O rival do Crime Perfeito escrita por HaleMasayuki


Capítulo 1
Capítulo Único




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Aquela era uma segunda-feira fria como todas as outras desde que o inverno chegou, porém o frio não entrava dentro daquele aconchegante apartamento que funcionava como estúdio de desenho, o que deixava a reunião com o senhor Hattori Akira, o editor da dupla, muito agradável. Ashirogi Muto – pseudônimo de Takagi Akito e Mashiro Moritaka – havia acabado de entregar onamedo próximo capítulo dePerfect Crime Partynas mãos do grande homem alto e moreno, este avaliava cuidadosamente o trabalho dos jovens mangakás.

- Hm. Está muito bom esse capítulo. – elogiou o homem com um sorriso satisfeito.

- Verdade? Achei que ficou muito simples...

- Não, está bom. Gostei muito do final, Takagi. E os desenhos estão cada vez melhores Mashiro.

- Arigato, Hattori-san.

Hattori guardou o trabalho de Ashirogi em um envelope, e enquanto o homem repetia o mesmo processo, dessa vez guardando o material dentro de sua pasta com alça, chamou a atenção dos rapazes sobre a última edição daShonen Jump.

- Vocês já viram quem ganhou oPrêmio Tezuka?

- Hai. Foi aquela história, A voz da Alma, não é?

- Hm. Ganhou por 40 pontos de diferença do segundo lugar.

- Mesmo? Uau!

- Vocês não notaram nada?

- Na verdade, sim. Os traços daquele garoto são muito parecidos com PCP, além do estilo da história ser muito parecida com a de Shujin. – observou Mashiro.

- Exato. Parece que esse novo mangaká está se inspirando em Ashirogi Muto para crescer.

- E isso é ruim?

- Para vocês não, Takagi. Mas se ele quiser crescer como mangaká, terá que criar um estilo próprio. Ele tem talento, só precisa saber aproveitá-lo, nada que um bom editor não saiba contornar.

