Lost Memories - One Shot escrita por Lola


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Então gente, é minha primeira One, espero que gostem. E por favor, comentem, recomendem, favoritem, divulguem, o que quiserem *-*



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Amy rabiscava padrões abstratos com suas unhas no corrimão da varanda, completamente ansiosa. Andrea disse que chegaria exatamente às duas da tarde, e já se passava das três. Seu pai a observava a soleira da porta, rindo de todo o seu nervosismo.

— Fique tranquila, Amy. Ela virá — o pai tentou acalmá-la, mas nem isso fora capaz de trazer a pequena loira para dentro de casa.

— Você acha mesmo? Ela está atrasada. Quando chegar, já terão pescados todos os peixes grandes — a adolescente de quinze anos protestou, esboçando um enorme bico enquanto cruzava os braços.

Por que Andrea tinha sempre de chegar atrasada? Amy pensou enquanto chutava uma pequena pedrinha para longe. Como se a irmã mais velha pudesse ler seus pensamentos, um carro prateado buzinou a frente da casa, chamando a atenção também do pai, que há essa altura já havia se acomodado no sofá espaçoso da sala.

Quando os olhos azuis de Amy se cruzaram com os de Andrea no mesmo tom, todo o nervosismo de Amy esvaiu-se rapidamente, e tudo o que ela mais queria era estar entre os braços da irmã, o que não demorou a acontecer.

— Você está enorme garota, o que andam te dando nessa casa? Fermento? — Andrea fez a mesma piada de sempre, e seus pais riram, como sempre. Amy sorriu abertamente, não pela piada, e sim, pela felicidade de estar ao lado da irmã que raramente via.

— Nós vamos perder os melhores peixes — Amy resmungou desvencilhando-se da irmã para ajudar o pai a carregar os apetrechos para pescaria no porta-malas do carro de Andrea.

— Eu realmente sinto muito — Andrea desculpou-se. — Como sempre, tive que dar um jeito de sair do trabalho. Isso não é tão fácil de conseguir em pleno fim de ano — queixou-se a mais velha, e Amy deu de ombros.

A pequena sabia o quão difícil era conseguir uma folga no trabalho de Andrea, mas a cada dia elas se tornavam mais escassas. Ela estava ansiosa pelas férias escolares quando finalmente poderia ficar o tempo todo na casa da irmã, por mais que Andrea passasse grande parte do dia no escritório.

Com o carro já carregado, chapéus a postos e o cheiro de protetor solar impregnando o ambiente, Andrea dirigiu em direção ao pesqueiro que àquela hora da tarde já se encontrava lotado. Diversas pessoas espremiam-se como sardinhas, procurando um local para jogar seus anzóis na água.

Andrea ajudou o pai a retirar os utensílios do porta-malas enquanto Amy corria apressadamente até o local "secreto" da família. Os três pescavam ali desde que Amy entendia-se por gente, então era como se fosse um local sagrado. Como era de difícil acesso e os demais pescadores ansiavam para começar logo sua pescaria, eles tinham certeza de que o local estaria intacto.

Sob a sombra do grande carvalho que abençoava a área onde eles pescavam protegendo-os do sol, a linha de Amy fora a primeira a ser puxada. A loira levantou-se prontamente, girando o molinete enquanto lutava com o peso do peixe que era forte demais para que ela o fisgasse sozinha. Andrea auxiliou a irmã, que trouxe consigo para a margem uma enorme carpa dourada.

De todas as coisas que Amy havia visto, aquela era sem dúvida a mais fantástica. Os raios de sol batiam no peixe, fazendo com que ele se tornasse ainda mais iluminado e reluzente. Ela perdeu alguns momentos contemplando sua grandeza, e sabia que estava na hora de devolvê-lo à água, antes que fosse tarde demais.

— Hey, garotas! É hora da foto! — o pai chamou as garotas, já sacando a câmera da mochila.

— Não! Ele vai morrer! — Amy protestou, sentindo a garganta apertar-se. Ela não queria que um peixe tão lindo quanto aquele fosse parar em uma frigideira qualquer.

— Ele não vai, Amy — Andrea passou o braço sobre os ombros da irmã. — Agora olha para a foto!

O peixe debatia-se nervosamente, e Amy sabia que aqueles eram seus últimos suspiros de vida. A foto, obviamente, saiu com a pequena totalmente emburrada, com o rosto contorcido em uma careta de desaprovação.

