Utopia escrita por NoodlesDark, StrangeGirl


Capítulo 3
Procurando Entender


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura *--*



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Procurando Entender

Por NoodlesDark e StrangeGirl

– Quem sou eu? Bem, eu vou te dizer! Eu sou ANABELLY LINCHER, Imperatriz dos territórios do MEU quarto! – me aproximo uns dois passos dele e giro os dedos tentando abranger algo muito mais grandioso – Esse aqui é o MEU mundo! E você é um intruso! INTRUSO! – me aproximo bastante dele, e o cutuco no peito com os dois dedos indicadores. – Por tanto Clinório, EU posso mandar você calar a DROGA dessa sua boca! – estico a mãe em direção a escrivaninha e pego uma maçã, mas claro sem desgrudar os meus olhos dos seus. – E se você não calar, eu vou enfiar essa maçã em sua garganta!

E para terminar de extravasar a minha raiva, o empurro. Como ele foi pego de surpresa acabou tropeçando no pufe e batendo com força no guarda roupas. Claro, eu deveria ter me arrependido na hora, mas eu estava ocupada demais tentando me obrigar a ficar calma, (Sim, ainda não me acalmei, mesmo depois de ter praticamente o matado).

Os meus berros causaram nele um impacto imediato e ele de fato pareceu amedrontado. Será que ele acha que ser imperatriz dos territórios do meu quarto é grande coisa?

Becka minha prima queria, fez o grande florinco de chegar meia hora depois. Enquanto isso, o clima que se seguiu foi o de completa tensão. Eu não olhava para Clín, Clín não tirava os olhos de mim e nós não falávamos nada.

Enfim, aquela loira esbaforida entrou no meu quarto invadindo tudo e começando seu casual discurso chato.

– Você não vai acreditar! Eu tava vendo TV e aí... – começou olhar para todo o quarto, procurando bagunça, eu aposto! – Ai meu Deus!! – gritou ao ver Clín.

– Mais uma fã... – Clín falou em tom de reclamação – Fale com a minha secretária. O autografo está na promoção, só 20 bunkcas e 50 binas. As fotos estão mais caras, 50 bunkcas. Fico na cidade até sexta. Dunchetes! – ele piscou ao dizer a ultima palavra e fez um “paz e amor” com os dedos.

– Cê tá namorando um artista? E ainda me pôs pra acobertar! E logo no quar... Anabelly... Você? Eu nunca pensei... – ela falou, mas não estava brincando. A olhei como se fosse louca, o que realmente é.

– O que você tá fal...

– A LIS PRECISA SABER DISSO!! – ela deu ênfase no precisa juntando as mãos na frente do corpo, grudando seu dedo maior no polegar e balançando na frente do corpo. Como fiz amizade com ela?

– Ai meu Deus, Becka! Você tem o dom de entender tudo errado!

Não sei bem por que disse isso, por que no fim não tinha como ela entender de outro modo. Eu no lugar dela pensaria a mesma coisa.

– Vem cá, garota!

E lá vai eu tentar explicar as coisas. Quando terminei seu grito foi mais alto ainda.

– A LIS PRECISA SABER DISSO!! – catou o celular e se pôs a digitar o número da dita cuja, colocando no viva voz. Por um momentos nós só escutamos o tão conhecido “tuu- tuu” do outro lado da linha, até que uma voz sonolenta se vez audível.

– Vai se ferrar, imbecil! – Ela exclamou com a voz sem emoção e já estava prestes a desligar.

– Espanador do céu! – isso foi uma referência a altura de minha amiga – Você não vai acreditar!

–Becka, tô dormindo e não tô afim de saber mais uma de suas histórias! E melhor ser espanador do céu do que ter cabelo limpa-panela! – sempre tão amorosas... a cara de Rebeca se contorcia numa careta estranha e eu ri disso.

– Calma, Lis! É sério dessa vez. – eu falei tentando remediar a situação.

– Sabe aquele Clinório? O do livro que é MEGA fresco? – vi Clín ficar irritado e o encarei, como em uma ameaça.

– Ele não é fresco! Ele só é a parte feminina do Minírio! Ele fica lindo com o Misher e você não vai me convencer do contrário! – E lá vem ela com os shipps yaoi...

– Eu e Misher? Só tem maluco no seu reino! – ele falou olhando para mim com os olhos arregalados.

– Enfim, a Ana fez uma macumba aqui e ele virou realidade! –Belly? É sério? – ela perguntou e depois gargalhou. – Eu vou matar vocês! Me acordaram para contar uma mentira!!

– É sério! Olha só! – Becka pegou o braço de Clín e o levou até o telefone. – fala alguma coisa aí!

– Não mesmo! Vocês já pararam pra pensar que isso pode ser um espião? Não gosto dessas coisas que repetem o que a gente fala! Uma vez, um casteff enviou nossos planos pro inimigo! Acabamos derrotados!

– Olha, eu não sei quem vocês pagaram pra me dizer essas bobagens, mas sei que quero dormir. Então, mal dia.

Bem, ela é Elis. Insensível? Sim. Com sono? Sim. Mente aberta? Só se falarmos de yaoi ou Doctor Who, não de Clinório Claurinsher. Balanço a cabeça em negação, ninguém (exceto Becka, por isso amo essa loira!) irá acreditar em mim, além do que, soa muito estranho dizer que um homem apareceu no meu quarto durante a noite.

– Becka, o que vou fazer? Não posso deixa-lo aqui. Se meus pais descobrirem... – digo em tom de súplica.

– Também não posso leva-lo não!

– Eeei! Estou aqui! Que tal vocês me perguntarem o que eu penso?

– Nossa! Você pensa? – pergunto me fazendo de surpresa. Ele me ignora.

