Vida Adulta - A nova geração escrita por Júlia França


Capítulo 30
Indo para a festa "surpresa"


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. não deu para postar antes



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ROSE POV.

Passei a maior parte da noite só com a minha mãe. Meu pai não concordava que Scorpius cuidasse de Lucia sozinho, porque o achava muito irresponsável e novo para cuidar de uma criança daquele tamanho.

Hermione dormiu um pouco depois das nove horas, me deixando vendo TV junto com Kevin. Me lembrei de Lucia assim que ele bocejou de uma forma fofa. Ela com certeza iria fazer um escândalo. Scorpius ia repreendê-la, mas depois começaria a rir junto comigo.

Eram muito previsíveis. Os dois. Eu quase conseguia vê-los em casa. Scorpius provavelmente iria ler uma história para Lucia, porque sempre revezávamos para fazê-lo, e ela não conseguia dormir sem isso. Depois, ele daria um beijo na sua testa e diria boa noite, indo direto se deitar.

_ Com saudade? – Minha mãe perguntou. Não tinha percebido que ela ainda estava acordada.

_ Muita. – Nunca tinha passado uma noite longe deles, na verdade. Até mesmo quando Lucia nasceu, Scorpius dormiu do meu lado, sem que a enfermeira visse.

Não conseguia me lembrar dos tempos em que não os tinha sentindo saudade. Era impossível, mesmo que eu tivesse gostado da época. Sentia falta de Hogwarts, mas não trocaria a minha vida de agora pela passada.

_ Eles vão mesmo fazer uma festa surpresa?

_ Lucia disse que sim, e ela nunca mente. – Dei de ombros. Poderia muito bem fingir que não sabia de nada quando chegasse em casa.

_ Ela é linda. – Minha mãe sorriu para mim, exatamente quando o meu telefone tocou.

_ Oi amor. – Cumprimentei quando vi o número no visor.

_ Aconteceu alguma coisa? Porque o seu pai está aqui?

_ Não. É que ele não acha que você consiga cuidar de uma criança sozinho. – Deu de ombros. Meu pai sempre deixou muito claro que não gostava do meu marido.

_ Não acredito. - Ele foi sarcástico. – E você deixou ele vir porquê?

_ Scorp por favor... eu não estou muito bem para começar a discutir com ele. – Suspirei.

_ Tem razão. Desculpe Ariel. Como está Kevin? – Perguntou preocupado.

_ Está bem. quase não consegue ficar com os olhinhos abertos. Acho que eu vou dar leite antes que ele durma de vez. – Sorri para o menino nos meus braços.

_ Então tudo bem princesa. Não vou te atrapalhar mais. Te amo.

_ Não! Quero ficar falando com você. – Minha mãe tinha ido comprar comida para ela no restaurante perto do hospital, e eu não queria ficar sozinha.

_ Tudo bem. – Eu quase podia ouvir o seu sorriso junto com a voz.

_ Não colocou fogo na casa ainda? – Perguntei, enquanto pegava Kevin com carinho e abaixava o decote da blusa para que pudesse dar de mamar para ele. O bebê sugou meu seio com avidez, faminto.

_ Dá um tempo. Não sou tão ruim assim para cuidar da casa.

_ Tudo bem. Você até que é bom nessa coisa de cuidar da casa.

_ Um elogio? O que eu fiz para merecê-lo, senhora?

_ Cale a boca. Não posso ser tão complicada assim.

_ Tudo bem. Desculpe. – Eu conseguia perceber o quando sua voz estava cômica.

_ Já fez o jantar? Deu banho na Lu?

_ Quer dizer banho com água e sabão?

_ Sim. – Suspirei. – Você se esqueceu.

_ Eu diria que só desisti de lembrar.

_ Diga como quiser. Dê banho na garota! Por que ela não te lembrou?

_ Acho que é muito mais cômodo ficar vendo TV na visão dela. – Ele provavelmente deu de ombros.

