Slaves of Dreams escrita por dookie


Capítulo 2
ADAM | Bem Vindos À Elkhart


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouquinho pra escrever esse segundo capítulo, mas fiz com carinho, adicionando mais detalhes aos personagens e tal... espero que gostem desse também!



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Saímos de casa ás pressas, com tempo de apenas preparar uma mochila com algumas roupas limpas, comida e água; muita água. Quando éramos pequenos, nossos pais contavam histórias sobre a sociedade antiga, antes da guerra nuclear. Nos falavam algumas curiosidades, como que uma pessoa só podia dirigir a partir dos dezesseis anos no nosso país. Hoje em dia, regras não importam mais. Noah me ensinou a dirigir quando eu tinha apenas doze, e ele quatorze, roubando a velha caminhonete do papai na madrugada. Afasto essas memórias da cabeça, como sempre fiz desde que nossos pais morreram nas mãos da UNM. Passo do quarto para o banheiro pelo corredor da casa, e vejo que na sala, Dyllan está arrumando suas coisas com comida, roupas e água, além de algumas lembranças. Acho que ele está tão certo quanto eu, de que não voltaremos tão cedo pra casa. Jogo minha toalha sobre o ferro na porta do box e me preparo para o banho. Deixo a água fria cair sobre a minha cabeça na madrugada, enquanto me lavo tirando todo o suor que se acumulou em minha pele devido ao pesadelo. Será que agora seremos escravos dos nossos sonhos? Toda vez que dormirmos, nossos medos irão nos assombrar? Será que outras pessoas também foram sequestradas por que o trabalho desses seres das sombras também ficou incompleto, como o do meu irmão Noah e o meu? Será que eles voltarão? Pensamentos como esse afligem a minha mente e apenas me fazem querer sair logo de casa, pois é muito perigoso. Puxo a toalha do alto e me enxáguo, amarrando ela na minha cintura depois. Saio do banheiro indo direto para o quarto, mas minha visão periférica me permite ver Dyllan chorando ao ver algumas fotos antigas de nós com nossos pais. Pisco uma vez. Pisco de novo. Cada vez mais forte, com a intenção de fazer essa imagem sumir, junto com a emoção. Entro e fecho a porta do quarto. Finalmente me visto, pondo uma jaqueta preta por cima da camisa cinza comum e os jeans pretos caindo por cima de um antigo tênis Nike preto e branco que Noah conseguiu salvar entre algumas outras de suas coisas, que ficou pra mim. Jogo roupas limpas e uma toalha em minha mochila, além de algumas coisas de nosso quarto também, como uma tampinha de garrafa de metal com uma estrela dourada na parte de cima, que Noah tem desde criança, dizendo que a tampinha traz sorte. Novamente as lembranças nostálgicas invadem minha mente, e preciso me conter para fazer com que o leve sorriso que brotou em meu rosto suma. Saio do quarto e Dyllan está em pé, me esperando na porta, com uma jaqueta jeans de cor azul escuro, uma camisa branca e calça jeans preta, com um Converse preto. Apesar de ser apenas dois anos mais novo que eu, ainda considero Dyllan uma criança, e vê-lo todo determinado a conseguir reencontrar nosso irmão, me faz ter orgulho dele, vendo que ele está amadurecendo. Sorrio rapidamente, antes de pegar as chaves do carro sobre a mesa de mogno, no canto da nossa casa, junto com um arranjo de flores de plástico que minha mãe dizia que servia pra enfeitar o ambiente.
– Está pronto? - Digo olhando pra Dyllan parado junto á porta, tenso.
– Tô sim... - Ele responde, pegando as alças de sua mochila que repousava no chão, mas ele me olha confuso - Você ainda não me disse pra onde vamos, Adam...
Dyllan me observava curiosamente. Vou precisar contar para ele de qualquer jeito.
– Bom... certa vez, Noah e eu estávamos conversando sobre um grupo de rebeldes, que estava treinando para derrubar a UNM. Ele não entrou em muitos detalhes, mas me disse o endereço. Ele iria entrar pra esse grupo também, e me contou para que eu me prepara-se pra nos virarmos sozinhos, se ele fosse embora. - Digo, esperando que Dyllan assimile minhas palavras. Geralmente, ele costuma ser mais rápido com seu raciocínio que eu - Então, eu tenho certeza que eles sabem de algo sobre esse ataque da UNM e do sequestro do nosso irmão, e eu simplesmente não podia te deixar aqui sozinho - Respondo, pondo a mão sobre seu ombro direito, e vejo em seus olhos que consegui convencê-lo.
Ponho nossas malas na carroceria e entro no carro, para ligá-lo. Demora um pouco até a velha picape pegar no tranco, mas pelo menos conseguiremos seguir viagem até meio caminho, em Indiana. A maioria dos habitantes desse Novo Mundo se mudou para lá, por ordem da UNM, onde podem monitorar e controlar todos bem de perto. Precisaremos tomar cuidado para não levantarmos suspeitas. A viagem até Ohio deve durar mais ou menos 5 horas. Dyllan entra no carro e partimos, rumo à Indiana.
Durante uma hora já de viagem, Dyllan já estava bocejando de sono. Ele acordou apavorado com seu pesadelo de madrugada sem chance de ter uma boa noite de sono. Eu poderia ligar a rádio para mantê-lo desperto, se pelo menos alguma estação ainda funcionasse.
