Capitulo 2.

Fomos andando em um silencio perturbado ate o lado leste da floresta perto de uma pequena trilha.

-Tudo bem, vamos conversar - disse ela numa coragem súbita.

Eu respirei fundo na esperança de pegar parte de sua coragem.

-Bella, nós vamos embora.

-Por que agora? Mais um ano...

-Bella, esta na hora. Afinal, quanto tempo mais poderemos ficar em Forks? Carlisle não pode passar dos 30, e ele agora diz ter 33. Logo teremos de recomeçar, de qualquer forma.

Agora eu a encarava com frieza, eu precisava ser rude com Bella, assim tudo isso seria mais fácil, eu acho.

-Quando você diz nós...

-Quero dizer minha família e eu.

Bella balançava a cabeça para frente e para trás como se para organizar o que eu havia dito.

-Tudo bem. Vou com você. –disse ela num sussurro muito baixo para ouvidos humanos.

-Não pode, Bella. Aonde vamos... não é o lugar certo para você.

-Onde você esta é o lugar certo para mim.  –disse ela fazendo com que isso parecesse obvio, e era obvio ate demais.

-Não sou bom para você, Bella.

-Não seja ridículo. Você é a melhor parte da minha vida. – a coragem que sua voz tinha antes havia sumido, e agora ela implorava, ainda em sussurro.

-Meu mundo não é para você! – eu disse de maneira sombria.

-O que aconteceu com Jasper... Não foi nada, Edward! Nada!

-Tem razão, foi exatamente o esperado.

-Você prometeu! Em Phoenix, você prometeu que ficaria...

-Desde que fosse o melhor para você. – eu a interrompi

-Não! Tem a ver com a minha alma, não é? – agora ela gritava furiosa – Carlisle me falou disso, e eu não me importo, Edward. Não me importo! Você pode ter a minha alma. Não a quero sem você... Ela já é sua!

Eu respirei fundo, pensando em como dizer a mentira da melhor forma, esperei um minuto completo e voltei a encará-la

-Bella, não quero que você venha comigo. – pronunciei as palavras com certa lentidão, observando como ela reagiria à mentira.

-Voce... não... me quer? – disse ela confusa.

-Não. – me limitei a dizer.

Enquanto eu a observava algo estranho e sombrio aconteceu. Seus olhos cor de chocolate mudaram para um castanho mais escuro quase preto, eles não tinham mais brilho nem profundidade, era como se sua alma estivesse deixando seu corpo com uma lentidão extremamente exagerada, fazendo com que eu também ficasse sem alma. Bella não tinha mais cor no rosto, agora ela era mais branca que eu, sua respiração ficou lenta, e seu coração, era como se eles estivesse lutando contra o veneno, era como se ela estivesse no estagio final para a transformação de vampiro. Seu coração se acelerou, parou subitamente e voltou a bater, mais era como se a cada 5 batidas que seu coração dava antes, ele só desse 1 agora. E o desespero me dominou, e lagrimas secas começaram a escorrer do meu rosto ameaçando minha falsa mascara de serenidade cair.

 -Bom, isso muda tudo. – a voz dela estava calma e razoável. Uma voz sem alma, mas ela acreditou no que eu disse, uma única palavra e ela anulou sua fé em mim.

-É claro que eu sempre a amarei... de certa forma. Mas o que aconteceu na outra noite me fez perceber que está na hora de mudar. Por que... estou cansado de fingir uma coisa que não sou, Bella. Não sou humano. Permiti que isso durasse tempo demais e lamento. – minha voz saia fraca, eu me sentia fraco, mas acho que isso era toda a mentira nua e crua.

-Não lamente. – sua voz era um sussuro e sua palavras me atingiram como uma faca em chamas, e pude entender que eu havia lamentado todos os nossos bons momentos juntos.

-Você não é boa para mim, Bella. – e pude perceber que ela entenderia o significado errado da frase.

-Se... é isso que você quer.

‘-Não Bella, não é isso o que eu quero’ – gritei para mim mesmo na esperança dela ouvir.

-Mas gostaria de lhe pedir um favor se não for demais.

Quando eu disse isso, seu coração deu duas guinadas rápidas e fortes, e parou de bater voltando mais lento ainda, e eu pude ver o ultimo traço de vida deixando seu corpo. Neste momento minha mascara caiu, mas eu fui rápido e a recompus antes de Bella perceber.

E acho que isso era o certo a fazer.

-O que quiser. – prometeu ela numa voz mais serena que a minha.

-Não cometa nenhuma imprudência, nenhuma idiotice. – eu a ordenei, colocando uma intensidade que eu não tinha em meu olhar. – Entende o que estou dizendo?

Ela assentiu

-Estou pensando em Charlie, é claro. Ele precisa de você. Cuide- se... por ele.

-Vou me cuidar. –sussurrou ela, e eu relaxei.

-E em troca, vou lhe fazer uma promessa. Prometo que esta será a ultima vez que vai me ver. Você poderá seguir com sua vida sem qualquer interferência minha. Será como se eu nunca tivesse existido.

Eu disse a ultima frase com uma intensidade desnecessária, e pude perceber que os joelhos de Bella fraquejaram, seus olhos desfocaram como se uma fina camada de plástico transparente estivesse os cobrindo, e seu sangue pulsou rápido demais em suas veias, mas seu coração ainda batia lento, como antes.

Eu sorri, gentilmente, mas de novo este foi o sorriso errado.

-Não se preocupe. Você é humana... Sua memória não passa de uma peneira. O tempo cura todas as feridas para sua espécie.

-E as suas lembranças?

-Bem... – eu hesitei por um breve segundo, e decidi que era melhor falar a verdade- ... não vou me esquecer. Mas minha espécie... nós nos distraímos com  muita facilidade. – eu dei um sorriso torto.

-Acho que isso é tudo. Não vamos incomodá-la de novo.

-Alice não vai voltar. – ela afirmou, para ela mesma, uma frase sem som quase.

Eu sacudi a cabeça devagar, olhando fixamente em seus olhos estranhos e desconhecidos.

-Não. Todos já foram. Fiquei pata trás para lhe dizer adeus.

-Alice foi embora?- sua voz continuava inexpressiva.

-Ela queria se despedir, mas a convenci de que uma ruptura sem trauma seria o melhor para você.

Eu peguei essa frase de um medico no hospital em Phoenix, na primavera quando Bella estava lá. ‘Pode- se ver que é uma ruptura sem trauma. Isso é bom. Vai se curar com mais facilidade, com mais rapidez. ’ Eu esperava que o que ele disse fosse verdade.

-Adeus, Bella.

-Espere! – ela se engasgou nas palavras e muito dificilmente ela esticou seus braços em minha direção, eu os segurei e os grudei ao lado de seu corpo. Coloquei meus lábios frios em sua testa, que agora estava em uma temperatura parecida com a minha.

-Cuide- se – sussurrei contra sua pele

E eu fui embora, mas mesmo assim pude ouvir o som de seus passos e um baque surdo entre as arvores.