Eles me colocaram em um túnel completamente negro, a única coisa que dava para ver eram as armas prateadas que em seu tom brilhavam. Hesitei por um segundo, senti que havia mais alguém ali. Olhei por todo lugar e não vi nada, nem um vulto. Corri para pegar uma espada. Nunca havia usado uma dessas, eram feitas apenas para a Província Quatro, os Radioativos. Eles foram os mais atingidos pela Radioatividade quando várias usinas nucleares explodiram no mundo todo durante a Guerra dos 10 anos. Isso já estava junto com eles e até mesmo no nosso ar, por isso a qualquer momento poderia surgir um novo membro da Província deles. E para a a Província 3, a Força

Agarro a espada em minhas mãos e logo sinto alguém atrás de mim, não hesito antes de virar-me pronta para enfiar a lâmina neste alguém que some assim que começo a sentir a lâmina sendo enterrada em seu corpo. Foi como se eu enfiasse a espada em uma fumaça.

Logo a cena muda. Eu não estou mais naquele túnel escuro, quer dizer, continuo em um túnel escuro mas esse é realmente muito apertado. Sinto que as paredes se movem e eu me viro. O vulto está na minha frente agora, não tenho espadas na mão, não tenho para onde correr. Ele se aproxima e eu sei que é um teste. Sei o que tenho que fazer. Chuto no meio de suas pernas com toda a força que encontro dentro de mim, o vulto some como fumaça novamente. Viro-me de novo e ele está parado á minha frente. Ele se aproxima e eu vejo algo brilhando atrás del

Uma lâmina.

Corro até ele e me jogo no chão passando por entre suas pernas. Pego a lâmina e viro com as costas encostando no chão. Levanto-me em um pulo e o vulto está correndo com raiva até mim. Como matar algo que não passa de fumaça? Olho para trás e vejo que há um vidro e algo vermelho lá vermelho lá dentro. Corro. Corro e dou um chute no vidro, ele quebra e eu logo coloco minha mão lá dentro. É um extintor de incêndio. Nunca, jamais usei um desses... Mas dane-se eu terei que usar. Abri-o e um jato branco saiu. Névoa contra névoa.
Sorrio ao ver que venci essa primeira etapa, mas meu sorriso se desfaz quando acordo.

Estou tão atordoada achando que aquilo tudo foi um sonho que nem percebo que estou sentada em uma cadeira branca de dentista em uma sala clara com uma das paredes de vidro e que há uma mulher com cabelos negros batendo no pescoço em minha frente. Percebo depois que há um pedaço de algodão grudado em meu braço, onde tiramos sangue, e fios em minhas temporas.

A mulher estava espantada. Olhos arregalados me fitando. Olho-a intrigada, franzindo a testa.

–O que... –Eu começo a perguntar, mas ela me interrompe.

–Você é uma deles. –Ela diz. Franzo mais a testa. Uma deles quem?
Ela vê o quão confusa estou e diz: - O resultado de seu teste é inconclusivo.

–Como isso é possível? –Questiono, nervosa. Há como eu ou alguém não ir bem em um teste como este?

–Você tem tendência para Força e Crânios... Mas também é uma Radioativa –Ela fala essa última palavra sussurrando.

Sou uma Radioativa.

–Entenda, muitas pessoas são Radioativas e se escondem em outras Províncias. Ser Radioativo admitido é altamente perigoso, principalmente se você tiver tendência para outras Províncias. –Ela faz uma pausa. –Agora vá para casa e não comente isso com ninguém, entendeu?

Eu assinto, mesmo não entendendo nada.

–Preciso encontrar meus pais. –Digo me levantando.

–Não. Vá para a casa, eu cuido disso. –E então eu saio. Pego o caminho pelas escadas e desço quatro andares. Os degraus são largos. Vou para casa andando e isso me dá tempo para pensar.

Sou Radioativa.