– Dyllan, tenta dormir um pouco - eu digo, enquanto dirijo. Não olho diretamente para ele, pois se eu tirar os olhos das ruas, posso cair em algum buraco ou bater em alguma parte levantada do solo, mas consigo ver pelo canto do olho que ele ainda está tenso. Depois de algum tempo, ele finalmente cai no sono, por cerca de nada mais que trinta minutos. Dyllan me assusta quando começa a gritar histericamente e repetidamente a palavra "não". Quando desperta, seus olhos encontram os meus em suplício para o salvarem, e eu freio o carro na mesma hora que ele segura o meu braço direito com toda a força que ele tem com a ajuda da adrenalina, evitando um acidente. Dyllan começa a chorar descontroladamente, batendo em sua nuca com força, e é então que eu vejo o que eles deixaram de lembrança. Uma marca, uma tatuagem, no formato de três espirais que se ligam por suas caudas, no sentido horário, como as antigas marcas nazistas. Abro a porta do carro com um chute, saindo o mais rápido possível e alcançando nossas mochilas na carroceria. Pego uma garrafa térmica de água da minha mochila e passo para Dyllan em um copo.
– Bebe isso! - Tento dizer com calma, mas alto, pra que ele possa me ouvir e fazer. Ele pega o copo relutante, mas bebe a água, tremendo. Nunca vi nada parecido, e por estar presenciando meu irmãozinho assim, me dá náuseas. Digo pra ele respirar calmamente - Inspire e expire, devagar! isso vai desacelerar o seu coração! - Ele se acalma aos poucos, e eu suspiro. Não percebi que estava segurando todo o meu ar enquanto estava nervoso, mas não consigo deixar de ficar preocupado com ele.
– Obrigado - ele diz, devolvendo o copo e secando as lágrimas que ficaram no rosto. - Adam... e se não chegarmos à tempo de salvar o Noah? Eles... eles só o pegaram por que não conseguiram completar o ritual, ou o trabalho, seja lá o que for.
– Calma, Dyllan. O Noah é esperto, até mais que nós dois juntos. Ele vai conseguir fugir de algum jeito. - Só espero que a tempo de nós conseguirmos o alcançar, penso - Me viro pra Dyllan, com os olhos pesados pela má noite de sono, e quase durmo ao volante, se não fosse a marca negra estranha do meu irmão que eu tinha visto antes e que havia me esquecido - Dyllan! - Eu grito um pouco desesperado; a sorte é que estávamos parados no acostamento, e não dirigindo. Despertei no mesmo instante, mas Dyllan ainda está fraco pra poder tomar qualquer atitude - O que é isso na sua cabeça? - Digo, desta vez olhando com mais atenção. Passo levemente o dedo sobre a marca, e Dyllan recua. Antes eu achava que era da cor preta, mas na verdade, isso é sangue seco. Foi feita um tipo de escarifação, de modo que eles conseguiram entrar na cabeça do meu irmão, eliminando seus bons sonhos. O que seria isso? Algum tipo de magia? Não consigo entender. - Precisamos chegar o mais rápido possível em Indiana.
–-
Chegamos á cidade de Elkhart, e ela é tão deserta quanto Illinois. Parece que sobrou cerca de uma família pra cada estado. Existem diversos imóveis abandonados, e à cada quadra que atravessávamos, parece que a cidade fica mais deserta. Dyllan está com os olhos inchados de sono, mas ele não consegue dormir. A curiosidade me ganha, mas também quero saber pra poder ajudar o meu irmão. Pergunto:
– Dyllan, o que você vê nos seus pesadelos?
– Sabe, parece bobeira, mas é que... - Quando Dyllan tenta revelar seus medos, em um baque, a picape para bruscamente. Olho pelo retrovisor ao lado do carro, e percebo que um pneu foi furado com uma flecha. Dirigi por tanto tempo pra morrer nessa cidade deserta?, penso, mas quando saio do carro, vejo uma garota de cabelo loiro liso, com uma roupa colada preta como um uniforme, recolhendo sua flecha e a recolocando em sua mochila azul escuro, onde guarda outras flechas.
– O que está acontecendo aqui? Por que fez isso? - Pergunto, vendo um sorriso brotar no rosto dela. Seu sorriso irônico desperta uma certa antipatia entre nós.
– Vocês invadiram o nosso espaço, deveriam ter pensado nas consequências antes de ter pisado na nossa cidade. - Ela responde rispidamente.
– Olha, não sei quem você pensa que é ou quem pensa que nós somos, mas isso tudo foi um engano, e... Dyllan! - tento correr quando vejo que dois caras bem maiores que eu, usando o mesmo uniforme que a garota, segurando meu irmão pelos braços e o arrastando desacordado para longe - O que fizeram com ele? - pergunto aos gritos, levantando meu punho e mirando na cara da garota com toda a minha força, mas meus braços são segurados no último momento, à cerca de 10 centímetros do rosto dela, fazendo seus fios loiros se agitarem com a pequena brisa de ar que bate, e ela nem se quer pisca.
– Eu disse, não invada a nossa ci...
– Ei, Rebeca, olha isso aqui - Diz um dos dois caras que pegaram o meu irmão, empurrando a cabeça dele para o chão, à fim de mostrar a marca na nuca dele - Ele é um de nós.
– Ah, então vocês não são mais espiões daquela União do Novo Mundo? - Ela se vira pra mim novamente, com um sorriso que, se ela não tivesse lançado uma flecha com mira perfeita na roda da minha picape e sido bem hostil sem querer saber de nós, eu diria ser um tanto acolhedor - Que bom. Sejam bem vindos à Elkhart, ou melhor, a Terra dos Rebeldes!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram desse capítulo? Vou tentar postar até quinta um novo capítulo, narrado por outro personagem, outra perspectiva, com as respostas que eu esqueci de dar nesse kkkkkk Continuem comentando e acompanhando, por favor! Obrigado!



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