- Então vamos torcer para que em breve tenhamos um novo rival! – Mashiro fala determinado, encarando o colega, que responde com um sorriso e um aceno positivo com a cabeça.

~~~

Takagi entra no apartamento trazendo um envelope na mão e uma mochila nas costas. O jovem surpreende-se ao ver que seu amigo já estava presente, às 8h da manhã, em seu local de trabalho.

- Você passou a noite aqui de novo?

- Não tive escolha, acabei me atrasando nos desenhos por causa das festas de fim de ano.

- Poderia ter me dito que ficaria, assim eu te fazia companhia – diz Takagi adentrando o apartamento.

- E deixar a Kaya sozinha? Que espécie de marido você é?

- Hahaha, tem razão. Ei, Saiko, colocaram isso na nossa caixa de correio. – o rapaz estende um envelope para o amigo.

- Hm? Não pode ser, as contas daqui vão direto pra minha casa. – ele pega o envelope.

- Achei estranho também. Além disso, está sem remetente.

- Hm...

Mashiro não demora muito pra abrir o envelope. Nele continha uma pequena carta, com uma letra pouco caprichada, destinada a ambos os mangakás.

“30 de Janeiro de 20xx

Ashirogi Muto-san,

Você deve ter percebido que essa carta não possui remetente, e te direi por quê em breve. Sou um grande fã de seu trabalho, principalmente de PCP, e até ano passado eu me inspirava em suas obras para criar as minhas. Porém, assim como o ano mudou, eu também decidi mudar e não pretendo ficar na sua sombra para sempre. A partir de hoje farei tudo pra te superar, escrevendo o mesmo tipo de histórias com batalhas obscuras como você!

Um dia quero ser tão grande quanto você, Ashirogi Muto-san! E antes desse dia chegar, gostaria muito que ambos me dissessem se estou apto ou não para isso. Por favor, descubram minha identidade! E estejam prontos, por que nesse dia vocês ganharão um novo rival!

De um grande fã e futuro rival.“

Mashiro havia lido a carta em voz alta o tempo todo para que assim seu amigo e colega de trabalho, agora em pé ao seu lado, pudesse ouvir também. O moreno releu rapidamente a carta para entender melhor do que se tratava, porém não teve resultados.

- O que isso significa? – Takagi pergunta.

- Essa história está muito estranha. Será que não é trote?

- Pode ser, mas parece que a pessoa está falando bem sério na carta. – Takagi observa o papel melhor e percebe que há muito mais por trás daquela folha quando o mesmo é posicionado de forma que a luz em cima da mesa de desenho reflita sobre o mesmo. – Saiko, vire a carta!

- Isso é... – Mashiro surpreende-se ao ver o que havia atrás do papel. Vários traços feitos a lápis forte demonstravam que o autor da carta sabia muito bem o que estava fazendo.

- Talvez seja realmente um trote... Ele nem ao menos se preocupou em escrever numa folha limpa.

- Não, Shujin. Não é um trote. Não vê? Esses traços... São muito bons, mas não estão completos.

- Você quer dizer que isso é só uma parte de um desenho?

- Eu... Não tenho certeza. Isso está ficando estranho.

Ambos os mangakás passaram a próxima meia hora lendo e relendo aquela carta de desafio, procurando por algo que nem eles mesmos sabiam o que exatamente era. Eles queriam descobrir o significado daquelas palavras, se aquele desafio era realmente sério, mas após perceberem que aquilo não levaria em nada e que estavam perdendo um tempo precioso de trabalho, apenas deixaram a carta na mesa de centro do apartamento e voltaram para seus afazeres.

As próximas horas passaram no mais absoluto silêncio. Tanto Mashiro quanto Takagi não conseguiam esquecer aquela carta e qual era seu verdadeiro significado. Apesar de terem decidido que aquela carta provavelmente não passava de um trote, eles não conseguiam esquecê-la, e isso acabou afetando em seus trabalhos. A hora do almoço havia chegado e Mashiro não havia terminado de desenhar a capa do que seria o novo volume de PCP e Takagi mal havia começado de escrever a terceira página da história.

Havia passado cinco minutos após o meio dia quando a campainha do apartamento tocou. Takagi levantou-se de sua mesa e foi atender a porta, não se surpreendendo quando viu Kaya, sua esposa, com duas sacolas na mão. Aquele provavelmente era o almoço dos três. Takagi pegou as sacolas e Kaya logo adentrou o apartamento, já percebendo que o clima não era dos melhores assim que seu marido deixou as duas sacolas sobre a mesa de centro e sentou-se em uma das mesas de desenho dos assistentes de Mashiro, no mais absoluto silêncio.

