrenalina de sair daquele local. Abri os olhos, mas nada tinha acontecido.

Os guardas se aproximavam. Podia sentir o presidente abrindo minha cabeça pra concluir seu projeto, a lâmina penetrando cada vez mais em meu cérebro. Ouço outro estalo, e não posso evitar de sorrir: uma porta surgiu bem a minha frente. Consegui domar meus sonhos, mesmo sentindo uma pontada forte de dor na nuca. Vou em frente e abro a porta. Ela dá para uma escada iluminada por tochas, como as antigas escadarias de torres de castelo. Fecho a porta correndo e desço as escadas. Á cada 5 degraus, uma nova tocha se acende iluminando o caminho, até eu finalmente chegar ao fim da escadaria. Abro outra porta e sinto o calor do clima agora comum do Novo Mundo e o céu com sua cor de cobre. Nunca me senti tão feliz por ver essa paisagem. Fecho a porta e imagino que agora não há mais passagem por aqui. Não funciona da primeira tentativa, e volto a fechar os olhos. Vamos, vamos, você consegue, penso, e me concentro mais, ignorando a dor na minha nuca que ia ficando mais forte à cada momento. Ouço um 'clique', e olho para a parede intacta, sem porta, sem nada. Não espero alguém aparecer para poder correr.

É um longo caminho da Capital até em casa, mas preciso ir de qualquer jeito para saber como andam meus irmãos. Procuro pelas casas nas redondezas da cidade, e muitas mães mandam seus filhos e filhas entrarem correndo para casa com medo de eu lhes fazer mal. Ainda não tive a oportunidade de ver minha aparência depois de ser sequestrado, e uma viagem pelas sombras não deve ter feito muito bem para mim. Decido ser bruto para poder fugir o mais rápido possível. Uma das crianças não conseguiu correr a tempo. Eu agarrei o menino e o segurei pela barriga, enquanto lágrimas de desespero escorriam pelo rosto da mãe.

– Me dá as chaves do carro agora, ou eu o mato! - ameaço. Eu nunca mataria uma criança por um carro, mas sei que o amor materno irá me ajudar no momento. Ela me joga as chaves e eu solto a criança para pegar as chaves no ar. Entrei no velho chevy 2000 e dei a partida. Mesmo o carro sendo velho, o motor respondeu no mesmo instante: um dos benefícios de se morar na Capital é chegar cedo no ponto onde a UNM distribui suas "dádivas" para recolher boas peças de carro. Saio da garagem da família e acelero, sem pensar duas vezes. Minha preocupação maior é com Dyllan. Segundo Maiden, ele pode não sobreviver, então corto todos os caminhos pelos atalhos que conheço, e de uma viagem de cinco horas chego em nossa casa em apenas duas. Primeiro observo de longe, depois me aproximo, observando o perímetro, e percebo que nossa picape não está estacionada. Entro em nossa casa, mas parece que a casa está vazia. Não há sinal dos meus irmãos, nem de suas roupas, nem de nada. Será que Maiden os pegou também? penso imediatamente, mas lembro de uma conversa recente com Adam, sobre o grupo dos rebeldes. Ele provavelmente deve ter levado Dyllan pra lá, na melhor das hipóteses. Volto para o chevy roubado em Ohio para fazer o mesmo caminho pelo qual vim, mas dessa vez, eu vou procurar e me juntar aos rebeldes de vez.


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Notas finais do capítulo

E então gente, gostaram desse capítulo? Comentem por favor as partes que vocês mais gostaram, se vocês viram algum erro, algo que vocês querem que melhore, se querem alguma coisa na história... me ajudem! Obrigado, o próximo sai na terça!!!



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