_ Ok. Lucia já consegue tomar banho sozinha, mas é melhor ficar de olho, porque ela fica brincando e não lembra de se ensaboar.

_ Meu amor, eu sei. Sou pai dela. – Ele suspirou. Eu sempre fui muito cuidadosa com Lucia. Mais do que deveria até.

_ Tudo bem. Eu sei que sou errada por ser tão coruja com ela.

_ Não se preocupe. Já me acostumei. – Sua voz ficou sorridente, então soube que não o tinha magoado.

_Melhor eu desligar. Kevin dormiu enquanto estava mamando. – Sussurrei, quando vi seus olhinhos fechados.

_ Tudo bem. Te amo meu amor. Diz um alô para o Kevin por mim?

_ Claro. Diga olá para meu pai e para a Lu. Te amo. – Desliguei o telefone e ajeitei meu filho no meu colo. Ele segurou a minha blusa mesmo dormindo.

Coloquei a miniatura no berço e me deitei novamente, quando minha mãe chegou, com um sorriso no rosto.

_ Ele é calmo. – Comentou. Realmente era verdade. Kevin não tinha chorado muitas vezes desde que nasceu.

_ Graças a Mérlin. – Comentei. Lucia tinha me dado muito trabalho, mas Scorpius sempre me acalmava quando eu ficava nervosa, e na verdade, ele era tão cuidadoso que olhava a menina de duas em duas horas todas as noites no começo. Só depois o convenci que aquilo não era necessário, e então Scorpius voltou a dormir direito.

_ Você era um demônio em forma de bebê. Chorava tanto e era tão nervosa que o seu pai dizia que seu cabelo era de acordo com o seu humor. – Dessa vez eu tive que rir, olhando para o meu cabelo, vermelho vivo. – Na verdade, quando chorava muito, você perdia o fôlego e ficava com o rosto tão vermelho que se confundia com o cabelo. Só dava para ver os seus olhos azuis no meio de tudo aquilo.

_ Eu não era tão ruim... – Resmunguei.

_ Você melhorou um pouco. – Ponderou. – Mas ainda tenho pena do seu marido.

_ MÃE! – Fiquei ruborizada quando gritei, não tão alto para não acordar Kevin, que dormia tranquilamente, se remexendo vez ou outra. Ótimo. Acabei de provar a tese de que ficava toda vermelha quando tinha raiva.

_ Viu só? Hermione Weasley nunca erra. – Deu de ombros, fechando a porta devagar, para que eu pudesse dormir em paz. Ela se sentou no sofá e fiquei com pena por não ter outra cama no quarto, mas estava tão cansada que não conseguia discutir mais.

Minha mãe deu um beijo na minha testa e se deitou mais confortavelmente do que eu pensei que seria, no sofá.

Minha noite foi agitada. Aparentemente Kevin queria se parecer com a irmã, muito embora não tenha dado tanto trabalho quanto ela.

_ Tudo bem bebê. – Murmurei, com ele no colo, mamando pela segunda vez nessa noite. Minha mãe dormia, e fiquei feliz com isso, já que ela tinha acordado no primeiro choro.

Ele era quente e pequeno no meu colo, e embora me lembrasse da sensação de segurar um bebê, foi como se nunca o tivesse feito.

Ele continuou mamando avidamente até quatro da manhã, quando o sono venceu a fome, que eu já imaginava ser inexistente.

_ Dormiram bem meu amor? – Scorpius perguntou, com Lucia no colo, assim que entrou no quarto. Minha mãe tinha ido para casa, tomar um banho.

_ Claro que não. – Respondi sorrindo. Ele retribuiu, olhando para a criança, que agora dormia sossegada, aparentando não ter dado o mínimo trabalho. – Essa carinha e anjo é fingimento. – Admiti.