- O que aconteceu aqui?

- Nada de mais... – Mashiro voltava sua atenção para seu desenho.

- Como assim? Normalmente nesse momento vocês estariam atacando os bentous que eu fiz sem nem eu dizer o que há dentro deles.

- Desculpe Kaya, é que aconteceu algo realmente estranho hoje.

- O que houve querido?

Takagi aponta para o envelope fechado em cima da mesa de centro, ao lado das sacolas que sua esposa havia trazido. Ela pega o envelope e o observa enquanto o loiro a explica o ocorrido. Kaya se surpreende tanto com a história quanto com o conteúdo da carta.

- Uau! Que história louca.

- Hm... – os dois rapazes falam juntos.

- Ei, perai! Vocês não tinham recebido uma carta sem remetente umas duas semanas atrás?

Ambos a encararam surpresos. Ela estava certa, haviam realmente recebido junto com as outras várias cartas de fãs que Hattori os entregava uma sem remetente. Rapidamente Mashiro vai até o armário em busca da caixa de papelão onde eles guardavam as cartas de seus fãs à procura daquela sem remetente, e assim que Takagi se aproximou, ele finalmente a achou.

- Encontrei!

- Então abra,Saiko!

Mashiro abriu a carta, era datada de 15 de janeiro. Kaya aproximou-se dos rapazes e entregou a carta atual para o marido, este trocava o olhar entre as duas cartas.

- As caligrafias não parecem ser iguais.

- E nem o conteúdo, a não ser a parte em que as duas pessoas dizem que querem ser como nós.

- Não pode ser da mesma pessoa... – conclui Takagi, porém após Mashiro virar a carta datada do dia 15, surpreendeu-se com o fato da mesma também ter parte de um desenho nela.

- Shujin, veja. Tanto o tipo de traçado quanto a técnica de desenhar são iguais.

- Não entendo muito de desenhos, mas dá pra ver que realmente são iguais.

- Isso está ficando bom!! – Kaya observou animada.

Takagi ajeitou os óculos sobre a face antes de começar a vasculhar a caixa novamente. Se encontraram a segunda pista daquele mistério ali, nada impediria que achassem muito mais naquela simples caixa de papelão. Ele estava certo. Logo o rapaz encontrou mais duas cartas sem remetente, com caligrafias diferentes como todas as outras e com o conteúdo parecido apenas em uma única parte: “Um dia serei como vocês!” Atrás de cada folha, o mesmo tipo de traçado e técnica de desenho.

Ao olhar os quatro papéis juntos, Mashiro logo percebeu que realmente se tratava de um único desenho. O rapaz estendeu todos os pedaços do desenho em sua mesa de desenho e os juntou para que finalmente pudessem ver sobre o que se tratava. A princípio, pareceu ser um desenho simples em estilo mangá, onde um personagem de incomuns cabelos em tom laranja estava em destaque, vestindo roupas de frio, em uma rua cheia de prédios, todos com um pouco de neve sobre os telhados. O sol brilhava fraco ao centro do céu, e atrás do personagem, algumas folhas de cerejeira voavam com o vento. Um desenho muito bem feito.

- Essa pessoa realmente tem um grande talento.

- Eu não entendo... O que há por trás desse desenho? – Kaya pergunta para os outros dois rapazes.

Ashirogi Muto não sabia o que responder para a moça. Eles também queriam entender o que aquele desenho tinha a ver com eles e o provável novo rival. Enquanto Kaya retirava os bentous que preparou das sacolas, ambos observavam atentamente o desenho procurando por respostas. Exaustos, sentaram-se em volta da mesa de centro, Kaya e Takagi no sofá de dois lugares e Mashiro puxou uma das cadeiras de seus assistentes para se juntar aos outros dois.

- Estamos deixando passar alguma coisa, Shujin! – Mashiro comenta enquanto brinca com a comida, havia perdido a fome com todo aquele mistério.

- Sim, eu sinto isso também. – Takagi largou o hashi em seu bentou e massageou sua testa.

Kaya estava aflita, não gostava de ver nenhum dos dois daquela forma. Eles deveriam estar animados como sempre estiveram enquanto trabalhavam em PCP naquele pequeno apartamento. Foi pensando nisso que ela decidiu mudar de assunto e acabar com aquele clima pesado sobre eles.

- Como está indo PCP?

- Acabei me atrasando um pouco nos desenhos, provavelmente vou passar mais uma noite em claro desenhando. – Mashiro disse envergonhado.