Andrea tomou o peixe semimorto das mãos de Amy e colocou-o na água, mas como era de se esperar, ele sequer se mexeu. Debateu-se por um momento, mas suas forças já haviam deixado seu corpo, era tarde para resistir, então ele simplesmente entregou-se ao fim.

Amy chorou como se tivesse acabado de perder um ente querido, o que provocou uma crise de risos incontrolável em Andrea.

— Acho que teremos peixe para o jantar! — o pai comemorou, recolhendo o peixe de Andrea e guardando-o em uma sacola plástica.

Obviamente, Amy preferiu comer apenas seus legumes naquela noite.

De repente, era como se ela visse a si mesma mais nova, agora com apenas sete anos. Havia acabado de cair da árvore e sentia uma dor terrível em seu braço.

— Droga! — a criança esbravejou tentando mover seu braço sem obter sucesso, aliás, aquela tentativa lhe rendeu ainda mais dor.

Amy não queria correr para os pais, tinha medo de que eles fossem rir, afinal, eles avisaram que algo assim poderia acontecer. As lágrimas corriam por seu rosto, deixando um gosto salgado em sua boca que encontrava-se com os lábios fortemente cerrados a fim de controlar os soluços.

Andrea, como se pressentisse que algo ruim havia acontecido com a irmã, prontamente apareceu e a tomou nos braços, beijando-lhe a testa e acariciando seus cabelos enquanto sussurrava que tudo ficaria bem. Após isso, levou Amy ao hospital e juntas inventaram uma boa desculpa para dar aos pais, apenas para que a menor não tivesse que admitir que seus pais tinham razão.

Muitas outras cenas vieram à mente de Amy... Seu aniversário de quinze anos com o desastroso vestido azul que seu pai escolhera, o primeiro dente que perdera aos cinco anos, o primeiro dia que fora a escola... Muitas coisas lhe passavam pela cabeça, trazendo lembranças confusas em uma linha cronológica totalmente desajustada.

E então, na última cena Amy deu-se conta do que realmente estava acontecendo. Era como se não sentisse mais nada; seu corpo era leve e pesado ao mesmo tempo. Ao fundo havia gritos de puro terror e desespero, mas a cada batida de seu coração eles se tornavam mais e mais distantes. Braços trêmulos a seguravam, e lágrimas quentes caiam sobre seu corpo, contudo, até mesmo essa sensação estava esvaindo-se, o corpo de Amy parecia entorpecido, como se tivessem lhe aplicado uma anestesia, mesmo que seus olhos permanecessem atentos a tudo. Ela queria fazer algo para aquela pessoa que chorava copiosamente sobre seu peito que se movia fortemente em busca de ar.

— Por favor, Amy! Por favor! Você não pode ir... não agora! Só... fica comigo, Amy! — Andrea pedia entre soluços, mas sua voz parecia vir de tão longe...

Amy moveu os lábios, tentava desesperadamente dizer algo que pudesse acabar com a dor da irmã, mas tudo o que escapou de sua boca fora um gemido rouco sendo acompanhado pela tosse: ela engasgava com o próprio sangue.

Então era assim? Isso era estar morrendo? Dizem que quando estamos partindo nosso cérebro faz um último esforço para repassar cada uma das cenas que mais marcaram nossa vida... É apenas uma tentativa para nos desviar do que realmente está acontecendo.

Amy estava partindo, e jamais seria capaz de dizer para Andrea o quanto a amava e admirava desde o começo de sua vida, e, ironicamente, até o fim. A cada esforço, Amy sentia suas últimas forças esvaindo-se, entregando-se ao fatídico destino.

Por um milésimo de segundo Amy sorriu. Então era assim que aquele peixe sentira-se no dia em que condenaram-no a morte. Era engraçado pensar que agora o peixe era ela mesma. Sentia-se de certa forma até feliz, sabendo que já não teria mais que lutar naquele mundo horrível. Essa era apenas mais uma prova de que Amy nunca fora forte o suficiente, e se não fosse agora, logo aconteceria, de qualquer forma.

Amy estava cansada de respirar, aquilo parecia tão difícil... Apenas olhou pela última vez para o rosto da irmã, e aceitou a escuridão que se seguiu de bom grado, era até mesmo reconfortante, suave.

A luz de sua alma apagou-se aos poucos, deixando apenas um corpo vazio e sem vida nos braços da irmã mais velha. Amy se fora, e tudo o que vivera tornara-se apenas memória... Memórias perdidas.


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Notas finais do capítulo

Pls, façam a tia Bella feliz *-*



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