– Eu ordeno que me mandem para o meu reino, agora! – ele já assumiu o tom de superioridade.

Caminho em direção a janela e a abro.

– Então se manda!

– Não sei pra onde fica! Esse seu reino é escuro e instrito.

Finalmente ele começou a compreender a confusão. Coloco as minhas mãos em seus ombros e o bem dentro dos seus olhos azuis. Por mais doido que possa parecer e com essas roupas, e esquisito – ou se preferir instrito – falando do seu modo, os olhos dele passam um certo... perigo, que se mescla com a doçura. Como isso é possível? Bem, eu ainda não sei.

– Finalmente Clín, você está começando a entender alguma coisa!

– Sabe – começa Becka – ele não se parece em nada com o Clín que eu imaginava...

– Não? – acabo franzindo a testa com a surpresa – pois ele é do jeitinho que eu ima... É isso!

Como eu gritei as ultimas palavras acabei assustando tanto Becka quanto Clín. Minha cabeça estava a mil, agora as coisas começavam a fazer algum sentido.

– Becka, você tá entendendo? Como fui eu que fiz o Clín sair do livro, ele é do jeitinho que eu imagino!

Ela pensa um pouco.

– Então, você deveria tê-lo imaginado mais simpático.

– Mas Becka a personalidade dele era descrita no livro, isso eu não podia imaginar. – Me levanto e procuro algo na gaveta do guarda-roupas. Encontro uma massinha de modelar e mostro a minha prima. Essa aqui é a personalidade do Clín, porém qualquer leitor pode modelar... – termino a frase amaçando o brinquedo.

– Então, como foi que eu saí do meu lindo reino e vim parar nesse fim de mundo sem cor? – ele falou fazendo careta e olhando em volta.

Ficamos calados, pois isso ninguém sabia responder.

–*-*-*-*-

Becka só voltou pra casa horas depois, quando meus pais chegaram. Como ele nunca entravam no meu quarto, pedi, quase implorando, para que Clín ficasse quieto e se escutasse passos se escondesse em baixo da cama (que agora ele chama de pequeno cubículo, longe de ser aposento, real).

Esconder os sentimentos é algo bem fácil pra mim, mas confesso que seguir minha rotina de sábado normalmente, não foi uma tarefa fácil. Não parava de pensar em como esconder Clín, e também tinha medo que meus pais entrassem no meu quarto.

Fingindo estar com uma dor de cabeça forte naquela noite fui dormir bem mais cedo. Ao abrir o quaro encontrei apenas os móveis e minhas roupas ainda espalhadas. Ele era até bem obediente para um príncipe mimado, acho que foi por causa das ameaças a sua vida. Fui em direção a cama e levantei os tecidos que o escondiam.

– Pode sair, sou só eu.

Ele saiu e sentou no “estofado amaldiçoado”, que agora não lhe parecia mais tão ofensivo assim. Alguns segundos de silêncio transcorreram. De repente seus sapatos laranja pontudos se tornaram extremamente interessantes ao seu ver. Mas eu já não aguentava mais segurar a pergunta.

– Tudo bem com você?

Antes de fixar os olhos azuis em mim, Clín olhou todo o quarto, inclusive o teto, e me falou tristonho.

– Esse aqui não é o meu lugar. Sinto falta do meu reino, do meu palácio e da minha família.

E do nada, Clinório Claurinsher passa de um adulto príncipe mandão, para uma criança solitária que sente falta da mãe. E foi aí que passei a enxerga-lo com outros olhos. Pego nas suas mãos e falo.

– Prometo que vou fazer de tudo pra te tirar daqui.

Sinto-me alegre quando observo seus lábios formarem um pequeno sorriso.

– Obrigado, Ana... Ana... Anabel?

– Ah, acho que não fomos apresentados ainda. – falei e me levantei em um pulo, já mais animada. – Anabelly Lincher! E não, não estou ao seu dispor. Aquela maluca que veio aqui mais cedo é a Becka, Rebeca Lincher, minha prima.

– Ah... E eu sou... – bufei fazendo minha franja subir, a Becka sempre ri disso.

– Eu sei seu nome, guloviano idiota.

– Guloviano é a... – ele levantou as mãos e fingiu meditar, mas sem a posição de lotus. – tô com fome, tô com fome, tô com fome! Fome! Fome! – ele falou cantando. Tem como isso ficar mais estranho? – Foooooome! – ele terminou a ópera se curvando depois, agradecendo as palmas que não vieram.

O dia inteiro sem comer,

Vai me pagar

Você vai ver!

Tô esperando a um tempão

Embaixo disso, que confusão!

E é só você chegar

Pra que comece logo a brigar!

Não acredito no que estou vendo, ele tá cantando?! Como assim? Desde quando minha vida virou um musical da Disney? Ele me olhava esperando a continuação da minha parte, como acontece em um bom musical.

– É bom parar... ô Encantado! Cala a boca se quiser comer!


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Notas finais do capítulo

Vocábulo:
Bunkcas: a moeda de Tomincas | Bino: equivale aos centavos | Duchetes: beijinhos | Minório: Misher + Clinório | Misher: personagem que é constantemente "shippado" com o Clín | Casteff: soldado | Instrito: estranho, esquisito

Oi, oi pessoas!
Então, agora a fic vai ficando nessa mescla mesmo, tipo umas horas mais sérias, aí fica na brincadeira... Enfim, o que acharam? Isso foi bem Disney, né? Com toda certeza quem tem o costume de ver filmes infantis entendeu exatamente como era que ele tava cantando. Gente, daqui pra frente nós só temos mais um capítulo pronto, mas que vai ser mudado, por isso vai demorar um pouco a postagem...
De qualquer forma, espero que continuem os comentários lindos que nos incentivam e muito.
Dunchetes :3 *--*



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