- Eu também estou me esforçando para escrever o próximo capítulo. Niizuma Eiji conseguiu nos vencer até mesmo com nossas páginas centrais coloridas, precisamos pensar em uma boa história para ser tão bom quanto os últimos capítulos deCrow.

- As páginas coloridas... Shujin, é isso! – Mashiro ergueu sua voz enquanto levantava-se de seu lugar, deixando sua comida na mesa de centro e correndo até a estante de mangás onde guardavam PCP, tirando um deles, o número 34, e o foleando. Parou quando chegou no meio, onde tinham as páginas coloridas. – Aqui, se lembra disso?

- Claro, foi o desenho que você fez para competir com o fim de Crow. Mas o que isso tem... Espera, tá querendo dizer que essa pessoa usou o mesmo truque que nós usamos nessa edição de PCP?

- É a única explicação que encontrei.

- Hm... Mas se ele usou algo de vocês não significa que ele os copiou? – Kaya questionou.

- Infelizmente sim – Takagi respondeu em seguida –, mas já que mandou apenas para que nós possamos decifrar, não acho que será problema.

- E talvez seja uma forma de ele provar que pode criar desenhos bons o suficiente para competir conosco. Afinal, ele disse que quer criar histórias de batalhas obscuras como as nossas.

- Bom, se é assim, é melhor colocarmos a mente para funcionar e desvendarmos os segredos por trás desse desenho!

- Eu ajudo vocês!

Dessa vez, Takagi levou as quatro partes do desenho para a mesa de centro da sala e as juntos novamente em um único desenho enquanto Kaya retirava o almoço, levando tudo até a cozinha. Assim que a moça voltou, os três sentaram-se no mesmo lugar de antes, em volta da mesa, concentrados apenas nos quatro pedaços de papel estendidos à frente.

- Vamos recapitular o que sabemos até agora: Esse é um desenho enviado por um fã que quer ser como nós, e para provar que pode ser um mangaká tão bom a ponto de ser nosso rival, nos mandou um desenho, dividido em quatro partes e em datas completamente diferentes , que só descobrimos que era a mesma pessoa por conta dos traços de seu desenho e pelo fato de as cartas conterem uma única coisa em comum, para que possamos desvendar o segredo por trás deste, contendo o local, data e hora de quando ele quer nos encontrar, o mesmo truque que usamos em PCP na edição 34.

- É muita informação para guardar, Akito-kun. – reclamou Kaya, manhosa.

- E ainda nem começamos a desvendar o desenho.

- Não desanimem, vamos conseguir! Agora, vamos observar os detalhes do desenho, e essa parte eu deixo com você, Saiko.

- Certo. – Mashiro observa com atenção durante alguns segundos. – Bem, o personagem está em uma rua movimentada cheia de prédios cobertos por uma fina camada de neve. O prédio ao qual ele está em frete está mais destacado por conta dos vários detalhes extras. O engraçado é que esse prédio me parece muito familiar.

- Deixa eu ver. – Takagi aproxima seu rosto do desenho. Todos aqueles detalhes o fizeram lembrar que só existia um prédio que ele conhecia parecido com aquele. – Ei, não é o prédio da Shueisha?

- O quê? – Mashiro deu um pulo de seu lugar – Não, não é possível... Um novato não desenharia o prédio da Shueisha tão bem, e nem número o prédio tem. – o moreno aponta para o número na placa.

- E se ele não for um novato? – Kaya questionou – E se ele for alguém tipo o Niizuma Eiji? Vocês não podem excluir esse tipo de suposição assim.

- E se o prédio da Shueisha verdadeiro não tem número, significa que esse no desenho não está aí à toa. – Takagi concluiu por fim.

- Hm... 0208. Realmente, se fosse à toa, por que o “zero” em frente ao “dois”?

- Com certeza faz parte de alguma informação importante!! – Kaya disse animadamente.

- Certo, não vamos nos esquecer disso então. Precisamos procurar por mais pistas antes de deduzir ao que se refere esse número.

Após o conselho de Takagi, os três jovens voltaram sua atenção no desenho mais uma vez. Demorou um pouco mais para que Mashiro pudesse ver mais um detalhe, que sem dúvidas passaria despercebido para os outros dois, algo que só um desenhista de talento perceberia.

- O personagem não está no centro da folha.

- Eh? Como assim Mashiro? – perguntou a garota que tentava a todo custo ajudá-los.

Mashiro levantou-se de seu lugar enquanto explicava, à caminho de sua mesa de desenho.