_ Lucia também era linda, mas não se parecia com um anjinho, sabia princesa? – Perguntou, olhando para a filha, que ria, com a mão tapando a boca. Scorpius deve ter dito que não deveria fazer barulho aqui.

_ Sabia minha loirinha? Que você fazia o seu pai acordar um monte de vezes em uma noite? – Perguntei, quando ela subiu no meu colo, com cuidado, não entendendo porque a minha barriga não estava mais imensa.

_ Por que diminuiu? – Perguntou com sua vozinha de criança.

_ Seu irmão estava aqui dentro, e agora não está mais. – Respondi, enquanto trocava um sorriso com Scorpius, que foi quebrado pela pergunta seguinte.

_ Mas se ele saiu, como entrou aí dentro? – Perguntou, apontando para a minha barriga. Scorpius arregalou os olhos e fingiu estar muito ocupado dobrando a única roupa minha que estava fora da mala, mas ainda estava com um sorrisinho envergonhado no rosto.

_ Podemos falar sobre isso mais tarde, querida. – Respondi, ruborizada. Ela pareceu não se conformar com minha meia resposta, mas teria que esperar.

_ Mas mãe...

_ Depois meu amor. Sua mãe precisa descansar agora. Vamos para casa. – Scorpius me salvou. Colocou Kevin dentro de sua cestinha e quando fez menção de entrega-lo para mim, Lucia pediu para levar o irmão.

_ Tudo bem querida. Mas tome muito cuidado. – Ela pegou a cestinha e levantou as mãos até a cabeça, para que não arrastasse no chão e começou a andar, de vez em quando botando a cesta no chão para ver se Kevin ainda dormia.

_ Sabe que vai ter que responder, não sabe Ariel? – Scorpius cochichou para mim, quando ela estava dentro do carro, olhando detalhadamente para o rosto do irmão, sem pensar atenção na conversa.

_ Você? Não quis dizer nós? – Perguntei, com a sobrancelha erguida. Scorpius desviou momentaneamente os olhos da estrada e pareceu chocado com a minha resposta.

_ Não, não! Nem pensar! Eu não vou ter cara para explicar uma coisa dessas para Lucia.

_ E você acha que eu vou?

_ Mas você é mulher!

_ Obrigada por reparar... – Murmurei, olhando pela janela.

_ Só quis dizer que ela também é mulher. Vai ser muito mais fácil de você explicar. – Pareceu ter algum sentido.

_ Tudo bem! Eu falo. Mas com uma condição.

_ Qual? – Perguntou ansioso.

_ Se ela te perguntar qualquer coisa depois, você vai ter que responder, porque não vai ser culpa minha. – Ele concordou com a cabeça, sorridente. Sempre que Lucia queria saber de alguma coisa acadêmica, procurava pela mãe, e não pelo pai. – E. VOCÊ explica para o Kevin.

_ Tudo bem. Quando Kevin perguntar, eu explico. – Apontou para si mesmo. – Mas se ele te perguntar alguma coisa, também vai ter que responder. – Concordei.

_ Mamãe.

_ Oi filha? – Perguntei, gelando.

_ Por que Kevin dorme tanto?

_ Porque ele é muito novo, meu amor. Bebês sempre dormem muito. – Respondi aliviada.

_ Eu dormia muito?

_ Chorava mais do que dormia. – Scorpius respondeu, e eu dei um tapa no seu braço, mas Lucia desatou a rir.

_ Por que fez isso? A menina não ficou ofendida! – Não respondi.

_ Estamos chegando, papai? – Lucia perguntou de novo.

_ Sim Lu. Ariel, feche os olhos. – Ele ordenou, sorrindo para mim, sem um pingo de ressentimento.

_ Por quê? – Perguntei.

_ Porque eu estou pedindo. – Falou como se fosse óbvio. Fechei os olhos depois de dar uma gargalhada e senti as mãozinhas de Lucia tapando para ter certeza de que não enxergava nada.


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