- Há uma técnica usada por desenhistas em que, para que a folha não fique marcada quando é preciso dividi-la ao meio, dobre-se somente as pontas. – Mashiro pegou uma folha em uma das gavetas de sua mesa, dobrou-a ao meio e apertou de leve apenas as duas pontas correspondentes ao centro da folha enquanto voltava para seu lugar, em seguida estendeu-a para que os outros dois a observassem – Dessa forma.

- Mas o que isso tem a ver com o desenho?

- As pontas superiores e inferiores do desenho, correspondentes ao centro, estão levemente dobradas. Isso significa que a pessoa que o desenhou a dividiu dessa forma antes que começasse a desenhar. Ele precisava saber exatamente o meio da folha, mas se não foi para centralizar o personagem, significa que usou para uma outra coisa, e o que está em maior destaque ali no centro, com certeza é o sol.

Takagi e Kaya olharam de volta para o desenho na mesa de centro. O sol não brilhava muito, mas a técnica de luz e sombra usada para fazê-lo o destacou de uma maneira incrível, e este estava cortado exatamente no meio.

- Quando o sol está exatamente no centro do céu, significa que é meio dia.

- Isso quer dizer que essa pessoa quer que nos encontremos com ela ao meio dia, em frente ao prédio Shueisha.

- O quê? Por quê lá?

- Ora Saiko, o prédio não está aí desenhado à toa, não é? É claro que, além do mistério por trás desses números, há um outro significado, que com certeza será o nosso local de encontro.

- Entendi. – Mashiro responde com um sorriso.

- Então temos horário e local, mas e a data? – Kaya mais uma vez questionou para os dois.

- Isso só pode significar uma coisa...

- O número do prédio corresponde à data! – ambos os rapazes falaram em uníssono animadamente.

- Boa rapazes! Agora sabemos hora, local e data do encontro com o novo rival de vocês!

- Dia 8 de Fevereiro, ao meio-dia, em frente ao prédio Shueisha. Esse não é o dia em que serão divulgadas as one-shots que sairão naAkamaru Jump?

- Hai, parece que nosso rival está contando com a sorte. – Takagi ri com sua afirmação.

- Se for isso mesmo, significa que ele realmente é um novato, já que a Akamaru Jump só publica one-shots de novos mangakás.

- Então ele é realmente um prodígio assim como Niizuma... – Kaya surpreende-se por ter acertado o que antes era só uma hipótese.

- E agora temos que descobrir quem é nosso rival.

- Mas querido, vocês não irão descobrir indo nesse encontro?

- Não, ele disse que temos que descobrir quem ele é. Com certeza são detalhes que também estão no desenho.

- Na verdade, eu estava estranhando uma coisa nesse desenho desde alguns minutos atrás. – Mashiro observa o personagem em destaque com mais atenção – Olhem para a roupa desse personagem, não acham que a palavra em sua camiseta de baixo está escondida demais pela jaquetajeans?

- Achei que fosse apenas um desenho qualquer...

- Não, temos que desconfiar de tudo quando se trata de um desenho desses. É como o número do prédio, não estava lá à toa. Talvez “Light” tenha algo a ver com o nome do artista.

-Light? Então seu nome deve significar algo a ver com ‘luz’.

Os dois rapazes então começaram a pensar em diversos nomes que tivessem esse significado, não lembrando de nenhum no momento e os deixando nervosos com o fato. Kaya, que estava observando o desenho, notou algo estranho nele.

- Ei, por que há flores de cerejeira voando com o vento no meio do inverno? – Os dois rapazes voltaram a observar o desenho.

- Elas não deveriam estar aí, flores de cerejeira só nascem na primavera.

- Saiko, elas não estão aí à toa também, não é?

- Deve ter relação com o nome do nosso rival também.

- Hm... Vamos ver, um nome cujo significado seja “luz” e “primavera”.

O apartamento ficou silencioso. Os três jovens começaram a pensar em nomes que tivessem alguma relação com as palavras, ao qual tiveram um pouco de dificuldade. Minutos depois, Mashiro acabou lembrando-se de um fato ocorrido em Dezembro do ano passado. O moreno levantou-se de seu lugar e foi procurar na estante a edição da Shonen Jump do mês, e enquanto a foleava, voltou para o seu lugar.

- Shujin, veja.

Mashiro parou em uma das páginas, apontando para o nome escrito no final da página. As palavras encontradas no desenho se encaixavam perfeitamente com as dicas do desenho, assim como os traços daquela história que ficou conhecida com uma das melhores feitas por um ganhador daquele evento.Ambos os rapazes se entreolharam com um sorriso no rosto e um brilho empolgado em seus olhos, eles haviam descoberto a identidade de seu rival.

~~~

Havia nevado a manhã toda naquele dia. A rua estava inteiramente coberta de branco e ainda caíam poucos flocos de neve, mas nada que o impedisse de estar naquele local. Aliás, nem se estivesse tendo uma tempestade de neve ele deixaria de comparecer naquele lugar, afinal de contas, era um dia especial. Já havia recebido uma das melhores notícias da sua vida até aquele momento, e enquanto contemplava o grande prédio onde se encontrava o Departamento Editorial da Shonen Jump, esperava ansiosamente pela dupla de mangakás que havia desafiado.

O moreno fechou o zíper de seu casaco tentando conter o frio, desejando que Ashirogi Muto não demorasse muito. Ele olha para o relógio em seu pulso, verificando que faltava apenas um minuto para o meio dia, não iria demorar muito então. E como se seus pensamentos estivessem sincronizados com a dupla, Takagi e Mashiro aparecem ao longe, aproximando-se a passos apressados do prédio. O garoto sorri, tentando disfarçar sua presença naquele local, o que foi em vão.

- Haruko Hikaru-san? – Takagi lhe chamou pelo seu nome.

- Hm?

- Ah, então é você mesmo. Parece que acertamos, não é Saiko? – Mashiro acenou positivamente com a cabeça.

- Então... Vocês descobriram tudo, não é?

- Já que estamos aqui... – Mashiro lhe respondeu .

- Haruko Hikaru-san, seus dois nomes querem dizer “primavera” e “luz”, respectivamente, certo?

- Hai.

- Seu nome estava na revista Shonem Jump do ano passado, você foi o ganhador prodígio do Prêmio Tezuka com “A voz da Alma”, realmente uma história muito boa, você mereceu o primeiro lugar.

- Arigato, Takagi-san.

- Estávamos esperando que um dia você se tornasse um de nossos rivais, suas ideias e seu traço são muito bons.

- S-sério Mashiro-san? – O garoto pergunta animado e ao mesmo tempo envergonhado pelo elogio.

- Claro. Só não esperávamos que fosse tão cedo.

- Ah, bem, eu sempre fui um grande fã do trabalho de vocês desde “Dinheiro e Inteligência”. Vocês foram os que sempre me inspiraram a seguir como mangaká. E agora, esse sonho está cada vez mais perto de ser concretizado.

- É mesmo?

- Hai. Agora mesmo eu recebi a notícia que minha nova história será serializada.

- Uau! Parabéns, amigo! – Mashiro respondeu surpreso.

- Obrigado, agora eu posso competir com vocês!

- Considere-se nosso novo rival – Takagi disse.

- Um dia eu vou alcança-los!

Os três rapazes sorriram determinados, e em seguida cumprimentaram-se dando as mãos. Ali nascia mais que além de um novo mangaká ou uma nova rivalidade entre mangakás de batalhas obscuras, mas também uma nova e forte amizade.


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Notas finais do capítulo

◆ Name é o nome dado aos trabalhos finais que os mangakás mandam para suas editoras.

◆ Saiko e Shujin é a maneira como Ashirogi Muto chama um ao outro, mais especificamente, seus apelidos.



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